segunda-feira, 29 de março de 2010

Razão versus loucura


1. A razão não pode ver o pecado, mas pode ver erros e conduz à sua correção. Ela não os valoriza, mas valoriza a sua correção. A razão te dirá também que quando pensas que pecas, pedes ajuda. Entretanto, se não quiseres aceitar a ajuda que pedes, não acredi­tarás que ela é tua para que a dês. E assim não a darás, dessa forma mantendo o que acreditas. Pois qualquer tipo de erro não corrigido te engana em relação ao poder que está em ti para fazer a correção. Se o poder pode corrigir e não permites que ele o faça, tu o negas a ti mesmo e ao teu irmão. E se ele compartilha essa mesma crença, ambos irão pensar que estão condenados. Isso tu podes evitar para ti mesmo e para ele. Pois a razão não abriria caminho para a correção só para ti.

2. A correção não pode ser aceita ou recusada por ti sem o teu irmão. O pecado quer manter que sim. Entretanto, a razão te diz que não podes ver o teu irmão ou a ti mesmo como pecador e ainda assim perceber o outro como inocente. Quem se considera culpado e vê um mundo impecável? E quem é capaz de ver um mundo cheio de pecado e considerar a si mesmo como algo à parte? O pecado quer afirmar que tu e teu irmão não podem deixar de ser separados. Mas a razão te diz que isso tem que estar errado. Se tu e teu irmão estão unidos, como poderiam ter pensamentos privados? E como seria possível que pensamentos, que entram naquilo que apenas parece ser só teu, não tenham qualquer efeito naquilo que é teu? Se as mentes são unidas, isso é impossível.

3. Ninguém pode pensar apenas por si, assim como Deus não pensa sem Seu Filho. Só se ambos estivessem em corpos é que poderia ser assim. E nem a mente seria capaz de pensar só por si mesma a não ser que o corpo fosse a mente. Pois só os corpos podem ser separados e, portanto, irreais. A casa da loucura não pode ser a casa da razão. Apesar disso, é fácil deixar a casa da loucura se vês a razão. Não deixas a insanidade pelo fato de ires a algum outro lugar. Tu a deixas simplesmente por aceitar a ra­zão onde esteve a loucura. Loucura e razão vêem as mesmas coisas, mas é certo que olham para elas de maneira diferente.

4. A loucura é um ataque à razão que a expulsa da mente e toma o seu lugar. A razão não ataca, mas toma o lugar da loucura em quietude, substituindo a loucura caso a escolha do insano seja escutá-la. Mas os insanos não conhecem a própria vontade, pois acreditam que vêem o corpo e permitem que a sua própria loucura lhes diga que ele é real. A razão seria incapaz disso. E se queres defender o corpo contra a tua razão, não compreenderás o corpo nem a ti mesmo.

5. O corpo não te separa do teu irmão e, se pensas que ele o faz, estás insano. Mas a loucura tem um propósito e acredita que também tem os meios de fazer com que o seu propósito seja real. Ver o corpo como uma barreira entre o que a razão te diz que tem que ser unido, não pode deixar de ser insano. Também não poderias vê-lo, se ouvisses a voz da razão. Pode haver algo que esteja entre o que é contínuo? E se não há nada no meio, como é possível que o que entra em uma parte seja mantido longe das outras partes? A razão te diria isso. Mas pensa no que não podes deixar de reconhecer, se isso é assim.

6. Se escolhes o pecado ao invés da cura, queres condenar o Filho de Deus ao que nunca poderá ser corrigido. Tu lhe dizes, através da tua escolha, que ele está condenado; separado de ti e do seu Pai para sempre, sem esperança de retornar em segurança. Tu lhe ensinas isso e aprenderás com ele exatamente o que ensinaste. Pois só és capaz de ensiná-lo que ele é como tu queres que ele seja e aquilo que escolhes que ele seja, não é senão a tua escolha para ti mesmo. No entanto, não penses que isso é amedrontador. Que estás unido a ele é um fato, não uma interpretação. Como pode um fato ser amedrontador a não ser que esteja em desacordo com o que valorizas mais do que a verdade? A razão te dirá que esse fato é a tua liberação.

7. Nem tu nem o teu irmão podem ser atacados sozinhos. Mas nenhum dos dois pode aceitar um milagre em vez do ataque, sem que o outro seja abençoado por isso e curado da dor. A razão assim como o amor quer tranqüilizar-te e não busca assustar-te. O poder de curar o Filho de Deus te é dado porque ele não pode deixar de ser uno contigo. Tu és responsável pela forma como ele vê a si próprio. E a razão te diz que te é dado mudar toda a sua mente, que é una contigo em apenas um instante. E qualquer instante serve para trazer a completa correção dos seus erros e torná-lo íntegro. No instante em que escolhes deixar-te curar, nesse mesmo instante, vês toda a sua salvação completa junto com a tua. A razão te é dada para que compreendas que isso é assim. Pois a razão, benigna como é o propósito do qual ela é o meio, conduz persistentemente para longe da loucura na direção da meta da verdade. E aqui deixarás cair a carga da negação da verdade. Essa é a carga que é terrível e não a verdade.

8. Que tu e teu irmão estejam unidos é a tua salvação, a dádiva do Céu, não a dádiva do medo. O Céu parece ser uma carga para vós? Na loucura, sim. E, no entanto, o que a loucura vê tem que ser dissipado pela razão. A razão te assegura que o Céu é o que queres e tudo o que queres. Escuta Aquele Que fala com razão e traz a tua razão para que se alinhe com a Sua. Que estejas dis­posto a permitir que a razão seja o meio através do qual Ele te dirigirá quanto ao modo de deixar para trás a insanidade. Não te escondas por trás da insanidade com o fim de escapar da razão. Aquilo que a loucura quer ocultar, o Espírito Santo ainda exibe para que todos contemplem com contentamento.

9. Tu és o salvador do teu irmão. Ele é o teu. A razão fala com felicidade a respeito disso. A esse amável plano foi dado amor pelo Amor. E o que o Amor planeja é como Ele próprio nisso: sendo unido, Ele quer que aprendas o que tu não podes deixar de ser. E já que és uno com Ele, necessariamente te é dado dar o que foi dado por Ele e ainda continua sendo. Passa, nem que seja apenas um instante, na alegre aceitação do que te é dado para ser dado ao teu irmão e aprende com ele aquilo que foi dado aos dois. Dar não é mais abençoado do que receber. Mas também não é menos.

10. O Filho de Deus é sempre abençoado como um só. E à medida em que a sua gratidão vai para ti que o abençoaste, a razão te dirá que é impossível que estejas à parte da bênção. A gratidão que ele te oferece, te lembra das graças que o teu Pai te dá por com­pletá-Lo. E só aqui a razão te diz que podes compreender o que não podes deixar de ser. O teu Pai está tão perto de ti quanto o teu irmão. Entretanto, existe algo que possa estar mais perto de ti do que o teu Ser?

11. O poder que tens sobre o Filho de Deus não é uma ameaça à sua realidade. É apenas um testemunho dela. Em que outro lu­gar, senão em si próprio, poderia estar a sua liberdade, se ele já é livre? E quem poderia prendê-lo a não ser ele mesmo, se nega a própria liberdade? Não se zomba de Deus; nem tampouco Seu Filho pode ser aprisionado a não ser pelo seu próprio desejo. E é pelo seu próprio desejo que ele é liberto. Tal é a sua força e não a sua fraqueza. Ele está à mercê de si mesmo. E onde ele escolhe ser misericordioso, lá é livre. E onde, em vez disso, ele escolhe condenar, lá é mantido como um prisioneiro, esperando acorren­tado o próprio perdão a si mesmo para libertá-lo.

Um Curso Em Milagres

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