sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A vinda do Hóspede


1. Por que não perceberias como liberação do sofrimento o fato de aprenderes que tu és livre? Por que não aclamarias a verdade ao invés de olhá-la como um inimigo? Por que um atalho fácil, traçado com tanta clareza, que é impossível perder o caminho, parece espinhoso, duro e por demais difícil para que tu o sigas? Não será porque o vês como a estrada para o inferno, em vez de olhares para ele como um caminho simples, sem sacrifício e sem qualquer perda para que te encontres no Céu e em Deus? Até que te dês conta de que não desistes de nada, até que compreendas que não existe perda alguma, terás alguns arrependimentos acerca do caminho que escolheste. E não verás os muitos ganhos que a tua escolha te ofereceu. Entretanto, embora tu não os vejas, eles estão presentes. O que os causou teve efeitos, e eles não podem deixar de estar presentes onde a sua causa introduziu-se.



2. Aceitaste a causa da cura e, portanto, necessariamente estás curado. E estando curado, o poder de curar também tem que ser teu agora. O milagre não é uma coisa separada que acontece repentinamente, como um efeito sem uma causa. Em si mesmo, ele também não é uma causa. Mas onde está a sua causa, ele tem que estar. Nesse momento, ele já foi causado, embora ainda não seja percebido. E os seus efeitos estão presentes, embora ainda não sejam vistos. Olha para dentro agora e não contemplarás uma razão para o arrependimento, mas causa para regozijar-te, de fato, em contentamento e para teres esperança de paz.



3. Tem sido desesperador tentar achar a esperança da paz em um campo de batalha. Tem sido fútil pedir para escapar do pecado e da dor àquilo que foi feito para servir à função de reter o pecado e a dor. Pois a dor e o pecado são uma única ilusão, assim como o ódio e o medo, o ataque e a culpa são um só. Aonde eles não têm causa, os seus efeitos desaparecem e o amor necessariamente vem a qualquer lugar aonde eles não estão. Por que não estás te regozijando? Estás livre da dor e da doença, da miséria e da perda, e de todos os efeitos do ódio e do ataque. A dor não mais é tua amiga, a culpa não é mais teu deus, e deverias dar boas-vindas aos efeitos do amor.



4. O teu Hóspede veio. Tu convidaste e Ele veio. Não O ouviste entrar, pois não Lhe deste as boas-vindas totalmente. No entanto, as Suas dádivas vieram com Ele. Ele as depositou aos teus pés, e agora te pede que olhes para elas e as recebas como tuas. Ele necessita da tua ajuda para dá-las a todos os que caminham à parte, acreditando que estão separados e sozinhos. Eles serão curados quando aceitares as tuas dádivas, porque o teu Hóspede dará boas-vindas a todos cujos pés tiverem tocado a terra santa na qual tu estás e onde as Suas dádivas para eles foram depositadas.



5. Não vês quanto podes dar agora devido a tudo o que recebeste. Entretanto, Aquele Que entrou apenas espera que venhas para onde O convidaste a estar. Não existe nenhum outro lugar onde Ele possa achar o Seu anfitrião, nem onde o Seu anfitrião possa encontrá-Lo. E em nenhum outro lugar as Suas dádivas de paz e de alegria podem ser recebidas, e toda a felicidade que a Sua Presença traz pode ser obtida. Pois elas estão onde Aquele Que as trouxe Consigo está, para que possam ser tuas. Não podes ver o teu Hóspede, mas podes ver as dádivas que Ele trouxe. E quando olhares para elas acreditarás que a Sua Presença tem que estar lá. Pois o que és capaz de fazer agora não poderia ser feito sem a graça e o amor que a Sua Presença contém.



6. Tal é a promessa do Deus vivo: que o Seu Filho tenha vida e tudo o que vive seja parte dele e nenhuma outra coisa tenha vida. Aquilo a que deste “vida” não está vivo, e simboliza apenas o teu desejo de estar vivo à parte da vida, vivo na morte, com a morte percebida como vida, e o viver como morte. Aqui, confusão decorre de confusão, pois esse mundo se baseia na confusão e nada mais existe em que possa se basear. A sua base não muda, embora pareça estar em mudança constante. No entanto, o que é isso senão o que a confusão realmente significa? A estabilidade para aqueles que estão confusos não tem significado, e o deslocamento e a mudança vem a ser a lei segundo a qual eles qualificam suas vidas.



7. O corpo não muda. Ele representa o sonho maior de que a mudança é possível. Mudar é atingir um estado que não é como aquele no qual te achavas antes. Não há mudança na imortalidade e o Céu não a conhece. No entanto, aqui na terra ela tem um propósito duplo, pois pode ser feita para ensinar coisas opostas. E refletem o professor que está ensinando-as. O corpo pode parecer mudar com o tempo, com a doença ou com a saúde, e com eventos que parecem alterá-lo. Entretanto, isso significa apenas que a mente não mudou no que diz respeito à sua crença quanto ao propósito do corpo.



8. A doença é uma exigência de que o corpo seja alguma coisa que ele não é. Como o corpo não é nada, o nada é a garantia de que ele não pode ser doente. Na tua exigência de que ele seja mais do que isso está a idéia da doença. Pois ela pede que Deus seja menos do que tudo o que Ele realmente é. Então o que vem a ser de ti, já que é a ti que o sacrifício é pedido? Pois a Deus é dito que uma parte Sua não mais Lhe pertence. Deus tem que sacrificar o teu ser, e no Seu sacrifício tu te fazes maior e Deus é diminuído por ter te perdido. E o que é retirado de Deus vem a ser o teu deus, protegendo-te de ser parte Dele.



9. O corpo, ao qual se pede que seja um deus, será atacado porque o fato de que ele não é nada não foi reconhecido. E, desse modo, ele parece ser algo com poder em si mesmo. Sendo alguma coisa, ele pode ser percebido e imaginado como algo que sente e age, e te mantém em suas garras como um prisioneiro para ele mesmo. E ele pode falhar em ser aquilo que exigiste que ele fosse. E tu o odiarás pela sua pequenez, sem ter em mente que o fracasso não está no fato de que ele não é mais do que deveria ser, mas só no teu fracasso em perceber que ele não é nada. No entanto, o fato do corpo não ser nada é a tua salvação, da qual queres fugir.



10. Sendo considerado como “alguma coisa”, pede-se ao corpo que seja inimigo de Deus, substituindo o que Ele é por pequenez, limitação e desespero. É a perda de Deus que tu celebras quando contemplas o corpo como uma coisa que amas, ou quando olhas para ele como algo que odeias. Pois se Ele é a Soma de todas as coisas, então, o que não está Nele não existe, e a Sua completeza é a nulidade do teu corpo. O teu salvador não está morto e nem ele habita naquilo que foi construído como um templo à morte. Ele vive em Deus, e é isso que faz dele um salvador para contigo, e somente isso. A nulidade do corpo do teu salvador libera o teu da doença e da morte. Pois o que é teu não pode ser mais nem menos do que o que é seu.



Um Curso Em Milagres
 

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