sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A justiça do Céu


1. O que pode ser além de arrogância pensar que os teus peque­nos erros não podem ser desfeitos pela justiça do Céu? E o que pode significar isso, senão que eles são pecados e não equívocos, para sempre incorrigíveis e que devem ser enfrentados com vingança e não com justiça? Estás disposto a ser liberado de todos os efeitos do pecado? Não podes responder a isso enquanto não vês tudo o que a resposta acarreta. Pois se respondes “sim”, isso significa que deixarás todos os valores desse mundo em favor da paz do Céu. Nem um único pecado tu reterás. E não valorizarás nenhuma dúvida de que isso seja possível de modo que o pecado seja mantido em seu devido lugar. O que queres dizer é que a verdade agora tem maior valor do que todas as ilusões. E reconheces que a verdade tem que ser revelada a ti, porque não sabes o que é.

2. Dar relutantemente é não ganhar a dádiva, porque estás relutante em aceitá-la. Ela está guardada para ti até que a relutância em recebê-la desapareça e tiveres vontade de que ela te seja dada. A justiça de Deus dá direito à gratidão, não ao medo. Nada do que dás está perdido para ti nem para ninguém, mas é valorizado e preservado no Céu, onde todos os tesouros dados ao Filho de Deus são guardados para ele e oferecidos a qualquer um que apenas estenda a mão, com a disposição de recebê-los. E o tesouro também não diminui à medida em que é dado aos outros. Cada dádiva apenas acrescenta ao estoque. Pois Deus é justo. Ele não luta contra a relutância de Seu Filho em perceber a salvação como uma dádiva Sua. No entanto, a Sua justiça não se satisfará enquanto não for recebida por todos.

3. Estejas certo de que qualquer resposta que o Espírito Santo dê para solucionar qualquer problema sempre será uma resposta na qual ninguém perde. E isso tem que ser verdadeiro, porque Ele não pede nenhum sacrifício de ninguém. Uma resposta que exija a menor perda de qualquer pessoa não resolveu o problema, mas somou-se a ele, aumentando-o, tornando-o mais difícil de resolver e mais injusto. É impossível que o Espírito Santo possa ver a falta de eqüidade como uma solução. Para ele, o que é injusto tem que ser corrigido, porque é injusto. E todo erro é uma percepção na qual alguém, pelo menos um, é visto injustamente. Assim a justiça não é concedida ao Filho de Deus. Quando qualquer um é visto como perdedor, ele foi condenado. E a punição vem a ser o que lhe é devido ao invés da justiça.

4. O que a inocência vê faz com que o castigo seja impossível e a justiça certa. A percepção do Espírito Santo não deixa nenhuma justificativa para o ataque. Somente uma perda poderia justificar o ataque e Ele não pode ver qualquer tipo de perda. O mundo resolve problemas de outra maneira. O mundo vê uma solução como um estado no qual se decide quem irá ganhar e quem irá perder, quanto aquele deverá tomar do outro e quanto o perdedor poderá ainda defender para si mesmo. Entretanto, o problema permanece ainda sem solução, pois só a justiça pode estabelecer um estado no qual não há perdedor, no qual ninguém é tratado sem eqüidade e ninguém é destituído, não tendo, portanto, justificativa para vingança. A solução de problemas não pode ser a vingança, a qual, na melhor das hipóteses, só pode trazer outro problema que será acrescentado ao primeiro, no qual o assassina­to não é óbvio.

5. A solução de problemas própria do Espírito Santo é a maneira na qual o problema termina. Ele foi resolvido porque se encontrou com a justiça. Até que isso se dê, irá ocorrer outra vez por não ter ainda sido solucionado. O princípio segundo o qual a justiça significa que ninguém pode perder é crucial nesse curso. Pois milagres dependem da justiça. Não como ela é vista através dos olhos desse mundo, mas como Deus a conhece, e como conhecimento ela se reflete no modo de ver que é dado pelo Espírito Santo.

6. Ninguém merece perder. E o que seria injusto para qualquer um não pode ocorrer. A cura tem que ser para todos, porque ninguém merece nenhuma espécie de ataque. Que ordem pode existir nos milagres, a não ser que alguém mereça sofrer mais e outro menos? E isso é justiça para com os totalmente inocentes? Um milagre é justiça. Não é uma dádiva especial para alguns, a ser recusada para outros por serem considerados menos dignos, mais condenados e, portanto, à parte da cura. Quem pode ser separado da salvação, se o seu propósito é o fim do especialismo? Onde está a justiça da salvação se alguns erros são imperdoáveis e dão direito à vingança em lugar da cura e do retorno da paz?

7. A salvação não pode buscar ajudar o Filho de Deus a ser mais injusto do que ele buscou ser. Se os milagres, que são a dádiva do Espírito Santo, fossem dados especialmente para um grupo eleito e especial e fossem mantidos à parte de outros menos merecedores, nesse caso, Ele seria um aliado do especialismo. O que o Espírito Santo não pode perceber, Ele não testemunha. E todos têm o mesmo direito à Sua dádiva de cura, libertação e paz. Dar um problema ao Espírito Santo para que Ele o solucione para ti, significa que tu queres que ele seja solucionado. Mantê-lo para ti mesmo para que o resolvas sem a Sua ajuda é decidir que o problema deve continuar sem solução, não-resolvido, perdurando em seu poder de injustiça e ataque. Ninguém pode ser injusto contigo a não ser que, em primeiro lugar, tenhas te decidi­do a ser injusto. E então é preciso que surjam problemas para impedir o teu caminho e a paz tem que ser dispersada pelos ventos do ódio.

8. A não ser que penses que todos os teus irmãos, assim como tu, têm o mesmo direito aos milagres, não reivindicaras teu direito a eles porque foste injusto para com alguém com direitos iguais. Busca negar e te sentirás negado. Busca privar e terás sido privado. Um milagre nunca pode ser recebido porque um outro não pode recebê-lo. Só o perdão oferece milagres. E o perdão tem que ser Justo para com todos

9. Os pequenos problemas que guardas e escondes vêm a ser teus pecados secretos, porque não escolheste deixar que eles fossem removidos para ti. Assim, eles ajuntam pó e crescem até que cubram todas as coisas que percebes e não te deixam ser justo para com ninguém. Não podes acreditar que tenhas qualquer direito. E a amargura, com a vingança justificada e a misericórdia perdida, te condena como indigno do perdão. Os não-perdoados não têm misericórdia para conceder uns aos outros. E por isso que a tua única responsabilidade tem que ser receber o perdão para ti mesmo.

10. O milagre que recebes, tu dás. Cada um vem a ser uma ilustração da lei na qual a salvação se baseia: que a justiça tem que ser feita para todos, se é que se quer que alguém se salve. Ninguém pode perder e todos têm que se beneficiar. Cada milagre é um exemplo do que a justiça pode realizar quando é oferecida a todos de modo igual. Ela é recebida e dada igualmente. E a consciência de que dar e receber são a mesma coisa. Porque ela não faz com que o mesmo não seja igual, não vê diferenças onde elas não existem. E assim é a mesma para todos, porque não vê diferenças entre eles. Seu oferecimento é universal e ela ensina apenas uma mensagem:

O que é de Deus pertence a todos e é devido a todos.

Um Curso Em Milagres

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