quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Escritos do Curso e Sua Virtude - L



expor vida é impor morte


os adeptos da vida três em dez
os adeptos da morte três em dez
os que levam a vida ao campo de morte também três em dez


e a razão ?
viverem intensamente a vida





ouve-se do bom cultor da vida:


em terra não topa com rinocerontes ou tigres
na liça não sofre com armas e escudos


o rinoceronte não tem onde fincar o chifre
o tigre não tem onde fincar as garras
as armas não tem onde enfiar a lâmina


e a razão ?
não ter campo de morte

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

As crenças irreconciliáveis


1. A memória de Deus vem à mente quieta. Ela não pode vir aonde há conflito, pois uma mente em guerra contra si mesma não se lembra da gentileza eterna. Os meios da guerra não são os meios da paz e o que as pessoas voltadas para a guerra que­rem lembrar não é amor. A guerra é impossível a não ser que a crença na vitória seja valorizada. O conflito dentro de ti necessa­riamente implica no fato de que acreditas que o ego tem o poder de ser vitorioso. Por que outra razão te identificarias com ele? Com certeza, reconheces que o ego está em guerra com Deus. É certo que ele não tem nenhum inimigo. Entretanto, igualmente certa é a sua crença fixa segundo a qual ele tem um inimigo que não pode deixar de dominar e que terá sucesso.

2. Não reconheces que uma guerra contra ti mesmo seria uma guerra contra Deus? É concebível a vitória? E se fosse, seria essa uma vitória que tu quererias? A morte de Deus, se fosse possível, seria a tua morte. Isso é uma vitória? O ego sempre marcha para a derrota porque pensa que o triunfo sobre ti é possível. E Deus pensa de outro modo. Isso não é guerra, apenas uma crença lou­ca segundo a qual a Vontade de Deus pode ser atacada e derrota­da. Tu podes te identificar com essa crença, mas ela nunca será mais do que loucura. E o medo reinará na loucura e lá parecerá ter substituído o amor. Esse é o propósito do conflito. E para aqueles que pensam que isso é possível, os meios parecem reais.

3. Estejas certo de que é impossível: Deus e o ego ou tu e o ego jamais vos encontrareis. Vós pareceis vos encontrar e fazeis as vossas estranhas alianças com base no que não tem significado. Pois as vossas crenças convergem para o corpo, a casa escolhida do ego, que tu acreditas que é a tua. Vós vos encontrais num equívoco, um erro na auto-avaliação. O ego une-se com uma ilusão de ti mesmo que compartilhas com ele. E, no entanto, ilu­sões não podem se unir. Elas são a mesma e não são nada. Sua união baseia-se no nada; duas são tão insignificantes quanto uma ou mil. O ego não se une a nada, não sendo nada. A vitória que ele busca é tão sem significado quanto ele próprio.

4. Irmão, a guerra contra ti mesmo está quase no fim. O final da jornada está no lugar da paz. Não queres aceitar agora a paz que te é oferecida aqui? Esse ‘inimigo’ contra o qual lutaste, como se fosse um intruso na tua paz é transformado aqui, diante da tua vista, no doador da tua paz. O teu ‘inimigo’ era o próprio Deus, para Quem todos os conflitos, o triunfo e qualquer tipo de ataque são desconhecidos. Ele te ama perfeitamente, completamente e eternamente. O Filho de Deus em guerra contra o seu Criador é uma condição tão ridícula como seria a natureza rugindo contra o vento com raiva, proclamando que ele já não faz parte dela. Se­ria possível a natureza estabelecer isso e fazer com que fosse ver­dadeiro? Também não cabe a ti dizer o que fará parte de ti e o que será mantido à parte.

5. A guerra contra ti mesmo foi empreendida com o intuito de ensinar ao Filho de Deus que ele não é ele mesmo e não é o Filho de seu Pai. Para isso, a memória de seu Pai tem que ser esqueci­da. Ela é esquecida na vida do corpo e se pensas que és um corpo, acreditarás que a esqueceste. No entanto, a verdade nun­ca pode ser esquecida por ela mesma e tu não te esqueceste do que és. Apenas uma estranha ilusão de ti mesmo, um desejo de triunfar sobre o que tu és não se lembra.

6. A guerra contra ti mesmo não é senão a batalha de duas ilu­sões, lutando para fazer com que sejam diferentes uma da outra, acreditando que aquela que vencer será verdadeira. Não há ne­nhum conflito entre elas e a verdade. Elas também não são dife­rentes uma da outra. Ambas não são verdadeiras. E assim não importa a forma que tomam. O que as fez é insano e elas perma­necem sendo parte do que as fez. A loucura não contém nenhu­ma ameaça à realidade e não tem nenhuma influência sobre ela. As ilusões não podem triunfar sobre a verdade e nem podem ameaçá-la de forma alguma. E a realidade que negam não é par­te delas.

7. O que tu lembras é uma parte de ti. Pois não podes deixar de ser como Deus te criou. A verdade não luta contra ilusões, nem ilusões lutam contra a verdade. Ilusões apenas batalham consigo mesmas. Sendo fragmentadas, elas fragmentam. Mas a verdade é indivisível e está muito além do pequeno alcance que possam ter. Tu lembrar-te-ás do que conheces quando tiveres aprendido que não podes estar em conflito. Uma ilusão a respeito de ti mes­mo pode batalhar contra outra, entretanto, a guerra de duas ilu­sões é um estado no qual nada ocorre. Não há nenhum vencedor e não há nenhuma vitória. E a verdade permanece radiante, à parte do conflito, intocada e quieta na paz de Deus.

8. O conflito tem que se dar entre duas forças. Ele não pode exis­tir entre um poder e o nada. Não há nada que possas atacar que não seja parte de ti. E por atacares, fazes duas ilusões a respeito de ti mesmo, uma em conflito com a outra. E isso ocorre sempre que olhas para qualquer coisa que Deus criou com qualquer coisa que não seja amor. O conflito é amedrontador porque é o nasci­mento do medo. Entretanto, o que nasce do nada não pode ven­cer a realidade através de uma batalha. Por que irias preencher o teu mundo com conflitos contigo mesmo? Permite que toda essa loucura seja desfeita para ti e volta-te em paz para a lembrança de Deus, ainda brilhante na tua mente quieta.

9. Vê como o conflito de ilusões desaparece quando é trazido à verdade! Pois ele só parece ser real enquanto é visto como uma guerra entre verdades conflitantes; a vencedora será a mais verda­deira, a mais real e a conquistadora da outra que era menos real e que passa a ser uma ilusão a ser vencida. Assim, o conflito é a escolha entre ilusões, uma deverá ser coroada como real e a outra vencida e desprezada. Aqui, o Pai jamais será lembrado. No en­tanto, ilusão alguma pode invadir a Sua casa e expulsá-Lo do que Ele ama para sempre. E o que Ele ama não pode deixar de ser para sempre quieto e para sempre em paz porque é a Sua casa.

10. Tu, que és amado por Ele, não és uma ilusão, sendo tão real e tão santo quanto Ele Mesmo. A serenidade da tua certeza do Pai e de ti próprio é a casa de Ambos, Que habitam como um só e não à parte. Abre a porta da Sua santíssima casa e permite que o perdão varra todo vestígio da crença no pecado que mantém Deus sem lar e Seu Filho com Ele. Tu não és um estranho na casa de Deus. Dá boas-vindas a teu irmão no lar onde Deus o instalou em sere­nidade e paz e habita com ele. As ilusões não têm lugar onde mora o amor, protegendo-te de todas as coisas que não são verdadeiras. A paz na qual tu habitas é tão ilimitada quanto a do seu Criador e todas as coisas são dadas àqueles que querem lembrá­-Lo. O Espírito Santo vela sobre a Sua casa, seguro de que a Sua paz nunca pode ser perturbada.

11. Como é possível que o lugar onde Deus descansa se volte con­tra si mesmo e busque dominar Aquele Que ali habita? E pensa no que acontece quando a casa de Deus se percebe dividida. O altar desaparece, a luz se faz cada vez mais tênue, o templo do Santíssimo vem a ser a casa do pecado. E nada é lembrado, exce­to ilusões. Ilusões podem conflitar porque as suas formas são diferentes. E elas, de fato, batalham apenas para estabelecer qual é a forma que é verdadeira.

12. Ilusões encontram ilusões, a verdade encontra a si mesma. O encontro de ilusões conduz à guerra. A paz, olhando para si mes­ma, estende-se. A guerra é a condição na qual nasce o medo e ele cresce e busca dominar. A paz é o estado onde habita o amor e busca compartilhar a si mesmo. Conflito e paz são opostos. Onde um habita, o outro não pode estar, aonde quer que qual­quer um dos dois vá, o outro desaparece. Assim é a memória de Deus obscurecida em mentes que vieram a ser o campo de bata­lha de ilusões. Entretanto, muito além dessa guerra sem sentido, ela brilha pronta para ser lembrada quando estiveres do lado da paz.

Um Curso Em Milagres

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Aquele que te salva das trevas


1. Não é evidente que aquilo que os olhos do corpo percebem te enche de medo? Talvez penses que lá achas uma esperança de satisfação. Talvez tenhas fantasias de atingir alguma paz e satisfação no mundo conforme o percebes. Entretanto, tem que ser evidente que o resultado não muda. Apesar das tuas esperanças e fantasias, sempre resulta o desespero. E não há exceção, nem nunca haverá. O único valor que o passado pode ter é aprenderes que ele não te deu nenhuma recompensa que gostarias de manter. Pois só assim estarás disposto a abandoná-lo e a deixar que ele desapareça para sempre.

2. Não é estranho que ainda alimentes alguma esperança de satisfação proveniente do mundo que vês? Em todos os aspectos, em qualquer momento, em qualquer lugar, nada além da culpa e do medo têm sido a tua recompensa. Quanto tempo precisas para te dar conta de que a chance de alguma mudança nesse aspecto dificilmente vale o adiamento da mudança que poderia resultar em um final melhor? Pois uma coisa é certa: o modo como tu vês, e vês há muito tempo, não oferece nenhum ponto de apoio no qual possas basear as tuas esperanças futuras e nenhuma sugestão que tenha qualquer sucesso. Colocar as tuas esperanças onde não há esperança tem que fazer com que sejas sem esperança. No entanto, esse estado de desesperança é a tua escolha, enquanto buscas esperança onde nunca é possível achá-la.

3. Não é verdade, também, que achaste uma esperança à parte disso, um cintilar – inconstante, vacilante, mas ainda assim vagamente visto – de que a esperança é garantida em bases que não estão nesse mundo? No entanto, o teu desejo de que elas possam ainda estar aqui, ainda te impede de desistir da tarefa sem esperança e sem recompensa que tu te colocaste. Pode fazer sentido manter uma crença fixa em que existe algum motivo para se continuar a perseguir o que sempre fracassou, com a justificativa que de repente essa coisa será bem-sucedida e trará o que nunca trouxe antes?

4. Esse passado fracassou. Fica contente por ele ter desaparecido da tua mente e já não obscurece o que lá está. Não tomes a forma pelo conteúdo, pois a forma não passa de um meio para o conteúdo. E a moldura não passa de um meio para manter o quadro erguido, de modo que possa ser visto. Uma moldura que esconda o quadro não tem propósito. Não pode ser uma moldura se é ela que vês. Sem o quadro, a moldura é sem significado. Seu propósito é mostrar o quadro e não a si mesma.

5. Quem pendura uma moldura vazia em uma parede e se põe diante dela em profunda reverência como se uma obra-prima es­tivesse lá para ser vista? Entretanto, se vês o teu irmão como um corpo, é apenas isso o que fazes. A obra-prima que Deus colocou nesta moldura é tudo o que há para ser visto. O corpo a mantém por algum tempo, sem obscurecê-la de forma alguma. Apesar disso, o que Deus criou não necessita de moldura alguma, pois o que Ele criou, Ele sustenta e emoldura dentro de Si Mesmo. A Sua obra-prima, Ele te oferece para que vejas. E preferes olhar a moldura ao invés dela? E absolutamente nada ver do quadro?

6. O Espírito Santo é a moldura que Deus colocou em torno da parte Dele que queres ver como separada. No entanto, sua mol­dura está ligada ao seu Criador, una com Ele e com Sua obra-prima. Esse é o seu propósito e tu não fazes da moldura o quadro quando escolhes vê-la em seu lugar. A moldura que Deus deu a ele apenas serve ao Seu propósito, não ao teu à parte do Seu. É o teu propósito separado que obscurece o quadro e valoriza a mol­dura ao invés dele. Entretanto, Deus colocou a Sua obra-prima dentro de uma moldura que durará para sempre, quando a tua já tiver se desmoronado no pó. Mas não penses que o quadro é destruído de forma alguma. O que Deus cria está a salvo de toda corrupção, imutável e perfeito na eternidade.

7. Aceita a moldura de Deus no lugar da tua e verás a obra-prima. Olha a sua beleza e compreende a Mente que a pensou, não em carne e ossos, mas em uma moldura tão bela quanto Ela Mesma. Sua santidade ilumina a impecabilidade que a moldura das trevas esconde e lança um véu de luz sobre a face do quadro que apenas reflete a luz que brilha a partir dele até seu Criador. Não penses que essa face foi jamais obscurecida pelo fato de a teres visto em uma moldura de morte. Deus a manteve a salvo para que pudesses olhá-la e ver a santidade que Ele deu a ela.

8. Dentro da escuridão, vê o salvador que salva das trevas e compreende o teu irmão assim como a Mente do seu Pai o revela a ti. Ele dará um passo à frente saindo das trevas quando tu o olhares e não mais verás a escuridão. As trevas não o tocaram e nem a ti, que o trouxeste para fora, para que pudesses olhar para ele. A sua impecabilidade apenas retrata a tua. A sua gentileza vem a ser a tua força e vós alegremente olhareis para dentro e vereis a santidade que tem que estar presente devido ao que contemplaste nele. Ele é a moldura na qual foi colocada a tua santidade e o que Deus deu a ele tem que ser dado a ti. Por mais que ele ignore a obra-prima dentro de si mesmo e veja apenas a moldura das trevas, ainda assim a tua única função é contemplar nele o que ele não vê. E nesse modo de ver a visão que olha para Cristo, em vez de ver a morte, é compartilhada.

9. Como poderia o Senhor do Céu não ficar contente por apreciares a Sua obra-prima? Que poderia Ele fazer senão agradecer a ti que amas o Seu Filho como Ele o ama? Não iria Ele tornar conhecido o Seu Amor por ti se tu não fazes outra coisa senão compartilhar o Seu louvor ao que Ele ama? Deus aprecia a criação como Pai perfeito que é. E assim a Sua alegria se torna completa quando qualquer parte Dele se une ao Seu louvor para compartilhar a Sua alegria. Esse irmão é a Sua dádiva perfeita para ti. E Ele fica contente e agradecido quando tu agradeces ao Seu Filho perfeito por ser o que é. E todos os Seus agradecimentos e toda a Sua alegria brilham sobre ti que queres completar a Sua alegria junto com Ele. E assim se completa a tua. Nenhum raio de escuridão pode ser visto por aqueles que querem fazer com que a alegria de seu Pai seja completa e a deles junto com a Sua. A gratidão do próprio Deus é livremente oferecida a todos os que compartilham o Seu propósito. Não é Vontade de Deus estar só. E nem é a tua.

10. Perdoa o teu irmão e não poderás separar-te dele, nem do seu Pai. Tu não precisas de perdão, pois os que são totalmente puros nunca pecaram. Dá, então, o que Ele tem dado a ti para que possas ver o Seu Filho como um só e agradece ao seu Pai como o Pai te agradece. Nem acredites que todo o Seu louvor não te é dado. Pois o que dás é Seu e dando-o, aprendes a compreender a Sua dádiva a ti. E dá ao Espírito Santo o que Ele oferece igual­mente ao Pai e ao Filho. Nada tem poder sobre ti exceto a Sua Vontade e a tua, que apenas estendes a Sua Vontade. Foi para isso que foste criado e o teu irmão contigo, sendo um contigo.

11. Tu e o teu irmão sois o mesmo assim como o próprio Deus é Um e não está dividido em Sua Vontade. E vós não podeis deixar de ter um só propósito, já que Ele deu o mesmo propósito a ambos. A Sua Vontade se unifica à medida em que vós vos unis em vontade, para que sejas completado oferecendo completeza ao teu irmão. Não vejas nele o pecado que ele vê, mas dá a ele a honra para que possas estimar a ti mesmo e a ele. A ti e ao teu irmão é dado o poder da salvação, para que o escape da escuridão para a luz seja vosso para ser compartilhado, para que possais ver como um só o que nunca foi separado nem esteve à parte de todo o Amor de Deus que é dado igualmente a ambos.

Um Curso Em Milagres

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Govinda



Hoje despertando do sono, depois de uma noite inteira de sono, o que tem sido bem raro nos últimos tempos, acordei com esta música na mente, nem sabia quando tinha sido a última vez que a tinha ouvido e se havia me interessado no momento pela música. Sabia que estava no computador com outras músicas do Tomaz Lima, só isso, e que esta não fazia parte do CD que tenho, O Homem de Bem.

Depois de ficar um bom tempo ainda com a música cantarolando na mente, de forma insistente, resolvi ir busca-la no computador.

Agora pensando bem, lembro também de ter visto esta imagem do vídeo que encontrei com a música na internet, que não sabia ser de Govinda. Vi em um restaurante em que fui com uma amiga num almoço desses. Comida ruim, mas tinha esta imagem na parede que gostei  e me interessei em comprar uma canga com a imagem, que procurei sem encontrar neste veraneio na praia, pois pensei ser esta a única imagem deste tipo, dessa religião, que me interessaria em ter. Um casal em figuras normais com a vaca ao fundo que pra eles é sagrada. Achei que os representava bem.



Bom, encontrei a música, a imagem e fui ler um pouco sobre Govinda...


Eis o que achei...


1. Gita Govinda, a canção amorosa do Senhor Krishna

Quais sãos os mistérios que envolve o amor de Shri Krishna por Sua consorte eterna Srimati Radharani? Há um grande mistério no profundo amor de Deus pela Sua mais destacada Gopi. Apesar de Radharani ser a Gopi mais amada de Krishna Ela não aparece no Shrimad Bhagavatan, a obra máxima que relata as minúcias do Senhor Supremo, quando veio ao Planeta, para resgatar a moralidade e restabelecer o Dharma. Shri Krishna realiza muitas proezas milagrosas, acaba com muitos demônios, diverte os amigos, dança com mais de 10.000 gopis ao mesmo tempo, mas perde-se de amor por Radharani. Esta é, provavelmente, a história de amor mais antiga do mundo, onde toda a beleza, amor, fraternidade e sensualidade atingem nuances impossíveis de serem compreendidos numa mentalidade comum e mundana.

O Senhor Krishna sempre gostava de "pegar peças" nos outros, por conseguinte, Radhika jamais deixou de ser atingida pelas brincadeiras do Senhor. Na realidade o amor de Radha por Krishna está envolto num mistério de profundo sentimento, que somente um estudo aprofundado poderá desvelar o que há de mais extradordinário da sexualidade humana. Quando Deus em Si mesmo deixa-se levar pelo amor de Sua contraparte feminina, pensamos que Deus, de fato, é feminino, e não masculino. Radhika encerra dentro da Sua vida todo um amor profundo de amante, mas de amante da pureza, do sentimento puro de amor sem que haja o egoísmo do sexo brutal, mas da sexualidade levada na profundeza de todos os atos, e não apenas se trata de um simples ato sexual mundano. As mentes mal acostumadas não entenderem a profundidade dos sentimentos de amor que Deus sente por Sua consorte logo se apressam em comparar os Lilas - passatempos - do Senhor com as coisas mundanas e grosseiras.

Jaya Deva Goswami, o poeta santo do séc. XIII soube com muita naturalidade captar o imenso amor de Deus por Sua Consorte Eterna no poema Gita Govinda. A palavra sânscrita "gita" é uma palavra bem conhecida de todos, e quer dizer "canção", justo por aparecer no Bhagavad-gita ou "Canção do Senhor". Govinda é um dos tantos Nomes de Deus, e quer dizer "Senhor Amável das Vacas", ou vaqueiro (tal qual um pastor que leva o Seu rebanho para um lugar seguro). Gita Govinda é a Canção de Amor de Radha e Krsna, e desvela o profundo sentimento de amor entre os dois sexos, mostrando-nos com clareza que a dualidade se funde no amor comum. Este poema erótico do Senhor tornou-se a fonte de origem de inspiração para os Vaishnavas, adoradores de Vishnu ou Krishna, bem como dos amantes de Deus de qualquer derivação religioso do Hinduísmo clássico. Este poema tem sido cantado ao longo dos séculos por muitos músicos e poetas devotos, bem como tem sido pintado pelos mais renomados pintores clássicos da Índia.


Govinda Jaya Jaya - Tomaz Lima

sábado, 2 de outubro de 2010

O pequeno obstáculo


1. Um pequeno obstáculo pode parecer, de fato, grande para aqueles que não compreendem que todos os milagres são o mes­mo. Entretanto, esse curso existe para ensinar isso. Esse é o seu único propósito, pois isso é tudo o que existe para ser aprendido. E podes aprendê-lo de muitos modos diferentes. Todo aprendi­zado é uma ajuda ou um obstáculo para chegares à porta do Céu. Não existe nenhum intermediário que seja possível. Existem dois professores apenas que apontam para caminhos diferentes. E seguirás o caminho que o professor que tiveres escolhido te apontar. Não existem senão duas direções que possas tomar en­quanto o tempo permanece e a escolha tem significado. Pois nunca será feita uma outra estrada, exceto o caminho para o Céu. Tu apenas escolhes se deves ir na direção do Céu ou para longe dele, para lugar nenhum. Não há mais nada a escolher.

2. Nada jamais se perde a não ser o tempo, que no final não tem significado. Pois ele não é senão um pequeno obstáculo à eterni­dade, bastante insignificante para o Professor real do mundo. No entanto, uma vez que acreditas nele, por que deverias perdê-lo dirigindo-te a lugar nenhum, quando ele pode ser usado para alcançar a meta mais elevada que o aprendizado pode realizar? Não penses que o caminho até a porta do Céu seja difícil. Nada que empreendas com propósito certo, resolução firme e alegre confiança, segurando a mão do teu irmão e marcando passo no ritmo da canção do Céu, é difícil de fazer. Mas, de fato, é duro vagar sozinho e miserável, descendo uma estrada que não leva a nada e que não tem propósito.

3. Deus deu o Seu Professor para substituir o professor que fizes­te, não para entrar em conflito com ele. E o que Ele quer substi­tuir, foi substituído. O tempo não durou senão um instante em tua mente, sem nenhum efeito sobre a eternidade. E assim todo o tempo é o passado e todas as coisas são exatamente como eram antes que fosse feito o caminho para o nada. O diminuto tic-tac do tempo no qual foi feito o primeiro equívoco e todos eles den­tro desse único, também continha a Correção daquele equívoco e de todos os que vieram dentro do primeiro. E naquele instante diminuto o tempo desapareceu, pois isso foi tudo o que ele ja­mais foi. Aquilo a que Deus deu uma resposta foi respondido e desapareceu.

4. A ti, que ainda acreditas que vives no tempo e não sabes que ele se foi, o Espírito Santo ainda guia através do labirinto infinita­mente pequeno e sem sentido que ainda percebes no tempo, em­bora ele tenha desaparecido há muito. Pensas que vives no que é passado. Cada coisa que olhas, não viste senão por um instante, há muito tempo atrás, antes que a sua irrealidade desse lugar à verdade. Nenhuma ilusão permanece ainda sem resposta na tua mente. A incerteza foi trazida à certeza há tanto tempo que é, de fato, duro mantê-la junto ao teu coração como se ainda estivesse diante de ti.

5. O instante diminuto que queres guardar e fazer com que seja eterno passou e sumiu no Céu depressa demais para que se pu­desse notar que ele tivesse vindo. O que desapareceu tão rápido que nem pôde afetar o simples conhecimento do Filho de Deus dificilmente pode ainda encontrar-se lá, para que tu o escolhas como teu professor. Só no passado – um passado remoto, por demais curto para fazer um mundo em resposta à criação – esse mundo pareceu surgir. Há tanto, tanto tempo atrás, por um intervalo de tempo tão diminuto, que nenhuma nota na canção do Céu se perdeu. No entanto, em cada ato ou pensamento sem perdão, em cada julgamento e em toda a crença no pecado esse único instante ainda é chamado de volta, como se ele pudesse ser reconstituído no tempo. Guardas diante dos olhos uma memória antiga. E aquele que vive apenas em memórias não está ciente de onde está.

6. O perdão é o grande liberador do tempo. É a chave para se aprender que o passado se foi. A loucura não fala mais. Não nenhum outro professor e nenhum outro caminho. Pois o que foi desfeito já não mais existe. E quem pode se encontrar em uma costa distante e sonhar consigo mesmo como se estivesse do ou­tro lado do oceano, em um tempo e lugar que há muito já desapareceram? Em que medida esse sonho pode ser um obstáculo real para o lugar aonde ele realmente está? Pois isso é fato e não muda quaisquer que sejam os sonhos que ele tenha. Contudo, ele ainda pode imaginar que está em outro lugar e em outro tem­po. Nas formas extremas, ele pode se deludir a ponto de acredi­tar que isso é verdadeiro e passar de mera imaginação a ser algo no qual ele acredita e depois à loucura, extremamente convenci­do de que está aonde prefere estar.

7. Isso é um obstáculo para o lugar onde ele se encontra? Qual­quer eco do passado que ele possa ouvir por acaso é um fato no que existe para ser ouvido onde ele está agora? E em que medi­da podem as suas ilusões acerca de tempo e espaço efetuar uma mudança aonde ele realmente está?

8. O que não foi perdoado é uma voz que chama de um passado que se foi para sempre. E todas as coisas que apontam para ele como se fosse real não passam de um desejo de que o que passou possa tomar-se real outra vez e ser visto como aqui e agora, no lugar do que é realmente agora e aqui. É isso um obstáculo à ver­dade de que o passado se foi e não pode voltar para ti? E queres guardar aquele instante amedrontador, quando o Céu aparente­mente desapareceu e Deus foi temido e veio a ser feito como um símbolo do teu ódio?

9. Esquece o tempo do terror que há tanto tempo foi corrigido e desfeito. É possível que o pecado enfrente a Vontade de Deus? Pode depender de ti ver o passado e colocá-lo no presente? Não podes voltar atrás. E todas as coisas que apontam o caminho na direção do passado apenas colocam para ti uma missão cuja realização só pode ser irreal. Tal é a justiça que o teu Pai, que é Todo Amor, garantiu que tem que vir a ti. E da tua própria falta de eqüidade contigo mesmo, Ele te protegeu. Não podes perder o teu caminho porque não existe caminho que não seja o Seu e nenhum lugar a que possas ir a não ser a Ele.

10. Permitiria Deus que Seu Filho perdesse o seu caminho em uma tenda muito tempo depois da memória do tempo ter passado? Esse curso só vai te ensinar o que é agora. Um instante terrível no passado distante, agora perfeitamente corrigido, não causa preocupação nem tem valor. Permite que os mortos que se foram sejam esquecidos em paz. A ressurreição veio para tomar o seu lugar. E agora fazes parte da ressurreição e não da morte. Ne­nhuma ilusão passada tem o poder de te manter em um lugar de morte, uma câmara mortuária em que o Filho de Deus penetrou por um instante para ser instantaneamente devolvido ao Amor perfeito de seu Pai. E como é possível que ele seja mantido em correntes que há muito foram removidas e desapareceram para sempre da sua mente?

11. O Filho, a quem Deus criou, é tão livre quanto era quando Deus o criou. Ele renasceu no instante em que escolheu morrer da invés de viver. E tu não irás perdoá-lo agora porque ele fez um erro no passado, do qual Deus não Se lembra e que não está presente? Agora estás te deslocando para trás e para frente entre o passado e o presente. Algumas vezes o passado parece real, como se fora o presente. Vozes do passado são ouvidas e, então, se duvida. Tu te pareces com alguém que ainda tem alucinações, mas a quem falta convição naquilo que percebe. Essa é a zona fronteiriça entre os mundos, a ponte entre o passado e o presente. Aqui, a sombra do passado permanece, mas ainda assim uma luz presente é vagamente reconhecida. Uma vez que é vista, essa luz não pode nunca ser esquecida. Ela não pode deixar de atrair-te do passado para o presente, onde realmente estás.

12. As vozes das sombras não mudam as leis do tempo nem da eternidade. Elas vêm daquilo que é passado e se foi e não obs­truem a verdadeira existência do aqui e agora. O mundo real é a segunda parte da alucinação segundo a qual o tempo e a morte são reais e têm uma existência que pode ser percebida. Essa ter­rível ilusão foi negada em nada mais do que o tempo que Deus levou para dar a Sua Resposta à ilusão por todos os tempos e em quaisquer circunstâncias. E a partir e então ela não mais existiu para ser vivenciada como se fosse o presente.

13. A cada dia e em cada minuto de cada dia e em cada instante que cada minuto contém, tu apenas revives o único instante em que o tempo do terror tomou o lugar do amor. E assim morres a cada dia para viver outra vez, até que atravesses a brecha entre o passado e o presente, que não é absolutamente uma brecha. Assim é cada vida: um aparente intervalo do nascimento à morte e mais uma vez à vida, uma repetição de um instante que se foi há muito e que não pode ser revivido. E tudo o que existe do tempo não passa da crença louca segundo a qual o que passou ainda está aqui e agora.

14. Perdoa o passado e deixa-o ir, pois ele já se foi. Tu já não te encontras na terra que está entre os dois mundos. Foste adiante e alcançaste o mundo que está na porta do Céu. Não existe ne­nhum obstáculo para a Vontade de Deus, nem existe necessidade alguma de que mais uma vez repitas a jornada que terminou há tanto tempo atrás. Olha gentilmente para o teu irmão e contem­pla o mundo no qual a percepção do teu ódio foi transformada em um mundo de amor.

Um Curso Em Milagres


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A dinâmica dos milagres


Filha Minha, repousa, calmamente, na Minha mão. A dinâmica dos milagres está nessa atitude. Não tem importância a tua fraqueza, porque Eu te darei o Meu poder. A tua insignificância será absorvida pela Minha Presença.
Esta Presença está em derredor e dentro de ti. A não ser que haja resistência de tua parte quanto à Minha atuação em ti, não poderás falhar, porque Eu não falhei e tu estás em Mim, ligada pelo Poder de Deus. Fortifica, pois, o teu coração com esta Verdade! At. 1:8

Viagem do Outro Cristão
Frances J. Roberts


 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A base do sonho



1. Não é fato que nos sonhos surge um mundo que parece ser bastante real? Entretanto, pensa sobre o que é esse mundo. Claramente não é o mundo que viste antes de dormir. É mais uma distorção do mundo planejada somente em torno daquilo que terias preferido. Aqui estás “livre” para refazer qualquer coisa que aparentemente te tenha atacado e fazer dela um tributo ao teu ego, que foi ultrajado pelo “ataque”. A não ser que tenhas visto a ti mesmo como se fosses um com o ego, que sempre olha para si próprio e, portanto, para ti como alvo de ataque e alta­mente vulnerável a esse ataque, tal não seria o teu desejo.

2. Os sonhos são caóticos porque são governados pelos teus dese­jos conflitantes e não têm, portanto, qualquer preocupação com o que é verdadeiro. Eles são o melhor exemplo que poderias ter de como a percepção pode ser usada para substituir a verdade por ilusões. Não os levas a sério quando acordas, porque o fato da realidade neles ser violada de forma tão ultrajante passa a ser evidente. No entanto, são uma maneira de olhar para o mundo e de mudá-lo para agradar mais ao ego. Eles provêem exemplos gri­tantes tanto da incapacidade do ego de tolerar a realidade, quanto da tua disponibilidade para mudar a realidade a favor dele.

3. Não achas perturbadoras as diferenças entre o que vês durante o sono e ao despertares. Reconheces que o que vês quando acor­das é obliterado nos sonhos. Entretanto, ao acordares, não espe­ras que tenha desaparecido. Nos sonhos, tu arranjas tudo. As pessoas vêm a ser o que queres que sejam e o que fazem é o que tu ordenas. Nenhum limite em termos das substituições que po­des fazer te é imposto. Durante um certo tempo, é como se o mundo te fosse dado para que faças dele o que desejas. Não reconheces que o estás atacando, tentando triunfar sobre ele e fazer com que sirva a ti.

4. Os sonhos são cenas temperamentais da percepção, nos quais literalmente gritas: “Quero que seja assim!” E assim parece ser. E, no entanto, o sonho não pode fugir da sua origem. A raiva e o medo o perpassam e, em um instante, a ilusão de satisfação é invadida pela ilusão do terror. Pois o sonho de que tens a capaci­dade de controlar a realidade substituindo-a por um mundo que preferes é aterrador. As tuas tentativas de obliterar a realidade são muito amedrontadoras, mas isso não estás disposto a aceitar. E assim as substituis pela fantasia de que é a realidade que é amedrontadora e não o que queres fazer dela. E desse modo a culpa se faz real.

5. Os sonhos te mostram que tens o poder de fazer o mundo con­forme queres que ele seja e, porque o queres, tu o vês. E enquan­to o vês, não duvidas de que ele seja real. Contudo, aqui está um mundo, é óbvio que ele está dentro da tua mente, mas aparenta estar do lado de fora. Não respondes a ele como se o tivesses feito e nem reconheces que as emoções que o sonho produz ne­cessariamente vêm de ti. São as figuras no sonho e o que fazem que parecem fazer o sonho. Tu não reconheces que estás fazendo com que representem para ti, pois se reconhecesses, a culpa não seria delas e a ilusão de satisfação desapareceria. Nos sonhos, essas características não são obscuras. Pareces despertar e o so­nho se foi. Entretanto, o que falhas em reconhecer e que aquilo que causou o sonho não se foi com ele. O teu desejo de fazer um outro mundo que não é real permanece contigo. E aquilo para o qual pareces despertar, não é senão uma outra forma desse mes­mo mundo que vês nos sonhos. Todo o teu tempo é gasto em sonhar. Os teus sonhos, quando estás dormindo, e os teus so­nhos, quando estás acordado, têm formas diferentes e isso é tudo. Seu conteúdo é o mesmo. Eles são o teu protesto contra a reali­dade e a tua idéia fixa e insana de que podes mudá-la. Nos teus sonhos quando estás acordado, o relacionamento especial tem um lugar especial. Ele é o meio pelo qual tentas fazer com que os teus sonhos, enquanto estás dormindo, venham a ser verda­deiros. Disso, tu não despertas. O relacionamento especial é a tua determinação de manter-te apegado à irrealidade e impedir a ti mesmo de despertar. E enquanto deres maior valor ao sono do que ao despertar, não abrirás mão dele.

6. O Espírito Santo, sempre prático em Seu juízo, aceita os teus sonhos e os usa como um meio de fazer com que despertes. Tu os terias usado para permaneceres adormecido. Eu disse ante­riormente que a primeira mudança, antes dos sonhos desapare­cerem, é que os teus sonhos de medo são transformados em sonhos felizes. É isso o que o Espírito Santo faz no relacionamen­to especial. Ele não o destrói, nem o arranca de ti. Mas Ele o usa de um modo diferente, como uma ajuda para fazer com que o Seu propósito seja real para ti. O relacionamento especial perma­necerá, não como uma fonte de dor e culpa, mas como uma fonte de alegria e liberdade. Ele não será apenas para ti, pois é aí que está a sua miséria. Assim como a sua não-santidade o manteve como uma coisa a parte, a sua santidade virá a ser um ofereci­mento para todas as pessoas.

7. O teu relacionamento especial será um meio de desfazer a cul­pa em todas as pessoas abençoadas através do teu relacionamen­to santo. Será um sonho feliz e um sonho que irás compartilhar com todos aqueles que vierem a estar diante da tua vista. Através dele, a benção que o Espírito Santo derramou sobre ele será estendida. Não penses que Ele se esqueceu de pessoa alguma no propósito que te deu. E não penses que Ele se esqueceu de ti, a quem deu a dádiva. Ele usa todas as pessoas que O chamam como meios para a salvação de todos. E Ele despertará a todos através de ti, que ofereceste o teu relacionamento a Ele. Se ape­nas reconhecesses a Sua gratidão! Ou a minha através da Sua! Pois nós estamos unidos em um único propósito, sendo uma só mente com Ele.

8. Não permitas que o sonho assuma o controle a ponto de te fechar os olhos. Não é estranho que os sonhos possam fazer um mundo que não é real. É o desejo de faze-lo que é inacreditável. O teu relacionamento com o teu irmão agora veio a ser um relacio­namento no qual esse desejo foi removido, porque o seu propósito foi mudado de um propósito de sonhos para um propósito de verdade. Não estás certo disso, porque pensas que talvez esse seja o sonho. Estás tão habituado a escolher entre sonhos, que não vês que finalmente fizeste a escolha entre a verdade e todas as ilusões.

9. No entanto, o Céu é garantido. Isso não é um sonho. Que ele tenha vindo significa que escolheste a verdade e ela veio porque tens estado disposto a deixar que o teu relacionamento especial satisfaça as suas condições. No teu relacionamento, o Espírito Santo gentilmente colocou o mundo real, o mundo dos sonhos felizes, dos quais o despertar é tão fácil e tão natural. Pois, assim como os teus sonhos, quando estás dormindo, e os teus sonhos, quando estás acordado, representam os mesmos desejos em tua mente, também assim o mundo real e a verdade do Céu se unem na Vontade de Deus. O sonho do despertar é facilmente transfe­rido para a realidade de estares desperto. Pois esse sonho reflete a tua vontade unida à Vontade de Deus. E o que essa Vontade quer que se realize nunca deixou de estar feito.

Um Curso Em Milagres




sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O perdão e o fim do tempo


1. Em que medida estás disposto a perdoar o teu irmão? Em que medida desejas a paz, ao invés da batalha, da miséria e da dor sem fim? Essas questões são a mesma, em formas diferentes. O perdão é a tua paz, pois dentro dele está o fim da separação e do sonho de perigo e destruição, pecado e morte, de loucura e de assassinato, pesar e perda. Esse é o “sacrifício” que a salvação pede e alegremente oferece a paz em lugar disso.

2. Não jures morrer, tu, o Filho santo de Deus! Tu fizeste uma barganha que não podes manter. O Filho da Vida não pode ser morto. Ele é imortal como o seu Pai. O que ele é não pode ser mudado. Ele é a única coisa em todo o universo que tem que ser una. O que parece ser eterno, tudo isso terá um fim. As estrelas desaparecerão e a noite, e o dia não mais existirão. Todas as coisas que vêm e vão, as marés, as estações e as vidas dos homens; todas as coisas que mudam com o tempo; que florescem e murcham, não retornarão. Onde o tempo estabeleceu um fim, não é onde o eterno pode ser encontrado. O Filho de Deus nunca pode mudar em função daquilo que os homens fizeram dele. Ele será o mesmo, ontem e hoje, pois o tempo não designou o seu destino, nem estabeleceu a hora do seu nascimento e da sua morte. O perdão não o mudará. Entretanto, o tempo aguarda o perdão para que as coisas do tempo possam desaparecer porque não têm nenhuma utilidade.

3. Nada sobrevive a seu propósito. Se algo é concebido para morrer, então, necessariamente morrerá, a não ser que não tome esse propósito como seu. A mudança é a única coisa que pode vir a ser uma bênção aqui, onde o propósito não é fixo, por mais imutável que pareça ser. Não penses que podes estabelecer uma meta que não é como o propósito de Deus para ti, e estabelecê-la como imutável e eterna. Tu podes dar a ti mesmo um propósito que não tens. Mas não podes remover o poder de mudar a tua mente e ver nela outro propósito.

4. A mudança é a maior das dádivas que Deus deu a tudo o que tu queres fazer com que seja eterno, para assegurar que só o Céu não passará. Tu não nasceste para morrer. Não podes mudar porque a tua função foi fixada por Deus. Todos as outras metas são estabelecidas no tempo e mudam de forma que o tempo possa ser preservado, com exceção de uma. O perdão não tem por objetivo preservar o tempo, mas fazer com que ele termine quando não tiver mais utilidade. Findo o seu propósito, ele desaparecerá. E onde ele antes tinha aparente trânsito, restaurou-se agora a função que Deus estabeleceu para o Seu Filho em plena consciência. O tempo não pode estabelecer um fim para a sua realização nem para a sua imutabilidade. A morte não mais existirá porque os vivos compartilham a função que o seu Criador lhes deu. A função da Vida não pode ser morrer. Tem que ser a extensão da vida, para que ela seja uma só para todo o sempre, sem fim.

5. Esse mundo atará os teus pés e as tuas mãos e matará o teu corpo só se pensares que ele foi feito para crucificar o Filho de Deus. Pois embora ele tenha sido um sonho de morte, não precisas deixar que represente isso para ti. Permite que isso seja mudado e nada no mundo deixará de ser mudado também. Pois tudo aqui é definido apenas pelo propósito que tu vês nas coisas.

6. Como é belo o mundo cujo propósito é o perdão do Filho de Deus! Como é livre do medo, como é cheio de bênçãos e felicidade! E que coisa alegre é habitar por um breve momento em um lugar tão feliz! Nem se deve esquecer, em tal mundo, que o momento é breve até que a intemporalidade venha em quietude tomar o lugar do tempo.

Um Curso Em Milagres

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A resposta silenciosa


1. Em quietude todas as coisas são respondidas e todos os proble­mas serenamente resolvidos. Em conflito, não pode haver respos­ta nem resolução, pois o propósito do conflito é fazer com que a solução não seja possível e assegurar que nenhuma resposta seja simples. Um problema estabelecido no conflito não tem resposta, pois é visto de formas diferentes. E o que seria uma resposta de um ponto de vista, não é uma resposta em uma luz diferente. Tu estás em conflito. Assim, tem que ficar claro que não podes res­ponder a coisa alguma, pois o conflito não tem efeitos limitados. Entretanto, se Deus deu uma resposta, necessariamente existe um caminho no qual os teus problemas estão resolvidos, pois o que é Vontade de Deus já foi feito.

2. Assim, o tempo não pode estar envolvido e cada problema pode ser respondido agora. Entretanto, em teu estado mental, a solução tem que ser impossível. Por conseguinte, Deus tem que ter te dado um caminho para alcançar um outro estado mental, no qual a resposta já esteja presente. Tal é o instante santo. É aqui que todos os teus problemas devem ser trazidos e deixados. É aqui que devem estar, pois aqui está a resposta para eles. E onde está a resposta, o problema não pode deixar de ser simples e facilmente resolvido. Não tem sentido tentar resolver um pro­blema onde a resposta não pode estar. Entretanto, com a mesma certeza, ele não pode deixar de ser resolvido se for trazido para onde a resposta se encontra.

3. Não tentes solucionar nenhum problema a não ser na seguran­ça do instante santo. Pois lá o problema será respondido e resolvi­do. Fora não haverá solução, pois “lá não existe nenhuma resposta que possa ser achada. Em nenhum outro lugar jamais se pergunta uma questão única e simples. O mundo só pode perguntar uma questão dupla. Uma questão com muitas respostas não pode ter resposta. Nenhuma delas será satisfatória. O mundo não coloca uma pergunta para que ela seja respondida, mas apenas para rea­firmar seu ponto de vista.

4. Todas as questões que são colocadas dentro desse mundo não passam de uma maneira de olhar, não são perguntas. Uma ques­tão colocada com ódio não pode ser respondida, porque é uma resposta em si mesma. Uma pergunta dupla pergunta e respon­de, ambas atestando a mesma coisa em formas diferentes. O mundo não coloca senão uma questão. Ela é a seguinte: “Dessas ilusões, qual é verdadeira? Quais delas estabelecem a paz e ofere­cem alegria? E quais podem trazer um modo de escapar de toda a dor da qual é feito esse mundo?” Seja qual for a forma que tome a questão, o seu propósito é o mesmo. Ele pergunta apenas para estabelecer o pecado como algo real e responde na forma de prefe­rências. “Que pecado preferes? Esse é o que deverias escolher. Os outros não são verdadeiros. O que pode o corpo conseguir que queiras mais do que tudo? Ele é teu criado e também teu amigo. Basta dizer a ele o que queres e ele irá servir-te amorosamente e bem.” E isso não é uma pergunta, pois te diz o que queres e aonde ir para consegui-lo. Não deixa espaço para que suas crenças sejam questionadas, exceto pelo fato de afirmar algo em forma de pergunta.

5. Uma pseudo-questão não tem resposta. Ela dita a resposta en­quanto pergunta. Assim, todo o questionamento dentro do mundo é uma forma de propaganda dele mesmo. Da mesma maneira que as testemunhas do corpo não são senão os sentidos dentre dele, também assim as respostas para as perguntas do mundo estão contidas dentro das perguntas que são feitas. Onde as respostas representam as perguntas, elas não acrescentam nada de novo e nada se aprende. Uma questão honesta é um instrumento de aprendizado que pergunta alguma coisa que não sabes. Não estabelece condições para a resposta, mas apenas pergunta qual deveria ser a resposta. Mas, ninguém em estado de conflito está livre para colocar essa questão, pois ele não quer uma resposta honesta em que o conflito termine.

6. Só dentro do instante santo é possível que uma questão hones­ta seja honestamente colocada. E do significado da questão vem a significação da resposta. Aqui é possível separar os teus dese­jos da resposta, de tal forma que ela possa te ser dada e também ser recebida. A resposta é dada em todos os lugares. No entanto, é só aqui que ela pode ser ouvida. Uma resposta honesta não exige sacrifício porque responde a questões verdadeiramente co­locadas. As questões do mundo apenas perguntam de quem se exige o sacrifício, sem perguntar se o sacrifício tem qualquer sig­nificado. E desse modo, a não ser que a resposta diga “de quem”, ela permanecerá irreconhecível, inaudível, e assim a pergunta é preservada de forma intacta porque deu a resposta a si mesma. O instante santo é o intervalo no qual a mente está suficiente­mente silenciosa para ouvir uma resposta, que não está atrelada à questão colocada. Ele oferece algo novo e diferente da questão. Como poderia a questão ser respondida, se ela apenas se repete?


7. Portanto, não tentes solucionar nenhum problema em um mun­do no qual a resposta foi barrada. Em vez disso, traze o problema ao único lugar que guarda a resposta amorosamente para ti. Aqui estão as respostas que irão solucionar os teus problemas, porque estão à parte deles e vêem o que pode ser respondido, o que é a pergunta. Dentro do mundo, as respostas simplesmente levan­tam uma outra questão, embora deixem a primeira sem resposta. No Instante santo, podes trazer a pergunta até à resposta e receber a resposta que foi feita para ti.

Um Curso Em Milagres

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Auto-conceito versus Ser


1. O que se aprende desse mundo é construído em cima de um auto-conceito que é ajustado à realidade do mundo. Ele cabe bem nele. Pois essa é uma imagem apropriada a um mundo de som­bras e de ilusões. Aqui ela caminha em casa, onde o que vê é uno com ela. O aprendizado do mundo serve para construir um auto­conceito. Esse é o seu propósito: que venhas sem um autoconcei­to e o faças à medida em que segues adiante.E na- época em que atingires a “maturidade”, tu o terás aperfeiçoado para enfrentar o mundo em termos iguais, em unidade com as suas exigências.

2. Um autoconceito é feito por ti. Ele não tem absolutamente qualquer semelhança contigo. É um ídolo feito para tomar o lu­gar da tua realidade como Filho de Deus. O auto-conceito que o mundo quer ensinar não é o que aparenta ser. Pois ele é feito para servir a dois propósitos, apenas um dos quais a mente é capaz de reconhecer. O primeiro apresenta a face da inocência, o aspecto que é encenado. É essa face que sorri e cativa, e até mes­mo parece amar. Ela busca companheiros e às vezes olha com pena para os que sofrem e às vezes oferece alívio. Acredita que é boa dentro de um mundo mau.

3. Esse aspecto pode ter raiva, pois o mundo é ruim e não é capaz de prover o amor e o abrigo que a inocência merece. E assim, freqüentemente, essa face se banha de lágrimas pelas injustiças que o mundo faz para com aqueles que querem ser generosos e bons. Esse aspecto nunca ataca em primeiro lugar. Mas a cada dia, uma centena de pequenas coisas constituem pequenos ata­ques à sua inocência, provocando-a à irritação e, afinal, aberta­mente ao insulto e ao abuso.

4. A face da inocência que o auto-conceito veste com tanto orgu­lho pode tolerar o ataque em autodefesa, pois não é fato bem conhecido que o mundo trata com dureza a inocência indefesa? Ninguém que faça um retrato de si mesmo omite essa face, pois tem necessidade dela. O outro lado, ele não quer ver. Entretan­to, é aqui que o aprendizado do mundo fixou seus olhares, pois é aqui que a “realidade” do mundo é estabelecida para garantir que o ídolo perdure.

5. Por baixo da face da inocência há uma lição que o autoconcei­to tem como finalidade ensinar. É uma lição sobre um desloca­mento terrível e um medo tão devastador que a face que sorri na superfície tem que olhar para longe disso para sempre, para não perceber a traição que ela oculta. Isso é o que a lição ensina: “Eu sou essa coisa que fizeste de mim e olhando para mim tu és con­denado devido ao que eu sou.” A esse auto-conceito o mundo sorri com aprovação, pois ele garante que os caminhos do mundo sejam mantidos a salvo e aqueles que caminham por eles não escaparão.

6. Aqui está a lição central que garante que o teu irmão está eter­namente condenado. Pois agora o que és passa a ser o seu peca­do. Para isso não há perdão possível. Já não mais importa o que ele faz, pois o teu dedo acusador aponta para ele sem vacilar e é mortal em seu objetivo. Ele aponta para ti também, mas isso é mantido no que ainda é mais profundo, na névoa abaixo da face da inocência. E nesses túmulos amortalhados todos os seus peca­dos e os teus são preservados e mantidos na escuridão aonde não podem ser percebidos como erros, o que a luz seguramente mos­traria. Tu não podes ser acusado pelo que és, tampouco podes mudar as coisas que ele te faz fazer. O teu irmão, portanto, é o símbolo dos teus pecados para ti, e tu silenciosamente mas ainda assim com urgência incessante, ainda condenas o teu irmão pela coisa odiosa que tu és.

7. Conceitos são aprendidos. Eles não são naturais. À parte do aprendizado, não existem. Eles não são dados, portanto, têm que ser feitos. Nenhum deles é verdadeiro e muitos vêm de imagina­ções febris, quentes de ódio e de distorções nascidas do medo. O que é um conceito senão um pensamento para o qual aquele que o faz dá um significado que lhe é próprio? Conceitos mantêm o mundo. Mas não podem ser usados para demonstrar que o mun­do é real. Pois todos são feitos dentro do mundo, nascidos na sua sombra, crescendo pelos seus caminhos e finalmente “amadure­cidos” em seu pensamento. Eles são idéias de ídolos, pintados com os pincéis do mundo que não podem fazer nem um único retrato que represente a verdade.

8. Um auto-conceito não tem significado, pois ninguém aqui pode ver para que serve e portanto não é capaz de retratar o que ele é. Mesmo assim, todo o aprendizado que o mundo dirige começou e terminou com o simples objetivo de ensinar-te esse conceito de ti mesmo para que escolhas seguir as leis desse mundo e nunca bus­ques ir além das suas estradas nem compreender o modo como vês a ti mesmo. Agora, o Espírito Santo tem que achar um modo para ajudar-te a ver que esse auto-conceito tem que ser desfeito, se é que queres que alguma paz seja dada à tua mente. Tampouco pode ele ser desaprendido, a não ser através de lições que tenham o objetivo de te ensinar que és uma outra coisa. Pois de outro modo, te seria pedido que trocasses aquilo em que agora acreditas pela perda total do ser e terror ainda maior surgiria em ti.

9. Assim, o plano de lições do Espírito Santo é organizado em passos fáceis nos quais, embora algumas vezes possa haver um certo desconforto e alguma aflição, não há uma quebra do que foi aprendido, apenas uma re-tradução do que parece ser a evidên­cia a favor disso. Vamos considerar, então, que prova existe de que és o que o teu irmão fez de ti. Pois mesmo que ainda não percebas que é isso o que pensas, com certeza a essa altura já aprendeste que te comportas como se fosse assim. Por acaso ele reage por ti? E ele sabe exatamente o que iria acontecer? Ele é capaz de ver o teu futuro e ordenar, antes que ele venha, o que deverias fazer em cada circunstância? Ele tem que ter feito o mundo assim como a ti para poder ter toda essa ciência prévia das coisas que virão.

10. Que sejas o que o teu irmão fez de ti parece muito improvável. Mesmo que ele tivesse feito isso, quem te deu a face da inocência? É essa a tua contribuição? Quem é, então, o “tu” que a fez? E quem é enganado por toda a tua bondade e a ataca tanto? Vamos esquecer a tolice do conceito e meramente pensar nisso: existem duas partes no que pensas que és. Se uma foi gerada pelo teu irmão, quem estava lá para fazer a outra? E de quem é preciso esconder alguma coisa? Se o mundo é mau, ainda assim não há necessidade de esconder de que tu és feito. Quem está lá para ver? E o que necessitaria de defesa, a não ser o que é atacado?

11. Talvez a razão pela qual esse conceito tenha que ser mantido na escuridão seja o fato de que, na luz, aquele que não pensaria que ele é verdadeiro seria tu. E o que aconteceria com o mundo que vês, se todos as suas construções básicas fossem removidas? O teu conceito do mundo depende desse auto-conceito. E am­bos desapareceriam, se qualquer um deles fosse posto em dúvi­da. O Espírito Santo não busca empurrar-te ao pânico. Portanto, Ele meramente pergunta se poderia levantar apenas uma peque­na questão.

12. Há alternativas para essa coisa que não podes deixar de ser. Poderias, por exemplo, ser a coisa que escolheste que o teu ir­mão fosse. Isso desloca o auto-conceito de algo que é totalmente passivo e pelo menos abre caminho para uma escolha ativa e para algum reconhecimento de que alguma interação tem que ter entrado nisso. Existe alguma compreensão de que escolheste por ambos, e o que ele representa tem um significado que foi dado por ti. Isso mostra também um vislumbre da lei da percepção, segundo a qual o que vês reflete o estado da mente de quem percebe. Contudo, quem foi que fez a escolha em primeiro lu­gar? Se és aquilo que escolheste que o teu irmão fosse, existiram alternativas entre as quais escolher e alguém tem que ter decidi­do em primeiro lugar qual delas escolher e qual abandonar.

13. Embora esse passo ofereça ganhos, ainda não levanta uma questão básica. Alguma coisa tem que ter se passado antes desses auto-conceitos. E alguma coisa tem que ter feito o aprendizado que os fez surgir. Tampouco isso pode ser explicado por nenhu­ma das duas perspectivas. A principal vantagem do deslocamen­to da primeira para a segunda é que de algum modo entraste nessa escolha pela tua decisão. Mas esse ganho é pago com uma perda quase igual, pois agora és acusado da culpa pelo que o teu irmão é. E tens que compartilhar a sua culpa, porque a escolheste para ele à imagem da tua. Enquanto antes somente ele era trai­dor, agora tens que ser condenado junto com ele.

14. O auto-conceito sempre foi a grande preocupação do mundo. E todos acreditam que têm que achar uma resposta para o enig­ma por si mesmos. A salvação pode ser vista como nada além do escapar de conceitos. Ela não se preocupa com o conteúdo da mente, mas com a simples declaração de que ela pensa. E o que pode pensar, ela pode escolher e pode ser mostrado a ela que diferentes pensamentos têm conseqüências diferentes. Assim, é capaz de aprender que tudo o que pensa reflete a profunda con­fusão que sente a respeito de como foi feita e do que é. E vaga­mente o auto-conceito parece responder àquilo que ela não sabe.

15. Não busques o teu Ser em símbolos. Não pode existir nenhum conceito para representar o que tu és. Que importa qual o con­ceito que aceitas, enquanto percebes um ser que interage com o mal e reage à coisas perversas? O teu conceito de ti mesmo ainda permanecerá sem significado. E não perceberás que não podes interagir senão contigo mesmo. Ver um mundo culpado não é senão o sinal de que o teu aprendizado foi guiado pelo mundo e tu olhas para ele assim como vês a ti mesmo. O auto-conceito engloba tudo aquilo que contemplas e nada está fora dessa percepção. Se podes ser ferido por qualquer coisa, vês um retrato dos teus desejos secretos. Nada mais do que isso. E, em qual­quer espécie de sofrimento que possas ter, vês o teu próprio desejo escondido de matar.

16. Tu farás muitos auto-conceitos à medida em que o aprendiza­do vai avançando. Cada um mostrará as mudanças nos teus pró­prios relacionamentos, conforme a tua percepção de ti mesmo é mudada. Haverá uma certa confusão cada vez que houver um deslocamento, mas que sejas grato pelo fato de que o aprendiza­do do mundo está afrouxando o controle que tem sobre a tua mente. E tenhas certeza e sejas feliz na confiança de que ele afinal desaparecerá e deixará a tua mente em paz; o papel do acu­sador aparecerá em muitos lugares e sob muitas formas. E cada uma parecerá estar acusando a ti. Entretanto, não tenhas medo de que ele não seja desfeito.

17. O mundo não é capaz de ensinar nenhuma imagem de ti, a não ser que tu queiras aprendê-las. Um tempo virá em que todas as imagens terão desaparecido e verás que não sabes o que és. É para essa mente aberta e sem lacres que a verdade retorna, sem impedimentos e sem limites. Ali, onde os auto-conceitos foram postos de lado, a verdade é revelada exatamente como é. Quan­do todos os conceitos tiverem sido erguidos à dúvida e ao ques­tionamento e quando tiverem sido reconhecidos como tendo sido feitos com base em hipóteses que não podem fazer face à luz, então, a verdade está livre para entrar no seu santuário, limpa e livre de culpa. Não há declaração que o mundo tenha mais medo de ouvir do que essa:

Eu não sei o que sou e, portanto, não sei o que estou fazendo, onde estou ou como olhar para o mundo ou para mim mesmo.
Entretanto, é aprendendo isso que nasce a salvação. E O Que tu és te falará de Si Mesmo.

Um Curso Em Milagres

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

As leis do caos


1. As ‘leis’ do caos podem ser trazidas à luz, embora nunca possam ser compreendidas. Leis caóticas dificilmente têm significado e estão, portanto, fora da esfera da razão. No entanto, elas parecem ser um obstáculo à razão e à verdade. Vamos, então, olhá-las calmamente para que possamos olhar para o que está além delas, compreendendo o que são e não o que elas querem manter. É essencial que se compreenda para o que servem, por­que o propósito que têm é fazer com que a verdade seja sem significado e atacá-la. Aqui estão as leis que regem o mundo que fizeste. E, no entanto, nada governam e não é preciso quebrá-las, simplesmente olhar para elas e ir além.

2. A primeira lei caótica é que a verdade é diferente para cada um. Como todos esses princípios, esse mantém que cada um é separa­do e tem um conjunto diferente de pensamentos que o põe à mar­gem dos outros. Esse princípio se desenvolve a partir da crença em que existe uma hierarquia de ilusões, algumas são mais valio­sas e, portanto, verdadeiras. Cada um estabelece isso para si mes­mo e faz com que seja verdadeiro através do seu ataque ao que o outro valoriza. E isso é justificado porque os valores diferem e aqueles que os mantêm parecem não ser como os outros e, portan­to, são inimigos.

3. Pensa em como isso parece interferir com o primeiro princípio dós milagres. Pois isso estabelece graus de verdade entre ilusões, fazendo com que pareça que algumas são mais difíceis de superar do que outras. Se fosse reconhecido que todas são a mesma e igualmente inverídicas, seria então fácil de se compreender que os milagres se aplicam a todas elas. Todos os tipos de erros podem ser corrigidos porque são inverídicos. Quando trazidos à verdade, ao invés de serem levados uns aos outros, meramente desapare­cem. Nenhuma parte do nada pode ser mais resistente à verdade do que outra.

4. A segunda lei do caos, de fato valorizada por todos os adoradores do pecado, é que cada um não pode deixar de pecar e, portanto merece ataque e morte. Esse princípio, estreitamente relacionado com o primeiro, é a exigência de que os erros pedem punição e não correção. Pois a destruição daquele que faz o erro coloca-o além da correção e além do perdão. O que ele fez é assim inter­pretado como uma sentença irrevogável sobre si mesmo, a qual o próprio Deus não tem o poder de superar. O pecado não pode ser redimido, sendo a crença segundo a qual o Filho de Deus pode cometer equívocos pelos quais a sua própria destruição vem a ser inevitável.

5. Pensa no que isso parece fazer com o relacionamento entre o Pai e o Filho. Agora, aparentemente, eles nunca mais poderão ser um outra vez. Pois um deles não pode deixar de estar sempre condenado, e pelo outro. Agora, eles são diferentes e inimigos. E o seu relacionamento é de oposição, assim como os aspectos se­parados do Filho só se encontram para conflitar, mas não para unir-se. Um vem a ser fraco, o outro forte através da sua derrota. E o medo de Deus e uns dos outros agora aparenta ser razoável e se faz real devido ao que o Filho de Deus fez a ambos, a si mesmo e a seu Criador.

6. A arrogância em que se baseiam as leis do caos não pode ser mais evidente do que aqui. Aqui está um princípio que pretende definir o que o Criador da realidade tem que ser, o que Ele tem que pensar e o que Ele tem que acreditar e como Ele tem que responder acreditando nisso. Nem mesmo se considera necessá­rio perguntar-Lhe acerca da verdade do que foi estabelecido para que Ele creia. Seu Filho pode dizer-Lhe isso e Ele não tem senão a escolha de aceitar a sua palavra ou estar equivocado. Isso con­duz diretamente à terceira crença absurda que parece fazer com que o caos seja eterno. Pois se Deus não pode estar equivocado, Ele tem que aceitar a crença do Seu Filho acerca do que ele é e odiá-lo por isso.

7. Vê como o medo de Deus é reforçado por esse terceiro princí­pio. Agora vem a ser impossível voltar-se para Ele pedindo ajuda na miséria. Pois agora Ele veio a ser o ‘inimigo’ Que a causou, a Quem é inútil apelar. E nem pode a salvação estar dentro do Fi­lho, cujos aspectos parecem estar em guerra contra Ele e justifica­dos em seu ataque. E agora o conflito se faz inevitável, além da ajuda de Deus. Pois agora a salvação não pode deixar de ser im­possível porque o salvador veio a ser o inimigo.

8. Não pode haver nenhuma liberação, nem é possível escapar. Assim a Expiação vem a ser um mito e a vingança, não o perdão, é a Vontade de Deus. A partir de onde tudo isso começa, não há nenhuma ajuda, à vista que possa ser bem-sucedida. Só a destrui­ção pode ser o resultado. E o próprio Deus parece estar ao lado da destruição para dominar Seu Filho. Não penses que o ego fará com que sejas capaz de achar um meio de escapar do que ele quer. Essa é a função deste curso, que não valoriza o que o ego estima.

9. O ego só valoriza aquilo que ele toma dos outros. Isso conduz à quarta lei do caos, que, se as outras forem aceitas, não pode deixar de ser verdadeira. Essa lei aparente é a crença segundo a qual tens aquilo que tomaste de outros. Através disso, a perda do outro vem a ser o teu ganho, e assim ela falha em reconhecer que jamais podes tomar coisa alguma de ninguém a não ser de ti mesmo. No entanto, todas as outras leis necessariamente condu­zem a isso. Pois inimigos não dão voluntariamente um ao outro e nem buscariam compartilhar as coisas que valorizam. E o que os teus inimigos querem afastar de ti tem que valer a pena pos­suir já que eles o esconderam da tua vista.

10. Todos os mecanismos da loucura são vistos emergindo aqui: o ‘inimigo’ que se faz forte por manter oculta a herança valiosa que deveria ser tua; a tua posição que é justificada assim como o ataque pelo que foi mantido à parte de ti, e a perda inevitável que o teu inimigo não pode deixar de sofrer para te salvar. Assim os culpados protestam em favor de sua ‘inocência’. Se não tives­sem sido forçados a esse vil ataque pelo comportamento inescru­puloso do inimigo, eles teriam respondido apenas com benigni­dade. Mas em um mundo selvagem, os benignos não podem sobreviver, assim sendo eles não podem deixar de saquear ou serão saqueados.

11. E agora há uma vaga questão não respondida, ainda não ‘ex­plicada’. O que é essa coisa preciosa, essa pérola de valor inestimável, esse tesouro secreto a ser arrancado com justa, ira desse inimigo tão traidor e astuto? Não pode deixar de ser aquilo que queres, mas que nunca achaste. E agora ‘compreendes’ a razão por que não o achaste. Pois isso foi tomado de ti por esse inimigo e escondido aonde não pensarias sequer em olhar. Ele o ocultou no seu próprio corpo, fazendo disso a cobertura para a culpa que ele sente, o esconderijo do que te pertence. Agora, o seu corpo tem que ser destruído e sacrificado para que possas ter aquilo que te pertence. A sua traição exige a sua morte, para que possas viver. E tu só atacas em auto-defesa.

12. Mas o que é isso que queres que exige a sua morte? Como podes estar certo de que o teu ataque assassino é justificado, a não ser que saibas para que ele serve? E aqui, um princípio final do caos vem para ‘resgatar’. Ele mantém que há um substituto para o amor. Essa é a mágica que irá curar toda a tua dor, o fator que faltava em tua loucura e que a faz ‘sã’. Essa é a razão pela qual não podes deixar de atacar. Eis aqui o que faz com que a tua vingança seja justificada. Eis aqui, revelada, a dádiva secreta do ego, arrancada do corpo do teu irmão, ali escondida na malícia e no ódio para ser dada àquele a quem a dádiva de fato pertence. Ele quer privar-te do ingrediente secreto que daria significado à tua vida. O substituto para o amor, nascido da tua inimizade para com o teu irmão, tem que ser a salvação. Não há nenhum substituto para ele e existe apenas um. E todos os teus relacio­namentos não têm senão o propósito de se apoderar dele e fazer com que seja teu.

13. A tua posse nunca se faz completa. E nunca o teu irmão deixa­rá de atacar-te em função do que tu lhe roubaste. Nem Deus porá fim à Sua vingança contra ambos, pois na Sua loucura, Ele não pode deixar de ter esse substituto para o amor e matar a ambos. Tu, que acreditas que caminhas na sanidade, com os pés em terra sólida e através de um mundo no qual é possível achar um significado, considera isso: essas são as leis nas quais a tua ‘sanidade’ parece se basear. Esses são os princípios que fazem com que a terra sob os teus pés pareça sólida. E é aqui que procu­ras um significado. Essas são as leis que fizeste para a tua salva­ção. Elas mantêm no lugar o substituto para o Céu que tu preferes. Esse é o seu propósito, foram.feitas para isso. Não faz sentido questionar o que significam. Isso é evidente. Os meios da loucura têm que ser insanos. Estás igualmente certo de que reconheces que a meta é a loucura?

14. Ninguém quer a loucura e ninguém fica apegado à própria loucura se vê que é isso o que ela é. O que protege a loucura é a crença em que ela seja verdadeira. É a função da insanidade to­mar o lugar da verdade. Ela tem que ser vista como verdade para que se acredite nela. E se ela é a verdade, então necessaria­mente o seu oposto, que antes era a verdade, agora não pode deixar de ser loucura. Tal reversão, completamente ao contrário, onde a loucura é sanidade, as ilusões são verdadeiras, o ataque é benignidade, o ódio é amor e o assassinato é benção, é a meta a que servem as leis do caos. Esses são os meios pelos quais as leis de Deus aparentam estar revertidas. Aqui as leis do pecado pare­cem manter o amor cativo e deixar que o pecado se vá em liber­dade.

15. Essas não parecem ser as metas do caos, pois através da grande reversão, elas aparentam ser as leis da ordem. Como poderia não ser assim? O caos é a ausência de leis e não tem leis. Para que se acredite nele, suas aparentes leis têm que ser percebidas como reais. Sua meta de loucura tem que ser vista como sanidade. E o medo, com lábios cinzentos e olhos que não vêem, cego e terrível ao ser contemplado, é erguido ao trono do amor, seu conquistador moribundo, seu substituto, o salvador da salvação. Como as leis do medo fazem a morte parecer bela. Dá graças ao herói no trono do amor que salvou o Filho de Deus para o medo e para a morte!

16. Entretanto, como é possível que se possa acreditar em seme­lhantes leis? Existe um estranho instrumento que possibilita isso. Ele nem sequer deixa de ser familiar, nós já vimos como ele pare­ce funcionar muitas vezes antes. Na verdade, ele não funciona; entretanto, nos sonhos, onde só as sombras desempenham papéis principais, ele parece muito poderoso. Nenhuma lei do caos po­deria compelir à crença a não ser através da ênfase na forma e da desconsideração do conteúdo. Ninguém que pense que qualquer uma dessas leis é verdadeira vê o que ela diz. Algumas das for­mas que tomam parecem ter significado e isso é tudo.

17. Como é possível que algumas formas de assassinato não signi­fiquem morte? É possível que um ataque, sob qualquer forma, seja amor? Que forma de condenação é uma bênção? Quem pode fazer com que o seu próprio salvador seja impotente e achar a salvação? Não permitas que a forma do ataque a ele te engane. Não podes buscar danificá-lo e ser salvo. Quem pode achar se­gurança contra o ataque voltando-se contra si mesmo? Como pode ter importância a forma que essa loucura tome? É um julga­mento que derrota a si mesmo, condenando o que diz que quer salvar. Não te enganes quando a loucura toma uma forma que pensas ser bela. Aquilo que tenciona a tua destruição não é teu amigo.

18. Afirmarias e pensarias que é verdade que não acreditas nessas leis sem sentido e nem ages de acordo com elas. E quando olhas para o que elas dizem, não se pode acreditar nelas. Irmão, tu acreditas nelas. Pois de que outra maneira poderias perceber a forma que tomam, com um conteúdo como esse? É possível que quaisquer dessas formas se mantenham? No entanto, acreditas nelas pela forma que tomam e não reconheces o conteúdo. Ele nunca muda. Podes pintar lábios cor-de-rosa em um esqueleto, vesti-lo com o que é belo, agradá-lo e mimá-lo e fazê-lo viver? E podes ficar contente com uma ilusão de que estejas vivendo?

19. Não vida fora do Céu. Onde Deus criou a vida, lá ela tem que estar. Em qualquer estado à parte do Céu, a vida é ilusão. Na melhor das hipóteses, parece vida; na pior, parece morte. No en­tanto, os dois são julgamentos sobre o que não é vida, são iguais na sua falta de acuidade e de significado. A vida fora do Céu é impossível e o que não está no Céu não está em lugar nenhum. Fora do Céu, existe apenas o conflito de ilusões sem sentido, impossível e além de toda a razão, mas apesar disso percebido como uma eterna barreira para o Céu. Ilusões não são senão for­mas. Seu conteúdo nunca é verdadeiro.

20. As leis do caos governam todas as ilusões. As suas formas conflitam, fazendo com que pareça bastante possível valorizar algumas acima de outras. Entretanto, cada uma delas se baseia, com tanta certeza quanto as outras, na crença segundo a qual as leis do caos são as leis da ordem. Cada uma sustenta essas leis de forma completa, oferecendo um testemunho certo de que es­sas leis são verdadeiras. As formas aparentemente mais gentis do ataque não são menos certas no seu testemunho ou nos seus resultados. É certo que as ilusões trarão medo devido às crenças que nelas estão implicadas, não devido à sua forma. E a falta de fé no amor, sob qualquer forma, testemunha a realidade do caos.

21. Da crença no pecado necessariamente decorre a fé no caos. Como é uma decorrência parece ser uma conclusão lógica, um passo válido no pensamento ordenado. Os passos para o caos decorrem de forma ordenada do seu ponto de partida. Cada um deles é uma forma diferente na progressão da reversão da verda­de, conduzindo ainda mais ao aprofundamento do terror e ao distanciamento da verdade. Não penses que um passo é menor do que o outro, nem que é mais fácil o retomo de um do que de outro. Toda a descida do Céu está em cada um deles. E onde o teu pensamento começa, lá ele tem que terminar.

22. Irmão, não dês nenhum passo para a descida ao inferno. Pois tendo dado um, não reconhecerás o resto pelo que eles são. E eles seguir-se-ão. O ataque, sob qualquer forma, colocou o teu pé sobre a escadaria tortuosa que conduz para longe do Céu. No entanto, a qualquer instante, é possível que tudo isso seja desfei­to. Como podes saber se escolheste os degraus do Céu ou o ca­minho para o inferno? Bem facilmente. Como te sentes? A paz está na tua consciência? Estás certo da direção em que estás indo? E estás seguro de que a meta do Céu pode ser a1cançada? Se não, caminhas sozinho. Pede, então, ao teu Amigo que se una a ti e que te dê a certeza de onde vais.

Um Curso Em Milagres

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Pois Eles vieram


1. Pensa em como tens que ser santo, já que a partir de ti a Voz que fala por Deus chama pelo teu irmão amorosamente, de tal modo que possas despertar nele a Voz que responde ao teu chamado! E pensa em como ele tem que ser santo, quando nele dorme a tua própria salvação unida à sua liberdade! Por mais que desejes que ele seja condenado, Deus está nele. E nunca saberás que Deus também está em ti, enquanto atacares a casa que Ele escolheu e lutares contra o Seu anfitrião. Considera-o com gentileza. Olha com olhos amorosos para aquele que carrega Cristo dentro de si, de modo que possas contemplar a sua glória e regozijar-te porque o Céu não está separado de ti.

2. É muito pedir um pouco de confiança naquele que carrega Cristo para ti, para que possas ser perdoado por todos os teus pecados sem excluir nenhum que ainda queiras valorizar? Não te esqueças de que uma sombra mantida entre ti e o teu irmão obscurece a face de Cristo e a memória de Deus. E tu Os trocarias por um antigo ódio? A terra em que estás é terra santa por causa Deles, Que estando nela contigo a abençoaram com a Sua inocência e Sua paz.

3. O sangue do ódio se desvanece para deixar que a grama verde cresça outra vez e as flores sejam todas brancas e resplandecentes no sol de verão. O que foi um lugar de morte agora veio a ser um templo vivo em um mundo de luz. Por causa Deles. É a Presença Deles que elevou a santidade para retomar o seu antigo lugar sobre um antigo trono. Por causa Deles, milagres brotaram como grama e flores na terra árida que o ódio havia queimado e deixado desolada. O que o ódio engendrou, Eles desfizeram. E agora estás em uma terra tão santa que o Céu se inclina para unir-se a ela e fazer com que ela seja como ele próprio. A sombra de um antigo ódio se foi e todas as pragas e toda a aridez deixaram para sempre a terra à qual Eles vieram.

4. O que são cem ou mil anos para Eles, ou dezenas de milhares de anos? Quando Eles vêm, o propósito do tempo está cumprido. O que nunca existiu, some no nada quando Eles vêm. O que o ódio reivindicava para si é entregue ao amor e a liberdade ilumina cada coisa viva elevando-a até o Céu, onde as luzes se tornam cada vez mais brilhantes à medida em que cada uma retoma ao lar. O incompleto se faz completo outra vez e a alegria do Céu foi aumentada porque o que lhe é próprio foi restituído a ele. A terra ensangüentada está limpa e os insanos despiram-se de suas vestes de insanidade para unirem-se a Eles na terra onde tu estás.

5. O Céu é grato por essa dádiva do que foi por tanto tempo negado. Pois Eles vieram para reunir o que é Deles. O que estava enclausurado, está aberto; o que era mantido à parte da luz é entregue para que a luz possa brilhar sobre tudo isso, sem deixar espaço ou distância alguma entre a luz do Céu e o mundo.

6. O mais santo de todos os lugares da terra é aquele onde um antigo ódio veio a ser um amor presente. E Eles vêm rapidamente para o templo vivo, onde um lar para Eles foi preparado. Não há lugar mais santo no Céu. E Eles vieram para habitar dentro do templo que Lhes foi oferecido, para que esse seja um lugar de descanso para Eles assim como para ti. Aquilo que o ódio liberou para o amor vem a ser a luz mais brilhante na radiância do Céu. E todas as luzes no Céu são mais brilhantes agora, em gratidão pelo que foi restaurado.

7. Em torno de ti anjos pairam amorosamente para manter distantes todos os pensamentos escuros de pecado e manter a luz aonde ela penetrou. As marcas dos teus passos iluminam o mundo, pois onde caminhas, o perdão vai alegremente contigo. Ninguém na terra deixa de dar graças àquele que restaurou a sua casa e a abrigou do inverno amargo e do frio que congela. E será que o Senhor do Céu e Seu Filho darão menos em gratidão por tanto mais?

8. Agora, o templo do Deus vivo está reconstruído outra vez como anfitrião para Aquele por Quem foi criado. Onde Ele habita, o Seu Filho habita com Ele, nunca separado. E Eles dão graças porque afinal são bem-vindos. Onde estava uma cruz, agora está o Cristo ressurgido e antigas cicatrizes são curadas pelo que Ele vê. Um antigo milagre veio para abençoar e para substituir uma antiga inimizade que tinha vindo para matar. Em gentil gratidão a Deus, o Pai e o Filho retornam ao que é Deles e será para sempre. Agora o propósito do Espírito Santo está consumado. Pois eles vieram! Pois Eles vieram afinal!

Um Curso Em Milagres