terça-feira, 5 de janeiro de 2010

8 - Como se pode evitar a percepção da ordem de dificuldades em milagres?


1. A crença em ordem de dificuldades é a base da percepção do mundo. Fundamenta-se em diferenças; o que passou não está nivelado, há alterações no que virá, as alturas são desiguais e os tamanhos diversos, há graus variados de escuridão e de luz, e milhares de comtrastes nos quais cada coisa vista compete com todas as outras para ser reconhecida. Um objeto maior ofusca um menos. Uma coisa mais brilhante ofusca a atenção de outra com apela menos intenso. E uma idéia mais ameaçadora ou considerada mais desejável pelos padrões do mundo transtorna completamente o equilíbrio mental. O que os olhos do corpo contemplam é apenas conflito. Não olhes para essas coisas à procura de paz e compreensão.


2. Ilusões são sempre ilusões de diferenças. Como poderia ser de outra forma? Por definição, uma ilusão é uma tentativa de fazer com que alguma coisa considerada de maior importância seja real, mas se reconheça que ela não é verdadeira. A mente então busca fazer com que seja verdadeira em função da intensidade do desejo de tê-la para si. Ilusões são travestis da criação, tentativas de trazer verdade à mentiras. Achando a verdade inaceitável, a mente se revolta contra a verdade e dá a si mesma uma ilusão de vitória. Achando a saúde uma carga, retira-se para sonhos febris. E, nesses sonhos, a mente está separada, diferente de outras mentes, com interesses próprios diferentes e é capaz de gratificar as suas necessidades às custas dos outros.


3. De onde vêm todas estas diferenças? Certamente parecem estar no mundo lá fora. No entanto, com toda a certeza é a mente que julga o que os olhos contemplam. É a mente que interpreta as mensagens dos olhos e lhes dá «significado». E esse significado não existe absolutamente no mundo lá fora. O que é visto como «realidade» é simplesmente o que a mente prefere. A sua hierarquia de valores é projetada para o que está fora, e ela envia os olhos do corpo para a achá-la. Os olhos do corpo nunca verão a não ser através de diferenças. Contudo, a percepção não se baseia nas mensagens que eles trazem. Só a mente avalia as suas mensagens e, assim sendo, só a mente é responsável pelo que é visto. Só ela decide se o que é visto é real ou ilusório, desejável ou indesejável, prazenteiro ou doloroso.


4. É nas atividades de seleção e categorização da mente que entram os erros de percepção. E é aqui que a correção tem de ser feita. A mente classifica o que lhe trazem os olhos do corpo de acordo com os seus valores preconcebidos, julgando aonde cabe melhor cada dado dos sentidos. Que base poderia ser mais falha do que essa? Sem reconhecimento próprio, ela mesma pediu que lhe fosse dado o que cabe nessas categorias. E tendo feito isso, conclui que as categorias têm de ser verdadeiras. Nisso se baseia o julgamento de todas as diferenças, pois é disto que todos os julgamentos do mundo dependem. Pode-se depender, para o que quer que seja, desse «raciocínio» confuso e sem sentido?


5. Não pode haver ordem de dificuldades na cura meramente porque toda doença é ilusão. Será mais duro dissipar a crença dos insanos em uma alucinação maior, em oposição a uma menor? Concordará ele mais rapidamente com a irrealidade de uma voz mais alta do que com a de outra mais suave? Descartará ele com maior facilidade um comando para matar sussurrado do que outro dado aos gritos? E será que o número de garfos que ele vê os demônios carregando afeta a credibilidade deles aa sua percepção? A sua mente categorizou tudo isto como real, portanto, tudo é real para ele. Quando se derem conta de que são ilusões, elas desaparecerão. E assim é com a cura. As propriedades das ilusões que as fazem parecer diferentes são, na realidade, irrelevantes, pois as suas propriedades são tão ilusórias quanto elas próprias.


6. Os olhos do corpo continuarão a ver diferenças. Mas a mente que se deixou curar não vai mais tomar conhecimento delas. Haverá pessoas que parecerão «mais doentes» do que outras, e os olhos do corpo registrarão suas aparências mudadas como antes. Mas a mente curada vai colocá-las todas numa única categoria: elas são irreais. Esta é a dádiva do seu Professor: a compreensão de que apenas duas categorias têm significado na seleção das mensagens que a mente recebe do que parece ser o mundo do lado de fora. E destas duas, somente uma é real. Assim como a realidade é totalmente real, independentemente de tamanho, forma, tempo e lugar - pois não podem existir diferenças dentro dela - também assim as ilusões são sem distinções. A resposta única para qualquer tipo de doença é a cura. A resposta única para todas as ilusões é a verdade.


Manual dos Professores UCEM



Nenhum comentário: