domingo, 30 de janeiro de 2011

Percepção e escolha


1. Na medida em que valorizas a culpa, nessa medida irás perceber um mundo no qual o ataque é justificado. Na medida em que reconheces que a culpa é sem significado, nesta medida perceberás que o ataque não pode ser justificado. Isso está de acordo com a lei fundamental da percepção: vês o que acreditas que esteja presente e acreditas que está porque queres que esteja. A percepção não tem outra lei senão essa. O resto simplesmente emana dessa lei para mantê-la e sustentá-la. Essa é a forma da percepção, adaptada a esse mundo, da lei mais básica de Deus: o amor cria a si mesmo e a nada além de si mesmo.

2. As leis de Deus não prevalecem diretamente em um mundo no qual a percepção domina, pois tal mundo não poderia ter sido criado pela Mente para a qual a percepção não tem significado. Entretanto, as Suas leis refletem-se em toda parte. Não que o mundo onde esse reflexo está seja, de fato, real. Mas apenas porque o Seu Filho acredita que ele seja real e Ele não poderia separar-Se inteiramente da crença de Seu Filho. Ele não poderia entrar na insanidade de Seu Filho com ele, mas podia ter a certeza de que a Sua sanidade foi com ele de modo que ele não ficasse perdido para sempre na loucura do seu desejo.

3. A percepção se baseia na escolha; o conhecimento não. O conhecimento tem apenas uma lei porque tem apenas um Criador. Mas esse mundo foi feito por dois e eles não o vêem do mesmo modo. Para cada um, ele tem um propósito diferente e para cada um ele é um meio perfeito para servir à meta em função da qual é percebido. Para o especialismo, ele é a moldura perfeita para realçá-lo, o campo de batalha perfeito para pagar o preço das suas guerras, o abrigo perfeito para ilusões que ele quer fazer com que sejam reais. Nem uma única deixa de ser mantida em sua percepção, nem uma só deixa de ser completamente justificada.

4. Há um outro Fazedor do mundo, Aquele Que simultaneamente corrige a crença louca em que alguma coisa possa ser estabelecida e mantida sem algum elo que a retenha dentro das leis de Deus; não como a lei em si mesma mantém o universo como Deus o criou, mas de alguma forma adaptada à necessidade que o Filho de Deus acredita que tem. O erro corrigido é o fim do erro. E assim Deus protegeu Seu Filho mesmo no erro.

5. Há um outro propósito no mundo feito pelo erro, porque ele tem outro Fazedor, Que é capaz de conciliar a sua meta com o propósito do Seu Criador. Em Sua percepção do mundo, nada do que é visto deixa de justificar o perdão e tudo o que se vê através da perfeita impecabilidade. Nada surge que não encontre imediatamente o perdão completo. Nada permanece, nem por um instante, que seja capaz de obscurecer a impecabilidade que brilha imutável, além das lamentáveis tentativas do especialismo de apagá-la da mente, onde ela tem que estar para iluminar o corpo em lugar dele. As lâmpadas do Céu não estão à disposição da mente para serem vistas aonde ela quiser. Se a mente escolhe vê-las em outra parte que não seja o seu próprio lar, como se iluminassem um local onde não poderiam jamais estar, então o Fazedor do mundo tem que corrigir o teu erro para que não permaneças na escuridão onde as lâmpadas não estão.

6. Cada um aqui entrou na escuridão, no entanto, ninguém entrou sozinho. Nem precisa ficar mais do que um instante. Pois veio com a Ajuda do Céu dentro de si, pronta para conduzi-lo para fora da escuridão rumo à luz a qualquer momento. O momento que ele escolhe pode ser qualquer momento, pois a ajuda está lá, apenas esperando pela sua escolha. E quando ele escolhe usar o que lhe é dado, então verá cada situação que antes imaginava como um meio para justificar a sua raiva se transformar em um evento que justifica o seu amor. Ele ouvirá claramente que os chamados para a guerra que antes escutava são realmente chamados para a paz. Ele perceberá que onde investiu o seu ataque, existe apenas um outro altar onde ele poderia ter concedido, com igual facilidade e muito maior felicidade, o perdão. E irá re-interpretar toda a tentação como apenas uma outra chance de trazer alegria a si mesmo.

7. Como é possível que uma percepção equivocada seja um pecado? Permite que todos os erros do teu irmão nada sejam para ti além de uma chance de veres as obras Daquele Que ajuda, que te são dadas para que vejas o mundo que Ele fez em vez do teu. O quê, então, se justifica em tudo isso? O que queres? Pois essas duas perguntas são uma só. E quando as vires como uma só, a tua escolha está feita. Pois é o fato de vê-las como uma só que traz a liberação da crença em que existem dois modos de ver. Esse mundo tem muito a oferecer à tua paz e muitas chances para estenderes o teu próprio perdão. Tal é o seu propósito para aqueles que querem ver a paz e o perdão descerem sobre si mesmos e lhes oferecerem a luz.

8. O Fazedor do mundo da gentileza tem perfeito poder para apagar o mundo da violência e do ódio que parece colocar-se entre tu e a Sua gentileza. Esse não está presente aos Seus olhos que sempre perdoam. E, portanto, não precisa estar presente aos teus. O pecado é a crença fixa em que a percepção não pode mudar. O que foi condenado está condenado e condenado para sempre, sendo para sempre imperdoável. Se, então, ele for perdoado, a percepção do pecado não pode deixar de ter sido errada. E assim a mudança se faz possível. O Espírito Santo, também, vê o que Ele vê como algo que está muito além da possibilidade de mudança. Mas na Sua visão o pecado não pode se intrometer, pois o pecado foi corrigido pelo que Ele vê. E assim ele não pode deixar de ter sido um erro, não um pecado. Pois o que ele clamava que nunca poderia ter havido, houve. O pecado é atacado pela punição e assim é preservado. Mas perdoá-lo é mudar a sua condição de erro para a verdade.

9. O Filho de Deus nunca poderia pecar, mas pode desejar o que iria feri-lo. E tem o poder de pensar que pode ser ferido. O que isso poderia ser senão uma percepção equivocada de si mesmo? Isso é um pecado ou um equívoco, perdoável ou não? Ele necessita de ajuda ou condenação? O teu propósito é que ele seja salvo ou condenado? Sem te esqueceres de que o que ele é para ti fará com que essa escolha seja o teu futuro. Pois tu a fazes agora, no instante em que todo o tempo vem a ser um meio para alcançar uma meta. Faze, então, a tua escolha. Mas reconhece que nessa escolha o propósito do mundo que vês é escolhido e será justificado.

Um Curso Em Milagres

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