quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Escritos do Curso e Sua Virtude - L



expor vida é impor morte


os adeptos da vida três em dez
os adeptos da morte três em dez
os que levam a vida ao campo de morte também três em dez


e a razão ?
viverem intensamente a vida





ouve-se do bom cultor da vida:


em terra não topa com rinocerontes ou tigres
na liça não sofre com armas e escudos


o rinoceronte não tem onde fincar o chifre
o tigre não tem onde fincar as garras
as armas não tem onde enfiar a lâmina


e a razão ?
não ter campo de morte

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

As crenças irreconciliáveis


1. A memória de Deus vem à mente quieta. Ela não pode vir aonde há conflito, pois uma mente em guerra contra si mesma não se lembra da gentileza eterna. Os meios da guerra não são os meios da paz e o que as pessoas voltadas para a guerra que­rem lembrar não é amor. A guerra é impossível a não ser que a crença na vitória seja valorizada. O conflito dentro de ti necessa­riamente implica no fato de que acreditas que o ego tem o poder de ser vitorioso. Por que outra razão te identificarias com ele? Com certeza, reconheces que o ego está em guerra com Deus. É certo que ele não tem nenhum inimigo. Entretanto, igualmente certa é a sua crença fixa segundo a qual ele tem um inimigo que não pode deixar de dominar e que terá sucesso.

2. Não reconheces que uma guerra contra ti mesmo seria uma guerra contra Deus? É concebível a vitória? E se fosse, seria essa uma vitória que tu quererias? A morte de Deus, se fosse possível, seria a tua morte. Isso é uma vitória? O ego sempre marcha para a derrota porque pensa que o triunfo sobre ti é possível. E Deus pensa de outro modo. Isso não é guerra, apenas uma crença lou­ca segundo a qual a Vontade de Deus pode ser atacada e derrota­da. Tu podes te identificar com essa crença, mas ela nunca será mais do que loucura. E o medo reinará na loucura e lá parecerá ter substituído o amor. Esse é o propósito do conflito. E para aqueles que pensam que isso é possível, os meios parecem reais.

3. Estejas certo de que é impossível: Deus e o ego ou tu e o ego jamais vos encontrareis. Vós pareceis vos encontrar e fazeis as vossas estranhas alianças com base no que não tem significado. Pois as vossas crenças convergem para o corpo, a casa escolhida do ego, que tu acreditas que é a tua. Vós vos encontrais num equívoco, um erro na auto-avaliação. O ego une-se com uma ilusão de ti mesmo que compartilhas com ele. E, no entanto, ilu­sões não podem se unir. Elas são a mesma e não são nada. Sua união baseia-se no nada; duas são tão insignificantes quanto uma ou mil. O ego não se une a nada, não sendo nada. A vitória que ele busca é tão sem significado quanto ele próprio.

4. Irmão, a guerra contra ti mesmo está quase no fim. O final da jornada está no lugar da paz. Não queres aceitar agora a paz que te é oferecida aqui? Esse ‘inimigo’ contra o qual lutaste, como se fosse um intruso na tua paz é transformado aqui, diante da tua vista, no doador da tua paz. O teu ‘inimigo’ era o próprio Deus, para Quem todos os conflitos, o triunfo e qualquer tipo de ataque são desconhecidos. Ele te ama perfeitamente, completamente e eternamente. O Filho de Deus em guerra contra o seu Criador é uma condição tão ridícula como seria a natureza rugindo contra o vento com raiva, proclamando que ele já não faz parte dela. Se­ria possível a natureza estabelecer isso e fazer com que fosse ver­dadeiro? Também não cabe a ti dizer o que fará parte de ti e o que será mantido à parte.

5. A guerra contra ti mesmo foi empreendida com o intuito de ensinar ao Filho de Deus que ele não é ele mesmo e não é o Filho de seu Pai. Para isso, a memória de seu Pai tem que ser esqueci­da. Ela é esquecida na vida do corpo e se pensas que és um corpo, acreditarás que a esqueceste. No entanto, a verdade nun­ca pode ser esquecida por ela mesma e tu não te esqueceste do que és. Apenas uma estranha ilusão de ti mesmo, um desejo de triunfar sobre o que tu és não se lembra.

6. A guerra contra ti mesmo não é senão a batalha de duas ilu­sões, lutando para fazer com que sejam diferentes uma da outra, acreditando que aquela que vencer será verdadeira. Não há ne­nhum conflito entre elas e a verdade. Elas também não são dife­rentes uma da outra. Ambas não são verdadeiras. E assim não importa a forma que tomam. O que as fez é insano e elas perma­necem sendo parte do que as fez. A loucura não contém nenhu­ma ameaça à realidade e não tem nenhuma influência sobre ela. As ilusões não podem triunfar sobre a verdade e nem podem ameaçá-la de forma alguma. E a realidade que negam não é par­te delas.

7. O que tu lembras é uma parte de ti. Pois não podes deixar de ser como Deus te criou. A verdade não luta contra ilusões, nem ilusões lutam contra a verdade. Ilusões apenas batalham consigo mesmas. Sendo fragmentadas, elas fragmentam. Mas a verdade é indivisível e está muito além do pequeno alcance que possam ter. Tu lembrar-te-ás do que conheces quando tiveres aprendido que não podes estar em conflito. Uma ilusão a respeito de ti mes­mo pode batalhar contra outra, entretanto, a guerra de duas ilu­sões é um estado no qual nada ocorre. Não há nenhum vencedor e não há nenhuma vitória. E a verdade permanece radiante, à parte do conflito, intocada e quieta na paz de Deus.

8. O conflito tem que se dar entre duas forças. Ele não pode exis­tir entre um poder e o nada. Não há nada que possas atacar que não seja parte de ti. E por atacares, fazes duas ilusões a respeito de ti mesmo, uma em conflito com a outra. E isso ocorre sempre que olhas para qualquer coisa que Deus criou com qualquer coisa que não seja amor. O conflito é amedrontador porque é o nasci­mento do medo. Entretanto, o que nasce do nada não pode ven­cer a realidade através de uma batalha. Por que irias preencher o teu mundo com conflitos contigo mesmo? Permite que toda essa loucura seja desfeita para ti e volta-te em paz para a lembrança de Deus, ainda brilhante na tua mente quieta.

9. Vê como o conflito de ilusões desaparece quando é trazido à verdade! Pois ele só parece ser real enquanto é visto como uma guerra entre verdades conflitantes; a vencedora será a mais verda­deira, a mais real e a conquistadora da outra que era menos real e que passa a ser uma ilusão a ser vencida. Assim, o conflito é a escolha entre ilusões, uma deverá ser coroada como real e a outra vencida e desprezada. Aqui, o Pai jamais será lembrado. No en­tanto, ilusão alguma pode invadir a Sua casa e expulsá-Lo do que Ele ama para sempre. E o que Ele ama não pode deixar de ser para sempre quieto e para sempre em paz porque é a Sua casa.

10. Tu, que és amado por Ele, não és uma ilusão, sendo tão real e tão santo quanto Ele Mesmo. A serenidade da tua certeza do Pai e de ti próprio é a casa de Ambos, Que habitam como um só e não à parte. Abre a porta da Sua santíssima casa e permite que o perdão varra todo vestígio da crença no pecado que mantém Deus sem lar e Seu Filho com Ele. Tu não és um estranho na casa de Deus. Dá boas-vindas a teu irmão no lar onde Deus o instalou em sere­nidade e paz e habita com ele. As ilusões não têm lugar onde mora o amor, protegendo-te de todas as coisas que não são verdadeiras. A paz na qual tu habitas é tão ilimitada quanto a do seu Criador e todas as coisas são dadas àqueles que querem lembrá­-Lo. O Espírito Santo vela sobre a Sua casa, seguro de que a Sua paz nunca pode ser perturbada.

11. Como é possível que o lugar onde Deus descansa se volte con­tra si mesmo e busque dominar Aquele Que ali habita? E pensa no que acontece quando a casa de Deus se percebe dividida. O altar desaparece, a luz se faz cada vez mais tênue, o templo do Santíssimo vem a ser a casa do pecado. E nada é lembrado, exce­to ilusões. Ilusões podem conflitar porque as suas formas são diferentes. E elas, de fato, batalham apenas para estabelecer qual é a forma que é verdadeira.

12. Ilusões encontram ilusões, a verdade encontra a si mesma. O encontro de ilusões conduz à guerra. A paz, olhando para si mes­ma, estende-se. A guerra é a condição na qual nasce o medo e ele cresce e busca dominar. A paz é o estado onde habita o amor e busca compartilhar a si mesmo. Conflito e paz são opostos. Onde um habita, o outro não pode estar, aonde quer que qual­quer um dos dois vá, o outro desaparece. Assim é a memória de Deus obscurecida em mentes que vieram a ser o campo de bata­lha de ilusões. Entretanto, muito além dessa guerra sem sentido, ela brilha pronta para ser lembrada quando estiveres do lado da paz.

Um Curso Em Milagres

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Aquele que te salva das trevas


1. Não é evidente que aquilo que os olhos do corpo percebem te enche de medo? Talvez penses que lá achas uma esperança de satisfação. Talvez tenhas fantasias de atingir alguma paz e satisfação no mundo conforme o percebes. Entretanto, tem que ser evidente que o resultado não muda. Apesar das tuas esperanças e fantasias, sempre resulta o desespero. E não há exceção, nem nunca haverá. O único valor que o passado pode ter é aprenderes que ele não te deu nenhuma recompensa que gostarias de manter. Pois só assim estarás disposto a abandoná-lo e a deixar que ele desapareça para sempre.

2. Não é estranho que ainda alimentes alguma esperança de satisfação proveniente do mundo que vês? Em todos os aspectos, em qualquer momento, em qualquer lugar, nada além da culpa e do medo têm sido a tua recompensa. Quanto tempo precisas para te dar conta de que a chance de alguma mudança nesse aspecto dificilmente vale o adiamento da mudança que poderia resultar em um final melhor? Pois uma coisa é certa: o modo como tu vês, e vês há muito tempo, não oferece nenhum ponto de apoio no qual possas basear as tuas esperanças futuras e nenhuma sugestão que tenha qualquer sucesso. Colocar as tuas esperanças onde não há esperança tem que fazer com que sejas sem esperança. No entanto, esse estado de desesperança é a tua escolha, enquanto buscas esperança onde nunca é possível achá-la.

3. Não é verdade, também, que achaste uma esperança à parte disso, um cintilar – inconstante, vacilante, mas ainda assim vagamente visto – de que a esperança é garantida em bases que não estão nesse mundo? No entanto, o teu desejo de que elas possam ainda estar aqui, ainda te impede de desistir da tarefa sem esperança e sem recompensa que tu te colocaste. Pode fazer sentido manter uma crença fixa em que existe algum motivo para se continuar a perseguir o que sempre fracassou, com a justificativa que de repente essa coisa será bem-sucedida e trará o que nunca trouxe antes?

4. Esse passado fracassou. Fica contente por ele ter desaparecido da tua mente e já não obscurece o que lá está. Não tomes a forma pelo conteúdo, pois a forma não passa de um meio para o conteúdo. E a moldura não passa de um meio para manter o quadro erguido, de modo que possa ser visto. Uma moldura que esconda o quadro não tem propósito. Não pode ser uma moldura se é ela que vês. Sem o quadro, a moldura é sem significado. Seu propósito é mostrar o quadro e não a si mesma.

5. Quem pendura uma moldura vazia em uma parede e se põe diante dela em profunda reverência como se uma obra-prima es­tivesse lá para ser vista? Entretanto, se vês o teu irmão como um corpo, é apenas isso o que fazes. A obra-prima que Deus colocou nesta moldura é tudo o que há para ser visto. O corpo a mantém por algum tempo, sem obscurecê-la de forma alguma. Apesar disso, o que Deus criou não necessita de moldura alguma, pois o que Ele criou, Ele sustenta e emoldura dentro de Si Mesmo. A Sua obra-prima, Ele te oferece para que vejas. E preferes olhar a moldura ao invés dela? E absolutamente nada ver do quadro?

6. O Espírito Santo é a moldura que Deus colocou em torno da parte Dele que queres ver como separada. No entanto, sua mol­dura está ligada ao seu Criador, una com Ele e com Sua obra-prima. Esse é o seu propósito e tu não fazes da moldura o quadro quando escolhes vê-la em seu lugar. A moldura que Deus deu a ele apenas serve ao Seu propósito, não ao teu à parte do Seu. É o teu propósito separado que obscurece o quadro e valoriza a mol­dura ao invés dele. Entretanto, Deus colocou a Sua obra-prima dentro de uma moldura que durará para sempre, quando a tua já tiver se desmoronado no pó. Mas não penses que o quadro é destruído de forma alguma. O que Deus cria está a salvo de toda corrupção, imutável e perfeito na eternidade.

7. Aceita a moldura de Deus no lugar da tua e verás a obra-prima. Olha a sua beleza e compreende a Mente que a pensou, não em carne e ossos, mas em uma moldura tão bela quanto Ela Mesma. Sua santidade ilumina a impecabilidade que a moldura das trevas esconde e lança um véu de luz sobre a face do quadro que apenas reflete a luz que brilha a partir dele até seu Criador. Não penses que essa face foi jamais obscurecida pelo fato de a teres visto em uma moldura de morte. Deus a manteve a salvo para que pudesses olhá-la e ver a santidade que Ele deu a ela.

8. Dentro da escuridão, vê o salvador que salva das trevas e compreende o teu irmão assim como a Mente do seu Pai o revela a ti. Ele dará um passo à frente saindo das trevas quando tu o olhares e não mais verás a escuridão. As trevas não o tocaram e nem a ti, que o trouxeste para fora, para que pudesses olhar para ele. A sua impecabilidade apenas retrata a tua. A sua gentileza vem a ser a tua força e vós alegremente olhareis para dentro e vereis a santidade que tem que estar presente devido ao que contemplaste nele. Ele é a moldura na qual foi colocada a tua santidade e o que Deus deu a ele tem que ser dado a ti. Por mais que ele ignore a obra-prima dentro de si mesmo e veja apenas a moldura das trevas, ainda assim a tua única função é contemplar nele o que ele não vê. E nesse modo de ver a visão que olha para Cristo, em vez de ver a morte, é compartilhada.

9. Como poderia o Senhor do Céu não ficar contente por apreciares a Sua obra-prima? Que poderia Ele fazer senão agradecer a ti que amas o Seu Filho como Ele o ama? Não iria Ele tornar conhecido o Seu Amor por ti se tu não fazes outra coisa senão compartilhar o Seu louvor ao que Ele ama? Deus aprecia a criação como Pai perfeito que é. E assim a Sua alegria se torna completa quando qualquer parte Dele se une ao Seu louvor para compartilhar a Sua alegria. Esse irmão é a Sua dádiva perfeita para ti. E Ele fica contente e agradecido quando tu agradeces ao Seu Filho perfeito por ser o que é. E todos os Seus agradecimentos e toda a Sua alegria brilham sobre ti que queres completar a Sua alegria junto com Ele. E assim se completa a tua. Nenhum raio de escuridão pode ser visto por aqueles que querem fazer com que a alegria de seu Pai seja completa e a deles junto com a Sua. A gratidão do próprio Deus é livremente oferecida a todos os que compartilham o Seu propósito. Não é Vontade de Deus estar só. E nem é a tua.

10. Perdoa o teu irmão e não poderás separar-te dele, nem do seu Pai. Tu não precisas de perdão, pois os que são totalmente puros nunca pecaram. Dá, então, o que Ele tem dado a ti para que possas ver o Seu Filho como um só e agradece ao seu Pai como o Pai te agradece. Nem acredites que todo o Seu louvor não te é dado. Pois o que dás é Seu e dando-o, aprendes a compreender a Sua dádiva a ti. E dá ao Espírito Santo o que Ele oferece igual­mente ao Pai e ao Filho. Nada tem poder sobre ti exceto a Sua Vontade e a tua, que apenas estendes a Sua Vontade. Foi para isso que foste criado e o teu irmão contigo, sendo um contigo.

11. Tu e o teu irmão sois o mesmo assim como o próprio Deus é Um e não está dividido em Sua Vontade. E vós não podeis deixar de ter um só propósito, já que Ele deu o mesmo propósito a ambos. A Sua Vontade se unifica à medida em que vós vos unis em vontade, para que sejas completado oferecendo completeza ao teu irmão. Não vejas nele o pecado que ele vê, mas dá a ele a honra para que possas estimar a ti mesmo e a ele. A ti e ao teu irmão é dado o poder da salvação, para que o escape da escuridão para a luz seja vosso para ser compartilhado, para que possais ver como um só o que nunca foi separado nem esteve à parte de todo o Amor de Deus que é dado igualmente a ambos.

Um Curso Em Milagres