quinta-feira, 18 de março de 2010

B. O SEGUNDO OBSTÁCULO: A CRENÇA EM QUE O CORPO TEM VALOR PELO QUE OFERECE


1. Nós dissemos que a paz em primeiro lugar tem que superar o obstáculo do teu desejo de ficar livre dela. Onde a atração da culpa domina, a paz não é querida. O segundo obstáculo pelo qual a paz tem que fluir e, estreitamente relacionado com o primeiro, é a crença segundo a qual o corpo tem valor pelo que oferece. Pois aqui se faz com que a atração da culpa seja manifestada no corpo e vista nele.

2. Esse é o valor que pensas que a paz quer roubar de ti. É isso que acreditas que ela quer que deixes de possuir, deixando-te sem lar. E é por isso que queres negar um lar à paz. Esse é o “sacrifício” que sentes como se fosse grande demais para ser feito, demais para ser pedido a ti. Isso é um sacrifício ou uma liberação? O que é que o corpo te deu realmente que justifique a tua estranha crença em que nele está a salvação? Não vês que essa é a crença na morte? Aqui está o foco da percepção da expiação como assassinato. Aqui está a fonte da idéia de que o amor é medo.

3. Os mensageiros do Espírito Santo são enviados para muito além do corpo, chamando a mente para se unir em comunhão santa e estar em paz. Tal é a mensagem que eu dei a eles para ti. São apenas os mensageiros do medo que vêem o corpo, pois buscam aquilo que pode sofrer. É um sacrifício ser removido daquilo que pode sofrer? O Espírito Santo não exige de ti que sacrifiques a esperança do prazer do corpo, ele não tem nenhuma esperança de prazer. Mas também não pode trazer a ti o medo da dor. A dor é o único “sacrifício” que o Espírito Santo pede e esse Ele quer remover.

4. A paz se estende a partir de ti só para o que é eterno e ela alcança o que está fora a partir do eterno em ti. Ela flui através de todas as outras coisas. O segundo obstáculo não é mais sólido do que o primeiro. Pois não queres nem ficar livre da paz nem limitá-la. O que são esses obstáculos que queres interpor entre a paz e a continuação do trajeto da paz senão barreiras que colocas entre a tua vontade e a sua realização? Queres comunhão, não o banquete do medo. Queres salvação, não a dor da culpa. E queres o teu Pai, não um pequeno monte de barro para ser a tua casa. No teu relacionamento santo, está o Filho do teu Pai. Ele não perdeu a comunhão com Ele e nem consigo mesmo. Quando concordaste em unir-te ao teu irmão, reconheceste que isso é assim. Isso não custa nada, mas libera do custo.

5. Pagaste muito caro pelas tuas ilusões e nada daquilo por que pagaste te trouxe paz. Não estás contente que o Céu não possa ser sacrificado e que nenhum sacrifício possa ser pedido a ti? Não existe nenhum obstáculo que possas colocar diante da nossa união, pois em teu relacionamento santo eu já estou presente. Nós superaremos juntos todos os obstáculos, pois nós nos encontramos do lado de dentro da porta e não do lado de fora. Como é facilmente aberta a porta do lado de dentro, dando passagem à paz para abençoar o mundo cansado! Será que pode ser difícil para nós ultrapassarmos as barreiras juntos, se tu já te uniste ao que é sem limites? O fim da culpa está em tuas mãos para ser dado. Irias tu parar agora para procurar a culpa no teu irmão?

6. Permite que eu seja para ti o símbolo do fim da culpa e olha para o teu irmão como olharias para mim. Perdoa-me todos os pecados que pensas que o Filho de Deus cometeu. E à luz do teu perdão, ele lembrar-se-á quem ele é e esquecerá o que nunca foi. Eu peço o teu perdão, pois se tu és culpado, eu também tenho que ser. Mas se eu superei a culpa e venci o mundo, tu estavas comigo. Queres ver em mim o símbolo da culpa ou o fim da culpa, lembrando-te de que o que eu significo para ti é o que vês dentro de ti mesmo?

7. A partir do teu relacionamento santo, a verdade proclama a verdade e o amor olha para si mesmo. A salvação flui do mais profundo no interior do lar que ofereceste a meu Pai e a mim. E nós lá estamos juntos, na comunhão quieta na qual o Pai e o Filho estão unidos. Oh, vindes vós que tendes fé à santa união do Pai e do Filho em vós mesmos! E não vos mantenhais à parte do que vos é oferecido em gratidão por terdes dado à paz um lar no Céu. Enviai para todo o mundo a feliz mensagem do fim da culpa e todo o mundo responderá. Pensai na vossa felicidade quando todos vos oferecerem o testemunho do fim do pecado e vos mostrarem que o seu poder se foi para sempre. Onde pode estar a culpa, quando a crença no pecado se foi? E onde está a morte, quando seu grande advogado não mais for ouvido?

8. Perdoa-me as tuas ilusões e libera-me da punição pelo que eu não fiz. Assim aprenderás a liberdade que eu ensinei, ensinando a liberdade ao teu irmão e assim me liberando. Eu estou dentro do teu relacionamento santo, todavia, queres me aprisionar atrás dos obstáculos que ergues à liberdade e impedir o meu caminho para ti. No entanto, não é possível manter afastado Aquele Que já está presente. E Nele é possível que a nossa comunhão, na qual já estamos unidos, venha a ser o foco da nova percepção que trará luz a todo o mundo contido em ti.

i. A atração da dor

9. A tua pequena parte é apenas dar ao Espírito Santo toda a idéia de sacrifício. E aceitar a paz que Ele te dá em seu lugar, sem os limites que iriam deter a sua extensão e assim limitariam a tua consciência dela. Pois o que Ele dá tem que ser estendido, se queres ter o seu poder sem limites e usá-lo para a liberação do Filho de Deus. Não é disso que queres ficar livre e tendo isso não podes limitá-lo. Se a paz não tem um lar, tu também não tens e eu também não tenho. E Ele, Que é o nosso lar, está ao desabrigo conosco. É esse o teu desejo? Queres ser para sempre um errante em busca de paz? Queres investir a tua esperança de paz e felicidade naquilo que não pode deixar de falhar?

10. A fé no eterno é sempre justificada, pois o eterno é para sempre benigno, infinito em sua paciência e totalmente amoroso. Ele te aceitará totalmente e te dará paz. No entanto, ele só pode se unir com o que já está em paz em ti, imortal como ele próprio. O corpo não pode te trazer nem paz nem tumulto, nem alegria nem dor. É um meio e não um fim. Não tem propósito em si mesmo, mas somente aquele que lhe é dado. O corpo parecerá ser qualquer coisa que seja o meio de alcançar a meta que lhe atribuíste. Só a mente pode estabelecer um propósito e só a mente pode ver os meios para a sua realização e justificar o seu uso. Paz e culpa são ambas condições da mente a serem atingidas. E essas condições são o lar da emoção que as suscita e que é, portanto, compatível com elas.

11. Mas pensa em qual delas é compatível contigo. Aqui está a tua escolha e ela é livre. Mas tudo o que está nela virá com ela, e o que pensas que és nunca pode estar à parte dela. O corpo é o grande traidor aparente da fé. Nele está a desilusão e as sementes da falta de fé, mas só se lhe pedes o que ele não pode dar. É possível que o teu equívoco seja um motivo razoável para a depressão e a desilusão e para o ataque vingativo contra aquilo que pensas que te falhou? Não uses o teu erro como justificativa para a tua falta de fé. Não pecaste, mas tens estado equivocado naquilo que é fiel. E a correção do teu equívoco vai te dar motivos para a fé.

12. É impossível buscar o prazer através do corpo e não achar dor. É essencial que esse relacionamento seja compreendido, pois o ego o vê como prova do pecado. Ele não é realmente punitivo em absoluto. É apenas o resultado inevitável de te equacionares com o corpo, que é o convite à dor. Pois ele convida o medo a entrar e vem a ser o teu propósito. A atração da culpa tem que entrar com ele e o que quer que seja que o medo oriente o corpo a fazer é, portanto, doloroso. Ele irá compartilhar a dor de todas as ilusões e a ilusão do prazer será o mesmo que a dor.

13. Isso não é inevitável? Sob as ordens do medo, o corpo perseguirá a culpa, servindo ao seu patrão cuja atração pela culpa mantém toda a ilusão da sua existência. É isso, então, a atração da dor. Regido por essa percepção, o corpo vem a ser o servo da dor, buscando-a como um dever e obedecendo à idéia de que a dor é prazer. É essa a idéia que está por trás de todo o maciço investimento do ego no corpo. E é esse relacionamento insano que ele mantém escondido e, no entanto, se alimenta disso. A ti ele ensina que o prazer do corpo é felicidade. Entretanto, para si mesmo sussurra: “É a morte”.

14. Por que deveria o corpo ser qualquer coisa para ti? Com certeza, aquilo de que é feito não é precioso. E com a mesma certeza, ele não tem sentimento. Ele te transmite os sentimentos que queres. Como qualquer veículo de comunicação, o corpo recebe e envia as mensagens que lhe são dadas. Não tem nenhum sentimento por elas. Todo o sentimento que nelas está investido é dado pelo remetente e pelo destinatário. Tanto o ego como o Espírito Santo reconhecem isso e ambos reconhecem também que aqui o remetente e o destinatário são o mesmo. O Espírito Santo te diz isso com alegria. O ego o esconde de ti, pois quer manter-te inconsciente disso. Quem iria enviar mensagens de ódio e ataque se apenas compreendesse que essas mensagens são enviadas a si mesmo? Quem iria acusar, culpar e condenar a si mesmo?

15. As mensagens do ego sempre são enviadas para longe de ti, acreditando que por tua mensagem de ataque e culpa alguma outra pessoa, mas não tu, irá sofrer. E mesmo que sofras, ainda assim alguém irá sofrer mais. O grande enganador reconhece que não é assim, mas como “inimigo” da paz, insiste que mandes para fora todas as tuas mensagens de ódio e libertes a ti mesmo. E para convencer-te de que isso é possível, pede ao corpo que busque a dor no ataque a outra pessoa chamando-a de prazer e oferecendo-te isso como libertação do ataque.

16. Não ouças a loucura do ego e não acredites que o impossível seja verdadeiro. Não te esqueças de que o ego dedicou o corpo à meta do pecado e coloca nele toda a sua fé em que isso possa ser realizado. Seus tristes discípulos cantam continuamente os louvores do corpo em solene celebração ao domínio do ego. Ninguém pode deixar de acreditar que ceder à atração da culpa é escapar da dor. Ninguém pode deixar de considerar-se um corpo, sem o qual morreria e, no entanto, dentro do qual a morte é igualmente inevitável.

17. Não é dado aos discípulos do ego reconhecer que têm se dedicado à morte. A liberdade lhes é oferecida, mas eles não a aceitaram e aquilo que é oferecido tem que ser também recebido para ser verdadeiramente dado. Pois o Espírito Santo também é um veículo de comunicação, recebendo do Pai e oferecendo as Suas mensagens ao Filho. Como o ego, o Espírito Santo é ao mesmo tempo o remetente e o destinatário. Pois o que é enviado através Dele retoma a Ele, buscando a si mesmo ao longo do caminho e achando aquilo que busca. Da mesma forma o ego acha a morte que ele busca, devolvendo-a a ti.


Um Curso Em Milagres

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