domingo, 30 de janeiro de 2011

Fechar a brecha


1. Não existe tempo, lugar ou estado dos quais Deus esteja au­sente. Não existe nada a ser temido. Não existe nenhuma forma na qual se possa conceber uma brecha na Integridade que Lhe é própria. A transigência que a menos importante e a menor das brechas representaria no Seu Amor eterno é completamente im­possível. Pois isso significaria que o Seu Amor seria capaz de abrigar a mais leve sugestão de ódio, que a Sua gentileza pudesse em algum momento se transformar em ataque e que a Sua pa­ciência eterna pudesse às vezes falhar. Acreditas em tudo isso sempre que percebes uma brecha entre tu e o teu irmão. Como poderias então confiar Nele? Pois assim Ele não pode deixar de decepcionar em Seu Amor. Portanto, é preciso que estejas alerta: não permitas que Ele chegue perto demais e deixa uma brecha entre tu e o Seu Amor, através da qual possas escapar se houver necessidade de fugir.

2. Aqui se vê com a maior clareza o medo de Deus. Pois o amor é traiçoeiro para aqueles que têm medo, uma vez que o medo e o ódio não podem nunca estar à parte. Ninguém que tenha ódio deixa de ter medo do amor e, por conseguinte, tem que ter medo de Deus. É certo que ele não sabe o que o amor significa. Ele teme amar e ama odiar e assim pensa que o amor é amedronta­dor, que o ódio é amor. Essa é a conseqüência que a pequena brecha necessariamente traz àqueles que a apreciam e acham que ela é a sua salvação e a sua esperança.

3. O medo de Deus! O maior obstáculo que a paz tem que atra­vessar ainda não se foi. O resto é passado, mas esse ainda per­manece para bloquear a tua estrada e fazer o caminho para a luz parecer escuro e amedrontador, perigoso e desolado. Decidiste que teu irmão é o teu inimigo. Às vezes um amigo, talvez, con­tanto que os vossos interesses separados façam com que a vossa amizade seja possível por um pequeno período de tempo. Mas não sem uma brecha, que é percebida entre tu e ele, porque ele pode se tornar de novo um inimigo. Deixaste que ele viesse para perto de ti e deste um pulo para trás; assim que tu te aproximas­te, ele instantaneamente recuou. Uma amizade cautelosa, em escala limitada e cuidadosamente restrita em quantidade veio a ser o tratado que fizeste com ele. Assim tu e teu irmão apenas com­partilharam um pacto definido, no qual uma cláusula de separa­ção foi o ponto que ambos concordaram em manter intacto. E a violação dessa cláusula era vista como um rompimento do trata­do que não seria permitido.

4. A brecha entre tu e teu irmão não diz respeito ao espaço entre dois corpos separados. E isso apenas parece estar dividindo as vossas mentes separadas. É o símbolo de uma promessa feita para que vos encontreis quando for preferível para ti e vos sepa­reis até que seja vossa escolha encontrar-vos outra vez. E então os vossos corpos parecem entrar em contato e através disso dar significado a um ponto de encontro para a união. Mas é sempre possível para ti e para ele tomar os vossos caminhos diferentes. Com a condição do “direito” da separação, tu e ele concordareis em um encontro de vez em quando e manter-vos-eis à parte um do outro nos intervalos de separação que, de fato, te protege do “sacrifício” do amor. O corpo te salva, pois ele foge do sacrifício total e te dá tempo de construir outra vez o teu ser separado, o qual acreditas verdadeiramente que diminui à medida em que tu e teu irmão vos encontrais.

5. O corpo não poderia separar a tua mente da mente do teu irmão, exceto se quisesses que ele fosse causa de separação e de distanciamento entre tu e ele. Assim lhe atribuis um poder que não está nele. E aí está o poder que o corpo tem sobre ti. Pois agora pensas que é ele que determina quando tu e teu irmão vos encontrais e que ele limita a tua capacidade de comungar mental­mente com o teu irmão. E agora ele te diz aonde ir e como chegar lá, o que é viável para empreenderes, e o que não és capaz de fazer. Ele dita o que a sua saúde é capaz de tolerar e o que irá cansá-lo e fazê-lo adoecer. E as suas fraquezas “inerentes” esta­belecem os limites do que queres fazer e mantêm o teu propósito limitado e fraco.

6. O corpo acomodar-se-á a isso, se quiseres que seja assim. Ele permitirá apenas indulgências limitadas ao “amor”, com interva­los de ódio entre eles. E ele comandará quando “amar” e quando deverás retrair-te com mais segurança para o medo. Ele ficará doente porque tu não sabes o que o amor significa. E assim tens que usar equivocadamente cada circunstância e cada pessoa que encontras e ver nelas um propósito que não é o teu.

7. Não é o amor que pede sacrifício. Mas é o medo que exige o sacrifício do amor, pois na presença do amor o medo não podo habitar. Pois para que o ódio seja mantido, o amor tem que ser temido; tem que estar presente apenas algumas vezes, outras ve­zes deve desaparecer. Assim o amor é visto como traiçoeiro por­que ele parece ir e vir de forma incerta, sem te oferecer nenhuma estabilidade. Não vês como é limitada e fraca a tua aliança, e com que freqüência exigiste que o amor fosse embora e te deixas­se serenamente só, em “paz”.

8. O corpo, inocente de qualquer meta que seja, é a tua desculpa para as várias metas que manténs e forças o corpo a manter. Não temes a sua fraqueza, mas a sua falta de força ou fraqueza. Que­res ter o conhecimento de que nada se interpõe entre tu e teu irmão? Queres saber que não existe nenhuma brecha atrás da qual possas te esconder? Há um choque que vem àqueles que aprendem que o seu salvador já não é mais seu inimigo. Há um estado de alerta que surge com o aprendizado de que o corpo não é real. E existem implicações que parecem ser feitas de medo em tomo da mensagem feliz, “Deus é Amor.”

9. Entretanto, tudo o que acontece quando a brecha se vai é a paz eterna. Nada mais do que isso e nada menos. Sem o medo de Deus, o que poderia te induzir a abandoná-lo? Que brinquedos ou truques poderiam existir na brecha capazes de te afastar por um instante do Seu Amor? Permitirias que o corpo dissesse “não” ao chamado do Céu, caso não tivesses medo de encontrar a perda do teu ser ao achar Deus? Entretanto, é possível que o teu ser se perca por se achar?

Um Curso Em Milagres

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