terça-feira, 1 de junho de 2010

O sacrifício desnecessário


1. Além da pobre atração do relacionamento de amor especial e sempre obscurecida por ela, está a poderosa atração do Pai pelo Filho. Não há nenhum outro amor que possa satisfazer-te porque não há nenhum outro amor. Esse é o único amor que é inteiramente dado e inteiramente retribuído. Sendo completo, ele nada pede. Sendo totalmente puro, todas as pessoas reunidas nele têm tudo. Essa não é a base de nenhum relacionamento no qual entre o ego. Pois todo relacionamento em que o ego embarca é especial.

2. O ego estabelece relacionamentos apenas para conseguir alguma coisa. E quer manter a pessoa que dá presa a ele através da culpa. É impossível para o ego entrar em qualquer relacionamento sem raiva, pois o ego acredita que a raiva faz amigos. Não é isso o que ele afirma, mas é esse o seu propósito. Pois o ego realmente acredita que pode conseguir as coisas e mantê-las fazendo com que o outro seja culpado. Essa é a sua única atração, uma atração tão fraca que não seguraria ninguém, exceto que ninguém a reconhece. Pois o ego sempre parece atrair através do amor e não tem qualquer atração para qualquer pessoa que perceba que ele atrai pela culpa.

3. A atração doentia pela culpa tem que ser reconhecida pelo que é. Pois tendo se tornado real para ti é essencial vê-la claramente e, retirando o teu investimento nela, aprender a abandoná-la. Ninguém escolheria abandonar aquilo que acredita que tenha valor. No entanto, a atração da culpa só tem valor para ti porque não olhaste para o que ela é e a julgaste completamente no escuro. À medida que a trazemos à luz, a tua única questão será a razão pela qual algum dia a quiseste. Não tens nada a perder olhando-a de olhos abertos, pois tamanha feiúra não tem lugar na tua mente santa. Esse anfitrião de Deus não pode ter nenhum investimento real nisso.

4. Dissemos antes que o ego tenta manter e aumentar a culpa, mas de tal forma que não reconheças o que ele quer te fazer. Pois a doutrina fundamental do ego é que escapas daquilo que fazes aos outros. O ego não quer bem a ninguém. No entanto, a sobrevivência do ego depende de acreditares que estás isento das suas más intenções. Ele aconselha, portanto, que se fores seu anfitrião, ele te capacitará a dirigir a tua raiva para fora, protegendo-te dessa forma. E assim ele embarca em uma cadeia sem fim e sem recompensa de relacionamentos especiais forjados na raiva e dedicados apenas a uma crença insana: a de que quanto mais raiva investes fora de ti mesmo, mais seguro vens a ser.

5. É essa a corrente que prende o Filho de Deus à culpa e é essa corrente que o Espírito Santo quer remover da tua mente santa. Pois a corrente da selvageria não tem lugar em volta do anfitrião escolhido de Deus, que não pode fazer de si mesmo o anfitrião do ego. Em nome da tua liberação e em Nome Daquele Que quer liberar-te, vamos olhar mais de perto para os relacionamentos que o ego contrai e permitir que o Espírito Santo os julgue verdadeiramente. Pois é certo que se olhares para eles, tu os oferecerás alegremente a Ele. O que o Espírito Santo é capaz de fazer com eles, tu não sabes, mas virás a estar disposto a descobrir se em primeiro lugar estiveres disposto a perceber o que tu fizeste deles.

6. De uma forma ou de outra, todo relacionamento que o ego faz se baseia na idéia de que sacrificando-se, ele vem a ser maior. O "sacrifício", que ele vê como purificação, de fato, é a raiz de seu amargo ressentimento. Pois ele preferiria atacar diretamente e evitar o adiamento do que realmente quer. Entretanto, o ego toma conhecimento da "realidade" conforme a vê e reconhece que ninguém poderia interpretar o ataque direto como amor. Entretanto, tornar culpado é ataque direto, embora não pareça ser. Pois os culpados esperam o ataque e tendo-o pedido, são atraídos para ele.

7. Em tais relacionamentos insanos, a atração do que não queres parece ser muito mais forte do que a atração do que queres. Pois cada um pensa que sacrificou alguma coisa pelo outro e o odeia por isso. No entanto, e isso o que ele pensa que quer. Ele não está absolutamente apaixonado pelo outro. Apenas acredita que está apaixonado pelo sacrifício. E por esse sacrifício, que exige de si mesmo, ele exige do outro que aceite a culpa e também se sacrifique. O perdão vem a ser impossível, pois o ego acredita que perdoar o outro é perdê-lo. E apenas através do ataque sem perdão que o ego pode assegurar a culpa que mantém todos os seus relacionamentos juntos.

8. No entanto, eles apenas aparentam estar juntos. Pois para o ego os relacionamentos significam apenas que os corpos estão juntos. É sempre isso o que o ego exige e não se opõe que a mente vá a qualquer lugar ou ao que ela possa pensar, pois isso não parece importante. Enquanto o corpo estiver lá para receber seu sacrifício, ele está contente. Para o ego, a mente é algo privado e só o corpo pode ser compartilhado. As idéias basicamente não oferecem interesse, a não ser na medida em que trazem o corpo do outro para mais perto ou para mais longe. E é nesses termos que ele avalia as idéias como boas ou más. O que faz com que o outro seja culpado e o mantém através da culpa é "bom". O que o libera da culpa é "mau", porque ele não mais acreditaria que os corpos se comunicam e assim "iria embora".

9. O sofrimento e o sacrifício são as dádivas com as quais o ego quer "abençoar" todas as uniões. E aqueles que estão unidos no seu altar aceitam o sofrimento e o sacrifício como o preço da união. Em suas alianças de raiva, nascidas do medo da solidão e ainda assim dedicadas à continuidade da solidão, cada um busca alívio da culpa aumentando-a no outro. Pois cada um acredita que isso diminui a culpa em si mesmo. O outro parece estar sempre atacando-o e ferindo-o, talvez de pequenas maneiras, talvez "inconscientemente", mas nunca sem a exigência do sacrifício. A fúria dessas pessoas reunidas no altar do ego excede em muito a consciência que podes ter disso. Pois o que o ego realmente quer, tu não te dás conta.

10. Sempre que estiveres com raiva, podes estar certo de que formaste um relacionamento especial "abençoado" pelo ego, pois a raiva é a benção do ego. A raiva toma muitas formas, mas não pode enganar por muito tempo aqueles que querem aprender que o amor não traz qualquer culpa e que aquilo que traz culpa, não pode ser amor e tem que ser raiva. Toda raiva nada mais é do que uma tentativa de fazer alguém sentir-se culpado e essa tentativa é a única base que o ego aceita para os relacionamentos especiais. A culpa é a única necessidade que o ego tem e enquanto te identificares com ele, a culpa continuará sendo atraente para ti. No entanto, lembra-te disso: estar com um corpo não é comunicação. E se pensas que é, te sentirás culpado em relação à comunicação e terás medo de ouvir o Espírito Santo reconhecendo na Sua Voz a tua própria necessidade de comunicar-te.

11. O Espírito Santo não pode ensinar através do medo. E como pode Ele comunicar-Se contigo, enquanto acreditas que comunicar-te é fazer de ti mesmo um ser sozinho? É claramente insano acreditar que através da comunicação serás abandonado. Apesar disso, muitas pessoas acreditam que seja assim. Pois pensam que as suas mentes têm que ser mantidas privadas ou as perderão, mas se os corpos estão juntos, as mentes continuam sendo de cada um. A união dos corpos vem a ser, então, a maneira pela qual querem manter as mentes separadas. Pois corpos não podem perdoar. Eles só podem fazer o que a mente lhes indica.

12. A ilusão da autonomia do corpo e sua capacidade de superar a solidão não passa de uma obra do plano do ego para estabelecer apropria autonomia. Enquanto acreditares que estar com um corpo é ter companhia, serás compelido a tentar manter o teu irmão em seu corpo, preso pela culpa. E verás segurança na culpa e perigo na comunicação. Pois o ego sempre ensinará que a solidão é solucionada através da culpa e que a comunicação é a causa da solidão. E apesar da evidente insanidade dessa lição, muitos a aprenderam.

13. O perdão está na comunicação com tanta certeza quanto a perdição está na culpa. A função de ensino do Espírito Santo é instruir aqueles que acreditam que a comunicação é perdição no sentido de mostrar que a comunicação é sal-vação. E Ele fará isso, porque o poder de Deus Nele e em ti está unido em um relacionamento real tão santo e tão forte que é capaz de superar até mesmo isso sem medo.

14. É através do instante santo que o que parece ser impossível é realizado, tornando evidente que não é impossível. No instante santo, a culpa não tem atração já que a comunicação foi restaurada. E a culpa, cujo único propósito é romper a comunicação, não tem função aqui. Aqui não há o que ocultar e não há pensamentos privados. A disposição de comunicar-se atrai a si a comunicação e supera completamente a solidão. Existe perdão completo aqui, pois não existe nenhum desejo de excluir ninguém da tua completeza, reconhecendo repentinamente o valor da parte de cada um nela. Na proteção da tua integridade todos são convidados e bem-vindos. E compreendes que a tua completeza é a completeza de Deus, Cuja única necessidade é que tu sejas completo. Pois a tua completeza faz com que sejas Dele na tua consciência. E é aqui que vivências a ti mesmo como foste criado e como és.

Um Curso Em Milagres

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