sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A base do sonho



1. Não é fato que nos sonhos surge um mundo que parece ser bastante real? Entretanto, pensa sobre o que é esse mundo. Claramente não é o mundo que viste antes de dormir. É mais uma distorção do mundo planejada somente em torno daquilo que terias preferido. Aqui estás “livre” para refazer qualquer coisa que aparentemente te tenha atacado e fazer dela um tributo ao teu ego, que foi ultrajado pelo “ataque”. A não ser que tenhas visto a ti mesmo como se fosses um com o ego, que sempre olha para si próprio e, portanto, para ti como alvo de ataque e alta­mente vulnerável a esse ataque, tal não seria o teu desejo.

2. Os sonhos são caóticos porque são governados pelos teus dese­jos conflitantes e não têm, portanto, qualquer preocupação com o que é verdadeiro. Eles são o melhor exemplo que poderias ter de como a percepção pode ser usada para substituir a verdade por ilusões. Não os levas a sério quando acordas, porque o fato da realidade neles ser violada de forma tão ultrajante passa a ser evidente. No entanto, são uma maneira de olhar para o mundo e de mudá-lo para agradar mais ao ego. Eles provêem exemplos gri­tantes tanto da incapacidade do ego de tolerar a realidade, quanto da tua disponibilidade para mudar a realidade a favor dele.

3. Não achas perturbadoras as diferenças entre o que vês durante o sono e ao despertares. Reconheces que o que vês quando acor­das é obliterado nos sonhos. Entretanto, ao acordares, não espe­ras que tenha desaparecido. Nos sonhos, tu arranjas tudo. As pessoas vêm a ser o que queres que sejam e o que fazem é o que tu ordenas. Nenhum limite em termos das substituições que po­des fazer te é imposto. Durante um certo tempo, é como se o mundo te fosse dado para que faças dele o que desejas. Não reconheces que o estás atacando, tentando triunfar sobre ele e fazer com que sirva a ti.

4. Os sonhos são cenas temperamentais da percepção, nos quais literalmente gritas: “Quero que seja assim!” E assim parece ser. E, no entanto, o sonho não pode fugir da sua origem. A raiva e o medo o perpassam e, em um instante, a ilusão de satisfação é invadida pela ilusão do terror. Pois o sonho de que tens a capaci­dade de controlar a realidade substituindo-a por um mundo que preferes é aterrador. As tuas tentativas de obliterar a realidade são muito amedrontadoras, mas isso não estás disposto a aceitar. E assim as substituis pela fantasia de que é a realidade que é amedrontadora e não o que queres fazer dela. E desse modo a culpa se faz real.

5. Os sonhos te mostram que tens o poder de fazer o mundo con­forme queres que ele seja e, porque o queres, tu o vês. E enquan­to o vês, não duvidas de que ele seja real. Contudo, aqui está um mundo, é óbvio que ele está dentro da tua mente, mas aparenta estar do lado de fora. Não respondes a ele como se o tivesses feito e nem reconheces que as emoções que o sonho produz ne­cessariamente vêm de ti. São as figuras no sonho e o que fazem que parecem fazer o sonho. Tu não reconheces que estás fazendo com que representem para ti, pois se reconhecesses, a culpa não seria delas e a ilusão de satisfação desapareceria. Nos sonhos, essas características não são obscuras. Pareces despertar e o so­nho se foi. Entretanto, o que falhas em reconhecer e que aquilo que causou o sonho não se foi com ele. O teu desejo de fazer um outro mundo que não é real permanece contigo. E aquilo para o qual pareces despertar, não é senão uma outra forma desse mes­mo mundo que vês nos sonhos. Todo o teu tempo é gasto em sonhar. Os teus sonhos, quando estás dormindo, e os teus so­nhos, quando estás acordado, têm formas diferentes e isso é tudo. Seu conteúdo é o mesmo. Eles são o teu protesto contra a reali­dade e a tua idéia fixa e insana de que podes mudá-la. Nos teus sonhos quando estás acordado, o relacionamento especial tem um lugar especial. Ele é o meio pelo qual tentas fazer com que os teus sonhos, enquanto estás dormindo, venham a ser verda­deiros. Disso, tu não despertas. O relacionamento especial é a tua determinação de manter-te apegado à irrealidade e impedir a ti mesmo de despertar. E enquanto deres maior valor ao sono do que ao despertar, não abrirás mão dele.

6. O Espírito Santo, sempre prático em Seu juízo, aceita os teus sonhos e os usa como um meio de fazer com que despertes. Tu os terias usado para permaneceres adormecido. Eu disse ante­riormente que a primeira mudança, antes dos sonhos desapare­cerem, é que os teus sonhos de medo são transformados em sonhos felizes. É isso o que o Espírito Santo faz no relacionamen­to especial. Ele não o destrói, nem o arranca de ti. Mas Ele o usa de um modo diferente, como uma ajuda para fazer com que o Seu propósito seja real para ti. O relacionamento especial perma­necerá, não como uma fonte de dor e culpa, mas como uma fonte de alegria e liberdade. Ele não será apenas para ti, pois é aí que está a sua miséria. Assim como a sua não-santidade o manteve como uma coisa a parte, a sua santidade virá a ser um ofereci­mento para todas as pessoas.

7. O teu relacionamento especial será um meio de desfazer a cul­pa em todas as pessoas abençoadas através do teu relacionamen­to santo. Será um sonho feliz e um sonho que irás compartilhar com todos aqueles que vierem a estar diante da tua vista. Através dele, a benção que o Espírito Santo derramou sobre ele será estendida. Não penses que Ele se esqueceu de pessoa alguma no propósito que te deu. E não penses que Ele se esqueceu de ti, a quem deu a dádiva. Ele usa todas as pessoas que O chamam como meios para a salvação de todos. E Ele despertará a todos através de ti, que ofereceste o teu relacionamento a Ele. Se ape­nas reconhecesses a Sua gratidão! Ou a minha através da Sua! Pois nós estamos unidos em um único propósito, sendo uma só mente com Ele.

8. Não permitas que o sonho assuma o controle a ponto de te fechar os olhos. Não é estranho que os sonhos possam fazer um mundo que não é real. É o desejo de faze-lo que é inacreditável. O teu relacionamento com o teu irmão agora veio a ser um relacio­namento no qual esse desejo foi removido, porque o seu propósito foi mudado de um propósito de sonhos para um propósito de verdade. Não estás certo disso, porque pensas que talvez esse seja o sonho. Estás tão habituado a escolher entre sonhos, que não vês que finalmente fizeste a escolha entre a verdade e todas as ilusões.

9. No entanto, o Céu é garantido. Isso não é um sonho. Que ele tenha vindo significa que escolheste a verdade e ela veio porque tens estado disposto a deixar que o teu relacionamento especial satisfaça as suas condições. No teu relacionamento, o Espírito Santo gentilmente colocou o mundo real, o mundo dos sonhos felizes, dos quais o despertar é tão fácil e tão natural. Pois, assim como os teus sonhos, quando estás dormindo, e os teus sonhos, quando estás acordado, representam os mesmos desejos em tua mente, também assim o mundo real e a verdade do Céu se unem na Vontade de Deus. O sonho do despertar é facilmente transfe­rido para a realidade de estares desperto. Pois esse sonho reflete a tua vontade unida à Vontade de Deus. E o que essa Vontade quer que se realize nunca deixou de estar feito.

Um Curso Em Milagres




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