segunda-feira, 31 de maio de 2010

As testemunhas do pecado


1. A dor demonstra que o corpo tem que ser real. É uma voz alta, que obscurece as coisas, cujos gritos silenciam o que o Espírito Santo diz e mantém as Suas palavras fora da tua consciência. A dor exige atenção, afastando-a Dele e focalizando-a em si própria. O seu propósito é o mesmo que o do prazer, pois ambos são meios de fazer com que o corpo seja real. O que compartilha um propósito comum é o mesmo. Essa é a lei do propósito que une todos aqueles que a compartilham em si mesma. O prazer e a dor são igualmente irreais porque o seu propósito não pode ser conseguido. Assim são meios para o nada, pois têm uma meta sem um significado. E compartilham a falta de significado do propósito que têm.

2. O pecado se desloca da dor para o prazer e de novo para a dor. Pois cada um testemunha a mesma coisa e carrega sempre uma única mensagem: “Tu estás aqui dentro desse corpo e podes ser ferido. Podes ter prazer também, mas somente ao custo da dor.” A essas testemunhas se juntam muitas outras. Cada uma parece ser diferente porque tem um nome diferente e assim parece responder a um som diferente. Exceto nisso, as testemunhas do pecado são todas iguais. Chama o prazer de dor e ele doerá. Chama a dor de prazer e a dor por trás do prazer já não será mais sentida. As testemunhas do pecado simplesmente mudam de nome para nome, à medida em que uma dá um passo à frente e a outra um passo atrás. Entretanto, não faz nenhuma diferença qual delas está na frente. As testemunhas do pecado ouvem apenas o chamado da morte.

3. Esse corpo, sem propósito em si mesmo, guarda todas as tuas memórias e, todas as tuas esperanças. Usas os “seus olhos para ver, os seus ouvidos para ouvir e deixas que ele te diga o que é que ele sente. Ele não sabe. Ele apenas te diz os nomes que tu lhe deste para usar, quando invocas as testemunhas da sua realidade. Não podes escolher quais são reais entre elas, pois qualquer uma que escolhas é como as outras. Escolhes esse ou aquele nome, mas nada mais. Não fazes com que uma testemunha seja verdadeira pelo fato de chamá-la pelo nome da verdade. A verdade é achada nessa testemunha se ela der testemunho da verdade. E de outro modo ela mente, mesmo que tu a chames pelo Santo Nome do próprio Deus.

4. A Testemunha de Deus não vê testemunhos contra o corpo. Ela também não dá ouvidos às testemunhas com outros nomes, que falam da realidade do corpo de maneiras diferentes. Ela sabe que ele não é real. Pois nada poderia conter aquilo que acreditas que está guardado dentro dele. Nem poderia ele dizer a uma parte do próprio Deus o que deveria sentir e qual é a sua função. No entanto, Ela tem que amar qualquer coisa que tu valorizes. E para cada testemunha da morte do corpo, Ela envia uma testemunha da tua vida Nela, Que não conhece a morte. Cada milagre que Ela traz é um testemunho de que o corpo não é real. Suas dores e seus prazeres Ela cura da mesma forma, pois as Suas testemunhas substituem todas as testemunhas do pecado.

5. O milagre não faz distinções entre os nomes pelos quais são chamadas as testemunhas do pecado. Ele apenas prova que aquilo que elas representam não tem efeitos. E isso ele prova porque seus próprios efeitos vieram tomar o lugar daqueles. Não importa o nome pelo qual chamas o teu sofrimento. Ele já não está mais presente. Aquele Que traz o milagre percebe-os todos como um só e chama-os pelo nome do medo. Como o medo dá testemunho da morte, assim o milagre dá testemunho da vida. É um testemunho que ninguém pode negar, pois consiste dos efeitos de vida que traz. Os moribundos vivem, os mortos ressuscitam e a dor sumiu. Entretanto, um milagre não fala só por si, mas pelo que representa.

6. O amor também tem símbolos em um mundo feito de pecado. O milagre perdoa porque representa o que está depois do perdão e é verdadeiro. Como é tolo e insano pensar que um milagre está preso a leis que ele veio só para desfazer! As leis do pecado têm diferentes testemunhas com forças diferentes. E elas atestam sofrimentos diferentes. Entretanto, para Aquele Que envia os milagres para abençoar o mundo, uma diminuta punhalada de dor, um pequeno prazer mundano ou as angústias da própria morte têm um único som: um chamado para a cura e um grito de lamento pedindo ajuda dentro de um mundo de miséria. O milagre atesta a natureza dessas coisas que é a mesma. É a sua mesmice que ele prova. As leis que as chamam de diferentes são dissolvidas e reveladas como impotentes. O propósito de um milagre é realizar isso. E o próprio Deus garantiu a força dos milagres em favor daquilo que testemunham.

7. Que tu sejas então uma testemunha do milagre e não das leis do pecado. Não há necessidade de sofreres mais. Mas há necessidade de que sejas curado, porque o sofrimento e a tristeza do mundo fizeram com que o mundo fosse surdo à salvação e à libertação.

8. A ressurreição do mundo aguarda a tua cura e a tua felicidade, para que possas demonstrar a cura do mundo. O instante santo substituirá todo o pecado, se tu apenas carregares contigo os seus efeitos. E ninguém escolherá sofrer mais. A que função melhor do que essa poderias servir? Sê curado para que possas curar, e não sofras permitindo que as leis do pecado sejam aplicadas a ti. E a verdade será revelada a ti que escolheste deixar que os símbolos do amor tomem o lugar do pecado.

Um Curso Em Milagres



sábado, 22 de maio de 2010

Especialismo versus impecabilidade


1. O especialismo é uma falta de confiança em todos exceto em ti mesmo. A fé é investida apenas em ti mesmo. Tudo o mais vem a ser teu inimigo: temido e atacado, mortal e perigoso, odiado e merecendo apenas ser destruído. Qualquer gentileza que ele te ofereça é apenas engano, mas o seu ódio é real. Estando em peri­go de ser destruído, o especialismo não pode deixar de matar e tu és atraído para ele para matá-lo primeiro. E tal é a atração da culpa. Aqui se entroniza a morte como o salvador; agora, a cruci­ficação é redenção e a salvação só pode significar a destruição do mundo, excluindo a ti.

2. Qual poderia ser o propósito do corpo senão o especialismo? E é isso o que faz com que ele seja frágil e impotente em defesa própria. Foi concebido para fazer com que tu sejas frágil e impo­tente. A meta da separação é a sua maldição. No entanto, corpos não têm nenhuma meta. O propósito é da mente. E mentes po­dem mudar de acordo com o que desejam. Não podem mudar o que são e todos os seus atributos. Mas o que mantêm como pro­pósito para si mesmas pode ser mudado e os estados do corpo não podem deixar de variar de acordo com isso. Por si mesmo, o corpo nada pode fazer. Se o vês como um meio de ferir, ele é ferido. Se o vês como um meio de curar, ele é curado.

3. Só podes ferir a ti mesmo. Isso foi repetido muitas vezes, mas é difícil de apreender por enquanto. Para mentes empenhadas no especialismo é impossível. Entretanto, para aqueles que desejam curar e não atacar é bastante óbvio. O propósito do ataque está na mente e seus efeitos são sentidos apenas onde ela está. A mente também não é limitada, assim sendo o propósito danoso necessa­riamente fere todas as mentes como uma só. Nada poderia fazer menos sentido para o especialismo. Nada poderia fazer mais sen­tido para os milagres. Pois milagres são meramente uma mudan­ça do propósito de ferir para o de curar. Essa alteração do propósito, de fato, “coloca em perigo” o especialismo, mas só no sentido de que todas as ilusões são “ameaçadas” pela verdade. Elas não se manterão diante dela. Entretanto, que consolo ja­mais houve nelas, para que queiras negar a dádiva que o teu Pai te pede e, em vez de dá-la a Ele, queres dá-la a elas? Se a deres a Ele, o universo é teu. Oferecida a elas, nenhuma dádiva pode ser atribuída. Aquilo que deste ao especialismo te levou à falência e deixou o teu tesouro despojado e vazio, com a porta aberta convidando todas as coisas que querem perturbar a tua paz para que entrem e destruam.

4. Anteriormente eu disse: “Não consideres os meios através dos quais se atinge a salvação, nem como alcançá-la.” Mas considera e considera bem, se é teu desejo poder ver o teu irmão sem peca­do. Para o especialismo a resposta tem que ser “não”. Um irmão sem pecado é seu inimigo, enquanto o pecado, se fosse possível, seria seu amigo. O pecado do teu irmão justificaria o especialis­mo e lhe daria o significado que a verdade nega. Tudo o que é real proclama a impecabilidade do teu irmão. Tudo o que é falso proclama que os seus pecados são reais. Se ele é pecador, então a tua realidade não é real, mas apenas um sonho de especialismo que dura um instante e desaba no pó.

5. Não defendas esse sonho sem sentido, no qual Deus é privado do que Ele ama e tu permaneces além da salvação. Só isso é certo nesse mundo passageiro que, na realidade, não tem nenhum sig­nificado: quando a paz não está inteiramente contigo e quando sofres qualquer espécie de dor, olhaste para algum pecado no teu irmão e te regozijaste com o que pensaste que estava lá. O teu especialismo pareceu estar a salvo devido a isso. E assim salvas­te aquilo que indicaste para ser o teu salvador e crucificaste aquele que Deus te deu para substituí-lo. Com isso estás ligado a ele, pois vós sois um só. E, portanto o especialismo é o seu “inimigo” assim como também é o teu.

Um Curso Em Milagres

Regras para decisões


1. As decisões são contínuas. Não é sempre que sabes quando as estás tomando. Mas, com um pouco de prática com aquelas que reconheces, começa a se formar um padrão que te conduz através do resto. Não é sábio deixar-te ficar demasiadamente preocupa­da com cada passo que dás. O padrão adequado, adotado cons­cientemente a cada vez que despertas, vai fazer com que avances bem. E se achares que a tua resistência é muito forte e que a tua dedicação é pouca, não estás pronta. Não lutes contigo mesma. Mas, pensa no tipo de dia que queres, e dize a ti mesma que há um caminho no qual esse dia pode acontecer exatamente assim. Então, tenta mais uma vez ter o dia que queres.

2. (1) O enfoque começa com o seguinte:

Hoje, eu não tomarei decisões por minha conta.
Isso significa que estás optando por não seres o juiz do que fazer. Mas também tem que significar que não julgarás as situações às quais serás chamada a responder. Pois se as julgares, terás esta­belecido as regras segundo as quais deves reagir nelas. E nesse caso uma outra resposta não pode produzir senão confusão, in­certeza e medo.

3. Esse é o teu maior problema agora. Ainda tomas a tua decisão e então resolves perguntar o que deves fazer. E o que ouves pode não resolver o problema da maneira como o encaraste a princí­pio. Isso conduz ao medo, porque contradiz o que percebes e assim te sentes atacada. E, portanto, com raiva. Existem regras através das quais isso não acontecerá. Mas de fato ocorre a prin­cípio, enquanto ainda estás aprendendo como ouvir.

4. (2) Durante todo o dia, a qualquer momento em que penses a respeito disso e tenhas um momento quieto para reflexão, dize mais uma vez a ti mesma qual é o tipo de dia que queres, os sentimentos que queres ter, as coisas que queres que te aconte­çam e as coisas que queres experimentar e dize:

Se eu não tomar nenhuma decisão por mim mesma, esse é o dia que me será dado.
Estes dois procedimentos, bem praticados, servirão para permitir que sejas orientada sem medo, pois a oposição não surgirá em primeiro lugar e, portanto, não poderá vir a ser um problema em si mesma.

5. Mas ainda assim existirão momentos nos quais já terás julga­do. Agora, a resposta irá provocar ataque, a não ser que rapida­mente endireites a tua mente a ponto de quereres uma resposta que funcione. Certifica-te de que foi isso o que ocorreu, caso não te sintas disposta a sentar-te e pedir que a resposta te seja dada. Isso significa que já te decidiste por conta própria e não podes ver a questão. Agora, precisas de uma rápida restauração, antes de perguntares outra vez.

6. (3) Lembra mais uma vez do dia que queres e reconhece que alguma coisa ocorreu que não é parte dele. Então, reconhece que colocaste uma pergunta por conta própria e necessariamente es­tabeleceste uma resposta nos teus próprios termos. Então, dize:

Eu não tenho nenhuma pergunta. Eu esqueci o que decidir.
Isso anula os termos que estabeleceste e deixa que a resposta te mostre qual foi realmente a questão.

7. Tenta observar essa regra sem demora, apesar da tua resistên­cia a ela. Pois já ficaste com raiva. E o teu medo de receber uma res­posta diferente do que a tua versão da pergunta pede crescerá em velocidade proporcional ao tempo, até que acredites que o dia que queres é aquele no qual consegues a tua resposta para a tua pergunta. E não a conseguirás, pois ela destruiria o dia por rou­bar-te aquilo que realmente queres. Isso pode ser muito difícil de ser reconhecido, uma vez que já tenhas decidido por tua própria conta as regras que te prometem um dia feliz. Entretanto, essa decisão ainda pode ser desfeita, por meio de métodos simples que podes aceitar.

8. (4) Se estás tão pouco disposta a receber que não podes sequer abrir mão da tua pergunta, podes começar a mudar a tua mente com isso:

Pelo menos, eu posso decidir que não gosto do que sinto agora.

Isso é óbvio, e prepara o caminho para o próximo passo que se torna fácil.

9. (5) Tendo decidido que não gostas do modo como te sentes, o que poderia ser mais fácil do que continuar com:

E assim eu espero ter estado errada.
Isso funciona contra o senso de resistência e lembra-te que a ajuda não está sendo imposta a ti, mas é algo que queres e da qual necessitas porque não gostas da maneira como te sentes. Essa abertura diminuta será suficiente para permitir que vás adiante com apenas mais alguns poucos passos que precisas dar para que te permitas ser ajudada.

10. Agora atingiste o momento da decisão, porque te ocorreu que sairás ganhando se o que decidiste não for assim. Até que esse ponto seja alcançado; acreditarás que a tua felicidade depende de estares certa. Mas esse tanto de razão já atingiste: viste que esta­rias melhor caso estivesses errada.

11. (6) Esse diminuto grão de sabedoria bastará para levar-te adian­te. Não és obrigada a nada, mas simplesmente esperas receber uma coisa que queres. E podes dizer com perfeita honestidade:

Quero um outro modo de olhar para isso.
Agora mudaste a tua mente a respeito do dia e lembraste do que realmente queres. O propósito que ele tem não mais é obs­curecido pela crença insana segundo a qual o queres com a meta de estares certa, quando estás errada. Assim, o fato de estares pronta para pedir é trazido à tua consciência, pois não podes estar em conflito quando pedes o que queres e vês que é isso que pedes.

12. (7) Esse passo final não é senão o reconhecimento da ausência de resistência para receberes ajuda. É a declaração de uma mente aberta, que ainda não está certa, mas está disposta que lhe mos­trem algo:

Talvez haja um outro modo de olhar para isso.
O que posso perder por perguntar?

Assim podes agora colocar uma pergunta que faz sentido e assim a resposta também fará sentido. Tampouco lutarás contra ela, pois vês que és tu que serás ajudada por ela.

13. É preciso ficar claro que é mais fácil ter um dia feliz se impedi­res completamente a entrada da infelicidade. Mas isso requer prática das regras que irão proteger-te da devastação do medo. Quando isso tiver sido conseguido, o triste sonho de julgamento terá sido para sempre desfeito. Mas, por enquanto, tens neces­sidade de praticar as regras do seu desfazer. Vamos, então, consi­derar mais uma vez a primeira das decisões que são aqui oferecidas.

14. Nós dissemos que podes dar início a um dia feliz com a deter­minação de não tomares decisões por tua própria conta. Isso pa­rece ser uma decisão real em si mesma. E, no entanto, não és capaz de tomar decisões por ti mesma. A única questão realmen­te é: com que ajuda escolhes tomá-las. Isso é tudo na realidade. A primeira regra, então, não é a coerção, mas uma simples decla­ração de um simples fato. Não tomarás decisões por conta pró­pria seja o que for que venhas a decidir. Pois elas são tomadas com ídolos ou com Deus. E pedes ajuda ao anticristo ou ao Cris­to, e aquele que escolheres unir-se-á a ti e te dirá o que fazer.

15. O teu dia não é ao acaso. Ele é determinado por aquilo com o qual escolhes vivê-lo e pelo modo que o amigo a quem procuras­te para pedir conselhos percebe a tua felicidade. Tu sempre pe­des conselho antes de te decidires por qualquer coisa que seja. Deixa que isso seja compreendido e verás que não pode existir coerção aqui, nem justificativas para resistência para que possas ser livre. Não existe liberdade em relação ao que não pode dei­xar de ocorrer. E se pensas que existe, não podes deixar de estar errada.

16. A segunda regra, do mesmo modo, não é senão um fato. Pois tu e o teu conselheiro têm que estar de acordo em relação ao que queres antes que possa ocorrer. É só esse acordo que permite que todas as coisas aconteçam. Nada pode ser causado sem alguma forma de união, seja um sonho de julgamento ou a Voz por Deus. Decisões causam resultados porque não são tomadas em isola­mento. Elas são tomadas por ti e pelo teu conselheiro, para ti mesmo e também para o mundo. Tu ofereces ao mundo o dia que queres, pois ele será aquilo que pediste e irá reforçar o domí­nio do teu conselheiro no mundo. Quem é o senhor do mundo para ti hoje? Que tipo de dia decidirás ter?

17. Basta que haja duas pessoas querendo ter felicidade nesse dia para prometê-la ao mundo inteiro. Basta que duas pessoas com­preendam que elas não podem decidir sozinhas para garantir que a alegria que pediram seja totalmente compartilhada. Pois com­preenderam a lei básica que faz com que a decisão seja poderosa e dá a ela todos os efeitos que ela jamais terá. Bastam dois. Estes dois estão unidos antes que possa haver uma decisão. Permite que esse seja o único conselho que manterás em mente e terás o dia que queres, e o darás ao mundo porque o tens. O teu julgamento terá sido suspenso no mundo pela tua decisão em favor de um dia feliz. E assim como recebeste, assim tens que dar.

Um Curso Em Milagres

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A justificativa do perdão


1. A raiva nunca é justificada. O ataque não tem fundamento. É aqui que o escape do medo começa e ele será completado. Aqui o mundo real é dado em troca dos sonhos de terror. É nisso que o perdão se baseia e é apenas natural. Não te é pedido que ofereças o perdão quando o ataque é devido e seria justificado. Isso significaria que perdoas um pecado sem ver o que realmente existe. Isso não é perdão. Pois isso implicaria em que, por responder de uma forma que não é justificada, o teu perdão viria a ser a respos­ta ao ataque que foi feito. E assim o perdão é impróprio, pois está sendo concedido onde não é devido.

2. O perdão sempre é justificado. Ele tem um fundamento seguro. Tu não perdoas o imperdoável, nem deixas de ver um ataque real que pede punição. A salvação não está em seres solicitado a dar respostas não-naturais, impróprias para o que é real. Ao contrá­rio, ela apenas pede que respondas de maneira apropriada ao que não é real, por não perceberes, o que não ocorreu. Se o “perdão fosse” injustificado, seria pedido a ti que sacrificasses os teus direi­tos quando retribuis o ataque com o perdão. Mas meramente te é solicitado que vejas o perdão como a reação natural à aflição que se baseia no erro e assim clama por ajuda. O perdão é a única resposta sã. Ele impede que os teus direitos sejam sacrificados.

3. Essa compreensão é a única mudança que permite que o mundo real surja para tomar o lugar dos sonhos de terror. O medo não pode surgir a menos que o ataque seja justificado e se ele tivesse um fundamento real, o perdão não teria nenhum. O mun­do real é alcançado quando percebes que a base do perdão é bastante real e inteiramente justificada. Enquanto o consideras como uma dádiva que não é devida, ele não pode deixar de sustentar a culpa que queres “perdoar”. O perdão não justificado é ataque. E isso é tudo o que o mundo jamais poderá dar. Ele perdoa os “pe­cadores” algumas vezes, mas permanece consciente de que peca­ram. E assim eles não merecem o perdão que ele lhes dá.

4. Esse é o falso perdão que o mundo emprega para manter vivo o senso do pecado. E reconhecendo que Deus é justo, parece im­possível que o Seu perdão possa ser real. Assim, o medo de Deus é o resultado garantido de se ver o perdão como algo imerecido. Ninguém que se veja culpado é capaz de evitar o medo de Deus. Mas ele é salvo desse dilema se for capaz de perdoar. A mente não pode deixar de pensar em seu Criador enquanto olha para si mesma. Se és capaz de ver que o teu irmão merece perdão, apren­deste que o perdão é um direito teu, tanto quanto dele. Tampouco irás pensar que Deus pretende fazer para ti um julgamento ame­drontador que o teu irmão não mereça. Pois a verdade é que não podes merecer nem mais nem menos do que ele.

5. O perdão reconhecido como merecido curará. Ele dá ao mila­gre a sua força para não ver ilusões. É desse modo que aprendes que tu também tens que estar perdoado. Não pode haver nenhu­ma aparência que não possa deixar de ser vista. Pois se houvesse, seria necessário, em primeiro lugar, que houvesse algum pecado que estivesse além do perdão. Nesse caso haveria um erro que seria mais do que um equívoco, uma forma especial de erro que permaneceria imutável, eterna e além de toda correção ou escapa­tória. Aí haveria um equívoco com o poder de desfazer a criação e fazer um mundo que pudesse substituí-la e destruir a Vontade de Deus. Somente se isso fosse possível, poderiam existir aparências capazes de fazer face ao milagre e não serem curadas por ele.

6. Não existe prova mais garantida de que a idolatria é o teu dese­jo do que a crença segundo a qual existem certas formas de doen­ça e de ausência de alegria que o perdão não é capaz de curar. Isso significa que preferes manter alguns ídolos e não estás pre­parado por enquanto para permitir que todos desapareçam. E assim pensas que algumas aparências são reais e absolutamente não são aparências. Não te enganes a respeito do significado de qualquer crença fixa segundo a qual é mais difícil olhar para o que está além de algumas aparências do que de outras. Isso sempre significa que pensas que o perdão tem que ser limitado. E estabe­leceste uma meta de perdão parcial e o escapar da culpa não pode deixar de estar limitado para ti. O que pode isso significar exceto que o perdão que concedes a ti mesmo e a todas as pessoas que parecem estar à parte de ti é falso?

7. Não pode deixar de ser verdade que o milagre pode curar to­das as formas de doença ou não pode curar nenhuma. Seu pro­pósito não pode ser julgar que formas são reais e que aparências são verdadeiras. Se uma aparência tem que permanecer à parte da cura, uma ilusão tem que ser parte da verdade. E não pode­rias escapar de toda a culpa, mas só de parte dela. Tens que perdoar o Filho de Deus inteiramente. Se não o fizeres manterás uma imagem de ti mesmo que não é íntegra e continuarás com medo de olhar para dentro e lá achar um meio de escapar de todos os ídolos. A salvação baseia-se na fé segundo a qual não podem haver formas de culpa que não podes perdoar. E assim não podem existir aparências que tenham substituído a verdade sobre o Filho de Deus.

8. Olha para o teu irmão com a disposição de vê-lo como ele é. E não excluas nenhuma parte dele da tua disponibilidade para que ele seja curado. Curar é tornar íntegro. E o que é íntegro não pode ter partes faltando que tenham sido mantidas do lado de fora. O perdão baseia-se no reconhecimento disso e no contenta­mento pelo fato de que não pode haver formas de doença que o milagre não tenha o poder de curar.

9. O Filho de Deus é perfeito, ou ele não pode ser o Filho de Deus. Tampouco o conhecerás, se pensas que ele não merece escapar da culpa em todas as suas conseqüências e suas formas. Não existe nenhum outro modo de pensar nele a não ser esse, se quiseres conhecer a verdade sobre ti mesmo.

Pai, eu Te dou graças pelo Teu Filho per­feito e, na sua glória, eu verei a minha.


Eis aqui a alegre declaração de que não existem formas de mal que possam prevalecer sobre a Vontade de Deus; o feliz recon­hecimento de que a culpa não teve sucesso no teu desejo de fazer com que as ilusões fossem reais. E o que é isso senão uma sim­ples declaração da verdade?

10. Olha para o teu irmão com essa esperança em ti e compreende­rás que ele não poderia cometer um erro que fosse capaz de mu­dar a verdade nele. Não é difícil deixar de ver equívocos que não tiveram quaisquer efeitos. Mas, o que vês como se tivesse poder para fazer um ídolo do Filho de Deus, tu não irás perdoar. Pois ele virá a ser para ti uma imagem esculpida e um sinal da morte. É esse o teu salvador? O seu Pai está errado à respeito de Seu Filho? Ou tu estás enganado em relação àquele que te foi dado para curar, para a tua salvação e libertação?


Um Curso Em Milagres


 

sábado, 8 de maio de 2010

A Cura - A santidade da cura


1. Quão santos são aqueles que se curaram! Pois, aos seus olhos, os seus irmãos partilham a sua cura e o seu amor. Os curadores são os portadores da paz, a Voz do Espírito Santo através da qual Ele fala por Deus, cuja Voz Ele é. Aqueles que se curaram limitam-se a falar por Ele, nunca por si mesmos. Não possuem outros dotes senão os que receberam de Deus. E compartilham-nos porque sabem que assim Ele dispõe. Os que se curaram não são especiais. São santos. Escolheram a santidade e renunciaram a todos os sonhos de possuírem os atributos especiais nascidos da separação, através dos quais poderiam ter oferecido dádivas desiguais a quem é menos afortunado. A sua cura restabeleceu-lhes a sua plenitude para que possam perdoar e unir-se ao canto da oração, no qual quem está curado canta a sua união e o seu agradecimento a Deus.

2. Enquanto testemunho do perdão, enquanto ajuda na oração e efeito da misericórdia verdadeiramente ensinada, a cura é uma bênção. E o mundo responde em coro através da voz da oração. O perdão permite que a luz do seu misericordioso indulto brilhe sobre cada folha de erva e cada asa emplumada, assim como sobre todos os seres vivos da terra. O medo não consegue encontrar refúgio aqui, uma vez que o amor chegou em toda a sua santa unicidade. O tempo só existe para permitir que o último abraço da oração descanse sobre a terra durante um instante, enquanto a luz faz desaparecer o mundo. Este instante é o objetivo de todos os verdadeiros curadores, a quem Cristo ensinou a ver à Sua semelhança e a ensinar como Ele.

3. Pensa no que significa ajudar Cristo a curar! Haverá algo mais santo do que isto? Deus dá graças aos seus curadores, pois sabe que a Causa da cura é Ele Mesmo, o Seu Amor, o Seu Filho restaurado tal como o que O completa, o Seu Filho que regressa para compartilhar com Ele o santo contentamento da criação. Não peças uma cura parcial, nem aceites um ídolo em lugar da recordação Daquele cujo Amor nunca mudou nem mudará jamais. Tu és tão importante para Ele tal como é a totalidade da Sua criação, pois esta radica em ti como a Sua dádiva eterna. Que necessidade tens de sonhos mutáveis num mundo penoso? Não te esqueças de estar agradecido a Deus. Não te esqueças da santa graça da oração. Não te esqueças de perdoar ao Filho de Deus.

4. Primeiro perdoas, logo depois rezas, e, deste modo, curas. A tua oração elevou-se e invocou Deus, Aquele que ouve e responde. Percebeste que perdoas e rezas só para ti mesmo. E, mediante este entendimento, curas. Ao rezar uniste-te à tua Fonte e apercebeste-te de que nunca te afastaste dela. Mas não poderás alcançar este nível enquanto não deixares de albergar ódio no teu coração ou qualquer desejo de atacar o Filho de Deus.

5. Nunca te esqueças disto: o Filho de Deus és tu e, tal como escolhas ser como ele, assim haverá de ser Deus contigo e tu também. Os teus julgamentos chegarão inevitavelmente a Deus, pois atribuir-lhe-ás a função que reconheces que Ele criou. Escolhe bem ou acreditarás que és tu o criador em vez Dele, e Ele deixará de ser a Causa para passar a ser somente um efeito. Se assim for, a criação é impossível, pois dizes que Ele é o culpado da tua perfídia e culpabilidade. Aquele que é Amor converte-se na fonte do medo, pois, agora, o medo está justificado. A partir daqui, Dele é a vingança, e a morte é o Seu grande destruidor. E a doença, o sofrimento e as perdas cruéis passam a ser o destino de todo aquele que caminha sobre a face da terra que Ele abandonou e deixou nas mãos do diabo, jurando que jamais a libertaria.

6. Vinde de novo a Mim, Filhos Meus, sem nenhum desses pensamentos arrevesados nos vossos corações. Continuais a ser santos na Santidade que vos criou perfeitamente impecáveis e que ainda vos envolve com os braços da paz. Sonhai agora com a cura. Levantai-vos e deixai para trás todos os sonhos, para sempre. Tu és aquele que o teu Pai ama, aquele que nunca abandonou o seu lugar, nem vagabundeou pelo mundo selvagem com os pés ensanguentados e com o coração pesaroso, cerrado ao Amor que é a verdade que há em ti. Entrega a Cristo todos os teus sonhos e permite que ele seja o teu Guia para a cura, enquanto te conduz, em oração, para além das ofertas do mundo.

7. Ele vem por Mim e comunica-te a Minha Palavra. Quero resgatar o meu fatigado Filho dos sonhos de maldade para que se una ao doce abraço do Amor eterno e da paz perfeita. Os Meus braços estão abertos para receber o Filho que amo, o qual não entende que está curado e que as suas orações nunca deixaram de entoar, juntamente com toda a criação, o feliz canto de agradecimento na santidade do Amor. Aquieta-te por um instante. Por detrás dos amargos e estridentes sons da luta e da derrota há uma Voz que te fala de Mim. Ouve-a por instante e curar-te-ás. Ouve-a por um momento e terás sido salvo.

8. Ajuda-me a despertar os Meus filhos do sonho de castigo e de uma vida miserável cheia de medo, cuja duração é tão breve que melhor fora que nunca tivesse começado. Permite-me, em vez disso, recordar-te a eternidade, na qual a tua felicidade aumenta conforme o teu amor se estende, juntamente com o Meu, para além do infinito, onde o tempo e a distância carecem de significado. Enquanto esperas pesaroso, a melodia do Céu está incompleta porque o teu canto faz parte da harmonia eterna do amor. Sem ti, a criação não pode realizar o seu objetivo. Volta para Mim, que nunca abandonei o Meu Filho. Escuta, Filho Meu, o Teu Pai chama-te. Não te recuses a ouvir o chamamento do Amor. Não negues a Cristo o que é Dele. O Céu está aqui e o Céu é o teu lugar.

9. A criação ultrapassa as grades do tempo para libertar o mundo da sua pesada carga. Alçai os vossos corações e acolhei a sua chegada. Vede as sombras a desvanecerem-se silenciosamente e os espinhos a desprenderem-se com suavidade da ensanguentada fronte daquele que é o santo Filho de Deus. Criatura da santidade, que belo és! Quão parecido comigo! Quão amorosamente te sustenho no Meu coração e nos Meus braços! Quão apreciada é cada dádiva que Me fizeste, tu que curaste o Meu Filho e desceste-o da cruz! Levanta-te e aceita o Meu agradecimento. E com a minha gratidão, primeiro chegará a dádiva do perdão e, logo de seguida, a paz eterna.

10. Devolve-me agora, pois, a tua santa voz. O canto da oração, sem ti, não tem som. O universo espera a tua libertação porque é a sua própria libertação. Sede doce com ele e contigo mesmo e, portanto, sede doce Comigo. Somente te peço isto: que encontres consolo, que não vivas aterrorizado e com dor. Não abandones o Amor. Lembra-te do seguinte: independentemente do que penses sobre ti mesmo, seja o que for que penses sobre o mundo, o Teu Pai precisa de ti e continuará a chamar-te até que, finalmente, voltes para Ele em paz.

O Canto da Oração
A Oração. O Perdão. A Cura.
Um Ampliação de Um Curso Em Milagres

A Cura - A separação em oposição a união


1. A cura falsa cura o corpo parcialmente, nunca na sua totalidade. Os seus objetivos podem ser vistos claramente, uma vez que não elimina a maldição resultante do pecado que nele radica. Portanto, é um engano. Não pratica a falsa cura aquele que entende o outro exatamente como a si mesmo, dado que é isto que proporciona a verdadeira cura. Quando é falsa, um dos dois goza de um certo poder que não foi dado igualmente a ambos. Nisto se pode ver claramente a separação. Com isto se perde o significado da verdadeira cura, e os ídolos levantam-se para enevoar a unidade que é o Filho de Deus.

2. Curar-para-separar talvez pareça uma ideia estranha. E, no entanto, assim é qualquer forma de cura que se baseie em qualquer tipo de desigualdade. Pode acontecer que estas formas de cura curem o corpo e, geralmente, a tal se limitam. Neste caso, o "curador" é alguém que sabe mais, alguém que recebeu melhor educação, talvez seja mais inteligente ou tenha mais talento. Pode curar, portanto, quem se encontra abaixo dele, ao seu cuidado. A cura do corpo pode ser efetuada deste modo porque, nos sonhos, a igualdade não pode ser permanente. Mudanças e alterações é o que compõe os sonhos. Curar parece consistir em encontrar alguém que, através das suas habilidades e experiência, seja capaz de curar.

3. Alguém sabe mais: esta é a frase mágica mediante a qual o corpo parece ser o objeto da cura, tal como o mundo a concebe. E é a esse, que sabe mais, que outra pessoa recorre para beneficiar dos seus conhecimentos e habilidades: para encontrar o remédio para as suas dores. Como é que isto pode ser possível? A verdadeira cura não pode proceder da desigualdade, a qual primeiro se assume e logo depois se aceita como verdade, a qual é usada para recuperar o doente e acalmar a mente que sofre a agonia das dúvidas.

4. Há alguma função que se possa desempenhar no ato da cura e que se utilize para ajudar a outro? Se respondemos com arrogância, a resposta tem de ser "não". Mas, com humildade, decerto há um lugar para quem quer ajudar. É como a função que se desempenha para ajudar o outro a rezar, a qual permite que o perdão seja aquilo para que foi concebido. Neste caso, não te consideras o portador da dádiva especial que proporciona a cura - limitas-te a reconhecer a tua unicidade com a pessoa que te pede ajuda, pois, nesta unicidade, se elimina a sensação de separação que era o que a punha doente. Não faz sentido administrar qualquer remédio a não ser onde a fonte da doença se encontra, pois, de outra forma, esta não pode ser curada realmente.

5. Há curadores, pois que há Filhos de Deus que reconhecem a sua Fonte e entendem que tudo o que Ela cria está em unidade com eles. Este é o remédio que cria um alívio infalível, um alívio que continuará a abençoar por toda a eternidade. Não cura em parte, mas totalmente e para sempre. Assim, a causa de todo o mal-estar foi mostrada exatamente como é. E, aí, está escrita, agora, a santa Palavra de Deus. A doença e a separação têm de ser curadas através do amor e da união. Nada mais pode curar tal como Deus estabeleceu a cura. Sem Ele não pode haver cura, dado que sem Ele não há amor.

6. Somente a Voz de Deus pode ensinar-te a curar. Ouve-a e nunca deixarás de brindar o Seu gentil remédio àqueles que Ele te envia para que permitas que Ele os cure e para abençoar todos quantos servem com Ele, em nome da cura. A cura ocorrerá porque a sua causa desapareceu. E, agora, ao não ter causa, não poderá voltar a apresentar-se sob outra forma. A morte deixará, assim, de causar medo, pois ter-se-á entendido o que ela é. Quem foi verdadeiramente curado não tem medo, porque o amor entrou onde, antes, reinavam ídolos, e porque o medo, finalmente, cedeu perante Deus.



O Canto da Oração
A Oração. O Perdão. A Cura.
Um Ampliação de Um Curso Em Milagres

A Cura - A falsa cura em oposição a verdadeira


1. A cura falsa não é mais do que um mísero intercâmbio de uma ilusão por outra mais "bela": um sonho de doença trocado por um sonho de saúde. Isto pode ocorrer nas formas mais baixas de oração nas quais esta se combina com um perdão bem intencionado, porque ainda não se entendeu completamente o que é o perdão. Somente a falsa cura pode produzir medo, pois deixa à doença campo livre para investir novamente. De fato, a falsa cura pode eliminar certas formas de dor e de doença. Mas a causa continua viva e, por isso, não deixará de produzir efeitos. A causa continua a ser o desejo de morrer e de vencer Cristo. E, com este desejo, a morte é inevitável, pois a oração dá-lhe a resposta. Mas há um tipo de "morte" que tem outra fonte. Não é o resultado de pensamentos ofensivos nem de uma ira exposta contra o universo. Significa unicamente que o corpo deixou de ter utilidade. E, assim, escolhe-se abandoná-lo tal como nos desprendemos de roupa velha.

2. Isto deveria ser a morte: uma escolha serena, que se concretiza felizmente e com uma sensação de paz, pois o corpo foi usado com amor para ajudar o Filho de Deus a fazer o seu caminho para Ele. Portanto, damos graças ao corpo pelo serviço que nos prestou. Mas também nos sentimos agradecidos por ter deixado de haver necessidade de continuar a caminhar pelo mundo limitado, de alcançar Cristo de forma indireta e de poder vê-Lo claramente no seu esplendor. Agora, podemos contemplá-lo sem impedimento na luz que, novamente, aprendemos a ver.

3. Chamamos a isto morte, porque é liberdade, pois não se apresenta em formas que parecem impor-se, com dor, à carne que não está preparada, mas sim como uma doce bem-vinda à libertação. Se uma verdadeira cura ocorreu, esta poderá ser a forma da morte quando for o momento de descansar, por um momento, do trabalho gostosamente realizado e gostosamente concluído. Agora, dirigimo-nos em paz para uma atmosfera mais desafogada e para climas mais benignos, nos quais não é difícil verificar que as dádivas que demos foram guardadas para nós. Uma vez que Cristo, agora, se torna mais claro, a sua visão é mais constante em nós, e a sua Voz, a Palavra de Deus, é mais claramente a nossa.

4. Esta passagem tranquila para um nível de oração mais elevado, para um perdão misericordioso às coisas do mundo, só pode ser recebido com agradecimento. Antes que seja assim, não obstante, a verdadeira cura tem que ter abençoado a mente com um perdão amoroso pelos pecados que ela sonhou e projetou sobre o mundo. Agora, os seus sonhos são dissipados num tranquilo descanso. Agora, o seu perdão vem para curar o mundo e está pronta para ir em paz, uma vez que a jornada acabou e as lições foram aprendidas.

5. Esta não é a morte de acordo com a forma de pensar do mundo, dado que, perante os seus olhos amedrontados, a morte é cruel e apresenta-se como um castigo pelos pecados cometidos. Assim, como poderia ser uma bênção? E como se pode dar-lhe as boas-vindas se deve ser temida? Que cura pode ter ocorrido onde permanece tal ponto de vista acerca do que, simplesmente, é a abertura da porta que dá acesso a um mais elevado nível de oração e a uma justiça misericordiosa? A morte é uma recompensa, não um castigo. Mas este ponto de vista tem de ser fomentado por uma cura que o mundo não pode conceber. Não há curas parciais. Aquilo que se limitou a trocar uma ilusão por outra, não conseguiu nada. O que é falso não pode ser parcialmente certo. Se curas, a cura é completa. O perdão é a única dádiva e queres receber.

6. A falsa cura baseia-se na cura do corpo e deixa intata a causa da doença, pronta para arremeter novamente, até que, numa aparente vitória, proporciona uma morte cruel. Por um tempo, a causa da doença pode manter-se afastada e produzir-se uma breve pausa, enquanto espera para descarregar a sua vingança sobre o Filho de Deus. Mas a causa da doença não pode ser derrotada enquanto não se abandonar toda a fé que nela foi depositada, e se tenha passado a ter fé no substituto que Deus dispôs para os sonhos perversos: um mundo onde não há véu de pecado capaz de o manter nas trevas e desconsolado. As portas do Céu abrem-se, finalmente, e o Filho de Deus é livre de entrar na casa que está pronta para lhe dar as boas-vindas, uma casa que foi preparada antes de que o tempo existisse e que continua à espera dele.


O Canto da Oração
A Oração. O Perdão. A Cura.
Um Ampliação de Um Curso Em Milagres


A Cura - A causa da doença


1. Não confundas o efeito com a causa, nem penses que a doença é algo à parte e separado do que não pode ser uma causa. As doenças são um sinal, a sombra de um pensamento maligno, que parece ser real e justo tal como o mundo o utiliza. A doença é a prova externa dos "pecados" internos e testemunha pensamentos rancorosos que ferem e procuram molestar o Filho de Deus. Curar o corpo é impossível, e isto é demonstrado pelo fato de que a "cura" é temporal. Portanto, o corpo não pode senão morrer, pelo que a sua cura não faz mais do que retardar o seu regresso ao pó de onde nasceu e para onde regressará.

2. A causa do corpo é não se ter perdoado ao Filho do Deus. O corpo não abandonou a sua fonte, o que é claramente visto na sua dor, no seu envelhecimento e no estigma da morte que leva sobre si. O corpo parece temeroso e frágil àqueles que crêem que a sua vida está relacionada com o que ele ordena, que está vinculada à sua instável e diminuta respiração. A morte olha-os de frente, e cada momento que passa escapa-lhes irrevogavelmente das mãos sem que o possam reter. E sentem medo quando ocorrem perturbações nos seus corpos e adoecem, pois sentem o fedor da morte nos seus corações.

3.O corpo pode curar-se como resultado do verdadeiro perdão. Só isto nos pode fazer recordar a imortalidade: a dádiva da santidade e do amor. O perdão proporciona isto à mente que entende que deve desvalorizar todas as sombras que vê sobre o rosto de Cristo, entre elas a doença. A doença é apenas isto: o sinal de que um irmão julgou outro irmão e que o Filho de Deus se julgou a si mesmo, pois condenou o seu corpo ao convertê-lo numa prisão. E logo se esqueceu de que ele mesmo lhe atribuiu essa função.

4. O Filho de Deus tem, agora, de desfazer o que fez. Mas não o fará por sua conta, pois desprezou a chave que abre a prisão: a sua santa "impecabilidade" e a recordação do Amor do Seu Pai. Apesar disso, a Voz que o Seu Pai pôs nele, presta-lhe ajuda. O poder de curar, então, passa a ser a dádiva que o Seu Pai lhe dá, pois, mediante a Sua Voz, Ele pode chegar ao Seu Filho e recordar-lhe que, embora o corpo possa ser a casa que ele escolheu, nunca será a sua verdadeira casa.

5. Por tanto, há que distinguir entre a cura verdadeira e a sua falsa réplica. A cura ocorre no mundo dos opostos, pois o que pode haver no Céu que precise de cura? Do mesmo modo que, no mundo, a oração pode falhar no que diz respeito àquilo que pede, do mesmo modo que a falsa caridade pode perdoar com intenção de matar, também a cura pode ser falsa ou verdadeira: um testemunho do poder do mundo ou do eterno Amor de Deus.

O Canto da Oração
A Oração. O Perdão. A Cura.
Um Ampliação de Um Curso Em Milagres


A Cura - Introdução


1. A oração tem ajudantes assim como testemunhas que fazem com que a ascensão seja mais suportável e mais segura aliviando a dor que produz o medo, oferecendo consolo, bem como a promessa de esperança. A cura é a testemunha do perdão e a ajudante na oração. É a provedora da certeza de que, finalmente, triunfarás no que toca a alcançar o objetivo. A sua importância não deve enfatizar-se excessivamente, dado que a cura é um sinal, um símbolo da força do perdão; é apenas um efeito ou a sombra de uma mudança de mentalidade sobre o objectivo da oração.

O Canto da Oração
A Oração. O Perdão. A Cura.
Um Ampliação de Um Curso Em Milagres


sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Perdão - II. O perdão-para-destruir


1. O perdão-para-destruir, por ser uma arma do mundo das formas, adota muitas formas. Nem todas são óbvias e algumas encontram-se cuidadosamente dissimuladas por detrás do que aparenta ser a caridade. Todas as formas que parece adotar, não obstante, não têm mais do que este simples objectivo: separar e fazer com que o que Deus criou seja diferente.

2. Neste grupo encontram-se, em primeiro lugar, aquelas formas em que uma pessoa "melhor" se digna a rebaixar-se para salvar outra "mais baixa" do que verdadeiramente é. Neste caso, o perdão baseia-se numa atitude de predomínio indulgente, tão afastada do amor que a arrogância jamais poderia deixar de estar presente. Quem pode perdoar e, simultaneamente, depreciar? E quem pode dizer a outro que está mergulhado no pecado e, simultaneamente, percebê-lo como Filho de Deus? Quem escraviza para ensinar o que é a liberdade? Isto não é união mas, simplesmente, tormento. Isto não é misericórdia. Isto é a morte.

3. Outra forma de perdão-para-destruir, embora muito parecida com a primeira se for entendida correctamente, não chega, todavia, a ser tão arrogante: aquele que perdoa a outro não afirma ser melhor, em vez disso, diz que é tão pecador como ele, dado que ambos são indignos e merecem o castigo da ira de Deus. Este pensamento pode parecer humilde e pode induzir rivalidade em relação a quem é mais pecador e culpado. Isto não é ter amor pela criação de Deus nem pela santidade que é a Sua dádiva eterna. Como é que o Seu Filho poderia condenar-se a si mesmo e, ainda assim, recordar-se Dele?

4. Aqui, o objectivo é afastar Deus do Filho que Ele ama e mantê-lo afastado da sua Fonte. Este é, também, o objectivo daqueles que querem ser mártires às mãos de outros. Neste caso, há que ver claramente o objectivo, dado que pode parecer mansidão e caridade em vez de crueldade. Acaso não é demonstração de caridade aceitar o rancor do outro e não responder senão com o silêncio e um doce sorriso? Repara como és bom, como suportas com paciência e santidade a ira e a dor que outro te inflige sem mostrares a amargura que sentes!

5. O perdão-para-destruir oculta-se, frequentemente, atrás de um véu deste tipo. Mostra o rosto do sofrimento e da dor como prova silenciosa da culpa e dos estragos do pecado. Este é o testemunho que oferece quem poderia ser salvador em vez de inimigo. Mas, ao ter-se convertido num inimigo, tem de aceitar a culpa da dura repreensão que, deste modo, faz cair sobre ele. Será isto amar ou atraiçoar aquele que precisa de ser salvo da dor da culpabilidade? Que outro propósito poderia ter senão o de manter os testemunhos da culpabilidade afastados do amor?

6. O perdão-para-destruir pode, mesmo assim, manifestar-se sob a forma de discussões e de negociações. "Perdoar-te-ei se satisfizeres as minhas necessidades, pois a minha liberdade radica na tua escravatura". Diz isto a alguém e tornas-te escravo. E logo tratarás de te libertar da culpabilidade através de negociações que não te trarão nenhuma esperança, mas apenas maior dor e consternação. Quão temível se tornou, assim, o perdão e quão distorcido o objectivo que persegue! Tem piedade de ti mesmo, tu que negoceias desta forma! Deus só dá e nunca pede nada em troca. A única forma de dar é como Ele dá. Tudo o mais é uma caricatura. Quem tentaria negociar com o Filho de Deus e, ao mesmo tempo, dar graças ao Seu Pai pela sua santidade?

7. O que queres mostrar ao teu irmão? Queres reforçar a sua culpabilidade, consequentemente, reforçar, também, a tua? O perdão é o meio através do qual podes escapar. Que penoso é convertê-lo numa forma de produzir mais dor e escravidão. Há uma maneira de usar o perdão tendo em vista o objectivo de Deus para o mundo dos opostos e encontrar a paz que Ele te oferece. Não o utilizes para outra coisa ou terás encontrado a morte e rezado para te separares do teu Ser. Cristo é para todos porque está em todos. É o seu rosto aquilo que o perdão te permite contemplar. É no Seu rosto que vês o teu próprio rosto.

8. Todas as formas que o perdão possa adotar e não te afastem da ira, da condenação e de qualquer tipo de comparação são a morte, pois isso é o que os seus propósitos estabeleceram. Não te deixes enganar por elas; em vez disso desvaloriza-as, pois o que te oferecem é trágico e não tem qualquer valor. Tu não queres continuar a ser um escravo. Tu não queres ter medo de Deus. Queres ver a luz do sol e a luminosidade do Céu refulgindo sobre a face da terra, redimida do pecado e no Amor de Deus. A partir de aqui o perdão é libertado, juntamente contigo. As tuas asas tornaram-se livres e a oração elevar-te-á e levar-te-á até onde Deus quer que tu estejas.


O Canto da Oração
A Oração. O Perdão. A Cura.
Um Ampliação de Um Curso Em Milagres



 

O Perdão - I. Como perdoar a ti mesmo


1. Nenhuma dádiva do Céu foi tão mal entendida como o perdão. De facto, o perdão converteu-se numa praga: uma maldição quando o seu propósito era abençoar, uma cruel burla da graça, uma caricatura da santa paz de Deus. Mas aqueles que ainda não escolheram dar os primeiros passos da oração não podem usá-lo senão dessa maneira. A doçura do perdão, no princípio, parece difusa, porque não se entende o que é a salvação, nem se caminha realmente ao seu encontro. E, aquilo que tinha como propósito curar é utilizado para causar dano, porque não se deseja o perdão. A culpabilidade não se converte em salvação e o remédio parece ser uma terrível alternativa à vida.

2. O perdão-para-destruir ajusta-se muito melhor ao propósito do mundo do que o verdadeiro objectivo do perdão e do que os meios honestos mediante os quais ele se alcança. O perdão-para-destruir não se esquecerá de nenhum pecado, de nenhum crime, de nenhum resquício de culpa que possa encontrar e "amar". Para ele, o erro é algo de muito estimado, pelo que os enganos aumentam, crescem e expandem-se perante os seus olhos. Ele selecciona cuidadosamente todas as coisas perversas e despreza as amorosas como se de uma praga se tratassem: algo odioso que representa um perigo de morte. O perdão-para-destruir é a morte e é isto que vê em tudo o que contempla e odeia. A misericórdia de Deus converteu-se numa lâmina perversa que quer matar o santo Filho que Ele ama.

3. Gostarias de te perdoar a ti mesmo para fazer isto? Aprende, então, que Deus te deu os meios através dos quais podes regressar a Ele em paz. Não vejas os erros. Não lhes concedas realidade. Selecciona tudo o que é amoroso e perdoa todos os pecados preferindo, em seu lugar, o rosto de Cristo. De que outra forma pode a oração devolver-te a Deus? Deus ama o Seu Filho. Como poderias recordar-te Dele e, simultaneamente, odiar o que Ele criou? Se odeias o Filho que Ele ama, odiarás o Seu Pai, pois tal como vejas o Filho, assim te verás a ti mesmo, e tal como te vês a ti mesmo isso será Deus para ti.

4. Tal como rezas sempre para ti, da mesma forma é a ti que o perdão sempre é concedido. É impossível perdoar a outro, pois são unicamente os teus pecados aquilo que vês nele. Queres vê-los nele, não em ti. É por isso que perdoar a outro é uma ilusão. No entanto, é o único sonho feliz em todo o mundo: o único que não conduz à morte. Somente podes perdoar-te a ti mesmo em outro, pois fizeste-o culpado dos teus pecados e, agora, tens de encontrar a tua inocência nele. Quem, senão os pecaminosos, precisam de ser perdoados? Jamais penses que podes ver o pecado em alguém a não ser em ti mesmo.

5. Este é o grande engano do mundo, e tu és o que mais se auto-engana. Sempre parece que o outro é que é mau e que, como resultado do seu pecado, tu és prejudicado. Como é que a liberdade poderia ser possível se isto fosse verdade? Serias o escravo de todos, pois o que qualquer um fizesse ditaria o teu destino, os teus sentimentos, o teu desespero ou as tuas esperanças, o teu sofrimento ou a tua alegria. Não serias livre a menos que ele te concedesse a liberdade. E ele, ao ser mau, só pode dar maldade. Não podes ver os pecados dele sem ver os teus. Mas podes libertá-lo a ele e, também, a ti mesmo.

6. Perdoar verdadeiramente é onde radica a tua única esperança de liberdade. Tal como tu, os outros cometerão erros enquanto este mundo parecer ser a tua morada. Não obstante, o próprio Deus deu, a todos os seus Filhos, um remédio para todas as ilusões que julgam ver. A visão de Cristo não se serve dos teus olhos, mas tu podes olhar através dos olhos Dele e aprender a ver tal como Ele vê. Os enganos não são senão sombras efémeras que desaparecem rapidamente e, só por um instante, parecem ocultar o rosto de Cristo, o qual permanece imutável por detrás de todas elas. A sua constância permanece em tranquilo silêncio e em perfeita paz. Cristo não sabe de sombras. Dele são os olhos que olham, além do erro, para o Cristo em ti.

7. Pede-lhe, pois, a Sua ajuda, e como aprender a perdoar tal como a Sua visão permite que seja o perdão. Tens necessidade do que Ele dá, e a tua salvação depende de aprenderes o que Ele te ensina. Não se pode dar asas à oração para que se dirija ao Céu, enquanto o perdão-para-destruir continuar a ser o teu objectivo. A misericórdia de Deus quer eliminar este pensamento mordaz e venenoso da tua santa mente. Cristo perdoou-te, e, na Sua maneira de ver, o mundo torna-se tão santo como Ele. Ele não vê maldade no mundo, vê tal como faz, pois a quem Ele perdoou jamais chegou a pecar, pelo que a culpa não pode continuar a existir. O plano de salvação foi consumado e a sabedoria chegou.

8. O perdão é o chamamento à sabedoria, pois quem senão os dementes contemplariam o pecado quando, no seu lugar, poderiam ver o rosto de Cristo? Esta é a escolha que fazes: a mais simples e, no entanto, a única que podes fazer. Deus pede-te que salves o Seu Filho da morte oferecendo-lhe o amor de Cristo. Isto é algo de que necessitas, e Deus oferece-te esta Dádiva. Tal como Ele quer dar, assim tens de dar tu, também. E, deste modo, se restaura a oração ao indeterminado que está para além de qualquer limite à intemporalidade, sem nada do passado que a impeça de se reintegrar no canto ininterrupto que toda a criação entoa a Deus.

9. Mas, para alcançar este fim, primeiro tens de aprender, antes de poderes chegar ao ponto além do qual a aprendizagem não pode ir. O perdão é a chave, mas quem é que pode utilizar uma chave quando não sabe onde está a porta para a qual a chave foi feita e onde unicamente pode funcionar? Assim, pois, fazemos distinções para que a oração possa ser libertada da obscuridade e chegar à luz. A função do perdão tem de ser invertida e limpa de todos os usos perversos que fazem dele, e dos seus objectivos odientos. O perdão-para-destruir deve ser denunciado em toda a sua perfídia e, de seguida, abandonado para sempre. Não deve restar nenhum vestígio dele, se é que se quer realizar o plano que Deus estabeleceu para regressar e completar a aprendizagem.

10. Este é o mundo dos opostos. E, enquanto este mundo continuar a ser real para ti, a cada instante tens de escolher entre eles. Tens de aprender, porém, quais são as alternativas de que realmente dispões, ou não chegarás a ser livre. Permite-te, pois, entender o que é que, na realidade, o perdão significa para ti e aprende o que deveria ser para te libertar. O nível da tua oração depende de isto, pois é aqui que aguarda a tua liberdade para ascender, acima do mundo do caos, até à paz.

O Canto da Oração
A Oração. O Perdão. A Cura.
Um Ampliação de Um Curso Em Milagres

O Perdão - Introdução


1. O perdão dá asas à oração para que a sua ascensão seja fácil e o seu progresso veloz. Sem o seu forte apoio, seria inútil ir além do primeiro degrau da escadaria da oração, ou, inclusivamente, tentar ascender mais. O perdão é o aliado da oração: um irmão no teu plano de salvação. Ambos têm de vir apoiar-te, manter os teus pés firmemente apoiados, assim como o teu propósito constante e imutável. Contempla a melhor ajuda que Deus te deu, aquela que Ele ordenou que estivesse contigo enquanto não chegares até Ele. O final das ilusões virá com isto. Diferentemente da natureza intemporal da sua irmã, a oração, o perdão tem um final. Tornar-se-á desnecessário quando a ascensão se completar. Não obstante, agora tem um propósito além do qual não podes ir, nem sequer tens necessidade disso. Alcança isto e terás sido redimido. Alcança isto e terás sido transformado. Alcança isto e salvarás o mundo.

O Canto da Oração
A Oração. O Perdão. A Cura.
Um Ampliação de Um Curso Em Milagres

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Oração - V. O final da escadaria


1. A oração é uma via para a verdadeira humildade. E aqui se eleva de novo, lentamente, tornando-se mais forte, amorosa e santa. Mas permite que abandone o chão desde onde inicia a sua ascensão para Deus, para que a verdadeira humildade venha, finalmente, para honrar a mente que pensou que enfrentava o mundo sozinha. A humildade traz paz porque não afirma que tens de governar o universo e julgar todas as coisas como tu quererias que fossem. A humildade deixa de lado, gostosamente, todos os deuses insignificantes, não com ressentimento, mas com honestidade, reconhecendo que não têm qualquer serventia.

2. As ilusões e a humildade têm objectivos tão díspares que não podem coexistir nem partilhar um espaço onde possam estar juntas. Onde uma delas se apresenta, a outra desaparece. Aqueles que são verdadeiramente humildes não têm outro objetivo que não seja Deus, porque não têm necessidade de ídolos e, portanto, defesas não fazem sentido. A partir daqui, ter inimigos não serve para nada, pois humildade não se opõe a nada. Não se esconde envergonhada porque está satisfeita com o que é, por saber que a criação é a Vontade de Deus. A sua falta de egoísmo é o que é o Ser e é isto que vê em cada encontro no qual, gostosamente, se une a cada Filho de Deus, cuja natureza reconhece e partilha com ele.

3. A oração afasta-se agora do mundo das coisas, dos corpos e dos deuses de qualquer tipo, e, finalmente, podes descansar na santidade. A humildade veio para te ensinar a entender a glória que é tua por seres um Filho de Deus, e a reconhecer a arrogância do pecado. Um sonho ocultou, de ti, o rosto de Cristo. Mas, agora, podes contemplar a sua impecabilidade. A escadaria chegou bem alto. Estás quase no Céu. É muito pouco o que te falta aprender antes que a jornada termine. Agora, podes dizer a que quem se une a ti em oração:


Não posso ir a nenhum lado sem ti, pois tu és parte de mim.

E isto está certo. Agora, somente podes rezar por aquilo que partilhas com ele, pois deste-te conta que ele nunca se foi embora, e tu, que parecias estar só, és um com ele.

4. Este é o fim da escadaria, pois já não é necessário aprender. Agora, encontras-te ante as portas do Céu, com o teu irmão ao teu lado. Os jardins são amplos e serenos, lá onde, há muito tempo, te espera o lugar designado para o momento em que haverias de vir. Lá, o tempo terminará para sempre. Nestas mesmas portas a própria eternidade unir-se-á a ti. A oração converteu-se naquilo para que foi concebida, pois reconheceste o Cristo em Ti.

O Canto da Oração


A Oração - IV. Rezar com outros


1. Enquanto este segundo nível não for atingido, não é possível que alguém se una a outros, em oração, uma vez que, até este ponto, cada um limita-se a pedir coisas diferentes. Todavia, desde que a necessidade de considerar o outro como um inimigo seja posta em dúvida e se tenha reconhecido, ainda que só por um instante, a razão de ser assim, então, será possível alguém unir-se a outros em oração. Os inimigos não compartilham objetivos. É assim que mantêm a sua inimizade. Os seus desejos separados constituem o seu arsenal: a sua fortaleza de ódio. A chave para alcançar um nível mais alto de oração, radica neste simples pensamento, nesta mudança de mentalidade:

Tu e eu caminhamos juntos

2. A partir deste momento já é possível ajudar outros a rezar. E, assim, elevares-te, tu mesmo, mais alto. Com este passo inicia-se mais rapidamente a ascensão, embora ainda muitas lições estejam por aprender. O caminho está livre e desimpedido, e há muitos motivos para te sentires esperançado. No início, porém, é provável que, inclusivamente, aquilo que é pedido por aqueles que se unem em oração não seja o objetivo a que oração deve aspirar. É possível que peçam coisas conjuntamente e, assim, dêem lugar à ilusão de que compartilham um objetivo. Talvez, conjuntamente, peçam coisas concretas, sem se darem conta de que estão a pedir efeitos que não têm causa, e que tais coisas não podem ser dadas. Assim é porque ninguém pode receber unicamente efeitos, por pedilos a uma causa de onde estes não procedem, e, portanto, não lhos pode dar.

3. Assim, pois, até o ato de união não é suficiente, se os que rezam juntos não pedem, antes de tudo o mais, para saber qual é a Vontade de Deus. Apenas desta causa pode proceder a resposta na qual todas as coisas concretas são satisfeitas e todos os desejos separados se unificam. A oração que pede coisas concretas sempre está a pedir que, de alguma maneira, se repita o passado. Aquilo que de desfrutou previamente ou pareceu desfrutar-se, ou o que era de outro e a pessoa creu amar, não são senão ilusões do passado. O propósito da oração é libertar o presente das cadeias das ilusões do passado: permitir que o presente seja um remédio que se escolhe livremente para que substitua toda e qualquer decisão errada. O que este tipo de oração pode oferecer excede em tal medida tudo quanto pediste antes, que seria uma pena que te contentasses com menos.
O Canto da Oração


A Oração - III. Rezar por outros


1. Dissemos que sempre rezas por ti mesmo, e isto é verdade. Então, por que deves rezar pelos outros? E, se deves fazê-lo, como deves fazê-lo? Rezar por outros, se foi entendido correctamente, converte-se num meio para eliminar a culpa que projectaste sobre o teu irmão e para que possas reconhecer que não é ele que está a ferir-te. Tens de renunciar ao pensamento venenoso de que ele é teu inimigo, o teu duplo perverso e o teu vingador antes que possas ser salvo da culpabilidade. O meio para conseguir isto é a oração com poder crescente e objectivos ascendentes até chegar ao Próprio Deus.

2. As formas que a oração adota inicialmente, nos primeiros degraus da escadaria, não estão desprovidos de inveja e de maldade. Pedem vingança, não amor. Procedem de quem não entende que são pedidos de morte, feitos com medo por aqueles que muito estimam a culpabilidade. Estas formas de oração apelam a um deus vingador, e é ele quem parece responder-lhes. Ninguém pode pedir o inferno para outro e escapar desse mesmo inferno. Só os que estão no inferno podem pedir o inferno. Aqueles que foram perdoados e aceitaram o seu próprio perdão, jamais poderão rezar desta maneira.

3. Nestes níveis, pois, o objetivo da aprendizagem não pode ser outro senão reconhecer que a resposta a qualquer oração será idêntica à forma em ela foi feita. Isto é suficiente. A partir daqui, o passo que acede aos níveis seguintes será fácil de dar. Esta ascensão começa com o seguinte:




O que pedi para o meu irmão eu não desejo para mim.
Portanto fiz dele meu inimigo.




Este passo, evidentemente não pode ser dado por quem acredita que libertar outros não tem qualquer valor nem é vantajoso para si mesmo. Portanto, pode ser adiado por muito tempo, pois pode parecer perigoso, em vez de misericordioso. Para os culpados parece ser vantajoso ter inimigos, mas este benefício fictício tem de desaparecer, se quiser libertar-se deles.



4. A culpabilidade deve ser abandonada, não ocultada. Isto não pode ser feito sem uma certa dor, e ter um vislumbre da natureza compassiva deste passo pode conduzir-nos, por algum tempo, a um medo muito profundo. Assim é porque as defesas do medo são, por si mesmas, bastantes temíveis e produzem medo quando são reconhecidas. Não obstante, para que serve ao prisioneiro a ilusão de evasão? A sua verdadeira evasão da culpa radica unicamente no reconhecimento de que a culpa desapareceu. Mas como é que ele pode reconhecer isto enquanto a ocultar em outro e não a vê como sendo sua. O medo da evasão faz com que te seja difícil dar as boas-vindas à liberdade e dá-te a impressão de que converter um inimigo em carcereiro proporciona segurança. Como é que, então, ele poderia ser libertado sem que tu experimentasses um profundo medo por aquilo que pudesse acontecer-te? Converteste-o na tua salvação e na tua evasão da culpa. O teu vínculo a esta forma de fuga é enorme, tal como é enorme é o teu medo de renunciares a ele.



5. Acalma-te, agora, por um instante e pensa no que fizeste. Não te esqueças que foste tu quem o fez e, portanto, só tu podes renunciar a isso. Estende a mão. Este inimigo veio para te abençoar. Aceita a sua bênção e sente como o coração fica aliviado e o medo desaparece. Não te agarres a este nem a ele. Ele é um Filho de Deus, como tu. Não é um carcereiro mas sim um mensageiro de Cristo. Sê isso para ele para possas vê-lo desse modo.



6. Não é fácil alguém dar-se conta de que rezar para obter coisas, posição social, amor humano ou "dádivas" externas seja de que gênero forem, é algo que se faz para instituir carcereiros e esconder-se da culpabilidade. Estas coisas convertem-se em substitutos de Deus e, portanto, distorcem o propósito da oração. O fato de desejá-las é que é a oração. Tais coisas, portanto, não têm de ser pedidas explicitamente. O objetivo de alcançar Deus é perdido de vista quando se perseguem objetivos menores, sejam eles quais forem, pelo que, assim, a oração transforma-se num pedido de inimigos. Até nisto o poder da oração pode ser reconhecido claramente. Ninguém que queira ter um inimigo deixará de encontrá-lo. Mas será inevitável perder de vista o único e verdadeiro objetivo que lhe foi dado. Pensa no custo que isto envolve e entende bem. Todos os outros objetivos são alcançados à custa de Deus.

O Canto da Oração


A Oração - II. A escadaria da oração


1. A oração não tem nem princípio nem fim. Faz parte da vida. No entanto, muda de forma e cresce à medida em que se vai aprendendo, até que atinge o seu estado amorfo e se funde numa comunicação total com Deus. Na sua vertente peticionária não precisa de recorrer a Deus e, com frequência não o faz, e nem sequer requer que se creia Nele. Nestes níveis, a oração é, simplesmente, um desejo surgido de uma sensação de escassez e de carência.

2. Estas formas de oração ou de pedir como resultado de alguma necessidade, sempre refletem sentimentos de debilidade e insuficiência, e um Filho de Deus que sabe Quem é não se serve delas. Assim, ninguém que esteja seguro da sua Identidade, pode rezar desta forma. Mas é igualmente certo que ninguém que não esteja seguro da sua Identidade poderá evitar de o fazer. E a oração é tão continua como a vida. Toda a gente reza sem cessar. Pede e te será dado, uma vez que terás estipulado o que queres.

3. Também é possível alcançar uma forma mais elevada de pedir, em função de alguma necessidade, dado que, neste mundo, a oração é reparadora e, portanto, compreende diferentes níveis de aprendizagem. Neste caso, pede-se a Deus com fé absoluta, ainda que sem entendimento. Normalmente, um vago e frequentemente instável sentido de identificação foi alcançado, embora este tenda a ser indefinido devido a uma profunda sensação de se ter pecado. Neste nível, é possível continuar a pedir, de várias formas, coisas deste mundo, sendo possível, também, pedir dons como a honestidade ou a bondade e, em especial, o perdão pelas muitas fontes de culpabilidade que, inevitavelmente, estão por detrás de qualquer oração que nasça da necessidade. Sem culpabilidade não há escassez. Quem não conhece o pecado não tem necessidades.

4. Neste nível surge essa curiosa contradição de "rezar pelos inimigos". A contradição não radica nas palavras em si, mas na forma como, normalmente, elas são interpretadas. Enquanto acreditares que tens inimigos, estás a limitar a tua oração às leis deste mundo, assim como estás a usar tais limitações para comprometer a tua capacidade de receber. Não obstante, se tens inimigos, terás necessidade de rezar, e grande necessidade, certamente. O que é significa, realmente, a frase: "rezar pelos inimigos"? Significa que deves rezar por ti, para que não aprisiones Cristo, o que te impedirá de reconhecer a tua própria Identidade. Não atraiçoes ninguém ou te atraiçoarás a ti mesmo.

5. Um inimigo é o símbolo de um Cristo cativo. E quem poderá ser Ele senão tu mesmo? Assim, rezar pelos teus inimigos, converte-se numa forma de rezar pela tua própria liberdade. Desta forma, a oração deixou de ser uma contradição. Converteu-se numa afirmação da unidade de Cristo e num reconhecimento da Sua impecabilidade. Desta forma, tornou-se santa, pois reconhece o Filho de Deus tal como foi criado.

6. Nunca te esqueças de que a oração, em qualquer dos seus níveis, é sempre para ti mesmo. Se te unes a alguém em oração fazes com que a dita pessoa passe a ser parte de ti. O inimigo eras tu, tal como também és o Cristo. Portanto, antes que a oração possa tornar-se santa, torna-se em algo que tu escolhes. Não escolhes para outro. Só podes escolher para ti. Reza sinceramente pelos teus inimigos, pois nisso radica a tua própria salvação. Perdoa-os pelos seus pecados e certamente serás perdoado.

7. A oração é uma escadaria que chega até ao Céu. No alto produz-se uma transformação igual à tua, dado que a oração faz parte de ti. As coisas da terra são deixadas para trás e esquecidas. Não se pede nada, pois não se precisa de nada. Reconhece-se, plenamente, a Identidade de Cristo como algo que foi estabelecido para sempre: como algo que transcende qualquer mudança e é incorruptível. A luz deixou de bruxulear e jamais desaparecerá. A partir deste momento, a oração - sem necessidades de qualquer ordem e engalanada eternamente com a pura impecabilidade que é a dádiva que Deus te faz, o Seu Filho - pode voltar a converter-se naquilo para o qual foi concebida. Pois, agora, ela eleva-se qual canto de gratidão ao teu Criador, sem palavras, pensamentos ou desejos vãos e absolutamente sem qualquer tipo de necessidade. Portanto, estende-se como está disposto desde o princípio. E por esta concessão o próprio Deus agradece.

8. Deus é a meta de qualquer oração, o que faz com ela seja eterna em vez de temporal. A oração não tem princípio, porque o objectivo nunca se alterou. As formas por ela adoptadas inicialmente são uma ilusão, uma vez que não se precisa de uma escadaria para chegar àquilo de que nunca nos afastámos. Não obstante, a oração faz parte do perdão enquanto este – que por si mesmo é uma ilusão – não tenha sido alcançado. Enquanto não se tiver atingido o objectivo da aprendizagem, a oração estará vinculada a essa aprendizagem. Então, todas as coisas se transformarão em uníssono e serão devolvidas, imaculadas, à Mente de Deus. Uma vez que este estado está para além da aprendizagem, é indescritível. É preciso, no entanto, entender as etapas pelas quais há que passar para o alcançar, para que a paz seja restaurada no Filho de Deus, o qual ainda vive imerso na ilusão da morte e do medo de Deus.


O Canto da Oração



A Oração - Introdução


1. A oração é o maior dom com que Deus abençoou o Seu Filho quando o criou. A oração já era, então, aquilo em que haveria de converter-se: a única voz que o Criador e a criação compartilham; o canto que o Filho entoa ao Pai, Quem lhe devolve o agradecimento que o canto Lhe manifesta. A Harmonia é interminável, assim como é interminável a abençoada aliança de amor que, eternamente, se dão Um ao Outro. E, deste modo, se estende a criação. Deus agradece à Sua extensão no seu Filho. No seu canto, o Seu Filho agradece por ter sido criado, à medida em que vai criando em Nome do Seu Pai. O amor que compartilham é aquilo que toda a oração haverá de ser por toda a eternidade, quando o tempo tiver terminado. Pois isso é o que já era antes do tempo parecer existir.

2. Para ti que, por um breve período, estás no tempo, a oração manifesta-se na forma que melhor satisfaça as tuas necessidades. Tu tens, somente, uma necessidade. O que Deus criou uno, apenas tem de reconhecer a sua unicidade e regozijar-se pelo fato de que o que as ilusões aparentemente separavam, é uno, para sempre, na Mente de Deus. A oração tem de se converter, agora, no meio através do qual o Filho de Deus abandona os seus objectivos e interesses separados, e se dirige, em santo júbilo, à verdade da Sua união com o Pai e consigo mesmo.

3. Abandona os teus sonhos, santo Filho de Deus e, elevando-te tal como Deus te criou, prescinde dos ídolos e lembra-te Dele. A oração sustentar-te-á agora e abençoar-te-á à medida em que elevas o teu coração até Ele através de um canto ascendente que eleva muito, muito alto, até que o baixo e o alto tenham desaparecido. A fé no teu objectivo aumentará e suportar-te-á à medida em que ascendes pela deslumbrante escadaria que te alça às pradarias celestiais e aos umbrais da paz. É isso a oração e nela reside a salvação. Este é o caminho. Essa é a dádiva que Deus te oferece.


O Canto da Oração



terça-feira, 4 de maio de 2010

O pequeno jardim


1. É apenas a consciência do corpo que faz o amor parecer limita­do. Pois o corpo é um limite para o amor. A crença no amor limitado foi a sua origem e ele foi feito para limitar o ilimitado. Não penses que isso é apenas alegórico, pois ele foi feito para limitar a ti. E possível que tu, que te vês dentro de um corpo, conheças a ti mesmo como uma idéia? Tudo o que reconheces identificas com coisas externas, algo fora de ti. Não podes sequer pensar em Deus sem um corpo ou alguma forma que pensas re­conhecer.

2. O corpo não pode conhecer. E enquanto limitas a tua cons­ciência aos seus sentidos diminutos, não verás a grandeza que te cerca. Deus não pode vir a um corpo, nem tu podes unir-te a Ele lá. Os limites ao amor sempre parecerão deixá-lo de fora e man­ter-te a parte Dele. O corpo é uma cerca diminuta em torno de uma pequena parte de uma idéia gloriosa e completa. Ele dese­nha um círculo, infinitamente pequeno, em tomo de um segmen­to diminuto do Céu, desintegrado do todo, proclamando que aí dentro se encontra o teu reino, onde Deus não pode entrar.

3. Dentro desse reino o ego governa e cruelmente. E para defen­der esse pequeno monte de poeira, ele te pede para lutar contra o universo. Esse fragmento da tua mente é uma parte tão diminuta dela que, se apenas pudesses avaliar o todo, imediatamente ve­rias que ele é como o menor dos raios de sol é para o sol ou como a mais leve onda na superfície do oceano. Em sua surpreendente arrogância, esse diminuto raio de sol decidiu que é o sol, essa onda quase imperceptível aclama a si mesma como se fosse o oceano. Pensa em quão solitário e assustado é esse pequeno pen­samento, essa ilusão infinitesimal, mantendo-se à parte, contra o universo. O sol passa a ser o “inimigo” do raio de sol, aquele que quer devorá-lo, e o oceano aterroriza a pequena onda e quer en­goli-la.

4. Entretanto, nem o sol e nem o oceano estão sequer conscientes de toda essa estranha atividade sem significado. Meramente con­tinuam, inconscientes de estarem sendo temidos e odiados por um diminuto segmento deles mesmos. Mesmo esse segmento não esta perdido para eles, pois não poderia sobreviver à parte. E o que ele pensa ser, de forma alguma muda a sua total dependência em relação a eles para ser o que é. Toda a sua existência ainda permanece neles. Sem o sol, o raio de sol desapareceria e a onda sem o oceano é inconcebível.

5. Tal é a estranha posição em que aqueles que vivem em um mundo habitado por corpos parecem estar. Cada corpo aparenta abrigar uma mente separada, um pensamento desconectado, vi­vendo solitário e de nenhuma forma ligado ao Pensamento pelo qual foi criado. Cada fragmento diminuto parece estar contido em si mesmo e precisar de outros para algumas coisas, mas sem ser de modo algum dependente do seu único Criador, já que ne­cessita do todo para lhe dar. E nem tem qualquer vida à parte e por conta própria.

6. Como o sol e o oceano, o teu Ser continua sem ter em mente que essa parte diminuta considera a si mesma como se fosse tu. Ela não está perdida, não poderia existir se estivesse separada nem o todo seria um todo sem ela. Não é um reino separado, governado por uma idéia de separação do resto. E nem existe uma cerca em torno dela, impedindo-a de unir-se ao resto e man­tendo-a afastada do seu Criador. Esse pequeno aspecto não é diferente do todo, sendo contínuo em relação a ele e um com ele. Ele não leva uma vida separada, porque a sua vida é a unicidade na qual o que ele é foi criado.

7. Não aceites esse aspecto cercado e separado como se isso fosse o que tu és. O sol e o oceano são como o nada diante do que tu és. O raio de sol só brilha à luz do sol e a onda dança à medida em que descansa sobre o oceano. No entanto, nem no sol, nem no oceano, está o poder que descansa em ti. Irias querer perma­necer dentro do teu reino diminuto, um triste rei, um amargo ditador de tudo o que ele supervisiona, alguém que olha para o nada e, no entanto ainda quer morrer para defendê-lo? Esse pe­queno ser não é o teu reino. Em arco bem alto acima dele e cer­cando-o de amor está o todo glorioso, que oferece toda a sua felicidade e o seu profundo contentamento a todas as partes. O pequeno aspecto que pensas ter colocado à parte não é nenhuma exceção.

8. O amor não conhece corpos e alcança todas as coisas criadas como ele próprio. Sua total falta de limites é o seu significado. Ele é completamente imparcial no que dá, abrangendo apenas para preservar e manter completo aquilo que quer dar. No teu reino diminuto tu tens tão pouco! Nesse caso, não deveria ser para lá que deverias chamar o amor para que ele entre? Olha para o deserto —seco e improdutivo, alquebrado e sem alegria — que compõe o teu pequeno reino. E reconhece a vida e a alegria que o amor traria a ele do lugar de onde vem e para onde retornaria contigo.

9. O Pensamento de Deus cerca o teu pequeno reino, aguardando na barreira que tu construíste para vir para dentro e brilhar sobre a terra estéril. Vê como a vida brota em toda parte! O deserto vem a ser um jardim, verde e profundo e quieto, oferecendo des­canso àqueles que perderam o seu caminho e vagam no pó. Dá-lhes um local de refúgio, preparado pelo amor para eles onde antes havia um deserto. E cada um a quem dás boas-vindas trará amor com ele do Céu para ti. Eles entram um por um nesse lugar santo, mas não partirão como vieram, sozinhos. O amor que trouxeram consigo ficará com eles, assim como ficará contigo. E sob a sua beneficência, o teu pequeno jardim se expandirá e alcançará a todos os que tem sede da água viva, mas estão por demais cansados para seguirem adiante sozinhos.

10. Sai e acha-os, pois trazem consigo o teu Ser. E conduze-os gentilmente ao teu jardim de quietude e lá recebe a sua benção. Assim ele crescerá e se espalhará através do deserto, sem deixar nem sequer um pequeno reino isolado, trancado para o amor, contigo lá dentro. E reconhecerás a ti mesmo e verás o teu pe­queno jardim gentilmente transformado no Reino do Céu com todo o amor do seu Criador brilhando sobre ele.

11. O instante santo é o teu convite para que o amor entre em teu reino desolado e sem alegria e o transforme em um jardim de paz e boas-vindas. A resposta do amor é inevitável. Ela virá porque tu vieste sem o corpo e não interpuseste nenhuma barreira que interferisse com a sua vinda alegre. No instante santo, só pedes ao amor o que ele oferece a todas as pessoas, nem mais nem me­nos. Pedindo tudo, tu o receberás. E o teu Ser resplandecente elevará o aspecto diminuto que tentaste ocultar do Céu diretamente para o Céu. Nenhuma parte do amor chama pelo todo em vão. Nenhum Filho de Deus permanece fora da Sua Paternidade.

12. Tem certeza disso: o amor entrou no teu relacionamento espe­cial e entrou inteiramente a teu débil pedido. Não reconheces que o amor veio porque ainda não abriste mão de todas as barrei­ras que manténs contra o teu irmão. Tu e ele não sereis capazes de dar boas-vindas ao amor separadamente. Não serias mais ca­paz de conhecer a Deus sozinho, do que Ele de conhecer a ti sem o teu irmão. Mas juntos, vós já não poderíeis estar inconscientes do amor, assim como seria impossível o amor não vos conhecer ou falhar em reconhecer a si mesmo em vós.

13. Vós alcançastes o final de uma antiga jornada sem ainda reco­nhecer que ela terminou. Ainda estais desgastados e cansados e o pó do deserto ainda parece enevoar os vossos olhos e mantê-los sem ver. No entanto, Aquele a Quem destes as boas-vindas veio a vós e quer dar-vos as boas-vindas. Ele esperou muito para dar-­vos isso. Recebei agora Dele, pois Ele quer que O conheçam. Só uma pequena parede de poeira ainda se interpõe entre tu e teu irmão. Soprai-a de leve, com um riso alegre, e ela cairá. E cami­nhai para dentro do jardim que o amor preparou para vós.


Um Curso Em Milagres

A morada imutável


1. Existe um lugar em ti onde todo esse mundo foi esquecido, onde nenhuma memória de pecado e nenhuma ilusão ainda pai­ra. Existe um lugar em ti que o tempo deixou, no qual os ecos da eternidade são ouvidos. Existe um lugar de descanso tão quieto que nenhum som, a não ser um hino ao Céu, se eleva para alegrar Deus Pai e Deus Filho. Onde Ambos habitam, Eles são lembra­dos. E onde Eles estão, está o Céu e a paz.

2. Não penses que és capaz de mudar a Sua morada. Pois a tua Identidade habita Neles, e onde Eles estão tu tens que estar para sempre. A imutabilidade do Céu está em ti, tão profundamente interiorizada que tudo nesse mundo apenas passa ao largo, des­percebido e sem ser visto. A infinidade serena da paz sem fim te cerca gentilmente em seu abraço suave, tão forte e quieta, tão tranqüila no poder do seu Criador, que nada é capaz de invadir o sagrado Filho de Deus no seu interior.

3. Aqui está o papel que o Espírito Santo dá a ti, que esperas pelo Filho de Deus e queres contemplá-lo desperto e alegrar-te. Ele é uma parte de ti e tu és uma parte dele, porque ele é o Filho do seu Pai, e não por nenhum outro propósito que possas ver nele. Nada te é pedido, apenas que aceites o imutável e o eterno que habitam nele, pois lá está a tua Identidade. A paz em ti só pode ser achada nele. E cada pensamento de amor que ofereces a ele apenas te aproxima do teu despertar para a paz eterna e a alegria sem fim.

4. Esse sagrado Filho de Deus é como tu, o espelho do Amor do seu Pai por ti; é ele que faz lembrar com suavidade o Amor do seu Pai pelo qual ele foi criado, e que ainda habita nele tanto quanto em ti. Fica muito quieto e ouve a Voz de Deus nele e permite que Ela te diga qual é a sua função. Ele foi criado para que tu pudesses ser íntegro, pois só o que é completo pode ser uma parte da completeza de Deus, que te criou.

5. O Pai não te pede nenhuma dádiva a não ser que tu vejas em toda a criação apenas a glória brilhante da Sua dádiva para ti. Eis aqui o Seu Filho, a Sua dádiva perfeita, no qual o seu Pai brilha para sempre, e a quem toda a criação é dada como se fosse propriamente sua. Porque ele a tem, ela te é dada e onde ela está nele, tu contemplas a tua paz. A quietude que te cerca habita nele, e dessa quietude vêm os sonhos felizes nos quais as tuas mãos e as suas estão unidas em inocência. Estas não são mãos que se agarram em sonhos de dor. Elas não seguram nenhuma espada, pois soltaram os seus apegos em relação a qualquer vã ilusão do mundo. E estando vazias, em vez de ilusões, elas rece­bem a mão de um irmão na qual se encontra a completeza.

6. Se tu apenas conhecesses a meta gloriosa que está além do perdão, não ficarias preso a nenhum pensamento, por mais leve que fosse o toque do mal aparentemente presente nele. Pois compreenderias o quanto é grande o custo de manter qualquer coisa que Deus não tenha dado em mentes capazes de dirigir as mãos para abençoar e conduzir o Filho de Deus à casa de seu Pai. Tu não queres ser um amigo para com aquele que foi criado pelo seu Pai como a Sua própria casa? Se Deus o estima como alguém digno Dele próprio, tu o atacarias com mãos de ódio? Quem tocaria o próprio Céu com mãos ensangüentadas e esperaria achar a paz celestial? O teu irmão pensa que segura a mão da morte. Não acredites nele. Mas, em vez disso, aprendas como tu és bem-aventurado, tu que és capaz de liberá-lo simplesmente oferecendo-lhe a tua.

7. Um sonho te é dado no qual ele é o teu salvador, não o teu inimigo no ódio. A ti é dado um sonho no qual tu o perdoaste por todos os seus sonhos de morte, um sonho de esperança que tu compartilhas com ele em vez de sonhar sonhos de ódio, maus e separados. Por que é que parece ser tão difícil compartilhar esse sonho? Porque, a não ser que o Espírito Santo dê ao sonho a função que lhe é devida, ele foi feito para o ódio e irá continuar a serviço da morte. Qualquer forma que tome, de alguma maneira chama a morte. E aqueles que servem ao senhor da morte vie­ram fazer o seu culto em um mundo separado, cada um com sua diminuta lança e espada enferrujadas para manter suas antigas promessas à morte.

8. Tal é o núcleo de medo em cada sonho que foi mantido à parte, para não ser usado por Ele, Que vê uma função diferente para cada sonho. Quando sonhos são compartilhados perdem a função de ataque e separação, muito embora tenha sido para isso que todos os sonhos foram feitos. Entretanto, nada no mundo dos sonhos permanece sem a esperança de mudança e melhora, pois não é aqui que se acha a imutabilidade. Que possamos ficar de fato contentes que seja assim, e não busquemos o eterno nesse mundo. Sonhos de perdão são um meio de dar um passo para fora do sonhar de um mundo que está fora de ti mesmo. E con­duzem finalmente para o que está além de todos os sonhos, à paz da vida que dura para sempre.

Um Curso Em Milagres


domingo, 2 de maio de 2010

O acordo de união


1. Aquilo que aguarda em certeza perfeita, além da salvação, não é nossa preocupação. Pois mal começaste a permitir que os teus primeiros passos incertos sejam dirigidos para subir a escada que a separação te fez descer. O milagre é a tua única preocupação no presente. É aqui que devemos começar. E, tendo começado, o caminho tornar-se-á sereno e simples na subida para o despertar e o fim do sonho. Quando aceitas um milagre, não acrescentas o teu sonho de medo a outro que já está sendo sonhado. Sem apoio, o sonho apagar-se-á, pois não tem efeitos. Pois é o teu apoio que o fortalece.

2. Nenhuma mente é doente enquanto outra mente não concorde que elas estão separadas. E assim, a decisão que tomam de se­rem doentes é conjunta. Se não dás o teu acordo e aceitas o papel que desempenhas para fazer com que a doença seja real, a outra mente não pode projetar a própria culpa sem a tua ajuda em permitir a ela que se perceba como separada e à parte de ti. Assim, o corpo não é percebido como doente por ambas as mentes, de pontos de vista separados. A união com a mente de um irmão impede a causa da doença e os efeitos percebidos. A cura é o efeito de mentes que se unem, assim como a doença vem de men­tes que se separam.

3. O milagre nada faz justamente porque as mentes estão unidas e não podem se separar. Entretanto, no sonho, isso foi revertido e mentes separadas são vistas como corpos, que são separados e não podem unir-se. Não permitas que o teu irmão seja doente, pois se ele for, tu o terás abandonado ao seu próprio sonho por compartilhá-lo com ele. Ele não viu a causa da doença onde ela está e tu ignoraste a brecha entre vós, onde a doença foi gerada. Assim, vós estais unidos na doença para preservar a pequena brecha sem cura, na qual a doença é mantida, cuidadosamente protegida, alimentada e apoiada por uma forte crença, contanto que Deus não venha fazer uma ponte sobre essa pequena brecha, ponte essa que conduz a Ele. Não lutes contra a vinda de Deus com ilusões, pois é a vinda de Deus que queres acima de todas as coisas que parecem cintilar no sonho.

4. O fim do sonho é o fim do medo e o amor nunca esteve no mundo dos sonhos. A brecha é pequena. Entretanto, guarda as sementes da pestilência e de toda forma de enfermidades porque é um desejo de manter à parte e não de unir. E desse modo apa­renta dar uma causa à doença, que não é o que a causou. O pro­pósito da brecha é toda a causa da doença. Pois ela foi feita para manter-te separado, em um corpo que vês como se fosse a causa da dor.

5. A causa da dor é a separação, não o corpo, que é apenas o seu efeito. No entanto, a separação não passa de um espaço vazio, que nada engloba, que nada faz, tão sem substância quanto o vazio entre as ondas que um navio faz ao passar. E é preenchido com a mesma rapidez com que a água corre para fechar a brecha e as ondas se juntam para cobri-la. Onde está a brecha entre as ondas depois que elas se unem e cobrem o espaço que parecia mantê-las separadas por um breve momento? Onde estão as jus­tificativas para a doença quando as mentes se uniram para fechar a pequena brecha entre elas, onde as sementes da doença aparen­temente cresciam?

6. Deus constrói a ponte, mas só no espaço deixado limpo e vago pelo milagre. As sementes da doença e a vergonha da culpa Ele não pode fazer passar por Sua ponte, pois Ele não pode destruir a vontade alheia que não criou. Deixa que os seus efeitos desapareçam e não te agarres a eles com mãos ansiosas para guardá-los para ti mesmo. O milagre os varrerá todos e assim abrirá espaço para Ele, Que tem Vontade de vir e fazer uma ponte para que o Seu Filho retome a Ele Mesmo.

7. Conta, então, os milagres de prata e os sonhos dourados de felicidade como todo o tesouro que queres guardar dentro do armazém do mundo. A porta está aberta, não para os ladrões mas para os teus irmãos famintos, que se enganaram e viram ouro cintilar em uma pedrinha e armazenaram um punhado de neve que brilhava como se fosse prata. Eles nada têm, não so­brou nada atrás da porta aberta. O que é o mundo senão uma pequena brecha que é percebida com o fim de rasgar a eternidade e fragmentá-la em dias, meses e anos? E o que és tu que vives dentro do mundo, senão um retrato do Filho de Deus partido em pedaços, cada um escondido dentro de uma porção separada e incerta feita de barro?

8. Não temas, minha criança, mas deixa que o teu mundo seja gentilmente iluminado por milagres. E onde a pequena brecha foi vista, entre tu e o teu irmão, lá une-te a ele. E assim a doença agora será vista sem causa alguma. O sonho da cura está no perdão e gentilmente te mostra que nunca pecaste. O milagre não deixará nenhuma prova de culpa capaz de te trazer o testemunho daquilo que nunca foi. E no teu armazém ele abrirá um espaço de boas-vindas para o teu Pai e para o teu Ser A porta está aberta para que todos aqueles que não querem mais morrer de fome possam vir e usufruir da festa da abundância posta dian­te deles ali. E encontrar-se-ão com os teus Hóspedes, que o mila­gre convidou para que viessem a ti.

9. Essa é uma festa que, de fato, é diferente daquelas que o sonho do mundo tem mostrado. Pois aqui, quanto mais cada um rece­be, mais fica para todos os outros compartilharem. Os Hóspedes trouxeram com Eles um suprimento ilimitado. E ninguém é pri­vado de nada nem é capaz de privar. Aqui está uma festa que o Pai coloca diante do Seu Filho e compartilha com ele igualmente. E no Seu compartilhar não pode existir nenhuma brecha à qual falte a abundância ou na qual ela se reduza. Aqui não entram os anos magros, pois o tempo não afeta essa festa que não tem fim. Pois o Amor pôs a sua mesa no espaço que parecia manter os teus Hóspedes à parte de ti.

Um Curso Em Milagres