quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

As crenças irreconciliáveis


1. A memória de Deus vem à mente quieta. Ela não pode vir aonde há conflito, pois uma mente em guerra contra si mesma não se lembra da gentileza eterna. Os meios da guerra não são os meios da paz e o que as pessoas voltadas para a guerra que­rem lembrar não é amor. A guerra é impossível a não ser que a crença na vitória seja valorizada. O conflito dentro de ti necessa­riamente implica no fato de que acreditas que o ego tem o poder de ser vitorioso. Por que outra razão te identificarias com ele? Com certeza, reconheces que o ego está em guerra com Deus. É certo que ele não tem nenhum inimigo. Entretanto, igualmente certa é a sua crença fixa segundo a qual ele tem um inimigo que não pode deixar de dominar e que terá sucesso.

2. Não reconheces que uma guerra contra ti mesmo seria uma guerra contra Deus? É concebível a vitória? E se fosse, seria essa uma vitória que tu quererias? A morte de Deus, se fosse possível, seria a tua morte. Isso é uma vitória? O ego sempre marcha para a derrota porque pensa que o triunfo sobre ti é possível. E Deus pensa de outro modo. Isso não é guerra, apenas uma crença lou­ca segundo a qual a Vontade de Deus pode ser atacada e derrota­da. Tu podes te identificar com essa crença, mas ela nunca será mais do que loucura. E o medo reinará na loucura e lá parecerá ter substituído o amor. Esse é o propósito do conflito. E para aqueles que pensam que isso é possível, os meios parecem reais.

3. Estejas certo de que é impossível: Deus e o ego ou tu e o ego jamais vos encontrareis. Vós pareceis vos encontrar e fazeis as vossas estranhas alianças com base no que não tem significado. Pois as vossas crenças convergem para o corpo, a casa escolhida do ego, que tu acreditas que é a tua. Vós vos encontrais num equívoco, um erro na auto-avaliação. O ego une-se com uma ilusão de ti mesmo que compartilhas com ele. E, no entanto, ilu­sões não podem se unir. Elas são a mesma e não são nada. Sua união baseia-se no nada; duas são tão insignificantes quanto uma ou mil. O ego não se une a nada, não sendo nada. A vitória que ele busca é tão sem significado quanto ele próprio.

4. Irmão, a guerra contra ti mesmo está quase no fim. O final da jornada está no lugar da paz. Não queres aceitar agora a paz que te é oferecida aqui? Esse ‘inimigo’ contra o qual lutaste, como se fosse um intruso na tua paz é transformado aqui, diante da tua vista, no doador da tua paz. O teu ‘inimigo’ era o próprio Deus, para Quem todos os conflitos, o triunfo e qualquer tipo de ataque são desconhecidos. Ele te ama perfeitamente, completamente e eternamente. O Filho de Deus em guerra contra o seu Criador é uma condição tão ridícula como seria a natureza rugindo contra o vento com raiva, proclamando que ele já não faz parte dela. Se­ria possível a natureza estabelecer isso e fazer com que fosse ver­dadeiro? Também não cabe a ti dizer o que fará parte de ti e o que será mantido à parte.

5. A guerra contra ti mesmo foi empreendida com o intuito de ensinar ao Filho de Deus que ele não é ele mesmo e não é o Filho de seu Pai. Para isso, a memória de seu Pai tem que ser esqueci­da. Ela é esquecida na vida do corpo e se pensas que és um corpo, acreditarás que a esqueceste. No entanto, a verdade nun­ca pode ser esquecida por ela mesma e tu não te esqueceste do que és. Apenas uma estranha ilusão de ti mesmo, um desejo de triunfar sobre o que tu és não se lembra.

6. A guerra contra ti mesmo não é senão a batalha de duas ilu­sões, lutando para fazer com que sejam diferentes uma da outra, acreditando que aquela que vencer será verdadeira. Não há ne­nhum conflito entre elas e a verdade. Elas também não são dife­rentes uma da outra. Ambas não são verdadeiras. E assim não importa a forma que tomam. O que as fez é insano e elas perma­necem sendo parte do que as fez. A loucura não contém nenhu­ma ameaça à realidade e não tem nenhuma influência sobre ela. As ilusões não podem triunfar sobre a verdade e nem podem ameaçá-la de forma alguma. E a realidade que negam não é par­te delas.

7. O que tu lembras é uma parte de ti. Pois não podes deixar de ser como Deus te criou. A verdade não luta contra ilusões, nem ilusões lutam contra a verdade. Ilusões apenas batalham consigo mesmas. Sendo fragmentadas, elas fragmentam. Mas a verdade é indivisível e está muito além do pequeno alcance que possam ter. Tu lembrar-te-ás do que conheces quando tiveres aprendido que não podes estar em conflito. Uma ilusão a respeito de ti mes­mo pode batalhar contra outra, entretanto, a guerra de duas ilu­sões é um estado no qual nada ocorre. Não há nenhum vencedor e não há nenhuma vitória. E a verdade permanece radiante, à parte do conflito, intocada e quieta na paz de Deus.

8. O conflito tem que se dar entre duas forças. Ele não pode exis­tir entre um poder e o nada. Não há nada que possas atacar que não seja parte de ti. E por atacares, fazes duas ilusões a respeito de ti mesmo, uma em conflito com a outra. E isso ocorre sempre que olhas para qualquer coisa que Deus criou com qualquer coisa que não seja amor. O conflito é amedrontador porque é o nasci­mento do medo. Entretanto, o que nasce do nada não pode ven­cer a realidade através de uma batalha. Por que irias preencher o teu mundo com conflitos contigo mesmo? Permite que toda essa loucura seja desfeita para ti e volta-te em paz para a lembrança de Deus, ainda brilhante na tua mente quieta.

9. Vê como o conflito de ilusões desaparece quando é trazido à verdade! Pois ele só parece ser real enquanto é visto como uma guerra entre verdades conflitantes; a vencedora será a mais verda­deira, a mais real e a conquistadora da outra que era menos real e que passa a ser uma ilusão a ser vencida. Assim, o conflito é a escolha entre ilusões, uma deverá ser coroada como real e a outra vencida e desprezada. Aqui, o Pai jamais será lembrado. No en­tanto, ilusão alguma pode invadir a Sua casa e expulsá-Lo do que Ele ama para sempre. E o que Ele ama não pode deixar de ser para sempre quieto e para sempre em paz porque é a Sua casa.

10. Tu, que és amado por Ele, não és uma ilusão, sendo tão real e tão santo quanto Ele Mesmo. A serenidade da tua certeza do Pai e de ti próprio é a casa de Ambos, Que habitam como um só e não à parte. Abre a porta da Sua santíssima casa e permite que o perdão varra todo vestígio da crença no pecado que mantém Deus sem lar e Seu Filho com Ele. Tu não és um estranho na casa de Deus. Dá boas-vindas a teu irmão no lar onde Deus o instalou em sere­nidade e paz e habita com ele. As ilusões não têm lugar onde mora o amor, protegendo-te de todas as coisas que não são verdadeiras. A paz na qual tu habitas é tão ilimitada quanto a do seu Criador e todas as coisas são dadas àqueles que querem lembrá­-Lo. O Espírito Santo vela sobre a Sua casa, seguro de que a Sua paz nunca pode ser perturbada.

11. Como é possível que o lugar onde Deus descansa se volte con­tra si mesmo e busque dominar Aquele Que ali habita? E pensa no que acontece quando a casa de Deus se percebe dividida. O altar desaparece, a luz se faz cada vez mais tênue, o templo do Santíssimo vem a ser a casa do pecado. E nada é lembrado, exce­to ilusões. Ilusões podem conflitar porque as suas formas são diferentes. E elas, de fato, batalham apenas para estabelecer qual é a forma que é verdadeira.

12. Ilusões encontram ilusões, a verdade encontra a si mesma. O encontro de ilusões conduz à guerra. A paz, olhando para si mes­ma, estende-se. A guerra é a condição na qual nasce o medo e ele cresce e busca dominar. A paz é o estado onde habita o amor e busca compartilhar a si mesmo. Conflito e paz são opostos. Onde um habita, o outro não pode estar, aonde quer que qual­quer um dos dois vá, o outro desaparece. Assim é a memória de Deus obscurecida em mentes que vieram a ser o campo de bata­lha de ilusões. Entretanto, muito além dessa guerra sem sentido, ela brilha pronta para ser lembrada quando estiveres do lado da paz.

Um Curso Em Milagres

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