quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

27 - O que é a morte?


1. A morte é o sonho central do qual brotam todas as ilusões. Não é loucura pensar na vida como nascimento, envelhecimento, perda de vitalidade e morte no final? Colocamos essa questão anteriormente, mas agora temos que considerá-la com mais cuidado. É uma crença fixa e imutável do mundo que todas as coisas dentro dele nascem somente para morrer. Isso é considerado como "a forma da natureza", não para ser questionado, mas para ser aceito como a lei "natural" da vida. O cíclico, o mutável e o incerto; o imprevisível e o instável, o crescente e o minguante de um certo modo, em um caminho dado - tudo isto é tido como a vontade de Deus. E ninguém se pergunta se tal poderia ser a vontade de um Criador benigno.

2. Se o universo que percebemos fosse tal como Deus o criou, seria impossível pensar que Deus é amoroso. Pois quem decretou que todas as coisas morram, terminando em pó, desapontamento e desespero, só pode ser temido. Ele mantém a tua pequena vida nas mãos apenas por um fio, pronto para o rompê-lo sem pena ou cuidado, talvez hoje. Ou, caso espere, ainda assim o fim é certo. Quem ama um deus assim não conhece o amor, porque negou que a vida é real. A morte veio a ser o símbolo da vida. Seu mundo é agora um campo de batalha, onde reina a contradição e opostos guerreiam sem cessar. Onde há morte, a paz é impossível.

3. A morte é o símbolo do medo de Deus. Seu Amor é apagado nessa idéia, que o mantém fora da consciência como um escudo erguido para obscurecer o sol. A qualidade sinistra do símbolo basta para mostrar que ele não pode coexistir com Deus. Ele mostra uma imagem do Filho de Deus onde ele é "posto para descansar" nos braços da devastação, onde os vermes esperam para saudá-lo e para durar um pouco mais através da sua destruição. No entanto, também os vermes são igualmente condenados à destruição. E assim todas as coisas vivem, devido à morte. Devorar é a "lei da vida" dentro da natureza. Deus é insano e só o medo é real.

4. A curiosa crença segundo a qual parte das coisas que morre pode continuar vivendo à parte daquilo que vai morrer, não proclama um Deus amoroso, nem restabelece qualquer terreno para a confiança. Se a morte é real para o que quer que seja, não há vida. A morte nega a vida. Mas se há realidade na vida, a morte é negada. Aqui não é possível nenhuma transigência. Ou existe um deus do medo, ou um Deus do amor. O mundo tenta fazer mil transigências e tentará fazer outras mil. Nenhuma pode ser aceitável para os professores de Deus, pois nenhuma seria aceitável para Deus. Ele não fez a morte, porque ele não fez o medo. Ambos são igualmente sem significado para Ele.

5. A "realidade" da morte está firmemente enraizada na crença segundo a qual o Filho de Deus é um corpo. E se Deus tivesse criado corpos, a morte certamente seria real. Mas Deus não seria amoroso. Não há nenhum ponto no qual o contraste entre a percepção do mundo real e a do mundo das ilusões se torne mais evidente. A morte é, de fato, a morte de Deus, se Ele é Amor. E agora a Sua própria criação tem que temê-Lo. Ele não é Pai, mas destruidor. Não é Criador, mas um vingador. Terríveis são os Seus Pensamentos e assustadora a Sua imagem. Contemplar as suas criações é morrer.

6. "E a última a ser vencida será a morte." É claro! Sem a idéia de morte não há mundo. Todos os sonhos terminarão com esse. Essa é a meta final da salvação, o fim de todas as ilusões. E na morte nascem todas as ilusões. O que pode nascer da morte e ainda ter vida? Mas o que pode nascer de Deus e ainda morrer? As inconsistências, as transigências e os rituais que o mundo fomenta nas suas vãs tentativas de se agarrar à morte e ainda pensar que o amor é real, tudo isso é mágica irracional, ineficaz e sem significado. Deus é, e Nele todas as coisas criadas têm de ser eternas. Não vês que, de outro modo, há um oposto para ele e o medo seria tão real quanto o amor?

7. Professor de Deus, a tua única atribuição poderia ser colocada assim: não aceites nenhuma transigência na qual a morte desempenhe um papel. Não acredites na crueldade, nem permitas que o ataque esconda de ti a verdade. O que parece morrer foi apenas percebido equivocadamente e levado à ilusão. Agora vem a ser tarefa tua fazer com que a ilusão seja levada  à verdade. Sê firme apenas nisto: não te enganes com a "realidade" de nenhuma forma de mutação. A verdade nem se move, nem vacila, nem naufraga na morte e na dissolução. E qual é o fim da morte? Nenhum senão este: o reconhecimento de que o Filho de Deus é sem culpa, agora e para sempre. Nada além disto. Mas não te permitas esquecer que não é menos do que isto.

Manual dos Professores UCEM



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