quinta-feira, 13 de maio de 2010

A justificativa do perdão


1. A raiva nunca é justificada. O ataque não tem fundamento. É aqui que o escape do medo começa e ele será completado. Aqui o mundo real é dado em troca dos sonhos de terror. É nisso que o perdão se baseia e é apenas natural. Não te é pedido que ofereças o perdão quando o ataque é devido e seria justificado. Isso significaria que perdoas um pecado sem ver o que realmente existe. Isso não é perdão. Pois isso implicaria em que, por responder de uma forma que não é justificada, o teu perdão viria a ser a respos­ta ao ataque que foi feito. E assim o perdão é impróprio, pois está sendo concedido onde não é devido.

2. O perdão sempre é justificado. Ele tem um fundamento seguro. Tu não perdoas o imperdoável, nem deixas de ver um ataque real que pede punição. A salvação não está em seres solicitado a dar respostas não-naturais, impróprias para o que é real. Ao contrá­rio, ela apenas pede que respondas de maneira apropriada ao que não é real, por não perceberes, o que não ocorreu. Se o “perdão fosse” injustificado, seria pedido a ti que sacrificasses os teus direi­tos quando retribuis o ataque com o perdão. Mas meramente te é solicitado que vejas o perdão como a reação natural à aflição que se baseia no erro e assim clama por ajuda. O perdão é a única resposta sã. Ele impede que os teus direitos sejam sacrificados.

3. Essa compreensão é a única mudança que permite que o mundo real surja para tomar o lugar dos sonhos de terror. O medo não pode surgir a menos que o ataque seja justificado e se ele tivesse um fundamento real, o perdão não teria nenhum. O mun­do real é alcançado quando percebes que a base do perdão é bastante real e inteiramente justificada. Enquanto o consideras como uma dádiva que não é devida, ele não pode deixar de sustentar a culpa que queres “perdoar”. O perdão não justificado é ataque. E isso é tudo o que o mundo jamais poderá dar. Ele perdoa os “pe­cadores” algumas vezes, mas permanece consciente de que peca­ram. E assim eles não merecem o perdão que ele lhes dá.

4. Esse é o falso perdão que o mundo emprega para manter vivo o senso do pecado. E reconhecendo que Deus é justo, parece im­possível que o Seu perdão possa ser real. Assim, o medo de Deus é o resultado garantido de se ver o perdão como algo imerecido. Ninguém que se veja culpado é capaz de evitar o medo de Deus. Mas ele é salvo desse dilema se for capaz de perdoar. A mente não pode deixar de pensar em seu Criador enquanto olha para si mesma. Se és capaz de ver que o teu irmão merece perdão, apren­deste que o perdão é um direito teu, tanto quanto dele. Tampouco irás pensar que Deus pretende fazer para ti um julgamento ame­drontador que o teu irmão não mereça. Pois a verdade é que não podes merecer nem mais nem menos do que ele.

5. O perdão reconhecido como merecido curará. Ele dá ao mila­gre a sua força para não ver ilusões. É desse modo que aprendes que tu também tens que estar perdoado. Não pode haver nenhu­ma aparência que não possa deixar de ser vista. Pois se houvesse, seria necessário, em primeiro lugar, que houvesse algum pecado que estivesse além do perdão. Nesse caso haveria um erro que seria mais do que um equívoco, uma forma especial de erro que permaneceria imutável, eterna e além de toda correção ou escapa­tória. Aí haveria um equívoco com o poder de desfazer a criação e fazer um mundo que pudesse substituí-la e destruir a Vontade de Deus. Somente se isso fosse possível, poderiam existir aparências capazes de fazer face ao milagre e não serem curadas por ele.

6. Não existe prova mais garantida de que a idolatria é o teu dese­jo do que a crença segundo a qual existem certas formas de doen­ça e de ausência de alegria que o perdão não é capaz de curar. Isso significa que preferes manter alguns ídolos e não estás pre­parado por enquanto para permitir que todos desapareçam. E assim pensas que algumas aparências são reais e absolutamente não são aparências. Não te enganes a respeito do significado de qualquer crença fixa segundo a qual é mais difícil olhar para o que está além de algumas aparências do que de outras. Isso sempre significa que pensas que o perdão tem que ser limitado. E estabe­leceste uma meta de perdão parcial e o escapar da culpa não pode deixar de estar limitado para ti. O que pode isso significar exceto que o perdão que concedes a ti mesmo e a todas as pessoas que parecem estar à parte de ti é falso?

7. Não pode deixar de ser verdade que o milagre pode curar to­das as formas de doença ou não pode curar nenhuma. Seu pro­pósito não pode ser julgar que formas são reais e que aparências são verdadeiras. Se uma aparência tem que permanecer à parte da cura, uma ilusão tem que ser parte da verdade. E não pode­rias escapar de toda a culpa, mas só de parte dela. Tens que perdoar o Filho de Deus inteiramente. Se não o fizeres manterás uma imagem de ti mesmo que não é íntegra e continuarás com medo de olhar para dentro e lá achar um meio de escapar de todos os ídolos. A salvação baseia-se na fé segundo a qual não podem haver formas de culpa que não podes perdoar. E assim não podem existir aparências que tenham substituído a verdade sobre o Filho de Deus.

8. Olha para o teu irmão com a disposição de vê-lo como ele é. E não excluas nenhuma parte dele da tua disponibilidade para que ele seja curado. Curar é tornar íntegro. E o que é íntegro não pode ter partes faltando que tenham sido mantidas do lado de fora. O perdão baseia-se no reconhecimento disso e no contenta­mento pelo fato de que não pode haver formas de doença que o milagre não tenha o poder de curar.

9. O Filho de Deus é perfeito, ou ele não pode ser o Filho de Deus. Tampouco o conhecerás, se pensas que ele não merece escapar da culpa em todas as suas conseqüências e suas formas. Não existe nenhum outro modo de pensar nele a não ser esse, se quiseres conhecer a verdade sobre ti mesmo.

Pai, eu Te dou graças pelo Teu Filho per­feito e, na sua glória, eu verei a minha.


Eis aqui a alegre declaração de que não existem formas de mal que possam prevalecer sobre a Vontade de Deus; o feliz recon­hecimento de que a culpa não teve sucesso no teu desejo de fazer com que as ilusões fossem reais. E o que é isso senão uma sim­ples declaração da verdade?

10. Olha para o teu irmão com essa esperança em ti e compreende­rás que ele não poderia cometer um erro que fosse capaz de mu­dar a verdade nele. Não é difícil deixar de ver equívocos que não tiveram quaisquer efeitos. Mas, o que vês como se tivesse poder para fazer um ídolo do Filho de Deus, tu não irás perdoar. Pois ele virá a ser para ti uma imagem esculpida e um sinal da morte. É esse o teu salvador? O seu Pai está errado à respeito de Seu Filho? Ou tu estás enganado em relação àquele que te foi dado para curar, para a tua salvação e libertação?


Um Curso Em Milagres


 

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