sábado, 17 de setembro de 2011

A justiça devolvida ao amor


1. O Espírito Santo pode usar tudo o que dás a Ele para a tua salvação. Mas Ele não pode usar aquilo que reténs, porque não pode tomá-lo de ti sem a tua disponibilidade para isso. Pois se Ele o fizesse, acreditarias que Ele o arrancou de ti contra a tua vontade. E assim não aprenderias que é tua vontade ficar sem isso. Não precisas dar isso a Ele com disponibilidade total, pois se pudesses fazê-lo, não terias nenhuma necessidade Dele. Mas disso Ele necessita: que prefiras que Ele tire isso de ti do que guardá-lo só para ti, reconhecendo que não queres conhecer aquilo que traz perda a qualquer pessoa. É necessário acrescentar apenas isso à idéia de que ninguém pode perder para que tu ganhes. E nada mais.

2. Aqui está o único princípio de que necessita a salvação. Também não é necessário que a tua fé nisso seja forte, inquebrantável e inatacável por qualquer crença que se oponha a ele. As tuas alianças não são fixas. Mas lembra-te que a salvação não é necessária para os que estão salvos. Não te é pedido que faças o que uma pessoa ainda dividida contra si mesma acharia impossível. Não tenhas fé em que se possa achar sabedoria em tal estado mental. Mas sê grato porque apenas te é pedido um pouco de fé. O que, além de um pouco de fé, resta para aqueles que ainda acreditam no pecado? O que poderiam eles saber acerca do Céu e da justiça dos que estão salvos?

3. Existe uma espécie de justiça na salvação a respeito da qual o mundo nada conhece. Para o mundo, justiça e vingança são a mesma coisa, pois os pecadores só vêem a justiça como seu castigo, talvez suportado por uma outra pessoa, mas nunca é possível escapar. As leis do pecado exigem uma vítima. Quem será, faz pouca diferença. Mas a morte tem que ser o custo e tem que ser pago. Isso não é justiça, mas insanidade. No entanto, como poderia a justiça ser definida sem insanidade onde o amor significa ódio e a morte é vista como uma vitória e um triunfo sobre a eternidade, a intemporalidade e a vida?

4. Tu, que não conheces a justiça, podes ainda perguntar e aprender a resposta. A justiça olha para todos do mesmo modo. Não é justo que falte a alguém o que outro tem. Pois isso é vingança, qualquer que seja a forma que tome. A justiça não exige nenhum sacrifício, posto que todo o sacrifício é feito para que o pecado seja preservado e mantido. É um pagamento oferecido pelo custo do pecado, mas não o custo total. O restante é tomado de outro, para ser depositado ao lado do teu pequeno pagamento, para “expiar” tudo o que queres manter e não entregar. Assim a vítima é vista como sendo em parte tu, com um outro arcando com uma parte muito maior. E no custo total, quanto maior a parte dele, menor a tua. E a justiça, sendo cega, fica satisfeita por ser paga, pouco importa por quem.

5. É possível que isso seja justiça? Deus nada sabe a respeito disso. Mas a justiça Ele conhece e conhece bem. Pois Ele é totalmente justo para com todas as pessoas. A vingança é alheia à Mente de Deus porque Ele conhece a justiça. Ser justo é ser capaz de eqüidade, não sendo vingativo. Eqüidade e vingança são impossíveis, pois cada uma contradiz a outra e nega que ela seja real. É impossível para ti compartilhar a justiça do Espírito Santo com uma mente que é capaz de conceber qualquer especialismo. Entretanto, como pode Ele ser justo se condena um pecador pelos crimes que ele não cometeu, mas pensa que cometeu? E onde estaria a justiça se Ele exigisse daqueles, que estão obcecados com a idéia do castigo, que a pusessem de lado sem ajuda e percebes­sem que ela não é verdadeira?

6. É extremamente difícil para aqueles que ainda acreditam no pecado como algo significativo compreender a justiça do Espírito Santo. Eles têm que acreditar que o Espírito Santo compartilha a sua própria confusão e não pode evitar a vingança que a sua própria crença na justiça tem que acarretar. E assim têm medo do Espírito Santo e percebem Nele a “ira” de Deus. Nem sequer podem confiar que Ele não os trespassará, matando-os com relâmpagos de luz arrancados do “fogo” do Céu pela própria Mão furiosa de Deus. Eles, de fato, acreditam que o Céu é o inferno e têm medo do amor. E uma suspeita profunda e o frio tremor do medo caem sobre eles quando lhes é dito que nunca pecaram. O seu mundo depende da estabilidade do pecado. E percebem a “ameaça” daquilo que Deus conhece como justiça como algo mais destrutivo para si mesmos e para o seu mundo do que a vingança, a qual compreendem e amam.

7. Assim pensam que a perda do pecado é uma maldição. E fogem do Espírito Santo como se Ele fosse um mensageiro do inferno, enviado do alto, na traição e na lábia, para trabalhar na vingança de Deus sobre eles, disfarçado de libertador e amigo. O que poderia Ele ser para eles senão um demônio, vestido com a capa de um anjo com o objetivo de enganá-los? E que saída Ele lhes oferece senão uma porta para o inferno com a aparência da porta do Céu?

8. Apesar disso, a justiça não pode punir aqueles que pedem punição, pois têm um Juiz Que tem o conhecimento de que eles são completamente inocentes na verdade. Na justiça, Ele se limita a libertá-los e a dar-lhes toda a honra que merecem e têm negado a si próprios porque não são capazes de eqüidade e não podem compreender que são inocentes. O amor não é compreensível para os pecadores porque pensam que a justiça está fora do amor e representa alguma outra coisa. Assim é o amor percebido como fraco e a vingança forte. Pois o amor perdeu quando o julgamento deixou de estar a seu lado e é fraco demais para salvar da punição. Mas a vingança sem amor ganhou em força por estar separada e à parte do amor. E o que além da vingança pode agora salvar e ajudar, enquanto o amor se deixa ficar debilmente de lado, com mãos impotentes, destituído de justiça e vitalidade e sem poder para salvar?

9. O que pode o Amor pedir a ti, que pensas que tudo isso é verdadeiro? Poderia Ele, na justiça e no amor, acreditar que na tua confusão tens muito para dar? Não te é pedido que confies muito Nele. Não mais do que aquilo que vês que Ele te oferece e reconheces que não poderias dar a ti mesmo. Na justiça própria de Deus, Ele de fato reconhece tudo o que mereces, mas da mesma forma compreende que não és capaz de aceitá-lo para ti mesmo. É a Sua função especial te oferecer as dádivas que os inocentes merecem. E cada uma que aceitas traz alegria a Ele assim como a ti. Ele sabe que o Céu fica mais rico com cada uma que aceitas. E Deus se regozija à medida que o Seu Filho recebe aquilo que a justiça amorosa sabe que é devido a ele. Pois o amor e a justiça não são diferentes. Como eles são o mesmo, a misericórdia está à Mão direita de Deus e dá ao Filho de Deus o poder de perdoar a si próprio por todo pecado.

10. Dele, que merece todas as coisas, como pode ser possível que algo seja omitido? Pois isso, de fato, seria injustiça, falta de eqüidade para com toda a santidade que existe nele, por mais que ele não a reconheça. Deus não conhece nenhuma injustiça. Ele não iria permitir que Seu Filho fosse julgado por aqueles que buscam a sua morte e que não podem ver o seu valor de jeito nenhum. Que testemunhas honestas poderiam eles chamar para falar em seu favor? E quem viria para apelar a favor dele, ao invés de contra a sua vida? Nenhuma justiça seria dada a ele por ti. Entretanto, Deus garantiu que a justiça fosse feita ao Filho que Ele ama e quer protegê-lo de toda iniqüidade que possas buscar para oferecer-lhe, acreditando que é a vingança que lhe é propriamente devida.

11. Como o especialismo não se importa com quem paga o custo do pecado, desde que ele seja pago, assim também o Espírito Santo não se preocupa com quem olha para a inocência por último, desde que ela seja vista e reconhecida. Pois apenas uma testemunha é suficiente, se ela vir verdadeiramente. A simples justiça não pede mais do que isso. A cada um o Espírito Santo pergunta se ele quer ser essa testemunha de modo que a justiça possa retornar ao amor e lá ser satisfeita. Cada função especial que Ele atribui não tem senão essa finalidade: que cada um aprenda que amor e justiça não são separados. E ambos são fortalecidos por sua união um com o outro. Sem amor, a justiça fica preconceituosa e fraca. E amor sem justiça é impossível. Pois o amor é justo e não pode punir sem causa. Que causa pode dar legalidade a um ataque sobre os inocentes? Na justiça, então, o amor corrige equívocos, mas não na vingança. Pois isso seria injusto para com a inocência.

12. Tu podes ser uma testemunha perfeita do poder do amor e da justiça, se compreenderes que é impossível que o Filho de Deus possa merecer vingança. Não é necessário que percebas, em cada circunstância, que isso é verdadeiro. Nem é preciso que olhes para a tua experiência no mundo, que não passa de uma sombra de tudo o que realmente está acontecendo dentro de ti mesmo. A compreensão que necessitas não vem de ti, mas de um Ser maior, tão grande e tão santo que Ele não poderia duvidar da Sua inocência. A tua função especial é um chamado a Ele, para que Ele possa sorrir para ti, cuja impecabilidade Ele compartilha. A Sua compreensão será tua. E assim a função especial do Espírito Santo foi cumprida. O Filho de Deus achou uma testemunha para a sua impecabilidade e não para os seus pecados. Como é pouco o que precisas dar ao Espírito Santo para que a simples justiça possa ser feita para contigo.

13. Sem imparcialidade não existe justiça. Como pode o especialismo ser justo? Não julgues porque não podes fazê-lo e não porque também és um miserável pecador. Como é possível que aquele que é especial realmente compreenda que a justiça é a mesma para todos? Tirar de um para dar a outro tem que ser uma injustiça para os dois, já que são iguais do ponto de vista do Espírito Santo. O Seu Pai deu a mesma herança para ambos. Quem quer ter mais ou menos não tem consciência de que tem tudo. Não serve de juiz do que tem que ser devido ao outro, porque pensa que ele próprio é destituído. E assim, necessariamente, ele é invejoso e tenta tirar daquele a quem julga. Ele não é imparcial e não pode ver com eqüidade os direitos do outro, porque os seus próprios foram obscurecidos para ele.

14. Tu tens direito a todo o universo: à paz perfeita, à libertação completa de todos os efeitos do pecado e à vida eterna, alegre e completa em todos os aspectos conforme Deus designou para o Seu Filho santo. Essa é a única justiça que o Céu conhece e tudo o que o Espírito Santo traz à terra. A tua função especial nada te mostra além de que a perfeita justiça pode prevalecer para ti. E estás a salvo da vingança em todas as formas. O mundo engana, mas não é capaz de substituir a justiça de Deus por uma versão própria. Pois só o amor é justo e pode perceber o que a justiça tem que dar ao Filho de Deus. Deixa que o amor decida e nunca temas que tu, na tua falta de eqüidade, vá privar a ti mesmo do que a justiça de Deus reservou para ti.

Um Curso Em Milagres


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