terça-feira, 13 de abril de 2010

As leis da cura


1. Esse é um curso em milagres. Como tal, as leis da cura têm que ser compreendidas antes que o propósito do curso possa ser realizado. Vamos rever os princípios que colocamos e organiza-los de uma forma que resuma tudo o que é preciso que aconteça para que a cura seja possível. Pois uma vez que é possível, ela não pode deixar de ocorrer.

2. Toda doença vem da separação. Quando a separação é negada, ela se vai. Pois se vai assim que a idéia que a trouxe é curada e substituída pela sanidade. A doença e o pecado são vistos como conseqüência e causa, em um relacionamento que é mantido fora da consciência para que ele possa ser cuidadosamente preservado da luz da razão.

3. A culpa pede punição e o seu pedido é concedido. Não na verdade, mas no mundo de sombras e ilusões construído sobre o pecado. O Filho de Deus percebeu o que ele queria ver porque a percepção é um desejo realizado. A percepção muda, tendo sido feita para tomar o lugar do conhecimento imutável. No entanto, a verdade não muda. Ela não pode ser percebida, mas apenas conhecida. O que é percebido toma muitas formas, mas nenhuma tem significado. Trazido à verdade, a sua falta de sentido é bem evidente. Mantido à parte da verdade, parece ter significado e ser real.

4. As leis da percepção são opostas à verdade e o que é verdadeiro com relação ao conhecimento não é verdadeiro com relação a coisa alguma que esteja à parte dele. Entretanto, Deus deu uma resposta ao mundo da doença que se aplica a todas as suas formas. A resposta de Deus é eterna, embora trabalhe no tempo, onde é necessária. Entretanto, porque ela é de Deus, as leis do tempo não afetam as suas obras. Ela está nesse mundo, mas não é parte dele. Pois é real e habita onde toda a realidade tem que estar. Idéias não deixam a sua fonte e os seus efeitos apenas parecem estar à parte delas. Idéias são da mente. O que é projetado para fora parece ser externo à mente, não está fora em absoluto, mas é um efeito do que está dentro e não deixou a sua fonte.

5. A resposta de Deus está onde a crença no pecado tem que estar, pois só lá os seus efeitos podem ser completamente desfeitos e deixar de ter causa. As leis da percepção têm que ser revertidas, pois são reversões das leis da verdade. As leis da verdade serão verdadeiras para sempre e não podem ser revertidas; no entanto, podem ser vistas de cabeça para baixo. E isso tem que ser corrigido exatamente onde está a ilusão da reversão.

6. É impossível que uma ilusão seja menos passível de ser conduzida à verdade do que as outras. Mas é possível que a algumas seja dado maior valor, e essas tens menos disposição de oferecer à verdade para serem curadas e ajudadas. Nenhuma ilusão contém qualquer verdade em si mesma. No entanto, algumas parecem ser mais verdadeiras do que outras, embora isso claramente não faça sentido algum. Tudo o que uma hierarquia de ilusões pode revelar é preferência, não realidade. Que relevância tem a preferência para a verdade? Ilusões são ilusões e são falsas. A tua preferência não lhes confere realidade. Nenhuma delas é verdadeira em nenhum aspecto e todas têm que se render com a mesma facilidade àquilo que Deus deu como resposta para todas elas. A Vontade de Deus é uma só. E qualquer desejo que pareça ir contra a Sua Vontade não tem fundamento na verdade.

7. O pecado não é erro, pois ele vai além da correção para a impossibilidade. Entretanto, a crença em que o pecado é real fez com que alguns erros parecessem estar para sempre além da esperança de serem curados, sendo justificativas permanentes para o inferno. Se isso fosse assim, ao Céu se oporia a própria oposição celeste, tão real quanto ele. E então a Vontade de Deus estaria partida em duas e toda a criação estaria sujeita às leis de dois poderes opostos, até que Deus se tornasse impaciente, partisse o mundo em dois e relegasse o ataque a Si Mesmo. Nesse caso, Ele de fato teria enlouquecido, proclamando que o pecado usurpou a Sua realidade e afinal trouxe o Seu Amor para ser depositado aos pés da vingança. Para um retrato de tal modo insano, se espera uma defesa insana, mas ela não pode determinar que tal retrato seja necessariamente verdadeiro.

8. Nada confere significado onde não há significado. E a verdade não necessita de defesas que façam com que ela seja verdadeira. As ilusões não têm testemunhas e não têm efeitos. Quem olha para elas apenas se ilude. O perdão é a única função aqui e serve para trazer a alegria que esse mundo nega a cada aspecto do Filho de Deus onde se pensava que o pecado reinasse. Talvez não vejas o papel que o perdão desempenha no término da morte de todas as crenças que surgem das névoas da culpa. Os pecados são crenças que impões entre tu e o teu irmão. Eles te limitam ao tempo e ao lugar e deixam um espaço pequeno para ti e outro espaço pequeno para ele. Essa separação é simbolizada, na tua percepção, por um corpo que é claramente separado, uma coisa à parte. Entretanto, o que esse símbolo representa não é senão o teu desejo de ser separado e à parte.

9. O perdão retira aquilo que está entre tu e o teu irmão. Ele é o desejo de que estejas unido a ele e não à parte. Nós o chamamos ‘desejo’ porque ele ainda concebe outras escolhas e ainda não alcançou o que está inteiramente além do mundo das opções. Entretanto, esse desejo está de acordo com o estado do Céu e não se opõe à Vontade de Deus. Embora ele ainda não te dê a tua herança plena, remove os obstáculos que colocaste entre o Céu, onde estás, e o reconhecimento de onde estás e do que és. Os fatos não mudam. Contudo, fatos podem ser negados e assim desconhecidos, embora fossem conhecidos antes de terem sido negados.

10. A salvação, perfeita e completa, não pede senão um pequeno desejo de que o que é verdadeiro seja verdadeiro, um pouco de boa vontade para não ver o que não está presente, um pequeno suspiro que fale em favor do Céu como uma preferência em vez desse mundo no qual a morte e a desolação parecem reinar. Em alegre resposta a isso a criação surgirá dentro de ti para substituir o mundo que vês pelo Céu totalmente perfeito e completo. O que é o perdão senão uma disposição da vontade para que a verdade seja verdadeira? O que pode permanecer incurado e quebrado em uma Unidade Que contém em Si todas as coisas? Não existe pecado. E todo milagre é possível no instante em que o Filho de Deus percebe que seus desejos e a Vontade de Deus são um só.

11. O que é a Vontade de Deus? A Sua Vontade é que Seu Filho tenha tudo. E isso Ele garantiu quando o criou sendo tudo. É impossível que qualquer coisa seja perdida, se o que tens é o que és. Esse é o milagre pelo qual a criação veio a ser a tua função, compartilhando-a com Deus. Ela não é compreendida à parte Dele e, portanto, não tem significado nesse mundo. Aqui, o Filho de Deus não pede muito, mas pouco demais. Ele sacrificaria a sua própria identidade com todas as coisas, para achar um pequeno tesouro só seu. E isso ele não pode fazer sem sentir isolamento, perda e solidão. Esse é o tesouro que ele buscou achar. E só poderia temê-lo. É o medo um tesouro? É possível que a incerteza seja o que queres? Ou isso é um equívoco a respeito da tua vontade e do que realmente és?

12. Vamos considerar o que é o erro, para que ele possa ser corrigido e não protegido. O pecado é a crença em que o ataque pode ser projetado para fora da mente onde surgiu essa crença. Aqui a firme convição de que idéias podem deixar a sua própria fonte se faz real e significativa. E desse erro surge o mundo do pecado e do sacrifício. Esse mundo é uma tentativa de provar a tua inocência, enquanto valorizas o ataque. O seu fracasso está no fato de que ainda te sentes culpado, embora não compreendas por quê. Os efeitos são vistos como se fossem separados de sua fonte e parecem estar além do teu poder de controlá-los ou impedi-los. O que é assim mantido à parte nunca pode unir-se.

13. Causa e efeito não são duas coisas separadas, mas uma só. Deus quer que aprendas o que sempre foi verdadeiro: que Ele te criou como parte Dele e isso ainda tem que ser verdadeiro porque idéias não deixam a sua fonte. Tal é a lei da criação: que cada idéia que a mente concebe apenas adiciona à sua abundância, nunca tira coisa alguma. Isso é tão verdadeiro em relação ao que é desejado de maneira vã, quanto ao que a vontade quer verdadeiramente, porque a mente pode desejar se enganar, mas não pode fazer de si própria o que não é. E acreditar que idéias são capazes de deixar a sua fonte é convidar ilusões a serem verdadeiras, sem sucesso. Pois nunca será possível ter sucesso na tentativa de enganar o Filho de Deus.

14. O milagre é possível quando causa e conseqüência são reunidas e não mantidas separadas. A cura dos efeitos sem a causa apenas pode deslocar os efeitos para outras formas. E isso não é liberação. O Filho de Deus jamais poderia contentar-se com menos do que a salvação plena e o escape da culpa. De outro modo, ele ainda exige ter que fazer algum sacrifício e assim nega que tudo é seu, ilimitado por qualquer tipo de perda. Um sacrifício diminuto é exatamente a mesma coisa, em seus efeitos, que toda a idéia de sacrifício. Se qualquer forma de perda é possível, então o Filho de Deus se faz incompleto e não é ele mesmo. E ele também não conhecerá a si mesmo nem reconhecerá a sua vontade. Ele renegou o seu Pai e a si mesmo e fez de ambos seus inimigos no ódio.

15. Ilusões servem ao propósito para o qual foram feitas. E de seu propósito deriva qualquer significado que pareçam ter. Deus deu a todas as ilusões que foram feitas outro propósito, que justificaria um milagre, qualquer que seja a forma que tenham tomado. Em todo milagre está toda a cura, pois Deus respondeu a todas como uma só. E o que é um para Ele tem que ser o mesmo. Se acreditas que o que é o mesmo é diferente, tu apenas te enganas. O que Deus chama como um só será para sempre um, não separado. Seu Reino é unido, assim foi criado e assim será para sempre.

16. O milagre apenas te chama pelo teu antigo Nome, o qual reconhecerás porque a verdade está na tua memória. E por esse Nome o teu irmão te chama, para a sua liberação e a tua. O Céu está brilhando sobre o Filho de Deus. Não o negues, para que possas ser liberado. A cada instante o Filho de Deus renasce até que escolha não morrer mais. Em cada desejo de ferir ele escolhe a morte em vez daquilo que é a Vontade do seu Pai para ele. Porém, cada instante lhe oferece a vida porque a Vontade do seu Pai é que ele viva.

17. Na crucificação está depositada a redenção, pois a cura não é necessária onde não existe dor nem sofrimento. O perdão é a resposta para qualquer espécie de ataque. Assim, o ataque é privado de seus efeitos e o ódio é respondido em nome do amor. A ti, a quem foi dado salvar o Filho de Deus da crucificação, do inferno e da morte, toda a glória seja dada para sempre. Pois tens poder para salvar o Filho de Deus porque foi essa a Vontade do seu Pai. E nas tuas mãos está toda a salvação, para ser tanto oferecida a ele quanto recebida por ti como uma única coisa.

18. Usar o poder que Deus te deu do mesmo modo como Ele o usaria é natural. Não é arrogante ser como Ele te criou, nem fazer uso do que Ele deu para responder a todos os equívocos do Seu Filho e libertá-lo. Mas é arrogante deixar de lado o poder que Ele te deu e escolher um pequeno desejo sem sentido no lugar da Sua Vontade. A dádiva de Deus a ti é sem limites. Não existe nenhuma circunstância à qual ela não possa responder e não existe nenhum problema que não se resolva dentro da sua luz amável.

19. Habita em paz, onde Deus quer que estejas. E sejas tu o meio pelo qual o teu irmão ache a paz na qual os teus desejos se realizem. Vamos nos unir para trazer bênçãos ao mundo do pecado e da morte. Pois o que pode salvar cada um de nós pode salvar a todos. Não há diferença entre os Filhos de Deus. A unidade que o especialismo nega irá salvá-los todos, pois o que é um não pode ter especialismo. E tudo pertence a cada um. Não existem desejos que se interponham entre um irmão e o que lhe é próprio. Tirar de um é destituir a todos. E, no entanto, abençoar apenas um dá a benção a todos em um só.

20. O teu Nome antigo pertence a todos, assim como o de todos te pertence. Chama pelo nome do teu irmão e Deus responderá, pois O chamas. Poderia Ele recusar-Se a responder quando já respondeu a todos os que chamam por Ele? Um milagre não pode fazer mudança alguma. Mas pode fazer com que o que sempre foi verdadeiro seja reconhecido por aqueles que não têm conhecimento disso e, através dessa pequena dádiva da verdade, se permite que o que sempre foi verdadeiro seja o que é, que o Filho de Deus seja ele mesmo e que toda a criação seja libertada para invocar o Nome de Deus como um só.

Um Curso Em Milagres

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