quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Oração - V. O final da escadaria


1. A oração é uma via para a verdadeira humildade. E aqui se eleva de novo, lentamente, tornando-se mais forte, amorosa e santa. Mas permite que abandone o chão desde onde inicia a sua ascensão para Deus, para que a verdadeira humildade venha, finalmente, para honrar a mente que pensou que enfrentava o mundo sozinha. A humildade traz paz porque não afirma que tens de governar o universo e julgar todas as coisas como tu quererias que fossem. A humildade deixa de lado, gostosamente, todos os deuses insignificantes, não com ressentimento, mas com honestidade, reconhecendo que não têm qualquer serventia.

2. As ilusões e a humildade têm objectivos tão díspares que não podem coexistir nem partilhar um espaço onde possam estar juntas. Onde uma delas se apresenta, a outra desaparece. Aqueles que são verdadeiramente humildes não têm outro objetivo que não seja Deus, porque não têm necessidade de ídolos e, portanto, defesas não fazem sentido. A partir daqui, ter inimigos não serve para nada, pois humildade não se opõe a nada. Não se esconde envergonhada porque está satisfeita com o que é, por saber que a criação é a Vontade de Deus. A sua falta de egoísmo é o que é o Ser e é isto que vê em cada encontro no qual, gostosamente, se une a cada Filho de Deus, cuja natureza reconhece e partilha com ele.

3. A oração afasta-se agora do mundo das coisas, dos corpos e dos deuses de qualquer tipo, e, finalmente, podes descansar na santidade. A humildade veio para te ensinar a entender a glória que é tua por seres um Filho de Deus, e a reconhecer a arrogância do pecado. Um sonho ocultou, de ti, o rosto de Cristo. Mas, agora, podes contemplar a sua impecabilidade. A escadaria chegou bem alto. Estás quase no Céu. É muito pouco o que te falta aprender antes que a jornada termine. Agora, podes dizer a que quem se une a ti em oração:


Não posso ir a nenhum lado sem ti, pois tu és parte de mim.

E isto está certo. Agora, somente podes rezar por aquilo que partilhas com ele, pois deste-te conta que ele nunca se foi embora, e tu, que parecias estar só, és um com ele.

4. Este é o fim da escadaria, pois já não é necessário aprender. Agora, encontras-te ante as portas do Céu, com o teu irmão ao teu lado. Os jardins são amplos e serenos, lá onde, há muito tempo, te espera o lugar designado para o momento em que haverias de vir. Lá, o tempo terminará para sempre. Nestas mesmas portas a própria eternidade unir-se-á a ti. A oração converteu-se naquilo para que foi concebida, pois reconheceste o Cristo em Ti.

O Canto da Oração


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