terça-feira, 13 de julho de 2010

O sonho que perdoa


1. O escravo de ídolos é um escravo voluntário. Pois ele tem que estar disposto a se inclinar em adoração diante do que não tem vida e a buscar poder no que não tem poder. O que aconteceu ao santo Filho de Deus para que esse pudesse ser o seu desejo, para que ele se deixasse cair e descer ainda mais baixo do que as pedras do chão e ficasse procurando ídolos para que eles o levantem? Ouve, então, a tua história no sonho que fizeste e pergunta a ti mesmo se não é verdade que acreditas que isso não é um sonho.

2. Um sonho de julgamento entrou na mente que Deus criou tão perfeita quanto Ele próprio. E nesse sonho, o Céu virou inferno, e fez-se de Deus um inimigo para com Seu Filho. Como pode o Filho de Deus despertar do sonho? É um sonho de julgamento. Assim é preciso que ele não julgue e despertará. Pois o sonho parecerá durar enquanto ele faz parte do sonho. Não julgues, pois aquele que julga terá necessidade de ídolos que arcarão com o julgamento impedindo que o mesmo caia sobre ele. E assim também não poderá conhecer o Ser que ele condenou. Não julgues, porque fazes de ti mesmo uma parte dos sonhos maus, onde ídolos são a tua “verdadeira” identidade e a tua salvação do julgamento é colocada sobre ti no terror e na culpa.

3. Todas as figuras no sonho são ídolos, feitos para salvar-te do sonho. Contudo, eles foram feitos para salvar-te exatamente daquilo de que fazem parte. Assim é que o ídolo mantém o sonho vivo e terrível, pois quem poderia desejar um, a não ser que estivesse no terror e no desespero? E isso o ídolo representa, e assim a idolatria dos ídolos é a idolatria do desespero e do terror, e do sonho do qual eles vêm. O julgamento é uma injustiça para com o Filho de Deus, e é justiça o fato de que aquele que o julga não escapará da penalidade que infligiu a si próprio dentro do sonho que fez. Deus sabe da justiça, não da penalidade. Mas no sonho do julgamento tu atacas e és condenado; e desejas ser o escravo de ídolos, que se interpõem entre o teu julgamento e a penalidade que ele traz.

4. Não pode haver salvação no sonho enquanto o estás sonhando. Pois os ídolos têm que fazer parte dele, para salvar-te daquilo que tu acreditas que realizaste e fizeste para fazer de ti mesmo um pecador, apagando a luz dentro de ti. Pequena criança, a luz está aqui. Tu estás apenas sonhando e os ídolos são brinquedos com os quais sonhas que estás brincando. Quem tem necessidade de brinquedos a não ser as crianças? Elas fingem que governam o mundo e dão aos seus brinquedos o poder de se locomoverem, de falarem e de pensarem, de serem e de falarem por elas. Entretanto, tudo aquilo que os seus brinquedos aparentemente fazem está nas mentes das crianças que com eles brincam. Mas elas anseiam por esquecer que elas próprias inventaram o sonho no qual os seus brinquedos são reais, e não reconhecem que os desejos que eles têm são os seus próprios.

5. Pesadelos são sonhos de crianças. Os brinquedos se voltaram contra a criança que pensou tê-los feito reais. No entanto, é possível um sonho atacar? Ou é possível um brinquedo crescer e tomar-se perigoso, ameaçador e selvagem? Nisso a criança acredita, porque tem medo de seus pensamentos e os atribui aos brinquedos em vez de a si mesma. E a realidade deles vem a ser a sua realidade, porque parecem salvá-la de seus pensamentos. Contudo, eles mantêm os seus pensamentos vivos e reais, só que vistos fora dela, onde podem voltar-se contra ela, pela traição que ela faz a eles. Ela pensa que necessita deles para poder escapar dos próprios pensamentos porque pensa que os seus pensamentos são reais. E assim ela faz de qualquer coisa um brinquedo, para fazer com que o seu mundo permaneça fora dela e brincar de ser apenas uma parte dele.

6. Há uma época em que a infância deveria passar e acabar para sempre. Não busques reter os brinquedos das crianças. Põe todos de lado, pois já não necessitas deles. O sonho do julgamento é um jogo de criança, no qual a criança vem a ser o pai, poderoso, mas com o pouco juízo de uma criança. O que a fere é destruído; o que a ajuda, abençoado. Mas isso é julgado do mesmo modo como julga uma criança, que não sabe o que fere e o que irá curar. E coisas ruins parecem acontecer e ela tem medo de todo o caos em um mundo que pensa que é governado pelas leis que ela mesma fez. No entanto, o mundo real não é afetado pelo mundo que ela pensa que é real. Tampouco as suas leis foram mudadas porque ela não as compreende.

7. O mundo real ainda é apenas um sonho. Mas as figuras mudaram. Elas não são vistas como ídolos que traem. É um sonho no qual ninguém é usado para substituir alguma outra coisa, nem interposto entre os pensamentos que a mente concebe e aquilo que ela vê. Ninguém é usado como algo que não é, pois as coisas infantis foram todas postas de lado. E o que uma vez foi um sonho de julgamento, agora mudou e veio a ser um sonho no qual tudo é alegria, porque esse é o propósito que ele tem. Só sonhos que perdoam podem entrar aqui, pois o tempo está quase no fim. E as formas que entram no sonho são agora percebidas como irmãos, não em julgamento, mas em amor.

8. Sonhos de perdão têm pouca necessidade de durar. Eles não são feitos para separar a mente daquilo que ela pensa. Eles não buscam provar que o sonho está sendo sonhado por alguma outra pessoa. E nestes sonhos ouve-se uma melodia que todos lembram, embora não a tenham ouvido desde antes do início dos tempos. O perdão, uma vez completo, traz a intemporalidade para tão perto que a canção do Céu pode ser ouvida, não com os ouvidos, mas com a santidade que nunca deixou o altar que habita para sempre profundamente dentro do Filho de Deus. E quando ele ouve essa canção outra vez, sabe que nunca deixou de ouvi-la. E onde está o tempo, quando os sonhos de julgamento foram postos de lado?

9. Sempre que sentires medo, sob qualquer forma – e tu estás amedrontado se não sentes um profundo contentamento, uma certeza de seres ajudado, uma calma segurança de que o Céu vai contigo – estejas certo de que fizeste um ídolo e acreditas que ele vai trair-te. Pois, por trás da tua esperança de que ele vá salvar-te, estão a culpa e a dor da auto-traição e da incerteza, tão profundas e amargas que o sonho não é capaz de ocultar completamente todo o teu sentimento de perdição. A tua auto-traição tem que resultar em medo, pois o medo é julgamento, levando com certeza à busca frenética de ídolos e da morte.

10. Sonhos que perdoam lembram a ti de que vives em segurança e que não atacaste a ti mesmo. Assim dissipam-se os teus terrores infantis e os sonhos vêm a ser um sinal de que fizeste um novo começo, não uma outra tentativa de adorar ídolos e manter o ataque. Sonhos que perdoam são benignos para com todas as pessoas que figuram no sonho. E assim trazem ao sonhador liberação plena dos sonhos de medo. Ele não tem medo do próprio julgamento, pois não julgou ninguém e nem buscou se liberar, através do julgamento, daquilo que o julgamento necessariamente impõe. E durante todo o tempo ele está se lembrando do que esqueceu, enquanto o julgamento parecia ser o caminho para salvá-lo da penalidade de julgar.

Um Curso Em Milagres

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