quarta-feira, 2 de junho de 2010

O templo do Espírito Santo



1. O significado do Filho de Deus está unicamente em seu relacio­namento com o seu Criador. Se esse significado se encontrasse em qualquer outro lugar, estaria baseado na contingência, mas não nada mais. E esse relacionamento é totalmente amoroso e eterno. Entretanto, o Filho de Deus inventou um relacionamento não-santo entre ele e seu Pai. O seu relacionamento real é um relacionamento de união perfeita e de continuidade ininterrupta. O relacionamento que ele construiu é parcial, auto-centrado, par­tido em fragmentos e cheio de medo. O que foi criado pelo seu Pai é totalmente auto-abrangente e auto-extensivo. O que foi feito por ele é totalmente auto-destrutivo e auto-limitador.
 

2. Nada é melhor para mostrar o contraste do que a experiência de ambos, de um relacionamento santo e de um relacionamento não-santo. O primeiro baseia-se no amor e descansa nele, sereno e imperturbado. O corpo não interfere. Qualquer relacionamen­to no qual o corpo entre não se baseia no amor, mas na idolatria. O amor deseja ser conhecido, completamente compreendido e compartilhado. Ele não tem segredos, nada que queira manter à parte e esconder. Ele caminha à luz do sol, de olhos abertos e em calma, com um sorriso de boas-vindas e uma sinceridade tão sim­ples e tão óbvia que não pode ser interpretada equivocadamente.
 

3. Mas ídolos não compartilham. Os ídolos aceitam, mas nunca dão em retomo. Eles podem ser amados, mas não podem amar. Não compreendem aquilo que lhes é oferecido e qualquer rela­cionamento no qual entrem perdeu o seu significado. O amor por eles tornou o amor sem significado. Vivem em segredo, odeiam a luz do sol e ficam felizes na escuridão do corpo, onde podem esconder-se e manter escondidos os seus segredos junto com eles. E não têm relacionamentos, pois ninguém mais, é bem­ vindo ali. Não sorriem para ninguém e não vêem aqueles que sorriem para eles.
 

4. O amor não tem templos escuros onde mistérios são mantidos na obscuridade e escondidos do sol. Ele não busca poder, mas relacionamentos. O corpo é a arma escolhida pelo ego para bus­car poder através dos relacionamentos. E seus relacionamentos são necessariamente não-santos, pois o que são, ele nem sequer vê. Ele só os quer pelas ofertas através das quais prosperam os seus ídolos. O resto ele simplesmente joga fora, pois tudo o que poderiam lhe oferecer é visto como sem valor. Sem lar, o ego busca tantos corpos quantos puder colecionar para neles colocar os seus ídolos e assim estabelecê-los como templos para si mesmo.
 

5. O templo do Espírito Santo não é um corpo, mas um relaciona­mento. O corpo é uma mancha isolada feita de escuridão, uma câmara secreta e oculta, um ponto diminuto de mistério sem sen­tido, um invólucro sem significado cuidadosamente protegido, mas que nada esconde. Aqui o relacionamento não-santo escapa à realidade e busca migalhas para manter-se vivo. Ele quer ar­rastar os seus irmãos para cá, mantendo-os aqui em sua própria idolatria. Aqui ele está “a salvo” porque aqui o amor não pode entrar. O Espírito Santo não constrói os seus templos aonde o amor nunca pode estar. Iria Ele, Que vê a face de Cristo, escolher como seu lar o único lugar em todo o universo onde ela não pode ser vista?
 

6. Não podes fazer do corpo o templo do Espírito Santo e ele nunca será a sede do amor. Ele é o lar do idólatra e da condena­ção do amor. Pois aqui o amor se faz amedrontador e a esperan­ça é abandonada. Mesmo os ídolos que são adorados aqui estão envoltos em mistério e mantidos à parte daqueles que os adoram. Esse é o templo dedicado à negação dos relacionamentos e da reciprocidade. Aqui é o ‘mistério’ da separação percebido no temor e mantido na reverência. O que Deus não quer que seja, aqui é mantido ‘a salvo’ de Deus. Mas o que não reconheces é que aquilo de que tens medo no teu irmão e não queres ver, é o que faz com que Deus pareça amedrontador para ti e continue sendo um desconhecido.
 

7. Os idólatras sempre terão medo do amor, pois nada os ameaça tão severamente quanto a aproximação do amor. Deixa que o amor se aproxime deles e não vejas o corpo, como o amor certa­mente fará, e recuarão no medo sentindo o fundamento aparente­mente firme de seu templo começar a tremer e ruir. Irmão, tu tremes com eles. No entanto, o que temes não é senão o arauto da liberação. Esse lugar de escuridão não é a tua casa. O teu templo não está ameaçado. Lá não és mais um idólatra. O pro­pósito do Espírito Santo está seguro no teu relacionamento e não no teu corpo. Tu escapaste do corpo. Onde estás, o corpo não pode entrar, pois o Espírito Santo lá estabeleceu o Seu templo.
 

8. Não há ordem alguma nos relacionamentos. São ou não são. Um relacionamento não-santo não é um relacionamento. É um estado de isolamento que parece ser o que não é. Nada mais do que isso. No instante em que a idéia louca de fazer com que o teu relacionamento com Deus não fosse santo pareceu ser pos­sível, todos os teus relacionamentos tornaram-se sem significado. Nesse instante não-santo, nasceu o tempo e os corpos foram fei­tos para abrigar essa idéia louca dando-lhe a ilusão de realidade. E assim ela pareceu ter um lar que se manteve por um pequeno espaço de tempo e sumiu. Pois o que poderia abrigar essa idéia insana contra a realidade a não ser por um instante?
 

9. Os ídolos têm que desaparecer e não deixar nenhum vestígio de sua passagem. O instante não-santo do seu poder aparente é frágil como um floco de neve, mas não tem a sua beleza. É esse o substituto que tu queres para a bênção eterna do instante santo e sua beneficência sem limites? É a malevolência do relacionamen­to não-santo, aparentemente tão poderosa, tão amargamente mal interpretada e tão investida de falsa atração, o que preferes no lugar do instante santo que te oferece paz e compreensão? Então, deixa de lado o corpo é o transcende em quietude, erguendo-te para dar as boas-vindas ao que realmente queres. E do teu tem­plo santo, não olhes para trás para aquilo de que despertaste. Pois nenhuma ilusão pode atrair a mente que as transcendeu e as deixou muito atrás.
 

10. O relacionamento santo reflete o verdadeiro relacionamento que o Filho de Deus tem com seu Pai na realidade. O Espírito Santo descansa dentro dele na certeza de que durará para sem­pre. Seu fundamento firme é eternamente mantido pela verdade e o amor brilha sobre ele com o sorriso gentil e a bênção terna que oferece aos seus. Aqui o instante não-santo é trocado alegremen­te pelo instante santo no qual a reciprocidade é segura. Aqui o caminho para os relacionamentos verdadeiros está gentilmente aberto, através do qual tu e teu irmão caminham juntos deixando o corpo para trás com gratidão e descansando nos Braços Eter­nos. Os braços do amor estão abertos para vos receber e vos dar paz para sempre.
 

11. O corpo é o ídolo do ego; a crença no pecado que se fez carne e então se projetou para fora. Isso produz o que parece ser uma parede de carne em torno da mente, mantendo-a prisioneira em um ponto diminuto de espaço e tempo, devedora para com a morte, e tudo que lhe é dado é apenas um instante no qual suspi­rar, se lamentar e morrer em honra ao seu patrão. E esse instante não-santo parece ser a vida: um instante de desespero, uma dimi­nuta ilha de areia seca, sem água e estabelecida de forma incerta no esquecimento. Aqui o Filho de Deus pára por um breve mo­mento para oferecer a sua devoção aos ídolos da morte e, então, seguir adiante. E aqui ele está mais morto do que vivo. Entre­tanto, é também aqui que ele faz novamente a sua escolha entre a idolatria e o amor. Aqui lhe é dado escolher entre passar esse instante pagando tributos ao corpo ou permitir que lhe seja dada a liberdade em relação a isso. Aqui, ele pode aceitar o instante santo que lhe é oferecido para substituir o não-santo que esco­lheu anteriormente. E aqui ele pode aprender que relacionamen­tos são a sua salvação e não a sua perdição.
 

12. Tu, que estás aprendendo isso, podes ainda estar amedrontado, mas não estás imobilizado. O instante santo agora é de maior valor para ti do que o que parece ser a sua contraparte não-santa e aprendeste que realmente só queres um dos dois. Essa não é hora de tristeza. Talvez confusão, mas dificilmente desânimo. Tens um relacionamento real e ele tem significado. Ele é como o teu relacionamento real com Deus, assim como coisas iguais se pare­cem entre si. A idolatria ficou para trás e não tem significado. Talvez ainda tenhas um pouco de medo do teu irmão, talvez uma sombra do medo de Deus ainda permaneça contigo. No entanto, o que é isso para aqueles a quem foi dado um relacionamento verdadeiro além do corpo? É possível que sejam por muito tem­po detidos sem olhar para a face de Cristo? E é possível que por muito tempo mantenham a memória do seu relacionamento com o Pai afastada de si mesmos e a lembrança do Seu Amor à parte da própria consciência?
 

Um Curso Em Milagres
 

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