quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A dádiva de lírios


1. Olha para todos os adornos feitos para se pendurar pelo corpo, ou para cobri-lo, ou para serem usados por ele. Vê todas as coisas inúteis feitas para que os olhos do corpo as contemplem. Pensa nas muitas oferendas feitas para o prazer do corpo e lembra-te que todas essas coisas foram feitas para fazer parecer belo o que tu odeias. Usarias essa coisa odiada para atrair o teu irmão a ti e para atrair os olhos do seu corpo? Aprende que com isso apenas estás lhe oferecendo uma coroa de espinhos, sem reconhecê-la pelo que ela é, e tentando justificar a tua própria interpretação do valor que ela tem através da sua aceitação. Entretanto, ainda as­sim a dádiva proclama que o teu irmão não tem valor para ti, na medida em que a sua aceitação e a delícia com que ele recebe a tua dádiva são o sinal de que ele próprio se avalia como um ser sem valor.

2. Dádivas não são feitas através de corpos, se elas são verdadei­ramente dadas e recebidas. Pois corpos não podem oferecer nem aceitar; entregar nem tomar. Só a mente pode dar valor e só a mente pode decidir o que quer receber e dar. E cada dádiva que a mente oferece depende do que ela quer. Ela irá adornar a casa que escolheu com o maior cuidado, preparando-a para receber as dádivas que quer, oferecendo-as àqueles que vêm à sua casa pre­ferida ou àqueles que ela quer atrair a essa casa. E lá trocarão suas dádivas, oferecendo e recebendo aquilo que as suas mentes julgam ser digno deles.

3. Cada dádiva é uma avaliação de quem recebe e de quem dá. Ninguém vê a casa que escolheu senão como um altar a si mes­mo. Ninguém busca outra coisa senão atrair a ele os adoradores daquilo que foi colocado sobre ele, fazendo com que seja digno da sua devoção. E cada um fixou uma luz sobre o próprio altar de forma que os outros possam ver o que lá foi depositado e façam com que seja também propriamente deles. Aqui está o valor que dás ao teu irmão e a ti mesmo. Aqui está a tua dádiva a ambos, o teu julgamento sobre o Filho de Deus pelo que ele é. Não te esqueças de que é ao teu salvador que a dádiva é oferecida. Oferece-lhe espinhos e tu és crucificado. Oferece-lhe lírios e é a ti mesmo que libertas.

4. Eu tenho grande necessidade de lírios, pois o Filho de Deus não me perdoou. E posso eu oferecer-lhe perdão quando ele me oferece espinhos? Pois aquele que oferece espinhos a quem quer que seja, ainda está contra mim e quem pode ser íntegro sem ele? Sê tu o seu amigo por mim, de modo que eu possa ser perdoado e que possas olhar para o Filho de Deus como um ser íntegro. Mas, olha primeiro para o altar na casa que tu escolheste e vê o que colocaste sobre ele para oferecer a mim. Se forem espinhos, cujas pontas brilham friamente em uma luz vermelho-sangue, o corpo é a casa que escolheste e é a separação que me ofereces. E apesar disso, os espinhos desapareceram. Olha agora mais de perto para eles e verás que o teu altar já não é mais o que era.

5. Ainda olhas com os olhos do corpo e eles não podem ver senão espinhos. No entanto, pediste e recebeste um outro modo de ver. Aqueles que aceitam o propósito do Espírito Santo como o seu próprio compartilham também a Sua visão. E o que permite ao Espírito Santo ver o Seu propósito brilhar a partir de cada altar, agora é teu tanto quanto Seu. Ele não vê estranhos, só amigos muito amados e amorosos. Ele não vê espinhos, apenas lírios resplandecendo na aura gentil da paz que brilha sobre tudo o que Ele contempla e ama.
.
6. Nesta Páscoa, contempla o teu irmão com olhos diferentes. Tu me perdoaste. E apesar disso, eu não posso usar a tua dádiva de lírios enquanto tu não os vires. E nem podes usar o que eu te dei a não ser que o compartilhes. A visão do Espírito Santo não é uma dádiva vã, não é um jogo para divertir-te por algum tempo e ser posto de lado. Escuta e ouve isso com atenção: não penses nela como apenas um sonho, um pensamento leviano para brincares ou um brinquedo que de vez em quando pegas e depois deixas de lado. Pois se fizeres isso, assim será ela para ti.

7. Tens agora visão para olhar todas as ilusões deixando-as para trás. Foi dado a ti não ver espinho algum, estranho algum e nenhum obstáculo para a paz. O medo de Deus não é nada para ti agora. Quem tem medo de olhar para ilusões sabendo que o seu salvador está a seu lado? Com ele, a tua visão veio a ser o maior poder para o desfazer das ilusões que o próprio Deus poderia dar. Pois o que Deus deu ao Espírito Santo, tu recebeste. O Filho de Deus olha para ti esperando a sua liberação. Pois pediste e recebeste a força de olhar para esse obstáculo final e não ver espinhos nem cravos para crucificar o Filho de Deus e coroá-lo rei da morte.

8. A casa que escolheste fica do outro lado, além do véu. Ela foi cuidadosamente preparada para ti e está agora pronta para receber-te. Não a verás com os olhos do corpo. No entanto, tens tudo o que precisas. A tua casa tem chamado por ti desde o início dos tempos e nunca deixaste inteiramente de ouvir. Ouviste, mas não sabias como olhar, nem para onde. E agora sabes. Em ti está o conhecimento, pronto para ser desvendado e libertado de todo o terror que o manteve oculto. Não existe medo no amor. A canção da Páscoa é o alegre refrão que diz que o Filho de Deus nunca foi crucificado. Vamos elevar os nossos olhos juntos, não com medo, mas com fé. E não haverá medo em nós, pois em nossa visão não haverão ilusões, só um caminho para a porta aberta do Céu, a casa que compartilhamos em quietude e onde vivemos em gentileza e paz como um só, juntos.

9. Não queres que o teu santo irmão te conduza até lá? A sua inocência iluminará o teu caminho, oferecendo-te a luz que guia e a proteção segura e está brilhando a partir do altar santo dentro dele onde tu depositaste os lírios do perdão. Permite que ele seja para ti o salvador de todas as ilusões e olha para ele com a nova visão que olha para os lírios e te traz alegria. Nós vamos além do véu do medo, iluminando o caminho um para o outro. A santidade que nos conduz está dentro de nós assim como a nossa casa. Dessa forma nós acharemos aquilo que temos que achar segundo Aquele Que nos conduz.

10. Esse é o caminho para o Céu e para a paz da Páscoa, no qual nos unimos na consciência feliz de que o Filho de Deus ressurgiu do passado e despertou para o presente. Agora ele está livre, ilimitado em sua comunhão com tudo o que está dentro dele. Agora estão os lírios da sua inocência intocados pela culpa e perfeitamente protegidos do tremor frio do medo assim como da praga do pecado que faz tudo murchar. A tua dádiva o salvou dos espinhos e dos cravos e o seu braço forte está livre para guiar-te com segurança através deles e mais além. Caminha com ele agora em regozijo, pois aquele que salva de todas as ilusões veio para saudar-te e conduzir-te para casa com ele.

11. Aqui está o teu salvador e o teu amigo, liberado da crucificação através da tua visão e livre para conduzir-te agora aonde ele quer estar. Ele não te deixará, nem abandonará aquele que o salvou da dor. E, contentes, tu e teu irmão percorrerão juntos o caminho da inocência, cantando enquanto contemplam a porta aberta do Céu e reconhecem o lar que os chamou. Dá alegremente ao teu irmão a liberdade e a força para te conduzir até lá. E vem para estar diante do seu altar santo, onde a força e a liberdade esperam, para oferecer e receber a brilhante consciência que te conduz ao lar. A lâmpada está acesa em ti para o teu irmão. E pelas mesmas mãos que a deram a ele, tu serás conduzido além do medo até o amor.

Um Curso Em Milagres


Nenhum comentário: