quinta-feira, 29 de abril de 2010

O especialismo como um substituto para o amor


1. Amor é extensão. Deixar de dar a menor das dádivas é não conhecer o propósito do amor. O amor oferece tudo para sem­pre. Retém apenas uma crença, um oferecimento e o amor se vai, porque pediste a um substituto que tomasse o seu lugar. E agora a guerra, o substituto para a paz, não pode deixar de vir com a única alternativa que podes escolher para o amor. A tua escolha dá a essa alternativa toda a realidade que ela parece ter.

2. As crenças jamais atacarão umas às outras abertamente porque resultados conflitantes são impossíveis. Mas uma crença não re­conhecida é uma decisão de guerrear em segredo, onde os resultados do conflito permanecem desconhecidos e nunca são trazidos à razão para serem avaliados quanto ao sentido que fazem ou não. E muitos resultados sem sentido têm sido alcançados e decisões sem significado tomadas e mantidas ocultas, para virem a ser crenças às quais agora se dá o poder de dirigir todas as decisões subseqüentes. Não te enganes quanto ao poder desses guerreiros ocultos para perturbar a tua paz. Pois ela fica à sua mercê enquanto decides deixá-la lá. Os inimigos secretos da paz, a tua menor decisão de escolher o ataque em vez do amor, irreconheci­dos e ágeis para te desafiar ao combate e a uma violência muito mais inclusiva do que tu imaginas, lá estão por escolha tua. Não negues a sua presença nem os seus terríveis resultados. Tudo o que pode ser negado é a sua realidade, mas não o seu resultado.

3. Em todos os momentos, a única crença que é mantida zelosa­mente oculta e que é defendida embora não seja reconhecida, é fé no especialismo. Isso toma muitas formas, mas sempre se choca com a realidade da criação de Deus e com a grandeza que Ele deu a Seu Filho. Que outra coisa poderia justificar o ataque? Pois quem poderia odiar alguém cujo Ser é o seu próprio e a Quem conhece? Só os especiais poderiam ter inimigos, pois eles são diferentes e não o mesmo. E qualquer tipo de diferença impõe ordens de realidade e uma necessidade de julgar à qual não se pode escapar.

4. O que Deus criou não pode ser atacado, pois nada há no uni­verso que não seja como ele próprio. Mas o que é diferente exige julgamentos, que têm que vir de alguém ‘melhor’, de alguém incapaz de ser como aquilo que condena, alguém que esteja ‘aci­ma’ disso, impecável em comparação a isso. E assim o especia­lismo vem a ser um meio e um fim simultaneamente. Pois o especialismo não apenas aparta como serve de justificativa a par­tir da qual o ataque àqueles que parecem situar-se ‘abaixo’ da pessoa especial é ‘natural’ e ‘justo’. Os especiais sentem-se fra­cos e frágeis devido a diferenças, pois aquilo que quer fazer com que sejam especiais é inimigo para com eles. No entanto, eles protegem sua inimizade e o chamam de ‘amigo’. Em função dele, lutam contra o universo, pois não há nada no mundo que valorizem mais. .

5. O especialismo é o grande ditador de decisões erradas. Aqui está a grande ilusão a respeito do que tu és e do que é o teu irmão. E aqui está o que não pode deixar de fazer com que o corpo seja querido e digno de ser preservado. O especialismo tem que ser defendido. As ilusões podem atacá-lo e, de fato, o fazem. Pois o que o teu irmão não pode deixar de ser para man­ter o teu especialismo é uma ilusão. Ele, que é ‘pior’ do que tu, tem que ser atacado de maneira que o teu especialismo possa viver às custas da sua derrota. Pois o especialismo é triunfo e a tua vitória é a derrota e a vergonha do teu irmão. Como pode ele viver com todos os teus pecados sobre ele? E quem, senão tu, não pode deixar de conquistá-lo?

6. Seria possível odiar o teu irmão se tu fosses como ele? Pode­rias atacá-lo se reconhecesses que a tua jornada é com ele e rumo a uma meta que é a mesma? Tu não o ajudarias a alcançá-la de todas as formas que pudesses, se a sua realização fosse percebida como a tua? És seu inimigo no especialismo; amigo, em um pro­pósito compartilhado. O especialismo nunca pode compartilhar, pois depende de metas que só podes alcançar sozinho. E é neces­sário que ele jamais as alcance ou a tua própria meta é posta em risco. É possível que o amor tenha significado onde a meta é o triunfo? E que decisão pode ser tomada em favor disso que não vá ferir-te?

7. O teu irmão é teu amigo porque o Pai o criou como tu. Não há diferença. Tu foste dado ao teu irmão de maneira que o amor pudesse ser estendido, e não tirado do teu irmão. O que deixas de dar está perdido para ti. Deus Se deu a ti e ao teu irmão e lembrar disso é agora o único propósito que compartilhais. E assim é o único que tendes. Poderias atacar o teu irmão se tives­ses escolhido não ver especialismo algum entre tu e ele? Olha com equanimidade o que quer que seja que faz com que dês ape­nas boas-vindas parciais ao teu irmão, ou quer fazer com que penses que estás em melhor situação estando separado. Não é sempre a tua crença segundo a qual o teu especialismo fica limi­tado pelo teu relacionamento? E não é esse o ‘inimigo’ que faz de ti e do teu irmão ilusões um para o outro?

8. O medo de Deus e do teu irmão vem de cada crença não reco­nhecida no especialismo. Pois tu exiges que o teu irmão se curve a ele contra a sua vontade. E o próprio Deus tem que honrar o especialismo ou sofrer a tua vingança. Cada pontada de malícia, cada punhalada de ódio ou desejo de separar surge aqui. Pois aqui, o propósito que tu e teu irmão compartilhais vem a ser obscuro para ambos. Queres te opor a esse curso porque ele te ensina que tu e teu irmão sois iguais. Vós não tendes nenhum propósito que não seja o mesmo e nenhum que o vosso Pai não compartilhe convosco. Pois o vosso relacionamento foi limpo de metas especiais. E queres agora derrotar a meta da santidade que o Céu deu a ele? Que perspectiva pode ter o que é especial que não mude com cada golpe aparente, cada julgamento leve ou imaginário que se faz sobre ele?

9. Aqueles que são especiais têm que defender ilusões contra a verdade. Pois o que é o especialismo senão um ataque à Vontade de Deus? Tu não amas o teu irmão enquanto for isso o que queres defender contra ele. Isso é o que ele ataca e tu proteges. Aqui está a razão da batalha que promoves contra ele. Aqui, ele tem que ser teu inimigo e não teu amigo. Nunca pode haver paz entre o que é diferente. Ele é teu amigo porque vós sois o mesmo.

Um Curso Em Milagres

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