quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Oração - IV. Rezar com outros


1. Enquanto este segundo nível não for atingido, não é possível que alguém se una a outros, em oração, uma vez que, até este ponto, cada um limita-se a pedir coisas diferentes. Todavia, desde que a necessidade de considerar o outro como um inimigo seja posta em dúvida e se tenha reconhecido, ainda que só por um instante, a razão de ser assim, então, será possível alguém unir-se a outros em oração. Os inimigos não compartilham objetivos. É assim que mantêm a sua inimizade. Os seus desejos separados constituem o seu arsenal: a sua fortaleza de ódio. A chave para alcançar um nível mais alto de oração, radica neste simples pensamento, nesta mudança de mentalidade:

Tu e eu caminhamos juntos

2. A partir deste momento já é possível ajudar outros a rezar. E, assim, elevares-te, tu mesmo, mais alto. Com este passo inicia-se mais rapidamente a ascensão, embora ainda muitas lições estejam por aprender. O caminho está livre e desimpedido, e há muitos motivos para te sentires esperançado. No início, porém, é provável que, inclusivamente, aquilo que é pedido por aqueles que se unem em oração não seja o objetivo a que oração deve aspirar. É possível que peçam coisas conjuntamente e, assim, dêem lugar à ilusão de que compartilham um objetivo. Talvez, conjuntamente, peçam coisas concretas, sem se darem conta de que estão a pedir efeitos que não têm causa, e que tais coisas não podem ser dadas. Assim é porque ninguém pode receber unicamente efeitos, por pedilos a uma causa de onde estes não procedem, e, portanto, não lhos pode dar.

3. Assim, pois, até o ato de união não é suficiente, se os que rezam juntos não pedem, antes de tudo o mais, para saber qual é a Vontade de Deus. Apenas desta causa pode proceder a resposta na qual todas as coisas concretas são satisfeitas e todos os desejos separados se unificam. A oração que pede coisas concretas sempre está a pedir que, de alguma maneira, se repita o passado. Aquilo que de desfrutou previamente ou pareceu desfrutar-se, ou o que era de outro e a pessoa creu amar, não são senão ilusões do passado. O propósito da oração é libertar o presente das cadeias das ilusões do passado: permitir que o presente seja um remédio que se escolhe livremente para que substitua toda e qualquer decisão errada. O que este tipo de oração pode oferecer excede em tal medida tudo quanto pediste antes, que seria uma pena que te contentasses com menos.
O Canto da Oração


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