segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Cura e fé


1. Nós dissemos anteriormente que quando uma situação é totalmente dedicada à verdade, a paz é inevitável. Alcançá-la é o critério pelo qual a integridade da dedicação pode ser seguramente avaliada. No entanto, nós também dissemos que a paz jamais será alcançada sem fé, pois o que é dedicado à verdade como sua única meta é trazido à verdade pela fé. Essa fé abrange todas as pessoas envolvidas, pois só assim a situação é percebida de modo significativo e como um todo. E todas as pessoas têm que estar envolvidas ou a tua fé é limitada e a tua dedicação incompleta.

2. Toda situação percebida de maneira adequada, vem a ser uma oportunidade de curar o Filho de Deus. E ele é curado porque tu lhe ofereceste a fé, entregando-o ao Espírito Santo e liberando-o de todas as exigências que o teu ego faria. Assim tu o vês livre e essa visão o Espírito Santo compartilha. E uma vez que Ele a compartilha, Ele a deu e assim Ele cura através de ti. É essa união com Ele em um único propósito que faz com que esse propósito seja real, porque tu o tornas íntegro. E isso é cura. O corpo é curado porque vieste sem ele e te uniste à Mente na qual está toda a cura.

3. O corpo não pode curar, porque não pode ficar doente. Não necessita de cura. Sua saúde ou doença depende inteiramente de como a mente o percebe e do propósito para o qual a mente quer usá-lo. É óbvio que um segmento da mente pode ver-se como se estivesse separado do Propósito Universal. Quando isso ocorre, o corpo vem a ser a sua arma, usada contra esse Propósito para demonstrar o “fato” de que a separação ocorreu. O corpo assim vem a ser o instrumento da ilusão, agindo de acordo com ela, vendo o que não está presente, ouvindo o que a verdade nunca disse e comportando-se de maneira insana, pois é aprisionado pela insanidade.

4. Não deixes de ver a nossa afirmação anterior segundo a qual a falta de fé conduz diretamente a ilusões. Pois a falta de fé é a percepção de um irmão como um corpo e o corpo não pode ser usado para propósitos de união. Se, então, vês o teu irmão como um corpo, estabeleceste uma condição na qual unir-se a ele vem a ser impossível. A tua falta de fé em relação ao teu irmão te separou dele e manteve ambos à parte da cura. A tua falta de fé assim se opôs ao propósito do Espírito Santo e trouxe ilusões, centradas no corpo, para se interpor entre vós. E o corpo parecerá estar doente, pois fizeste dele um “inimigo” da cura e o oposto da verdade.

5. Não pode ser difícil reconhecer que a fé tem que ser o oposto da falta de fé. No entanto, o que é diferente na forma como elas operam é menos evidente, embora isso decorra diretamente da diferença fundamental do que são. A falta de fé sempre quer limitar e atacar; a fé, remover todas as limitações e tornar íntegro. A falta de fé quer destruir e separar; a fé quer unir e curar; a falta de fé quer interpor ilusões entre o Filho de Deus e seu Criador; a fé remover todos os obstáculos que parecem surgir entre eles. A falta de fé é totalmente dedicada às ilusões; a fé, totalmente dedicada à verdade. Dedicação parcial é impossível. A verdade é a ausência de ilusões; ilusão, a ausência de verdade. Ambas não podem estar juntas, nem podem ser percebidas no mesmo lugar. Dedicar-se a ambas é fixar uma meta para sempre impossível de ser atingida, pois parte dela é buscada através do corpo, considerado como um meio de buscar a realidade através do ataque. A outra parte quer curar e, portanto, apela para a mente e não para o corpo.

6. A concessão inevitável é a crença segundo a qual o corpo tem que ser curado, não a mente. Pois essa meta dividida deu a ambos uma realidade igual, que só seria possível se a mente fosse limitada ao corpo e dividida em pequenas partes de aparente integridade, mas sem conexão. Isso não fará dano no corpo, mas manterá em mente o sistema de pensamento delusório. Aqui, então, a cura é necessária. E é aqui que está a cura. Pois Deus não concedeu a cura como algo à parte da doença, nem colocou o remédio onde a doença não pode estar. Eles estão juntos e quando são vistos juntos, todas as tentativas de manter tanto a verdade quanto a ilusão em mente, onde ambas necessariamente estão, são reconhecidas como tentativas dedicadas à ilusão e são abandonadas quando trazidas à verdade e vistas como totalmente irreconciliáveis com a verdade, em qualquer aspecto ou em qualquer forma.

7. A verdade e a ilusão não têm nenhuma conexão. Isso permanecerá para sempre verdadeiro, por mais que busques conectá-las. Mas as ilusões são sempre conectadas entre si assim como a verdade. Tanto as ilusões quanto a verdade são coesas internamente, formando um sistema de pensamento completo, ainda que totalmente desconexo em relação ao outro. E perceber isso é reconhecer onde está a separação e onde ela tem que ser curada. O resultado de uma idéia nunca está separado de sua fonte. A idéia da separação produziu o corpo e permanece conectada a ele, fazendo com que o corpo seja doente devido à identificação da mente com ele. Pensas que estás protegendo o corpo ocultando essa conexão, pois escondê-la parece manter a tua identificação a salvo do “ataque” da verdade.

8. Se apenas compreendesses o quanto esse estranho ocultar feriu a tua mente e como a tua própria identificação passou a ser confusa em função disso! Não vês o quanto é grande a devastação causada pela tua falta de fé, porque a falta de fé é um ataque que parece justificado pelos seus resultados. Pois negando a fé, vês o que é indigno dela e não és capaz de olhar além das barreiras para o que está unido a ti.

9. Ter fé é curar. É o sinal de que aceitaste a Expiação para ti mesmo e, portanto, queres compartilhá-la. Através da fé, ofereceste a dádiva da liberdade em relação ao passado, que tu recebeste. Não uses nada que o teu irmão tenha feito anteriormente para condená-lo agora. Livremente escolheste não ver os seus erros, olhando além de todas as barreiras entre tu e ele e vendo a ambos como um só. E nele vês que a tua fé está plenamente justificada. Não existe justificativa para a falta de fé, mas a fé é sempre justificada.

10. A fé é o oposto do medo, tanto parte do amor quanto o medo é parte do ataque. A fé é o reconhecimento da união. É o amável reconhecimento de cada um como um Filho do teu Pai amorosíssimo, amado por Ele como tu e, portanto, amado por ti como tu mesmo. É o Seu Amor que une a ti e ao teu irmão e por Esse Amor não queres manter ninguém separado do teu. Cada um aparece exatamente como é percebido no instante santo, unido ao teu propósito de seres liberado da culpa. Vês o Cristo nele e ele é curado porque olhas para o que faz com que a fé seja para sempre justificada em todas as pessoas.

11. A fé é o dom de Deus, através Daquele que Deus te deu. A falta de fé olha para o Filho de Deus e o julga indigno do perdão. Mas através dos olhos da fé, o Filho de Deus é visto já tendo sido perdoado, livre de toda a culpa que ele colocou sobre si mesmo. A fé só o vê agora, porque não olha para o passado para julgá-lo, mas quer ver nele somente o que veria em ti. Ela não vê através dos olhos do corpo, nem olha para os corpos em busca de justificativas para si mesma. É a mensageira da nova percepção, enviada para reunir testemunhas de que ela veio e devolver suas mensagens a ti.

12. A fé é tão facilmente trocada pelo conhecimento como o mundo real. Pois a fé surge da percepção do Espírito Santo e é o sinal de que tu a compartilhas com Ele. A fé é uma dádiva que ofereces ao Filho de Deus através Dele e é totalmente aceitável para o seu Pai assim como para Ele. E, portanto, é oferecida a ti. O teu relacionamento santo, com o seu novo propósito, te oferece a fé para que a dês ao teu irmão. A tua falta de fé te separou do teu irmão e assim não reconheces a salvação nele. No entanto, a fé vos une na santidade que vêem não através dos olhos do corpo, mas no modo de ver Daquele que Se uniu a vós e em Quem vós estais unidos.

13. A graça não é dada a um corpo, mas à mente. E a mente que a recebe olha de imediato para além do corpo e vê o lugar santo onde ela foi curada. Lá está o altar onde foi dada a graça e no qual ela se encontra. Oferece, então, graça e bênção ao teu irmão, pois tu estás no mesmo altar onde a graça foi depositada para ambos. E sejais curados pela graça juntos para que possam curar através da fé.

14. No instante santo, tu e o teu irmão estão diante do altar que Deus ergueu a Si próprio e a vós. Deixai a falta de fé de lado e vinde a ele juntos. Lá vereis o milagre do vosso relacionamento tal como foi refeito através da fé. E é lá que vais reconhecer que não existe nada que a fé não possa perdoar. Nenhum erro interfere com o que ela vê com calma, trazendo o milagre da cura com a mesma facilidade a todos eles. Pois os mensageiros do amor fazem o que são enviados para fazer, trazendo de volta a boa nova de que isso foi feito a ti e ao teu irmão que estais juntos diante do altar do qual eles foram enviados.

15. Assim como a falta de fé manterá os teus pequenos reinos desertos e separados, a fé ajudará o Espírito Santo a preparar a terra para o mais santo dos jardins que Ele quer fazer. Pois a fé traz paz e assim invoca a verdade para que ela entre e torne belo aquilo que já foi preparado para a beleza. A verdade segue a fé e a paz, completando o processo de tornar belo que elas iniciam. Pois a fé ainda é uma meta do aprendizado, não mais necessária depois que a lição já foi aprendida. A verdade, porém, permanecerá para sempre.

16. Permite, então, que a tua dedicação seja para com o eterno e aprende como não interferir com ele e torná-lo escravo do tempo. Pois o que tu pensas que fazes com o eterno, fazes contigo mesmo. Aquele que Deus criou como Seu Filho não é escravo de nada, sendo senhor de tudo, junto com o seu Criador. Podes escravizar um corpo, mas uma idéia é livre, incapaz de ser mantida na prisão ou de qualquer modo limitada exceto pela mente que a pensou. Pois ela permanece unida à sua fonte, que é seu carcereiro ou seu libertador, de acordo com o que ela escolhe como propósito para si mesma.

Um Curso Em Milagres

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