terça-feira, 13 de julho de 2010

O sonho que perdoa


1. O escravo de ídolos é um escravo voluntário. Pois ele tem que estar disposto a se inclinar em adoração diante do que não tem vida e a buscar poder no que não tem poder. O que aconteceu ao santo Filho de Deus para que esse pudesse ser o seu desejo, para que ele se deixasse cair e descer ainda mais baixo do que as pedras do chão e ficasse procurando ídolos para que eles o levantem? Ouve, então, a tua história no sonho que fizeste e pergunta a ti mesmo se não é verdade que acreditas que isso não é um sonho.

2. Um sonho de julgamento entrou na mente que Deus criou tão perfeita quanto Ele próprio. E nesse sonho, o Céu virou inferno, e fez-se de Deus um inimigo para com Seu Filho. Como pode o Filho de Deus despertar do sonho? É um sonho de julgamento. Assim é preciso que ele não julgue e despertará. Pois o sonho parecerá durar enquanto ele faz parte do sonho. Não julgues, pois aquele que julga terá necessidade de ídolos que arcarão com o julgamento impedindo que o mesmo caia sobre ele. E assim também não poderá conhecer o Ser que ele condenou. Não julgues, porque fazes de ti mesmo uma parte dos sonhos maus, onde ídolos são a tua “verdadeira” identidade e a tua salvação do julgamento é colocada sobre ti no terror e na culpa.

3. Todas as figuras no sonho são ídolos, feitos para salvar-te do sonho. Contudo, eles foram feitos para salvar-te exatamente daquilo de que fazem parte. Assim é que o ídolo mantém o sonho vivo e terrível, pois quem poderia desejar um, a não ser que estivesse no terror e no desespero? E isso o ídolo representa, e assim a idolatria dos ídolos é a idolatria do desespero e do terror, e do sonho do qual eles vêm. O julgamento é uma injustiça para com o Filho de Deus, e é justiça o fato de que aquele que o julga não escapará da penalidade que infligiu a si próprio dentro do sonho que fez. Deus sabe da justiça, não da penalidade. Mas no sonho do julgamento tu atacas e és condenado; e desejas ser o escravo de ídolos, que se interpõem entre o teu julgamento e a penalidade que ele traz.

4. Não pode haver salvação no sonho enquanto o estás sonhando. Pois os ídolos têm que fazer parte dele, para salvar-te daquilo que tu acreditas que realizaste e fizeste para fazer de ti mesmo um pecador, apagando a luz dentro de ti. Pequena criança, a luz está aqui. Tu estás apenas sonhando e os ídolos são brinquedos com os quais sonhas que estás brincando. Quem tem necessidade de brinquedos a não ser as crianças? Elas fingem que governam o mundo e dão aos seus brinquedos o poder de se locomoverem, de falarem e de pensarem, de serem e de falarem por elas. Entretanto, tudo aquilo que os seus brinquedos aparentemente fazem está nas mentes das crianças que com eles brincam. Mas elas anseiam por esquecer que elas próprias inventaram o sonho no qual os seus brinquedos são reais, e não reconhecem que os desejos que eles têm são os seus próprios.

5. Pesadelos são sonhos de crianças. Os brinquedos se voltaram contra a criança que pensou tê-los feito reais. No entanto, é possível um sonho atacar? Ou é possível um brinquedo crescer e tomar-se perigoso, ameaçador e selvagem? Nisso a criança acredita, porque tem medo de seus pensamentos e os atribui aos brinquedos em vez de a si mesma. E a realidade deles vem a ser a sua realidade, porque parecem salvá-la de seus pensamentos. Contudo, eles mantêm os seus pensamentos vivos e reais, só que vistos fora dela, onde podem voltar-se contra ela, pela traição que ela faz a eles. Ela pensa que necessita deles para poder escapar dos próprios pensamentos porque pensa que os seus pensamentos são reais. E assim ela faz de qualquer coisa um brinquedo, para fazer com que o seu mundo permaneça fora dela e brincar de ser apenas uma parte dele.

6. Há uma época em que a infância deveria passar e acabar para sempre. Não busques reter os brinquedos das crianças. Põe todos de lado, pois já não necessitas deles. O sonho do julgamento é um jogo de criança, no qual a criança vem a ser o pai, poderoso, mas com o pouco juízo de uma criança. O que a fere é destruído; o que a ajuda, abençoado. Mas isso é julgado do mesmo modo como julga uma criança, que não sabe o que fere e o que irá curar. E coisas ruins parecem acontecer e ela tem medo de todo o caos em um mundo que pensa que é governado pelas leis que ela mesma fez. No entanto, o mundo real não é afetado pelo mundo que ela pensa que é real. Tampouco as suas leis foram mudadas porque ela não as compreende.

7. O mundo real ainda é apenas um sonho. Mas as figuras mudaram. Elas não são vistas como ídolos que traem. É um sonho no qual ninguém é usado para substituir alguma outra coisa, nem interposto entre os pensamentos que a mente concebe e aquilo que ela vê. Ninguém é usado como algo que não é, pois as coisas infantis foram todas postas de lado. E o que uma vez foi um sonho de julgamento, agora mudou e veio a ser um sonho no qual tudo é alegria, porque esse é o propósito que ele tem. Só sonhos que perdoam podem entrar aqui, pois o tempo está quase no fim. E as formas que entram no sonho são agora percebidas como irmãos, não em julgamento, mas em amor.

8. Sonhos de perdão têm pouca necessidade de durar. Eles não são feitos para separar a mente daquilo que ela pensa. Eles não buscam provar que o sonho está sendo sonhado por alguma outra pessoa. E nestes sonhos ouve-se uma melodia que todos lembram, embora não a tenham ouvido desde antes do início dos tempos. O perdão, uma vez completo, traz a intemporalidade para tão perto que a canção do Céu pode ser ouvida, não com os ouvidos, mas com a santidade que nunca deixou o altar que habita para sempre profundamente dentro do Filho de Deus. E quando ele ouve essa canção outra vez, sabe que nunca deixou de ouvi-la. E onde está o tempo, quando os sonhos de julgamento foram postos de lado?

9. Sempre que sentires medo, sob qualquer forma – e tu estás amedrontado se não sentes um profundo contentamento, uma certeza de seres ajudado, uma calma segurança de que o Céu vai contigo – estejas certo de que fizeste um ídolo e acreditas que ele vai trair-te. Pois, por trás da tua esperança de que ele vá salvar-te, estão a culpa e a dor da auto-traição e da incerteza, tão profundas e amargas que o sonho não é capaz de ocultar completamente todo o teu sentimento de perdição. A tua auto-traição tem que resultar em medo, pois o medo é julgamento, levando com certeza à busca frenética de ídolos e da morte.

10. Sonhos que perdoam lembram a ti de que vives em segurança e que não atacaste a ti mesmo. Assim dissipam-se os teus terrores infantis e os sonhos vêm a ser um sinal de que fizeste um novo começo, não uma outra tentativa de adorar ídolos e manter o ataque. Sonhos que perdoam são benignos para com todas as pessoas que figuram no sonho. E assim trazem ao sonhador liberação plena dos sonhos de medo. Ele não tem medo do próprio julgamento, pois não julgou ninguém e nem buscou se liberar, através do julgamento, daquilo que o julgamento necessariamente impõe. E durante todo o tempo ele está se lembrando do que esqueceu, enquanto o julgamento parecia ser o caminho para salvá-lo da penalidade de julgar.

Um Curso Em Milagres

sábado, 10 de julho de 2010

A impecabilidade do teu irmão


1. O oposto de ilusões não é desilusão, mas verdade. Apenas para o ego, para quem a verdade é sem significado, elas parecem ser as únicas alternativas e diferentes uma da outra. Na verdade, são a mesma. Ambas trazem a mesma quantidade de miséria, embora cada uma pareça ser o caminho para acabar com a miséria que a outra traz. Cada ilusão carrega dor e sofrimento nas dobras escuras das pesadas vestimentas nas quais esconde o nada que é. No entanto, é por essas vestimentas escuras e pesadas que estão co­bertos aqueles que buscam ilusões, escondidos da alegria da ver­dade.

2. A verdade é o oposto de ilusões porque oferece alegria. Que outra coisa senão a alegria poderia ser o oposto da miséria? Deixar um tipo de miséria e buscar outro dificilmente é uma forma de escapar. Mudar de ilusões é não fazer mudança alguma. A busca da alegria na miséria não faz sentido, pois como poderia alegria ser achada na miséria? Tudo o que é possível no escuro mundo da miséria é selecionar alguns aspectos dela, vê-los como diferentes e definir a diferença como alegria. Entretanto, perceber uma diferença onde não existe nenhuma com toda certeza falhará em fazer diferença.

3. Ilusões carregam apenas culpa e sofrimento, doença e morte para os que nelas acreditam. A forma na qual são aceitas é irrele­vante. Nenhuma forma de miséria, aos olhos da razão, pode ser confundida com alegria. A alegria é eterna. Podes, de fato, ter certeza de que qualquer felicidade aparente que não dure é real­mente medo. A alegria não vira pesar, pois o eterno não pode mudar. Mas o pesar pode virar alegria, pois o tempo dá lugar ao eterno. Só o intemporal tem que permanecer imutável, mas todas as coisas no tempo podem mudar com o tempo. Entretanto, se a mudança é para ser real e não imaginada, as ilusões têm que dar lugar à verdade e não a outros sonhos que apenas são igual­mente irreais. Isso não faz diferença.

4. A razão te dirá que a única maneira de escapar à miséria é reconhecê-la e tomar o caminho contrário. A verdade é a mesma e a miséria é a mesma, mas elas são diferentes uma da outra em to­dos os sentidos, em todas as instâncias e sem exceção. Acreditar que pode existir uma exceção é confundir o que é o mesmo com o que é diferente. Uma única ilusão, apreciada e defendida contra a verdade, faz com que toda a verdade seja sem significado e todas as ilusões reais. Tal é o poder da crença. Ela não pode fazer transigências. E a fé na inocência é fé no pecado, se a cren­ça excluir uma única coisa viva e a mantiver à parte do perdão.

5. Tanto a razão como o ego te dirão isso, mas o que eles fazem disso não é a mesma coisa. O ego te assegurará agora que é im­possível para ti não ver culpa em pessoa alguma. E se esse modo de ver é o único meio através do qual podes conseguir escapar da culpa, então a crença no pecado tem que ser eterna. Porém, a razão olha para isso de outro modo, pois a razão vê a fonte de uma idéia como aquilo que a fará verdadeira ou falsa. Isso tem que ser assim, se a idéia é como a sua fonte. Por conseguinte, diz a razão, se o escapar da culpa foi dado ao Espírito Santo como o teu propósito e por Aquele para Quem nada que seja a Sua Vontade pode ser impossível, os meios para a sua consecução são mais do que possíveis. Eles não podem deixar de estar aí e tu não podes deixar de tê-los.

6. Essa é uma época crucial nesse curso, pois aqui a separação entre tu e o ego tem que se fazer completa. Pois se tens os meios para permitir que o propósito do Espírito Santo seja realizado, eles podem ser usados. E usando-os, terás ganho fé para investir neles. Entretanto, para o ego, isso tem que ser impossível e nin­guém empreende fazer aquilo que não contém nenhuma esperança de ser realizado algum dia. Tu sabes que aquilo que é a Vontade de Deus é possível, mas aquilo que fizeste acredita que não é assim. Agora tens que escolher entre o que és e uma ilusão de ti mesmo. Não ambos, apenas um. Não faz sentido tentar evitar essa única decisão. Ela não pode deixar de ser feita. A fé e a crença podem tombar para qualquer um dos dois lados, mas a razão te diz que a miséria está apenas em um dos lados e que a alegria está no outro. )

7. Não abandones agora o teu irmão. Pois vós que sois o mesmo, não ireis decidir sozinhos nem de maneira diferente. Vós dais um ao outro ou a vida ou a morte; cada um é para o outro salvador ou juiz, oferecendo-lhe um santuário ou a condenação. Acreditarás inteiramente nesse curso ou não acreditarás em absoluto. Pois ele é totalmente verdadeiro ou totalmente falso e não se pode acredi­tar apenas parcialmente. E escaparás inteiramente da miséria ou não escaparás em absoluto. A razão te dirá que não existe terreno intermediário onde possas parar incerto para uma pausa, espe­rando para escolher entre a alegria do Céu e a miséria do inferno. Enquanto não escolhes o Céu, estás no inferno e na miséria.

8. Não há nenhuma parte do Céu que possas levar e tecer em ilusões. E nem há nenhuma ilusão com a qual possas entrar no Céu. Um salvador não pode ser um juiz, nem a misericórdia condenação. E a visão não pode levar à perdição, apenas aben­çoar. Aquele, cuja função é salvar, salvará. Como ele o fará, está além da tua compreensão, mas quando tem que ser escolha tua. Pois o tempo tu fizeste e o tempo podes comandar. Não és mais escravo do tempo do que do mundo que fizeste.

9. Vamos olhar mais de perto para toda essa ilusão segundo a qual o que fizeste tem o poder de escravizar aquele que o fez. Essa é a mesma crença que causou a separação. É a idéia sem significado segundo a qual os pensamentos podem deixar a men­te do pensador, ser diferentes dela e em oposição a ela. Se isso fosse verdadeiro, os pensamentos não seriam extensões da men­te, mas seus inimigos. E aqui mais uma vez vemos uma outra forma da mesma ilusão fundamental, que já vimos muitas vezes antes. Só se fosse possível que o Filho de Deus deixasse a Mente de Seu Pai, se fizesse diferente e se opusesse à Sua Vontade, é que seria possível que o ser que ele fez e tudo o que esse ser fez, passasse a ser seu patrão.

10. Contempla a grande projeção, mas olha-a com a decisão de que ela tem que ser curada e não com medo. Nada do que fizeste tem qualquer poder sobre ti, a não ser que ainda queiras estar à parte do teu Criador e com uma vontade oposta à Sua. Pois ape­nas se quiseres acreditar que o Seu Filho pode ser Seu inimigo é que parece possível que o que fizeste seja teu. Queres condenar a Sua alegria à miséria e fazê-Lo diferente. E toda a miséria que fizeste tem sido tua. Não estás contente em aprender que ela não é verdadeira? Não é uma boa notícia ouvir que nenhuma das ilusões que fizeste substituiu a verdade?

11. Somente os teus pensamentos têm sido impossíveis. A salvação não pode ser. É impossível olhar para o teu salvador como teu inimigo e reconhecê-lo. No entanto, é possível reconhecê-lo pelo que é, se Deus quer que seja assim. O que Deus deu ao teu relacionamento santo lá está. Pois o que Ele deu ao Espírito San­to para te dar, Ele deu. Não queres olhar para o salvador que te foi dado? E não trocarias, com gratidão, a função de executor que lhe deste por aquela que ele tem na verdade? Recebe dele o que Deus deu a ele para ti, não o que tentaste dar a ti mesmo.

12. Além do corpo que interpuseste entre tu e o teu irmão e bri­lhando na luz dourada que o alcança a partir do radiante círculo infinito que se estende para sempre, está o teu relacionamento santo, amado pelo próprio Deus. Como repousa em calma no tempo e ainda assim além, imortal mesmo na terra. Como é grande o poder que está nele! O tempo espera pela sua vontade e a terra será como ele quiser que seja. Aqui não há nenhuma vontade separada nem o desejo de que coisa alguma seja separa­da. A vontade do teu relacionamento santo não tem exceções e aquilo que ela determina é verdadeiro. Toda ilusão trazida ao perdão do teu relacionamento gentilmente deixa de ser vista e desaparece. Pois no centro dele, Cristo renasceu para iluminar o Seu próprio lar com a visão que não vê o mundo. Não queres que esse lar santo seja teu também? Não há miséria alguma aqui, mas só alegria.

13. Tudo o que precisas fazer para habitares em quietude aqui com Cristo é compartilhar a Sua visão. A Sua visão é dada a qualquer um que apenas esteja disposto a ver o seu irmão sem pecado de forma rápida e alegre. E tens que estar disposto a não excluir a ninguém, se quiseres ser inteiramente liberado de todos os efei­tos do pecado. Darias a ti mesmo um perdão parcial? Podes alcançar o Céu quando um único pecado ainda te tenta a perma­necer na miséria? O Céu é o lar da pureza perfeita e Deus o criou para ti. Olha para o teu irmão santo, tão sem pecado quanto tu mesmo e permite que ele te conduza até lá.

Um Curso Em Milagres

terça-feira, 6 de julho de 2010

D. O QUARTO OBSTÁCULO: O MEDO DE DEUS


1. O que verias sem o medo da morte? O que sentirias e pensarias se a morte não retivesse nenhuma atração para ti? Muito simplesmente te lembrarias do teu Pai. O Criador da vida, a Fonte de tudo que vive, o Pai do universo e do universo dos universos e de todas as coisas que estão até mesmo além; de tudo isso tu te lembrarias. E à medida que essa memória surge em tua mente, a paz tem ainda que superar um obstáculo final, após o qual se completa a salvação e o Filho de Deus é restaurado inteiramente à sanidade. Pois aqui o teu mundo, de fato, acaba.

2. O quarto obstáculo a ser superado cai como um véu pesado diante da face de Cristo. Entretanto, à medida que a Sua face se ergue além do véu, brilhando com alegria porque Ele está no amor de Seu Pai, a paz afastará suavemente o véu e correrá para encontrá-Lo e para afinal unir-se a Ele. Pois esse véu escuro que parece tornar a face do próprio Cristo semelhante à de um leproso e fazer os Raios brilhantes do Amor do Seu Pai, que iluminam com glória a Sua face aparentarem ser rios de sangue, desaparece na luz intensa que está além dele quando o medo da morte se vai.

3. Esse é o mais escuro dos véus, mantido pela crença na morte e protegido por sua atração. A dedicação à morte e à sua soberania é apenas o voto solene, a promessa feita em segredo ao ego de nunca erguer esse véu, nunca se aproximar dele, nem nunca suspeitar que esteja ali. Essa é a barganha secreta feita com o ego para manter aquilo que se encontra além do véu para sempre apagado e sem ser lembrado. Aí está a tua promessa de nunca permitir que a união te chame para fora da separação, a grande amnésia na qual a memória de Deus parece absolutamente esquecida, a fenda entre o teu Ser e teu medo de Deus, o passo final na tua dissociação.

4. Vê como a crença na morte aparentemente iria “salvar-te”. Pois se isso desaparecesse, de que outra coisa poderias ter medo senão da vida? É a atração da morte que faz a vida parecer feia, cruel e tirânica. Não sentes mais medo da morte do que do ego. Esses são os teus amigos escolhidos. Pois em tua aliança secreta com eles, concordaste em nunca deixar que o medo de Deus fosse descoberto de forma que pudesses contemplar a face de Cristo e unir-te a Ele em Seu Pai.
5. Todo obstáculo através do qual a paz tem que fluir é superado exatamente do mesmo modo, o medo que o provocou cede ao amor que está além e assim o medo desaparece. E o mesmo se dá com esse. O desejo de ficar livre da paz e expulsar o Espírito Santo de ti se apaga na presença do quieto reconhecimento de que tu O amas. A exaltação do corpo é abandonada em favor do espírito, que amas como jamais poderias amar o corpo. E o apelo da morte é perdido para sempre à medida que a atração do amor desperta e chama por ti. De um ponto além de cada um dos obstáculos ao amor, o próprio Amor te chamou. E cada um deles foi superado pelo poder da atração daquilo que está além. O fato de quereres o medo parecia estar mantendo-os em seus lugares. No entanto, quando ouviste a Voz do Amor além deles, tu respondeste e eles desapareceram.

6. E agora estás aterrorizado diante daquilo que juraste nunca olhar. Baixas os olhos, lembrando da tua promessa aos teus "amigos". A “beleza” do pecado, o delicado apelo da culpa, a “santa” imagem de cera da morte e o medo da vingança do ego que juraste com sangue não desertar, tudo isso vem à tona e ordena que não ergas os teus olhos. Pois reconheces que se olhares para isso e permitires que o véu seja erguido eles desaparecerão para sempre. Todos os teus “amigos”, os teus “protetores” e o teu “lar” se desvanecerão. Nada do que lembras agora, tu te lembrarás.

7. Parece-te que o mundo te abandonará completamente se apenas ergueres os teus olhos. No entanto, tudo o que vai ocorrer é que deixarás o mundo para sempre. Esse é o restabelecimento da tua vontade. Olha para isso de olhos abertos e nunca mais acreditarás que estás à mercê de coisas além de ti, de forças que não podes controlar e de pensamentos que vêm a ti contra a tua vontade. É a tua vontade olhar para isso. Nenhum desejo louco, nenhum impulso trivial para esqueceres novamente, nenhuma punhalada de medo e nem o suor frio da morte aparente podem se colocar contra a tua vontade. Pois o que te atrai além do véu está também profundamente dentro de ti, é inseparável da tua vontade e completamente uno.

i. Erguendo o véu

8. Não te esqueças de que vós viestes até aqui juntos, tu e teu irmão. E com certeza não foi o ego que vos conduziu até aqui. Nenhum obstáculo à paz pode ser superado através do seu auxílio. Ele não revela os seus segredos e não pede que olheis para eles para ir além. Não quer que vejais as suas fraquezas e que aprendais que ele não tem nenhum poder para vos manter afastados da verdade. O guia Que vos trouxe aqui permanece convosco e quando erguerdes os vossos olhos, estareis prontos para olhar para o terror sem medo algum. Mas antes disso, ergue os teus olhos e olha para o teu irmão com a inocência que nasce do completo perdão das tuas ilusões através dos olhos da fé que não as vê.

9. Ninguém é capaz de olhar para o medo que tem de Deus sem ficar aterrorizado a não ser que tenha aceitado a Expiação e aprendido que as ilusões não são reais. Ninguém pode ficar diante desse obstáculo sozinho, pois não poderia ir muito longe a não ser que seu irmão caminhe a seu lado. E ninguém ousaria encará-lo sem o perdão completo do seu irmão em seu próprio coração. Fica aqui um momento e não tremas. Estarás pronto. Vamos nos unir em um instante santo, aqui nesse lugar aonde o propósito, dado em um instante santo, te conduziu. E vamos nos unir na fé de que Aquele Que nos trouxe aqui juntos te oferecerá a inocência de que precisas e tu aceitarás por amor a mim e a Ele.

10. E nem é possível olhares para isso cedo demais. Esse é o lugar para onde cada um tem que vir quando estiver pronto. Quando tiver achado o seu irmão, está pronto. No entanto, apenas alcançar esse lugar não é o suficiente. Uma jornada sem um propósito é ainda sem significado e mesmo quando ela estiver terminada parecerá não fazer nenhum sentido. Como podes saber se ela terminou a não ser que reconheças que o seu propósito foi realizado? Aqui, com o fim da jornada diante de ti, vês esse propósito. E é aqui que escolhes se olhas para ele ou se continuas vagando, apenas para retornares e escolheres outra vez.

11. Olhar para o medo de Deus exige, de fato, certa preparação. Só os sãos podem olhar a total insanidade e a loucura delirante com piedade e compaixão, mas não com medo. Pois só quando o compartilham é que ele parece amedrontador e tu o compartilhas até que olhes para o teu irmão com perfeita fé, amor e ternura. Antes do perdão completo, tu ainda permaneces sem perdoar. Temes a Deus porque tens medo do teu irmão. Aqueles a quem não perdoas, tu temes. E ninguém alcança o amor com o medo a seu lado.

12. Esse irmão, que se encontra a teu lado, ainda te parece ser um estranho. Não o conheces e a interpretação que fazes dele é muito amedrontadora. E ainda o atacas, para manter o que parece ser o teu ser sem danos. No entanto, nas suas mãos está a tua salvação. Vês a sua loucura, que odeias porque a compartilhas. E toda a piedade e o perdão que a curariam dão lugar ao medo. Irmão, precisas do perdão do teu irmão, pois tu e ele compartilharão ou a loucura ou o Céu juntos. E erguereis os vossos olhos na fé juntos ou absolutamente não o fareis.

13. Ao teu lado está alguém que te oferece o cálice da Expiação, pois o Espírito Santo está nele. Queres manter os seus pecados contra ele ou aceitar a sua dádiva para ti? Esse doador da salvação é teu amigo ou teu inimigo? Escolhe o que ele é, lembrando-te de que vais receber dele de acordo com a tua escolha. Ele tem em si o poder de perdoar o teu pecado, assim como tu o dele. Nenhum dos dois pode dar a si mesmo esse perdão sozinho. E, no entanto, o salvador encontra-se ao lado de cada um. Permite que ele seja o que é e não busques fazer do amor um inimigo.

14. Contempla o teu Amigo, o Cristo Que se encontra a teu lado. Como Ele é santo e como é belo! Pensaste que Ele havia pecado porque jogaste o véu do pecado sobre Ele para esconder a Sua beleza. Entretanto, Ele ainda te oferece o perdão para que compartilhes a Sua santidade. Esse “inimigo”, esse “estranho”, ainda te oferece a salvação como Seu Amigo. Os “inimigos” de Cristo, os adoradores do pecado, não sabem a Quem atacam.

15. Esse é o teu irmão, crucificado pelo pecado e esperando pela liberação da dor. Não queres oferecer-lhe o perdão, quando somente ele pode oferecê-lo a ti? Pela sua redenção, ele te dará a tua, com tanta certeza quanto Deus criou cada coisa viva e a ama. E ele a dará verdadeiramente, pois será ao mesmo tempo oferecida e recebida. Não há nenhuma graça no Céu que tu não possas oferecer ao teu irmão e receber do teu santíssimo Amigo. Não permitas que ele a recuse, pois ao recebê-la, tu a ofereces a ele. E ele receberá de ti o que tu recebeste dele. A redenção te foi dada para ser dada ao teu irmão e, assim, ser recebida. Aquele a quem tu perdoas é livre e aquilo que dás, tu compartilhas. Perdoa os pecados que o teu irmão pensa que cometeu e toda a culpa que pensas ver nele.

16. Aqui é o lugar santo da ressurreição, ao qual nós viemos mais uma vez, ao qual voltaremos até que a redenção seja realizada e recebida. Pensa em quem é o teu irmão antes de querer condená-lo. E oferece graças a Deus por ser ele santo e por ter sido dada a ele a dádiva da santidade para ti. Une-te a ele com contentamento e remove todo vestígio de culpa da sua mente perturbada e torturada. Ajuda-o a erguer a pesada carga de pecado que colocaste sobre ele e que ele aceitou como própria, e joga-a levemente para longe dele com um riso feliz. Não a pressiones contra a sua fronte como se fossem espinhos, nem o pregues a ela sem redenção e sem esperança.

17. Dá fé ao teu irmão, pois a fé e a esperança e a misericórdia são tuas para serem dadas. A dádiva é dada às mãos que dão. Olha para o teu irmão e vê nele a dádiva de Deus que queres receber. É quase Páscoa, o tempo da ressurreição. Vamos dar a redenção um ao outro e compartilhá-la, de tal modo que possamos nos erguer como um só na ressurreição, não separados na morte. Contempla a dádiva de liberdade que eu dei ao Espírito Santo para ti. E sede livres juntos, tu e teu irmão, à medida que ofereceis ao Espírito Santo essa mesma dádiva. E dando-a, recebe-a Dele em retorno pelo que deste. Ele conduziu a ti e a mim juntos, de forma que pudéssemos nos encontrar aqui nesse lugar santo e tomar a mesma decisão.

18. Liberta o teu irmão aqui como eu te libertei. Dá-lhe a mesma dádiva e não olhes para ele com qualquer espécie de condenação. Que o vejas tão sem culpa como eu olho para ti e não vejas os pecados que ele próprio pensa ver dentro de si. Oferece ao teu irmão a liberdade e a liberação completa do pecado, aqui, no jardim da aparente agonia e morte. Assim nós iremos preparar juntos o caminho para a ressurreição do Filho de Deus e permitir que ele mais uma vez ressuscite para a lembrança feliz do seu Pai, Que não conhece o pecado, nem a morte, mas somente a vida eterna.

19. Juntos nós desapareceremos na Presença além do véu, não para nos perdermos, mas para nos acharmos; não para sermos vistos, mas conhecidos. E conhecendo, nada no plano que Deus estabeleceu para a salvação ficará por fazer. Esse é o propósito da jornada, sem o qual a jornada é sem significado. Aqui está a paz de Deus, que te é dada eternamente por Ele. Aqui está o descanso e a quietude que buscas, a razão da jornada desde o seu início. O Céu é a dádiva que deves ao teu irmão, a dívida de gratidão que ofereces ao Filho de Deus em agradecimento pelo que ele é e pelo que o seu Pai o criou para ser.

20. Pensa com cuidado em como vais olhar para o doador dessa dádiva, pois como tu o olhares, assim parecerá ser a própria dádiva. Assim como ele é visto, como o doador da culpa ou da salvação, assim a sua oferenda será vista e assim será recebida. Os crucificados dão dor porque estão na dor. Mas os redimidos dão alegria porque foram curados da dor. Todos dão conforme recebem, mas cada um tem que escolher o que virá a ser aquilo que recebe. E reconhecerá a sua escolha em função do que ele dá e do que lhe é dado. À coisa alguma no Céu ou no inferno é dado interferir com a decisão de cada um.

21. Vieste até aqui porque a jornada foi a tua escolha. E ninguém empreende fazer aquilo que acredita ser sem significado. Aquilo em que tinhas fé ainda é fiel e vela por ti na fé de modo tão gentil e ao mesmo tempo tão forte, que te ergueria muito além do véu e colocaria o Filho de Deus a salvo sob a proteção segura do seu Pai. Aqui está o único propósito que dá a esse mundo e a longa jornada através desse mundo qualquer significado que possam ter. Além disso, são sem significado. Tu e o teu irmão estão juntos, ainda sem a convição de que eles tenham qualquer propósito. Entretanto, te é dado ver esse propósito no teu Amigo santo e reconhecê-lo como o teu próprio.

Um Curso Em Milagres

quinta-feira, 1 de julho de 2010

As condições a paz


1. O instante santo não é nada mais do que um caso especial ou um exemplo extremo daquilo que todas as situações são destinadas a ser. O significado que o propósito do Espírito Santo deu a ele também é dado a todas as situações. Ele convoca a mesma suspensão da falta de fé, que é afastada e deixada de lado de forma que a fé possa responder ao chamado da verdade. O instante santo é o exemplo brilhante, a demonstração clara e inequívoca do significado de todos os relacionamentos e de todas as situações quando são vistos como um todo. A fé aceitou cada aspecto da situação e a falta de fé não forçou nela nenhuma exclusão. É uma situação de perfeita paz, simplesmente porque deixaste que ela fosse o que é.
 

2. Essa simples cortesia é tudo o que o Espírito Santo te pede. Permite que a verdade seja o que é. Não a invadas, não a ataques, não interrompas a sua vinda. Deixa que ela envolva todas as situações e te traga paz. Nem mesmo a fé te é pedida, pois a verdade nada pede. Deixa que ela entre e trará à tona e manterá para ti a fé de que necessitas para a paz. Mas não te levantes contra ela, pois contra a tua oposição, ela não pode vir.

3. Não queres fazer de cada situação um instante santo? Pois tal é a dádiva da fé, dada livremente em todo lugar onde a falta de fé é deixada de lado, sem utilidade. E então o poder do propósito do Espírito Santo está livre para ser usado em seu lugar. Esse poder instantaneamente transforma todas as situações em um meio seguro e contínuo para estabelecer o Seu propósito e demonstrar a realidade dele. O que foi demonstrado convocou a fé e a fé lhe foi dada. Agora vem a ser um fato, do qual a fé não mais pode ser afastada. A tensão de recusar fé à verdade é enorme, muito maior do que reconheces. Mas responder à verdade com fé não acarreta tensão alguma.

4. A ti, que reconheceste o chamado do teu Redentor, a tensão de não responder ao Seu chamado parece ser maior do que antes. Isso não é assim. Antes, a tensão estava presente, mas tu a atribuías a alguma outra coisa, acreditando que “alguma outra coisa” a produzia. Isso nunca foi verdadeiro. Pois o que essa “alguma outra coisa” produzia era pesar e depressão, doença e dor, escuridão e imagens vagas de terror, frias fantasias de medo e sonhos ardentes do inferno. E nada mais era senão a tensão intolerável de te recusares a dar fé à verdade e ver a sua evidente realidade.

5. Assim foi a crucificação do Filho de Deus. A sua própria falta de fé fez isso a ele. Pensa com cuidado antes de te permitires usar a tua falta de fé contra ele. Pois ele se elevou e tu aceitaste a Causa do seu despertar como tua. Assumiste a tua parte na sua redenção e agora és inteiramente responsável por ele. Não falhes para com ele agora, pois te foi dado reconhecer o que a tua falta de fé nele não pode deixar de significar para ti. A sua salvação é o teu único propósito. Vê apenas isso em todas as situações e elas serão um meio de trazer apenas isso.

6. Quando aceitaste a verdade como meta para o teu relacionamento, vieste a ser um doador da paz com tanta certeza quanto o teu Pai te deu a paz. Pois a meta da paz não pode ser aceita à parte de suas condições e tiveste fé nesta meta pois ninguém aceita algo que não acredita que seja real. O teu propósito não mudou e não mudará, pois aceitaste o que nunca pode mudar. E agora não és capaz de afastar dele nada do que ele necessita para ser para sempre imutável. A tua liberação é certa. Dá assim como recebeste. E demonstra que te elevaste muito além de qualquer situação que pudesse atrasar-te e manter-te separado Daquele a Cujo chamado tu respondeste.

Um Curso Em Milagres