segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O local do encontro


1. Como todas as pessoas ligadas a esse mundo defendem amar­gamente o especialismo que querem que seja a verdade! Seu de­sejo é lei para elas e o obedecem. Nada que o seu especialismo exija deixa de ser dado. Nada do que ele precise, elas negam ao que amam. E enquanto ele as chama, não ouvem nenhuma outra Voz. Nenhum esforço é grande demais, nenhum custo muito alto, nenhum preço muito caro para salvar o seu especialismo do me­nor arranhão, do mais leve ataque, da dúvida sussurrada, da suspeita de ameaça, de qualquer coisa que não seja a mais profunda reverência. Esse é o teu filho, amado por ti como és amado por teu Pai. No entanto, ele está no lugar das tuas criações que, de fato, são um filho para ti de modo que possas compartilhar a Pa­ternidade, de Deus, não arrancá-la Dele. O que é esse filho que fizeste para ser a tua força? O que é essa criança feita de terra sobre a qual tanto amor é dissipado? O que é essa paródia da criação de Deus que toma o lugar das tuas? E onde estão elas, agora que o anfitrião de Deus encontrou outro filho, o qual ele prefere?

2. A memória de Deus não brilha sozinha. O que está dentro do teu irmão contém ainda toda a criação, tudo o que foi criado e que está ainda criando, o que já nasceu e ainda por nascer, tudo o que ainda está no futuro ou aparentemente no passado. O que está nele é imutável e a tua imutabilidade é reconhecida no reconhecimento disso. A santidade em ti pertence a ele. E se a vês nele, ela retoma a ti. Todo o tributo que deste ao especialismo pertence a ele e assim retorma a ti. Todo o amor e todo o cuidado, a forte proteção, o pensamento dia e noite, a profunda preocupação, a poderosa convição de que aquilo é o que tu és, tudo isso pertence a ele. Tudo o que deste ao especialismo pertence a ele. E nada do que é devido a ele deixa de ser devido a ti.

3. Como podes conhecer o teu valor se o especialismo te reivindica em seu lugar? Como podes deixar de conhecê-lo na santidade do teu irmão? Não busques tornar verdadeiro o teu especialis­mo, pois se fosse assim, estarias realmente perdido. Ao contrá­rio, que sejas grato porque te é dado ver a sua santidade, porque é verdade. E o que é verdadeiro nele tem que ser igualmente verdadeiro em ti.

4. Pergunta a ti mesmo o seguinte: tu és capaz de proteger a men­te? O corpo, sim, um pouco; não do tempo, mas temporariamen­te. E muito do que pensas que estás protegendo estás ferindo. Para quê irias protegê-lo? Pois nessa escolha se encontram tanto a sua saúde quanto o seu dano. Protege-o para mostrá-lo como isca para pegar outro peixe, para abrigar o teu especialismo em melhor estilo ou para tecer uma moldura de beleza em torno do teu ódio e o condenas à decadência e à morte. E se vês esse propósito no corpo do teu irmão, tal é a tua condenação do teu próprio. Ao contrário, tece uma moldura de santidade em torno do teu irmão para que a verdade possa brilhar sobre ele e salvar a ti da deterioração.

5. O Pai mantém o que Ele criou a salvo. Não podes tocar o que Ele criou com as falsas idéias que fizeste, porque não foste criado por ti. Não permitas que as tuas tolas fantasias te assustem. O que é imortal não pode ser atacado; o que é apenas temporal não tem efeito. Só o propósito que vês em cada coisa tem significado e se esse significado for verdadeiro, a sua segurança descansa na certeza. Se não for, não tem propósito e não é um meio para coisa alguma. Qualquer coisa que seja percebida como um meio para a verdade compartilha da santidade dela e descansa na luz, com tanta segurança quanto a própria verdade. Essa luz também não se apagará quando ela se for. O seu propósito santo lhe deu imor­talidade, colocando uma outra luz no Céu, onde as tuas criações reconhecem uma dádiva vinda de ti, um sinal de que não as es­queceste.

6. O teste para todas as coisas na terra é simplesmente esse: “Para quê serve isso?” A resposta faz com que sejam o que são para ti. Elas não têm significado em si mesmas, entretanto, tu podes lhes dar realidade de acordo com o propósito ao qual serves. Aqui és apenas um meio, junto com elas. Deus é um Meio assim como Fim. No Céu, meios e fim são um só e um com Ele. Esse é o estado da verdadeira criação, que não é encontrado no tempo, mas na eternidade. Não se pode descrever isso a ninguém aqui. Também não existe nenhuma maneira de se aprender o que significa essa condição. Não enquanto tu não ultrapassares o aprendizado e chegares ao que te é Dado, não enquanto não fizeres de novo um lar santo para as tuas criações; só depois disso, ela será compreendida.

7. Um co-criador com o Pai tem que ter um Filho. Entretanto, um Filho tem que ter sido criado como Ele próprio. Um ser perfeito, que tudo abrange e por tudo é abrangido, no qual não há nada a acrescentar e nada que possa ser retirado; um ser que não nasceu do que tem tamanho, nem em lugar algum, nem em tempo algum, nem preso a limites, nem a nenhuma espécie de incertezas. Aqui os meios e o fim se unem em um só e esse não tem fim. Tudo isso é verdadeiro, no entanto, não tem significado para qualquer pes­soa que ainda retenha em sua memória uma lição não aprendida, um pensamento de propósito ainda incerto ou um desejo com o objetivo dividido.

8. Esse curso não faz qualquer tentativa de ensinar o que não pode ser facilmente aprendido. O seu alcance não excede o teu próprio, a não ser para dizer que o que é teu virá a ti quando estiveres pronto. Aqui os meios e o propósito estão separados porque foram feitos assim e assim percebidos. E, portanto, nós lidamos com eles como se fossem. É essencial que se mantenha em mente que toda percepção ainda está de cabeça para baixo até que seu propósito seja compreendido. A percepção não parece ser um meio. E é isso que torna difícil apreender a quanto ela depende do propósito que tu vês nela. A percepção parece te ensinar o que vês. No entanto, não faz senão testemunhar o que ensinaste. É a figura exterior de um desejo, uma imagem que tu querias que fosse verdadeira.

9. Olha para ti mesmo e verás um corpo. Olha para esse corpo sob uma luz diferente e ele te parecerá diferente. E sem uma luz ele parecerá ter sumido. Entretanto, és reassegurado de que ele está presente porque ainda és capaz de senti-lo com as tuas mãos e ouvi-lo movimentar-se. Aqui está uma imagem que tu queres que seja o teu próprio ser. É o meio para fazer com que o teu desejo se realize. Ele dá os olhos com os quais olhá-lo, as mãos que o sentem e os ouvidos com os quais escutas os sons que ele faz. Ele mesmo prova a sua própria realidade a ti.

10. Assim, o corpo se torna uma teoria de ti mesmo, sem que te seja provida nenhuma evidência além dele e nenhuma escapató­ria dentro do seu modo de ver. O curso do corpo é certo quando visto através dos teus próprios olhos. Ele cresce e murcha, flores­ce e morre. E não podes conceber-te à parte dele. Tu o rotulas como pecador e odeias os seus atos, julgando-o mau. Entretanto, o teu especialismo sussurra: “Esse é o meu filho amado, no qual pus as minhas complacências.” Assim o “filho” vem a ser o meio para servir ao propósito de seu “pai”. Não é idêntico, nem mesmo parecido, mas ainda assim um meio de oferecer ao “pai” o que ele quer. Tal é o travesti da criação de Deus. Pois assim como a criação de Seu Filho deu alegria a Deus e testemunhou o Seu Amor e compartilhou o Seu propósito, do mesmo modo o corpo testemunha a idéia que o fez e fala pela sua realidade e pela sua verdade.

11. E assim são feitos dois filhos e ambos parecem caminhar sobre a terra sem um local de encontro, sem encontrar-se jamais. Um deles percebes fora de ti mesmo, o teu próprio filho amado. O outro descansa lá dentro, o Filho do Seu Pai, dentro do teu Irmão assim coma ele está em ti. A diferença entre eles não está na aparência que têm, nem no rumo que tomam e nem mesmo nas coisas que fazem. Eles têm propósitos diferentes. É isso o que faz com que se unam aos que são como eles e o que separa cada um de todos os aspectos com um propósito diferente. O Filho de Deus retém a Vontade de seu Pai. O filho do homem percebe uma vontade alheia e deseja que assim seja. E assim a sua percepção serve ao seu desejo, dando a esse desejo a aparên­cia da verdade. No entanto, a percepção pode servir a outra meta. Ela não está ligada ao especialismo senão pela tua esco­lha. E te é dado fazer uma outra escolha e usar a percepção para um propósito diferente. E o que vês servirá bem a esse propósi­to e te provará a sua realidade.

Um Curso Em Milagres




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