quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

10 - Como se abandona o julgamento?


1. O julgamento, como outros instrumentos através dos quais se mantém o mundo das ilusões, é compreendido de forma totalmente equivocada pelo mundo. De fato, é confundido com sabedoria e substitui a verdade. Da forma como o mundo usa o termo, um indivíduo é capaz de fazer «bom» ou «mau» julgamento e a sua educação tem por objetivo fortalecer o primeiro e minimizar o último. Entretanto, há grande confusão em torno do que significam estas categorias. O que é «bom» julgamento para um, é «mau» para outro. Além disto, até a mesma pessoa classifica a mesma ação como sendo demonstrativa de «bom» julgamento em um dado momento e «mau» julgamento em outro. Nem é possível ensinar-se qualquer critério consistente para a determinação do que são estas categorias. A qualquer momento o aluno pode discordar daquilo que o seu pretenso professor diz a esse respeito, e o próprio professor pode muito bem ser inconsistente em relação ao que ele acredita. «Bom» julgamento, nestes termos, não significa nada. Assim como «mau» também não significa nada.

2. É necessário que o professor de Deus reconheça, não que ele não deve julgar, mas que não pode . Ao desistir do julgamento, está apenas desistindo do que não tinha. Desiste de uma ilusão; ou melhor, tem a ilusão de desistir. De fato, ele meramente veio a ser mais honesto. Reconhecendo que o julgamento sempre foi impossível pra ele, não tenta mais fazê-lo. Não há nenhum sacrifício. Ao contrário, coloca-se numa posição na qual o julgamento pode ocorrer através dele, em vez de por ele. E este julgamento não é «bom» nem é «mau». É o único julgamento que existe e é apenas um: «O Filho de Deus não tem culpa e o pecado não existe».

3. O objetivo do nosso currículo, não como a meta do aprendizado do mundo, é o reconhecimento de que o julgamento, no sentido usual, é impossível. Isso não é uma opinião, mas um fato. De modo a julgar quarquer coisa acertadamente, a pessoa teria de estar inteiramente ciente de uma escala inconcebível de coisas passadas, presentes e por vir. A pessoa teria de reconhecer antecipadamente todos os efeitos dos seus julgamentos sobre todas as outras pessoas e coisas neles envolvidas de alguma forma. E a pessoa teria de estar certa de que não há nenhuma distorção na sua percepção, de modo que o seu julgamento seja totalmente justo em relação a todos aqueles sobre os quais recai agora e no futuro. Quem está em posição de fazer isto? Quem, a não ser em grandiosas fantasias, poderia reivindicar tal coisa para si mesmo?

4. Lembra-te de quantas vezes pensaste que conhecias todos os «fatos» necessários para um julgamento e de como estavas enganado! Existe alguém que não tenha tido esta experiência? Saberias quantas vezes, simplesmente, pensaste que estavas certo, sem jamais reconher que estavas errado? Por que escolherias uma base tão arbitrária para tomar decisões? A sabedoria não está em julgar, está no abandono do julgamento. Faze, então, apenas um julgamento a mais. É o seguinte: há Alguém contigo Cujo julgamento é perfeito. Ele conhece todos os fatos passados, presentes e por vir. Ele na verdade conhece todos os efeitos do Seu julgamento sobre todas as pessoas e todas as coisas nele envolvidos

 de qualquer forma. E Ele é totalmente justo para com todos, pois não há distorção na Sua percepção.

5. Portanto, deixa de lado o julgamento, não com pesar, mas com um suspiro de gratidão. Agora estás livre de uma carga tão grande, que poderias cambalear e cair debaixo dela. E tudo era ilusão. Nada mais. Agora, o professor de Deus pode erguer-se sem cargas e caminhar com leveza. Porém, não é só esse o seu benefício. Seu senso de preocupação se foi, pois ele não tem nenhuma. Abriu mão disso, junto com o julgamento. Ele se entregou Àquele em Cujo julgamento escolheu confiar agora, em vez do seu próprio. Agora ele não comete equívocos. Seu Guia é seguro. E aonde ele veio para julgar, vem para abençoar. Aonde ele agora ri, antes costumava vir para chorar.

6. Não é difícil abandonar o julgamento. Mas é, de fato, difícil tentar mantê-lo. O professor de Deus descarta o julgamento com felicidade no momento em que reconhece o seu custo. Toda a feiúra que ele vê em torno de si é conseqüência do julgamento. Toda a dor que contempla é seu resultado. Toda a solidão e o senso de perda, do tempo que passa e da desesperança crescente, do desespero doentio e do medo da morte; tudo isso veio dele. E agora ele sabe que essas coisas não precisam ser assim. Nenhuma delas é verdadeira. Pois desistiu da sua causa e elas, que nunca foram senão os efeitos da sua escolha equivocada, não estão mais presas a ele. Professor de Deus, este passo te trará paz. Pode ser difícil querer apenas isto?

Um Curso Em Milagres


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