domingo, 7 de agosto de 2011

O "sacrifício" da unicidade


1. Na ‘dinâmica’ do ataque o sacrifício é uma idéia chave. O pivô em cima do qual todas as transigências, todas as tentativas desesperadas de ganhar com uma barganha e todos os conflitos conseguem um aparente equilíbrio. É o símbolo do tema central segundo o qual alguém tem que perder. Ele evidentemente focaliza o corpo, pois é sempre uma tentativa de limitar a perda. O corpo é um sacrifício em si mesmo, uma desistência do poder em nome de salvar um pouco para si mesmo. Ver um irmão em outro cor­po, separado do teu, é a expressão do desejo de ver uma pequena parte dele e sacrificar o restante. Olha para o mundo e tu nada verás ligado a nenhuma outra coisa além de si mesma. Todas as entidades aparentes podem chegar um pouco mais perto ou afas­tar-se um pouco, mas não podem se unir.

2. O mundo que vês é baseado no ‘sacrifício’ da unicidade. Um retrato da desunião completa e da total falta de encontro. Em torno de cada entidade é construída uma muralha aparentemente tão sólida, que se tem a impressão de que o que se encontra do lado de dentro nunca poderá alcançar o que está do lado de fora c o que está fora jamais poderá alcançar e se unir ao que está tran­cado lá dentro. Cada parte tem que sacrificar a outra para man­ter-se completa. Pois se elas se unissem, cada uma perderia a sua própria identidade e os seus seres são preservados através da sua separação.

3. O pouco que o corpo cerca torna-se o ser, preservado com o sacrifício de todo o resto. E todo o resto tem que perder essa pequena parte, permanecendo incompleto para manter intacta essa identidade. Nessa percepção de ti mesmo, a perda do corpo seria de fato um sacrifício. Pois ver corpos vem a ser o sinal de que o sacrifício é limitado e alguma coisa ainda continua sendo só para ti. E para que esse pouco te pertença, são traçados limites para todas as coisas do lado de fora, assim como há limites em todas as coisas que pensas que são tuas. Pois dar e receber são a mesma coisa. E aceitar os limites de um corpo é impor esses limites a cada irmão que vês. Pois não podes deixar de vê-lo assim como vês a ti mesmo.

4. O corpo é uma perda e pode ser sacrificado. E enquanto vês o teu irmão como um corpo, à parte de ti e separado em sua cela, estás exigindo um sacrifício dele e de ti mesmo. Que sacrifício maior se poderia pedir do que fazer com que o Filho de Deus se perceba sem seu Pai? E seu Pai sem Seu Filho? No entanto, todo sacrifício exige que eles estejam separados, um sem o outro. A memória de Deus tem que ser negada se alguém pede qualquer sacrifício de qualquer pessoa. Que testemunho da integridade do Filho de Deus é visto dentro de um mundo de corpos separa­dos, por mais que ele testemunhe a verdade? Ele é invisível em tal mundo. Do mesmo modo não se pode ouvir nada da sua canção de união e de amor. No entanto, é dado a ele fazer o mundo retroceder diante da sua canção e vê-lo substitui os olhos do corpo.

5. Aqueles que querem ver os testemunhos da verdade ao invés dos testemunhos das ilusões, meramente pedem que sejam capa­zes de ver um propósito no mundo que lhe dê sentido e que o torne significativo. Sem a tua função especial, esse mundo não tem significado para ti. Entretanto, ele pode vir a ser a casa do tesouro tão rica e ilimitada quanto o próprio Céu. Nenhum ins­tante se passa aqui sem que a santidade do teu irmão possa ser vista, para acrescentar um estoque sem limites a todo mísero res­to ou migalha de felicidade que tu te permites.

6. Podes perder de vista a unicidade, mas não podes sacrificar a sua realidade. E nem podes perder aquilo que queres sacrificar, nem impedir que o Espírito Santo realize a Sua tarefa de te mos­trar que aquilo não foi perdido. Ouve, então, a canção que o teu Irmão canta para ti, deixa que o mundo retroceda e aceita o des­canso que o seu testemunho te oferece em nome da paz. Mas não o julgues, pois não ouvirás nenhuma canção de liberação para ti mesmo, nem verás o que é dado a ele testemunhar para que pos­sas vê-lo e regozijar-te com ele. Não faças da sua santidade um sacrifício à tua crença no pecado. Sacrificas a tua inocência junto com a sua e morres a cada vez que vês nele um pecado que mere­ça a morte.

7. Entretanto, a cada instante tu podes renascer e receber a vida outra vez. A sua santidade te dá vida, pois não podes morrer porque a sua impecabilidade é conhecida por Deus e não pode ser sacrificada por ti do mesmo modo que a luz em ti não pode se apagar porque ele não a vê. Tu, que queres fazer da vida um sacrifício e farias com que os teus olhos e ouvidos testemunhassem a morte de Deus e de Seu Filho santo, não penses que tens poder para fazer Deles o que não é a Vontade de Deus para Eles.
No Céu, o Filho de Deus não está aprisionado em um corpo, nem é sacrificado para o pecado na solidão. E assim como ele é no Céu, assim tem que ser eternamente e em toda parte. Ele é o mesmo e o será para sempre. Nascido de novo a cada instante, intocado pelo tempo e muito além do alcance de qualquer sacrifício de vida ou morte. Pois ele não fez nenhuma das duas e só uma lhe foi dada por Aquele Que sabe que Suas dádivas jamais poderão sofrer qualquer sacrifício ou qualquer perda. 


8. A justiça de Deus repousa gentilmente em Seu Filho e o man­tém a salvo de toda injustiça que o mundo quer colocar sobre ele. Seria possível fazeres com que os seus pecados fossem realidade e sacrificares a Vontade do seu Pai para ele? Não o condenes vendo-o dentro de uma prisão que está apodrecendo, aonde ele se vê. É tua função especial garantir que a porta seja aberta para que ele possa dar um passo à frente e derramar sua luz sobre ti devolvendo-te a dádiva da liberdade por recebê-la de ti. Qual é a função especial do Espírito Santo, senão a de liberar o Filho santo de Deus da prisão que ele fez para manter-se afastado da justiça? Seria possível que a tua função fosse uma tarefa à parte e separada da Sua?

Um Curso Em Milagres




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