quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A visão do salvador


1. Aprender é mudar. A salvação não busca usar meios tão estra­nhos ao teu pensamento que não te possam ser úteis, nem fazer mudanças que não serias capaz de reconhecer. Conceitos são ne­cessários enquanto dura a percepção e mudar os conceitos é tarefa da salvação. Pois ela tem que lidar com contrastes, não na verda­de, que não tem oposto e não pode mudar. Nos conceitos desse mundo, os culpados são “maus”, os “bons” são inocentes. E ninguém aqui deixa de fazer um conceito. De si mesmo no qual conta com o “bom” para lhe perdoar o “mau”. Tampouco confia no “bom” de qualquer pessoa, acreditando que o “mau” deve estar escondido atrás, pronto para atacar. Esse conceito enfatiza a traição e a confiança vem a ser impossível. Nem poderia ele mudar enquanto percebes o “mau” em ti.

2. Não poderás reconhecer os teus pensamentos “maus” enquanto vês qualquer valor no ataque. Tu os perceberás algumas vezes, mas não os verás sem significado. E assim eles vêm em forma amedrontadora, com o conteúdo ainda oculto, para abalar o teu pobre conceito de ti mesmo e torná-lo ainda mais negro com ainda outro “crime”. Não podes dar a tua inocência a ti mesmo, pois estás por demais confuso acerca de ti. Mas caso um irmão desponte na tua vista como totalmente digno de perdão, então o teu conceito de ti mesmo é totalmente mudado. Os teus pensamentos “maus” terão sido perdoados junto com os seus, porque não permitiste que nenhum deles te afetasse. Não mais escolhes ser o sinal do mal e da culpa no teu irmão. E à medida em que dás a tua confiança para o que é bom nele, tu a dás para o que é bom em ti.

3. Em termos de conceitos, é dessa forma que o vês como mais do que apenas um corpo, pois o que é bom nunca é o que o corpo parece ser. As ações do corpo são percebidas como vindas da parte “mais baixa” de ti mesmo e assim dele também. Ao focali­zar o que é o bom nele, o corpo fica cada vez menos persistente no teu modo de vê-lo e, a longo prazo, será visto como pouco mais do que uma sombra contornando o que é bom. E esse será o teu conceito de ti mesmo, quando tiveres alcançado o mundo que está além da vista que os teus olhos, por si mesmos, podem te oferecer para que vejas. Pois não interpretarás o que vês “sem a Ajuda Que Deus te deu. E no Seu modo de ver, existe um outro mundo.

4. Tu vives naquele mundo tanto quanto nesse. Pois ambos são conceitos de ti mesmo, que podem ser alternados, mas nunca con­juntamente mantidos. O contraste é muito maior do que pensas, pois amarás esse conceito de ti mesmo, porque ele não foi feito apenas para ti. Nascido como uma dádiva para alguém que não foi percebido como o teu próprio ser, ela te foi dada. Pois o teu perdão, oferecido a ele, agora foi aceito por ambos.

5. Tem fé naquele que caminha contigo de forma que o conceito amedrontador que tens de ti mesmo possa mudar. E olha para o que é bom nele de modo que possas não te assustar com os teus pensamentos “maus”, porque eles não anuviam o que tu vês nele. E tudo o que essa alteração requer é que estejas disposto que essa feliz mudança ocorra. Nada além disso é pedido. Em nome dela, lembra-te do que o conceito de ti mesmo que manténs agora te trouxe em seu rastro, e dá boas-vindas ao alegre contraste que te foi oferecido. Estende a tua mão para que possas ter a dádiva do perdão benigno que ofereces àquele, cuja necessidade de perdão é exatamente a mesma que a tua. E permite que o teu cruel concei­to de ti mesmo seja mudado para outro, aquele que traz a paz de Deus.

6. O conceito de ti mesmo que agora manténs garantiria que a tua função aqui permanecesse para sempre sem ser realizada e sem ser cumprida. E assim ele te condena a uma amarga sensação de profunda depressão e futilidade. No entanto, ele não precisa ser fixo, a não ser que escolhas mantê-lo além da esperança de ser mudado e guardá-lo estático e oculto dentro da tua mente. Em vez disso, entrega-o Àquele Que compreende as mudanças das quais ele necessita para permitir que sirva à função que te foi dada para te trazer paz, para que possas oferecer paz de modo a tê-la como tua. As alternativas estão em tua mente para serem usadas e tu podes ver a ti mesmo de outro modo. Não preferirias olhar para ti mesmo como alguém que é necessário à salvação do mun­do, ao invés de ser um inimigo da salvação?

7. O auto conceito se ergue como um escudo, uma barricada silen­ciosa diante da verdade e esconde-a da tua vista. Todas as coisas que vês são imagens, porque olhas para elas como por uma barrei­ra que diminui a tua vista e deturpa a tua visão de tal forma que nada contemplas com clareza. A luz se afasta de tudo o que vês. Na melhor das hipóteses, vislumbras uma sombra do que está além. Na pior, apenas olhas a escuridão e percebes os frutos das imaginações aterrorizadoras que vêm de pensamentos de culpa e conceitos nascidos do medo. E o que vês é o inferno, pois o medo é o inferno. Tudo o que te é dado é para a liberação: a vista, a visão e o Guia interior, todos te conduzem para fora do inferno com aqueles que amas a teu lado e o universo junto com eles.

8. Contempla o teu papel dentro do universo! À cada parte da verdadeira criação o Senhor do Amor e da Vida confiou toda a salvação da miséria do inferno. E a cada um Ele permitiu a graça de ser um salvador para as pessoas santas especialmente confiadas ao seu cuidado. E isso ele aprende quando, pela primeira vez, olha para um irmão do mesmo modo como olha para si mesmo e nele vê o espelho de si mesmo. Assim o conceito que ele fazia de si mesmo é deixado de lado, pois nada permanece entre a sua vista e aquilo que ele olha, para julgar o que contempla. E nesta única visão ele vê a face de Cristo e compreende que olha para todos ao contemplar esse. Pois há luz onde antes havia es­curidão, e agora o véu foi erguido da sua vista.

9. O véu sobre a face de Cristo, o medo de Deus e da salvação, e o amor pela culpa e pela morte, são todos nomes diferentes para um único erro: que existe um espaço entre tu e o teu irmão, man­tido à parte através de uma ilusão de ti mesmo que o mantém afastado de ti e tu afastado dele. A espada do julgamento é a arma que dás à ilusão de ti mesmo para que ela possa.lutar para guardar o espaço que mantém o teu irmão distante desocupado pelo amor. Entretanto, enquanto seguras essa espada, tens que perceber o corpo como o que tu és, pois estás fadado à permane­cer separado da vista daquele que segura o espelho para uma outra perspectiva do que ele é e, portanto, do que tu tens que ser.

10. O que é a tentação senão o desejo de permanecer no inferno e na miséria? E o que isso poderia fazer surgir senão uma imagem de ti mesmo que pode ser miserável e permanecer no inferno e na tormenta? Quem aprendeu a ver o seu irmão não deste modo salvou-se e é, portanto, um salvador para os outros. A todos Deus confiou todas as pessoas, porque um salvador parcial seria alguém apenas parcialmente salvo. As santas pessoas que Deus deu a ti para salvar são apenas todos aqueles que encontras ou contemplas sem saber quem são; todos aqueles que viste por um instante e esqueceste e aqueles que conheceste há muito tempo e aqueles que ainda irás encontrar; os esquecidos e os ainda não­ nascidos. Pois Deus te deu o Seu Filho para que tu o salves de todos os conceitos que ele jamais manteve.

11. Apesar disso, enquanto desejas permanecer no inferno, como poderias ser o salvador do Filho de Deus? Como conhecerias a sua santidade enquanto o vês à parte da tua? Pois a santidade é vista através de olhos santos que olham para a inocência interior e assim esperam vê-la em toda parte. E assim eles a fazem emer­gir em cada um que contemplam, para que ele possa ser aquilo que esperam dele. Essa é a visão do salvador: que ele veja a sua inocência em todas as pessoas que contempla e veja a sua própria privação em todos os lugares. Ele não mantém nenhum conceito de si mesmo entre os seus olhos calmos e abertos e aquilo que vê. Ele traz a luz ao que contempla para que o possa ver como real­mente é.

12. Qualquer que seja a forma que a tentação pareça tomar, ela sempre reflete apenas o desejo de ser um ser que tu não és. E desse desejo surge um conceito, ensinando que és essa coisa que desejas ser. Ele permanecerá como o teu conceito de ti mesmo até que o desejo que o gerou como um pai já não seja valorizado. Mas enquanto tu o aprecias, contemplarás o teu irmão à seme­lhança do ser que é a imagem do desejo nascido de ti. Pois o ato de ver não pode senão representar um desejo, porque não tem o poder de criar. Entretanto, ele pode olhar com amor ou olhar com ódio, dependendo apenas da tua simples escolha de querer unir-te ao que vês ou manter-te à parte e separado.

13. A visão do salvador é tão inocente em relação ao que é o teu irmão, quanto é livre de qualquer julgamento feito em relação a ti. Ela não vê passado algum em ninguém. E assim serve à men­te totalmente aberta, não anuviada por velhos conceitos e preparada para olhar apenas para aquilo que o presente mantém. Ela não pode julgar porque não conhece. E reconhecendo isso mera­mente pergunta: “Qual é o significado do que eu contemplo?” Então é dada a resposta. E a porta é mantida aberta para que a face de Cristo brilhe sobre aquele que pede, em inocência, para ver além do véu das velhas idéias e dos antigos conceitos por tanto tempo apreciados e mantidos contra a visão de Cristo em ti.

14. Assim sendo, sê vigilante contra a tentação lembrando-te de que não passa de um desejo, insano e sem significado, de fazer de ti mesmo uma coisa que não és. E pensa igualmente nessa coisa que serias em vez disso. É algo feito de loucura, dor e morte; uma coisa de traição e negro desespero, de sonhos fracassados sem nenhuma esperança remanescente, a não ser morrer e termi­nar o sonho do medo. É isso o que é a tentação, nada mais do que isso. É possível ser difícil decidir contra isso? Considera o que é a tentação e vê as alternativas reais entre as quais tu escolhes. Existem apenas duas. Não sejas enganado pelo que aparenta ser muitas escolhas. Existe o Céu ou o inferno e dentre os dois só escolhes um.

15. Não permitas que a luz do mundo, dada a ti, seja escondida do mundo. Ele necessita de luz, pois é de fato escuro e homens se desesperam porque a visão do salvador é detida e o que vêem é morte. Seu salvador está contemplando-os com olhos que não foram abertos, sem conhecer e sem ser conhecido. E eles não podem ver enquanto ele não os olha com olhos que vêem e não lhes oferece o perdão junto com o seu próprio. É possível que tu, a quem Deus diz: “Libera o meu Filho!” sejas tentado a não escu­tar, quando aprendes que és aquele para quem Ele pede libera­ção? E o que, a não ser isso, esse curso quer ensinar? E o que, a não ser isso, existe para aprenderes?

Um Curso Em Milagres

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