sábado, 10 de julho de 2010

A impecabilidade do teu irmão


1. O oposto de ilusões não é desilusão, mas verdade. Apenas para o ego, para quem a verdade é sem significado, elas parecem ser as únicas alternativas e diferentes uma da outra. Na verdade, são a mesma. Ambas trazem a mesma quantidade de miséria, embora cada uma pareça ser o caminho para acabar com a miséria que a outra traz. Cada ilusão carrega dor e sofrimento nas dobras escuras das pesadas vestimentas nas quais esconde o nada que é. No entanto, é por essas vestimentas escuras e pesadas que estão co­bertos aqueles que buscam ilusões, escondidos da alegria da ver­dade.

2. A verdade é o oposto de ilusões porque oferece alegria. Que outra coisa senão a alegria poderia ser o oposto da miséria? Deixar um tipo de miséria e buscar outro dificilmente é uma forma de escapar. Mudar de ilusões é não fazer mudança alguma. A busca da alegria na miséria não faz sentido, pois como poderia alegria ser achada na miséria? Tudo o que é possível no escuro mundo da miséria é selecionar alguns aspectos dela, vê-los como diferentes e definir a diferença como alegria. Entretanto, perceber uma diferença onde não existe nenhuma com toda certeza falhará em fazer diferença.

3. Ilusões carregam apenas culpa e sofrimento, doença e morte para os que nelas acreditam. A forma na qual são aceitas é irrele­vante. Nenhuma forma de miséria, aos olhos da razão, pode ser confundida com alegria. A alegria é eterna. Podes, de fato, ter certeza de que qualquer felicidade aparente que não dure é real­mente medo. A alegria não vira pesar, pois o eterno não pode mudar. Mas o pesar pode virar alegria, pois o tempo dá lugar ao eterno. Só o intemporal tem que permanecer imutável, mas todas as coisas no tempo podem mudar com o tempo. Entretanto, se a mudança é para ser real e não imaginada, as ilusões têm que dar lugar à verdade e não a outros sonhos que apenas são igual­mente irreais. Isso não faz diferença.

4. A razão te dirá que a única maneira de escapar à miséria é reconhecê-la e tomar o caminho contrário. A verdade é a mesma e a miséria é a mesma, mas elas são diferentes uma da outra em to­dos os sentidos, em todas as instâncias e sem exceção. Acreditar que pode existir uma exceção é confundir o que é o mesmo com o que é diferente. Uma única ilusão, apreciada e defendida contra a verdade, faz com que toda a verdade seja sem significado e todas as ilusões reais. Tal é o poder da crença. Ela não pode fazer transigências. E a fé na inocência é fé no pecado, se a cren­ça excluir uma única coisa viva e a mantiver à parte do perdão.

5. Tanto a razão como o ego te dirão isso, mas o que eles fazem disso não é a mesma coisa. O ego te assegurará agora que é im­possível para ti não ver culpa em pessoa alguma. E se esse modo de ver é o único meio através do qual podes conseguir escapar da culpa, então a crença no pecado tem que ser eterna. Porém, a razão olha para isso de outro modo, pois a razão vê a fonte de uma idéia como aquilo que a fará verdadeira ou falsa. Isso tem que ser assim, se a idéia é como a sua fonte. Por conseguinte, diz a razão, se o escapar da culpa foi dado ao Espírito Santo como o teu propósito e por Aquele para Quem nada que seja a Sua Vontade pode ser impossível, os meios para a sua consecução são mais do que possíveis. Eles não podem deixar de estar aí e tu não podes deixar de tê-los.

6. Essa é uma época crucial nesse curso, pois aqui a separação entre tu e o ego tem que se fazer completa. Pois se tens os meios para permitir que o propósito do Espírito Santo seja realizado, eles podem ser usados. E usando-os, terás ganho fé para investir neles. Entretanto, para o ego, isso tem que ser impossível e nin­guém empreende fazer aquilo que não contém nenhuma esperança de ser realizado algum dia. Tu sabes que aquilo que é a Vontade de Deus é possível, mas aquilo que fizeste acredita que não é assim. Agora tens que escolher entre o que és e uma ilusão de ti mesmo. Não ambos, apenas um. Não faz sentido tentar evitar essa única decisão. Ela não pode deixar de ser feita. A fé e a crença podem tombar para qualquer um dos dois lados, mas a razão te diz que a miséria está apenas em um dos lados e que a alegria está no outro. )

7. Não abandones agora o teu irmão. Pois vós que sois o mesmo, não ireis decidir sozinhos nem de maneira diferente. Vós dais um ao outro ou a vida ou a morte; cada um é para o outro salvador ou juiz, oferecendo-lhe um santuário ou a condenação. Acreditarás inteiramente nesse curso ou não acreditarás em absoluto. Pois ele é totalmente verdadeiro ou totalmente falso e não se pode acredi­tar apenas parcialmente. E escaparás inteiramente da miséria ou não escaparás em absoluto. A razão te dirá que não existe terreno intermediário onde possas parar incerto para uma pausa, espe­rando para escolher entre a alegria do Céu e a miséria do inferno. Enquanto não escolhes o Céu, estás no inferno e na miséria.

8. Não há nenhuma parte do Céu que possas levar e tecer em ilusões. E nem há nenhuma ilusão com a qual possas entrar no Céu. Um salvador não pode ser um juiz, nem a misericórdia condenação. E a visão não pode levar à perdição, apenas aben­çoar. Aquele, cuja função é salvar, salvará. Como ele o fará, está além da tua compreensão, mas quando tem que ser escolha tua. Pois o tempo tu fizeste e o tempo podes comandar. Não és mais escravo do tempo do que do mundo que fizeste.

9. Vamos olhar mais de perto para toda essa ilusão segundo a qual o que fizeste tem o poder de escravizar aquele que o fez. Essa é a mesma crença que causou a separação. É a idéia sem significado segundo a qual os pensamentos podem deixar a men­te do pensador, ser diferentes dela e em oposição a ela. Se isso fosse verdadeiro, os pensamentos não seriam extensões da men­te, mas seus inimigos. E aqui mais uma vez vemos uma outra forma da mesma ilusão fundamental, que já vimos muitas vezes antes. Só se fosse possível que o Filho de Deus deixasse a Mente de Seu Pai, se fizesse diferente e se opusesse à Sua Vontade, é que seria possível que o ser que ele fez e tudo o que esse ser fez, passasse a ser seu patrão.

10. Contempla a grande projeção, mas olha-a com a decisão de que ela tem que ser curada e não com medo. Nada do que fizeste tem qualquer poder sobre ti, a não ser que ainda queiras estar à parte do teu Criador e com uma vontade oposta à Sua. Pois ape­nas se quiseres acreditar que o Seu Filho pode ser Seu inimigo é que parece possível que o que fizeste seja teu. Queres condenar a Sua alegria à miséria e fazê-Lo diferente. E toda a miséria que fizeste tem sido tua. Não estás contente em aprender que ela não é verdadeira? Não é uma boa notícia ouvir que nenhuma das ilusões que fizeste substituiu a verdade?

11. Somente os teus pensamentos têm sido impossíveis. A salvação não pode ser. É impossível olhar para o teu salvador como teu inimigo e reconhecê-lo. No entanto, é possível reconhecê-lo pelo que é, se Deus quer que seja assim. O que Deus deu ao teu relacionamento santo lá está. Pois o que Ele deu ao Espírito San­to para te dar, Ele deu. Não queres olhar para o salvador que te foi dado? E não trocarias, com gratidão, a função de executor que lhe deste por aquela que ele tem na verdade? Recebe dele o que Deus deu a ele para ti, não o que tentaste dar a ti mesmo.

12. Além do corpo que interpuseste entre tu e o teu irmão e bri­lhando na luz dourada que o alcança a partir do radiante círculo infinito que se estende para sempre, está o teu relacionamento santo, amado pelo próprio Deus. Como repousa em calma no tempo e ainda assim além, imortal mesmo na terra. Como é grande o poder que está nele! O tempo espera pela sua vontade e a terra será como ele quiser que seja. Aqui não há nenhuma vontade separada nem o desejo de que coisa alguma seja separa­da. A vontade do teu relacionamento santo não tem exceções e aquilo que ela determina é verdadeiro. Toda ilusão trazida ao perdão do teu relacionamento gentilmente deixa de ser vista e desaparece. Pois no centro dele, Cristo renasceu para iluminar o Seu próprio lar com a visão que não vê o mundo. Não queres que esse lar santo seja teu também? Não há miséria alguma aqui, mas só alegria.

13. Tudo o que precisas fazer para habitares em quietude aqui com Cristo é compartilhar a Sua visão. A Sua visão é dada a qualquer um que apenas esteja disposto a ver o seu irmão sem pecado de forma rápida e alegre. E tens que estar disposto a não excluir a ninguém, se quiseres ser inteiramente liberado de todos os efei­tos do pecado. Darias a ti mesmo um perdão parcial? Podes alcançar o Céu quando um único pecado ainda te tenta a perma­necer na miséria? O Céu é o lar da pureza perfeita e Deus o criou para ti. Olha para o teu irmão santo, tão sem pecado quanto tu mesmo e permite que ele te conduza até lá.

Um Curso Em Milagres

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