segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A função da razão


1. A percepção seleciona e faz o mundo que vês. Ela literalmente escolhe segundo a direção da mente. As leis de tamanho, forma, brilho poderiam talvez se manter, se outras coisas fossem iguais. Elas não são iguais. Pois é muito mais provável que descubram aquilo que procuras do que aquilo que preferirias não ver. Nem todos os gritos ásperos e acessos de raiva absurdos do ego conse­guem abafar a suave e quieta Voz por Deus para aqueles que que­rem ouvi-La. A percepção é uma escolha e não um fato. Mas dessa escolha depende muito mais do que podes reconhecer por enquanto. Pois da voz que escolhes ouvir e do que escolhes ver depende inteiramente tudo o que acreditas que és. A percepção é uma testemunha apenas disso e nunca da realidade. No entanto, ela pode te mostrar as condições nas quais a consciência da reali­dade é possível ou aquelas nas quais ela nunca seria.

2. A realidade não necessita da tua cooperação para ser o que é. Mas a tua consciência da realidade necessita da tua ajuda, por­que é escolha tua. Escuta o que o ego diz e vê o que ele te dirige para ver e é certo que verás a ti mesmo de forma diminuta, vul­nerável e cheio de medo. Experimentarás depressão, um senso de indignidade e sentimentos de impermanência e irrealidade. Acreditarás que és uma vítima desamparada de forças que estão muito além do teu próprio controle e que são muito mais podero­sas do que tu. E irás pensar que o mundo que fizeste dirige o teu destino. Pois essa será a tua fé. Mas nunca acredites, por que essa é a tua fé, que ela faz a realidade.

3. Há uma outra Visão e uma outra Voz nas Quais está a tua liberdade, esperando apenas pela tua escolha. E se Nelas depositas a tua fé, perceberás um outro ser em ti. Esse outro ser vê milagres como naturais. Eles são tão simples e tão naturais para ele como é a respiração para o corpo. São a resposta óbvia para os pedidos de ajuda, a única coisa que ele faz. Os milagres não parecem naturais para o ego porque ele não compreende como mentes separadas podem influenciar umas às outras. Nem poderiam fazê-lo. Mas as mentes não podem ser separadas. Esse outro ser está perfeitamente consciente disso. E assim ele reconhece que os milagres não afetam a mente de uma outra pessoa, apenas a sua própria. Eles sempre mudam a tua mente. Não outra.

4. Não reconheces toda a extensão na qual a idéia da separação interferiu com a razão. A razão está no outro ser que cortaste da tua consciência. E nada do que permitiste que se mantivesse na tua consciência é capaz de razão. Como é possível que o segmento da mente desprovido de razão compreenda o que é a razão ou apreenda a informação que ela quer dar? Todos os tipos de questões podem surgir dentro dele, mas se a questão básica brota da razão, ele não a perguntará. Como tudo o que brota da razão, a questão básica é óbvia, simples e permanece sem ter sido colocada. Mas não penses que a razão não poderia respondê-la.

5. O plano de Deus para a tua salvação não poderia ter sido estabelecido sem a tua vontade e o teu consentimento. Ele tem que ter sido aceito pelo Filho de Deus, pois o que é a Vontade de Deus para ele não pode deixar de ser recebido. Pois a Vontade de Deus não determina nada à parte dele e nem espera no tempo para ser realizada. Portanto, o que se uniu à Vontade de Deus tem que estar em ti agora, sendo eterno. Tens que ter reservado um local no qual o Espírito Santo pode habitar e onde Ele está. Ele tem que ter estado lá desde que surgiu a necessidade de que Ele esti­vesse e essa foi suprida no mesmo instante. Isso a tua razão te diria, se escutasses. No entanto, com toda clareza, não é esse o raciocínio do ego. Que a natureza da tua razão seja alheia para o ego é a prova de que não é nele que vais achar a resposta. No entanto, se isso não pode deixar de ser assim, ela tem que existir. E se ela existe para ti e tem a tua liberdade como o propósito que lhe foi dado, tens que ser livre para achá-la.

6. O plano de Deus é simples, nunca circular e nunca auto-des­trutivo
. Ele não tem Pensamentos exceto os que extendem o Ser e nisso tem que estar incluída a tua vontade. Portanto, tem que haver uma parte de ti que conhece a Sua Vontade e a comparti­lha. Não tem significado perguntar se o que tem que ser de fato é. Mas tem significado perguntar por que não estás ciente do que és, pois isso tem que ter uma resposta, se o plano de Deus para a tua salvação é completo. E tem que ser completo, porque a sua Fonte não conhece o incompleto.

7. Onde estaria a resposta senão na Fonte? E onde estás senão lá, onde essa mesma resposta se encontra? Por conseguinte a respos­ta é a tua Identidade, que é um efeito verdadeiro dessa mesma Fonte tanto quanto a resposta, têm que estar juntas e ser a mesma. Oh, sim, conheces isso e muito mais do que apenas isso. Entretanto, qualquer parte do conhecimento ameaça a dissociação tanto quanto todo ele. E todo o conhecimento virá com qualquer uma das partes. Aqui está a parte que podes aceitar. Aquilo que a razão aponta tu podes ver, porque as testemunhas a seu favor são claras. Só os totalmente insanos podem descartá-las e disso tu já passaste. A razão é um meio que serve ao propósito do Espírito Santo por seu próprio direito. Ela não é re-interpretada e re-diri­gida a partir da meta do pecado como são os outros. Pois a razão está além da escala de meios ao alcance do ego.

8. Fé, percepção e crença podem ser mal colocadas e servir às necessidades do grande impostor tão bem quanto servem à ver­dade. Mas a razão não tem qualquer lugar na loucura e nem pode ser ajustada para se adequar aos seus fins. A fé e a crença são fortes na loucura, guiando a percepção na direção daquilo que a mente valorizou. Mas a razão não entra nisso de modo algum, pois a percepção ruiria imediatamente se a razão fosse aplicada. Não há razão na insanidade, pois ela depende inteira­mente da ausência de razão. O ego nunca a usa, porque não reconhece que ela exista. Os que são parcialmente insanos têm acesso a ela e só eles têm necessidade dela. O conhecimento não depende dela e a loucura a mantém de fora.

9. A parte da mente onde está a razão foi dedicada, pela tua von­tade em união com A do teu Pai, ao desfazer da insanidade. Aqui foi o propósito do Espírito Santo aceito e realizado, as duas coisas simultaneamente. A razão é alheia à insanidade e aqueles que a usam ganharam um meio que não se pode aplicar ao pecado. O conhecimento está muito além de qualquer tipo de consecução. Mas a razão pode servir para abrir as portas que fechaste contra ele.

10. Tu vieste para bem perto disso. A fé e a crença se deslocaram e colocaste a questão que o ego jamais perguntaria. A tua razão não te diz agora que a pergunta tem que ter vindo de alguma coisa que não conheces, mas que não pode deixar de te perten­cer? A fé e a crença, mantidas pela razão, não podem falhar em conduzir à mudança da percepção. E nesta mudança abre-se es­paço para a visão. A visão estende-se além de si mesma, assim como o propósito ao qual ela serve e todos os meios para a sua realização.

Um Curso Em Milagres

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