sexta-feira, 6 de maio de 2011

Salvação sem transigência


1. Não é verdade que não reconheces algumas das formas que o ataque pode tomar? Se é verdade que o ataque, sob qualquer forma, te ferirá e o fará tanto numa forma na qual não o reconhe­ças quanto naquela que reconheces, então, obrigatoriamente de­duz-se que nem sempre reconheces a fonte da dor. O ataque, sob qualquer forma, é igualmente destrutivo. Seu propósito não muda. Sua única intenção é assassinar e que forma de assassina­to serve para encobrir a culpa maciça e o medo frenético da puni­ção que o assassino não pode deixar de sentir? Ele pode negar que seja um assassino e justificar a sua selvageria com sorrisos à medida em que ataca. No entanto, ele irá sofrer e olhará para sua intenção em pesadelos nos quais os sorrisos terão desaparecido e o propósito vem à tona para encontrar a sua consciência horrori­zada e continuar perseguindo-o. Pois ninguém pensa em assas­sinato e escapa da culpa que o pensamento acarreta. Se o intento é a morte, que importância tem a forma que tome?

2. É a morte, sob qualquer forma, por mais bela e caridosa que possa parecer, uma bênção e um sinal de que a Voz Que fala por Deus fala através de ti ao teu irmão? A embalagem não faz a dádiva que dás. Uma caixa vazia, por mais bonita que seja e por mais gentilmente que seja dada, ainda assim nada contém. E nem quem a recebe e nem quem a dá é enganado por muito tempo. Não dês o perdão ao teu irmão e tu o atacas. Não lhe dás nada e não recebes dele senão o que deste.

3. A salvação não é uma transigência de maneira alguma. Fazer transigências é aceitar apenas parte do que queres, levar um pou­co e renunciar ao resto. A salvação não renuncia a nada. Ela é completa para todos. Permite que a idéia da transigência apenas entre em ti e a consciência do propósito da salvação se perde porque não é reconhecida. Ela é negada onde a transigência foi aceita, pois a transigência é a crença em que a salvação é impossí­vel quer afirmar que podes atacar um pouco, amar um pou­co e saber a diferença. Desse modo, ela pretende ensinar que um pouco do que é o mesmo ainda pode ser diferente e, mesmo as­sim, o que é o mesmo permaneceria intacto, como um só. Isso faz sentido? Isso pode ser compreendido?

4. Esse curso é fácil exatamente porque não faz nenhuma transi­gência. Apesar disso parece difícil para aqueles que ainda acredi­tam que é possível fazer transigências. Eles não vêem que, se ela é possível, a salvação é ataque. Entretanto, é certo que a crença em que a salvação é impossível não pode sustentar uma certeza calma e tranqüila de que ela veio. O perdão não pode ser negado apenas um pouco. Nem é possível atacar por isso, amar por aqui­lo e compreender o perdão. Não queres reconhecer todas as for­mas de assalto à tua paz, já que só assim vem a ser impossível para ti perdê-la de vista? Ela pode ser mantida brilhando diante da tua visão, para sempre clara e nunca fora da tua vista, se não a defendes.

5. Aqueles que acreditam que a paz pode ser defendida e que o ataque é justificado em seu favor, não podem perceber que ela está dentro deles. Como poderiam ter esse conhecimento? Poderiam aceitar o perdão lado a lado com a crença em que o assas­sinato toma algumas formas através das quais a sua paz é salva? Estariam dispostos a aceitar o fato de que o seu selvagem propó­sito é dirigido contra eles próprios? Ninguém se alia a inimigos e nem é um com eles em propósito. E ninguém faz transigências a um inimigo, ao contrário, continua odiando-o pelo que ele lhe tirou.

6. Não te equivoques tomando trégua por paz, nem transigência pelo escape do conflito. Ser liberado do conflito significa que ele acabou. A porta está aberta, deixaste o campo de batalha. Não ficaste vagando por lá na esperança tímida de que ela não iria retornar, porque as metralhadoras cessaram fogo por um instante e o medo que assombra o local da morte não está aparente. Não há segurança em um campo de batalha. Podes olhar de cima para ele em segurança e não ser tocado. Mas, dentro dele, não podes achar segurança alguma. Nenhuma árvore que ainda se mante­nha de pé te abrigará. Nenhuma ilusão de proteção se mantém contra a fé no assassinato. Aqui o corpo se mantém, dividido entre o desejo natural de se comunicar e a intenção não-natural de assassinar e morrer. Pensas que a forma que o assassinato possa tomar é capaz de oferecer segurança? E possível que a culpa esteja ausente de um campo de batalha?

Um Curso Em Milagres

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