terça-feira, 4 de outubro de 2011

Eva e Algo de Fada

Eva a primeira.
Vozes e cantos infantis em torno dela numa ciranda.
Eva colhendo para pequenas bocas sem sorriso
um punhado de sementes no ninho das mãos.
Eva. Sempre acendendo uma luz no abismo.
Os filhos dela. E os alheios. Na mesma sombra,
mornos no peito, colados na mão...
Se dobra para que possam alcança-la.
Se multiplica para dar-se.
Eva dos botões de rosa. Da água límpida. Do pão branco.
Do afago e o caminho.
Âncora e porto. Aurora. Mel e maça em bocas secas.
Sempre com uma criança no ombro,
como São Francisco com as aves.
E os olhos mansos, com imã.
Eva, consolo e anjo bom.
Eva, a primeira.

Perpétua Flores
Janeiro 2004

*Minha tia escreveu para minha mãe este poema.

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