sábado, 29 de outubro de 2011

A função especial


1. A graça de Deus descansa gentilmente em olhos que perdoam e todas as coisas para as quais eles olham falam de Deus a quem as contempla. Ele é incapaz de ver qualquer mal; nada há no mundo para ser temido e pessoa alguma é diferente dele. E as­sim como ele as ama, do mesmo modo olha para si mesmo com amor e gentileza. Ele não condenaria a si mesmo por seus equívocos assim como não quer amaldiçoar um outro. Não é um árbitro da vingança, nem alguém que puni pecados. A benignidade do seu modo de ver repousa nele mesmo com toda a ternura que oferece aos outros. Pois ele quer apenas curar e abençoar. E estando de acordo com o que Deus quer, tem o poder de curar e de abençoar todos aqueles que ele contempla com a graça de Deus sobre tudo o que vê.

2. Os olhos se habituam à escuridão e a luz brilhante do dia pare­ce dolorosa a olhos há tanto tempo acostumados com os efeitos vagos percebidos no crepúsculo. E afastam-se da luz do sol e da claridade que ela traz para aquilo que olham. A penumbra pare­ce ser melhor, mais fácil de ser vista e melhor reconhecida. De algum modo, o vago e o mais obscuro parecem mais fáceis de se olhar, menos dolorosos para os olhos do que o que é totalmente claro e sem ambigüidade. No entanto, não é para isso que servem os olhos e quem pode dizer que prefere a escuridão e afirmar que quer ver?

3. O desejo de ver chama a graça de Deus sobre os teus olhos e traz a dádiva da luz que torna a vista possível. Queres contemplar o teu irmão? Deus está contente por olhares para ele. Não é a Sua Vontade que o teu salvador não seja reconhecido por ti. Nem é Sua Vontade que o teu salvador fique sem a função que Deus lhe deu. Não deixes mais que ele seja solitário, pois solitários são aqueles que não vêem no mundo nenhuma função que possam cumprir, nenhum lugar onde sejam necessários e nenhum objetivo que só eles possam cumprir perfeitamente.

4. Tal é a benigna percepção do Espírito Santo do especialismo, o uso que Ele faz do que tu fizeste para curar ao invés de ferir. A cada um Ele dá uma função especial na salvação que só ele pode desempenhar, um papel somente dele. Nem o plano se completa enquanto ele não encontra a sua função especial e não cumpre a parte que lhe é atribuída para fazer com que ele mesmo seja completo dentro de um mundo onde reina a incompleteza.

5. Aqui, onde as leis de Deus não prevalecem de forma perfeita, ainda assim ele pode fazer uma coisa perfeita e uma escolha per­feita. E através deste ato de perfeita fé em alguém percebido como diferente de si mesmo, ele aprende que a dádiva foi dada a ele e, portanto, os dois têm que ser um só. O perdão é a única função que tem significado no tempo. E o meio que o Espírito Santo usa para traduzir o especialismo, de pecado em salvação. O perdão é para todos. Mas quando ele está em todos, está completo e todas as funções desse mundo estão completas com ele. Então, o tempo não mais existe. Entretanto, enquanto ainda se está no tempo, há muito a se fazer. E cada um tem que fazer o que lhe cabe, pois todo o plano depende da parte de cada um. Cada um tem uma parte especial no tempo, pois escolheu assim e, escolhendo assim, ele a fez para si mesmo. O seu desejo não foi negado, mas mudado em sua forma, de modo que pudesse servir ao seu irmão e a ele próprio e assim vir a ser um meio de salvar em vez de perder.

6. A salvação não é mais do que um lembrete de que esse mundo não é a tua casa. As leis que o regem não te são impostas, os seus valores não são os teus. E nada do que pensas ver nele está realmente presente de forma alguma. Isso é visto e compreendido quando cada um faz a sua parte em seu desfazer, assim como tomou parte em fazê-lo. Ele tem os meios para ambas as coisas, como sempre teve. O especialismo que ele escolheu para feri-lo Deus designou que fosse o meio da sua salvação, a partir do mesmo instante em que a escolha foi feita. Do seu pecado especial foi feita a sua graça especial. Seu ódio especial veio a ser seu amor especial.

7. O Espírito Santo necessita da tua função especial para que a Sua possa ser cumprida. Não penses que te falta um valor especial aqui. Tu o quiseste e ele te foi dado. Tudo o que fizeste pode facilmente servir bem à salvação. O Filho de Deus não é capaz de fazer nenhuma escolha que o Espírito Santo não possa empregar a seu favor e não contra ele. Só na escuridão é que o teu especialismo parece ser ataque. Na luz, tu o vês como a tua função especial no plano para salvar o Filho de Deus de todo ataque e deixar que ele compreenda que está a salvo, como sempre esteve e sempre estará tanto no tempo quanto na eternidade. Essa é a função que te é dada para o teu irmão. Toma-a gentilmente, então, das mãos do teu irmão e permite que a salvação seja perfeitamente cumprida em ti. Faze essa única coisa, para que todas as coisas te sejam dadas.

Um Curso Em Milagres

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