segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A Oração - I. A verdadeira oração


1. A oração é uma forma que o Espírito Santo te oferece de chegar a Deus. Não é, simplesmente, uma pergunta ou uma súplica. Não pode ser até resultar que te apercebas de que não pede nada. De que outra forma poderia cumprir o seu propósito? É impossível rezar a ídolos e esperar encontrar Deus. A verdadeira oração deve evitar converter-se numa súplica. Deves pedir, isso sim, o que já te foi dado: aceitar o que já está aqui.

2. Foi-te dito que peças ao Espírito Santo a resposta a qualquer problema concreto, e que receberás a resposta concreta dado é disso que precisas. Foi-te dito, também, que só existe um problema e uma só solução. No que diz respeito a rezar, isto não é uma contradição. Aqui, há que tomar decisões, quer sejam ilusórias ou não. Não se te pode pedir que aceites respostas que transcendem o nível de necessidades que consegues reconhecer. Portanto, o que importa não é o formato pergunta ou, sequer, a maneira como se pergunta. A forma como a resposta se manifesta, a qual procede de Deus, satisfará a tua necessidade tal como a percebes. Mas é, simplesmente, um eco da resposta da Sua Voz. O verdadeiro som é sempre um canto de gratidão e de amor.

3. Portanto, não podes pedir o eco. O canto é o que constitui a verdadeira dádiva. Com ele, vêem os harmónicos, as harmonias e os ecos, mas tudo isto é secundário. Na verdadeira oração ouve-se, somente, o canto. O resto vem por acréscimo. Procuraste, em primeiro lugar, o Reino dos Céus, e tudo o resto certamente te foi concedido.

4. O segredo da verdadeira oração é esqueceres-te do que crês necessitar. Pedir coisas concretas é como contemplar o pecado e, depois, perdoá-lo. Da mesma forma, ao rezares desvalorizas as tuas necessidades específicas tal como as vês e entrega-las nas Mãos de Deus. Lá se convertem nas tuas próprias dádivas que ofereces a Ele, dado que Lhe dizem que tu não queres antepor outros deuses a Ele e que não pretendes outro Amor senão o Seu. Qual poderia ser a Sua resposta senão a de que te lembres Dele? Acaso se pode trocar isto por mísero conselho acerca de um fugaz problema? Deus responde para toda a eternidade. No entanto, todas as respostas menores estão contidas na Sua resposta.

5. Rezar é pores-te de lado: uma renúncia, um tempo de sossegada escuta e amor. Não deve confundir-se com nenhum tipo de súplica, uma vez que é uma forma de recordar a sua santidade. Por que terias de implorar a santidade quando tens o pleno direito a tudo o que oferece o amor? E, quando rezas, é ao Amor que te diriges. A oração é uma oferenda: uma renúncia de ti mesmo para que possas tornar-te uno com o Amor. Não há nada para pedir, porque não há nada que possas querer. Este «nada» converte-se no altar de Deus e desaparece com Ele.

6. De momento, nem todos podem alcançar este nível de oração. Aqueles que ainda não o alcançaram precisam que os ajudes a rezar verdadeiramente, porque o que pedem ainda não se baseia na aceitação. O facto de outro te ajudar a rezar não significa que ele seja um mediador entre ti e Deus. Significa, simplesmente, que outro está ao teu lado e que te ajuda a elevares-te até Ele. Aquele que tomou consciência da bondade de Deus, reza sem medo. E quem reza sem medo não pode deixar de encontrar Deus. Portanto, pode alcançar o Seu Filho seja onde for que este se encontre, e independentemente da forma que pareça adoptar.

7. Rezar a Cristo em qualquer pessoa é uma verdadeira oração porque se trata de uma dádiva de gratidão para o Seu Pai. Pedir que Cristo seja unicamente o que Ele é não é um rogo. É um canto de acção de graças por aquilo que és. Nisto radica o poder da oração. Não pede nada e recebe tudo. Esta oração pode ser partilhada, porque recebe para o mundo inteiro. Talvez a forma concreta para um problema específico possa ocorrer a qualquer um dos dois. Não importa a quem. Talvez chegue a ambos se estiverem verdadeiramente sintonizados um com o outro. Chegará, contudo, porque ambos se deram conta de que Cristo está neles. Essa é a sua única verdade.


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