sábado, 5 de fevereiro de 2011

A consistência entre meios e fim


1. Muito dissemos a respeito das discrepâncias entre meios e fim e de como eles têm que ser alinhados antes que o teu relacionamento santo possa te trazer só alegria. Mas nós dissemos também que o meio para cumprir a meta do Espírito Santo virá da mesma Fonte da qual vem o Seu propósito. Sendo tão simples e direto, esse curso nada tem em si que não seja consistente. As inconsistências aparentes ou aquelas partes que achas mais difíceis do que as outras são apenas indicações de áreas onde os meios e o fim ainda são discrepantes. E isso produz grande desconforto. Isso não precisa ser assim. Esse curso não requer quase nada de ti. É impossível imaginar outro que peça tão pouco ou que possa oferecer mais.

2. O período de desconforto que se segue à mudança repentina do pecado para a santidade em um relacionamento pode estar agora quase no final. Na medida em que ainda o experimentas, estás recusando-te a deixar os meios Àquele Que mudou o propósito. Reconheces que queres a meta. Não estás também disposto a aceitar os meios? Se não estás, vamos admitir que tu és inconsistente. Um propósito se atinge através de meios e se queres um propósito tens que estar disposto a querer também os meios. Como é possível uma pessoa ser sincera e dizer: ‘Quero isso acima de tudo, no entanto, não quero aprender os meios de conseguir isso?’

3. Para obter a meta, o Espírito Santo de fato pede pouco. Ele não pede mais para dar os meios também. Os meios são secundários em relação à meta. E quando hesitas é porque o propósito te assusta, não os meios. Lembra-te disso, pois de outro modo cometerás o erro de acreditar que os meios são difíceis. No entanto, como podem ser difíceis se simplesmente te são dados? Eles garantem a meta e estão perfeitamente alinhados com ela. Antes de olharmos para eles um pouco mais de perto, lembra-te que se pensas que os meios são impossíveis, a tua vontade de alcançar o propósito foi abalada. Pois se é possível alcançar uma meta, os meios para se fazer isso têm que ser igualmente possíveis.

4. É impossível ver o teu irmão sem pecado e ainda assim olhar para ele como se fosse um corpo. Isso não é perfeitamente consistente com a meta da santidade? Pois a santidade é apenas o resultado de se permitir que os efeitos do pecado sejam suspensos de forma que o que sempre foi verdadeiro seja reconhecido. Ver um corpo sem pecado é impossível, pois a santidade é positiva e o corpo é simplesmente neutro. Ele não é pecaminoso, mas também não é sem pecado. Como o nada que é, o corpo não pode ser significativamente investido dos atributos de Cristo ou do ego. Qualquer um dos dois inevitavelmente seria um erro, pois ambos colocariam os atributos onde eles não podem estar. E ambos têm que ser desfeitos para os propósitos da verdade.

5. O corpo é o meio pelo qual o ego tenta fazer com que o relacionamento não-santo pareça real. O instante não-santo é a hora dos corpos. Mas aqui o propósito é o pecado. Ele não pode ser atingido a não ser em ilusões e, assim, a ilusão de um irmão como se fosse um corpo está bastante de acordo com o propósito da não-santidade. Devido a essa consistência, o meio permanece sem ser questionado enquanto o fim é valorizado. O que se vê se adapta ao que se deseja; pois a vista sempre é secundária ao desejo. E se vês o corpo, escolheste o julgamento e não a visão. Pois a visão, como os relacionamentos, não tem nenhuma ordem. Vês ou não vês.

6. Aquele que vê o corpo de um irmão fez um julgamento sobre ele e não o vê. Ele não o vê realmente como um pecador, ele não o vê de jeito nenhum. Na escuridão do pecado, ele é invisível. Ele apenas pode ser imaginado na escuridão e é aqui que as ilusões que manténs a seu respeito não se adaptam à sua realidade. Aqui as ilusões e a realidade são mantidas separadas. Aqui as ilusões nunca são trazidas à verdade e sempre são escondidas em relação a ela. E aqui, na escuridão, a realidade do teu irmão é imaginada como um corpo, em relacionamentos não-santos com outros corpos, servindo à causa do pecado por um instante antes que ele morra.

7. Há de fato uma diferença entre esse imaginar vão e a visão. A diferença não está neles mesmos, mas no seu propósito. Não são senão meios, cada um apropriado ao fim para o qual é empregado. Nenhum dos dois pode servir ao propósito do outro, pois cada um é a escolha de um propósito, empregado em seu nome. Cada um é sem significado sem o fim para o qual foi destinado e nem tem qualquer valor como uma coisa separada, à parte da intenção. Os meios parecem reais porque a meta é valorizada. E o julgamento não tem valor a não ser que a meta seja o pecado.

8. Não se pode olhar para o corpo a não ser através do julgamento. Ver o corpo é sinal de que te falta visão e de que negaste o meio que o Espírito Santo te oferece para servir ao Seu propósito. Como é possível que um relacionamento santo atinja seu propósito através dos meios do pecado? O julgamento, tu ensinaste a ti mesmo; a visão é aprendida com Ele, Que quer desfazer o teu ensinamento. A Sua visão não pode ver o corpo porque não pode olhar para o pecado. E assim ela te conduz à realidade. O teu irmão santo não é nenhuma ilusão e vê-lo é a tua liberação. Tenta não vê-lo na escuridão, pois lá o que imaginas a seu respeito parecerá real. Fechaste os teus olhos para excluí-lo. Tal foi o teu propósito e enquanto esse propósito parecer ter um significado, os meios para alcançá-lo serão avaliados como dignos de serem vistos e, assim, tu não verás.

9. A tua questão não deveria ser ‘Como posso ver o meu irmão sem o corpo?’ Apenas pergunta: ‘Realmente desejo vê-lo sem pecado?’ E ao perguntares, não te esqueças de que é vendo a sua impecabilidade que tu escaparás do medo. A salvação é a meta do Espírito Santo. O meio é a visão. Pois aqueles que vêem, olham para o que é sem pecado. Ninguém que ame pode julgar e o que ele vê está livre de qualquer condenação. E o que ele vê, ele não fez, pois lhe foi dado para que ele veja, assim como lhe foi dada a visão que fez com que fosse possível ver.

Um Curso Em Milagres

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