sábado, 28 de novembro de 2009

Revertendo efeito e causa


1. Sem uma causa não é possível efeitos e, ao mesmo tempo, sem efeitos não existe causa. A causa torna-se causa devido a seus efeitos; o Pai é Pai devido a Seu Filho. Os efeitos não criam a própria causa, mas estabelecem a sua causalidade. Assim o Filho dá a Paternidade a seu Criador e recebe a dádiva que deu a Ele. E porque ele é o Filho de Deus tem que ser também um pai, que cria como Deus o criou. O círculo da criação não tem fim. Seu início e seu fim são o mesmo. Mas, em si, ele contém todo o universo da criação sem começo e sem fim.

2. Paternidade é criação. O amor tem que ser estendido. A pure­za não se confina. Faz parte da natureza do inocente jamais estar contido, sem barreira ou limitação. Assim, a pureza não é do corpo. Também não é possível achá-la onde existe limitação. O corpo pode ser curado pelos efeitos da pureza, que são tão ilimi­tados quanto ela, própria. No entanto, toda cura tem que vir a ser porque se reconhece que a mente não está dentro do corpo e a inocência da mente está bem separada do corpo, está lá onde reside a cura. Onde, então, se encontra a cura? Só onde está a causa da cura são dados os seus efeitos. Pois a doença é uma tentativa sem significado de dar efeitos a algo que carece de cau­sa e de fazer dele uma causa.

3. Na doença, o Filho de Deus sempre procura fazer de si mesmo a sua própria causa e não se permitir ser o Filho de seu Pai. Com esse desejo impossível, ele não acredita que é o efeito do Amor e ele mesmo tem que ser a própria causa devido ao que ele é. A causa da cura é a única Causa de todas as coisas. Ela tem apenas um efeito. E nesse reconhecimento não se dá quaisquer efeitos ao que carece de causa e nenhum efeito é visto. Uma mente dentro de um corpo e um mundo de outros corpos, cada um com mentes separadas, são as tuas “criações”, sendo tu a “outra” mente, que cria com efeitos que não são como tu és. E enquanto “pai” dessas criações, tens que ser como elas.

4. Não aconteceu absolutamente nada, exceto o fato de que tu te puseste a dormir e tiveste um sonho no qual eras um estranho para ti mesmo e apenas uma parte do sonho de alguma outra pessoa. O milagre não te desperta, mas te mostra quem é o sonhador. Ele te ensina que existe uma escolha de sonhos enquanto ainda estás adormecido, dependendo do propósito do teu sonhar. Desejas sonhos de cura ou sonhos de morte? O sonho é como uma memória na qual se retrata aquilo que quiseste que te fosse mostrado.

5. Dentro de um armazém vazio, com portas abertas, estão guar­dados todos os teus retalhos de memórias e sonhos. Entretanto, se tu és aquele que sonha, pelo menos isso percebes: que causaste o sonho e podes igualmente aceitar um outro sonho. Mas para que se dê essa mudança no conteúdo do sonho, é preciso que se reconheça que foste tu aquele que sonhou o sonho do qual não gostas. Ele não passa de um efeito que tu causaste, e não queres ser a causa desse efeito. Nos sonhos de assassinato e de ataque, és a vítima em um corpo abatido, à morte. Mas nos sonhos de perdão, não se pede a ninguém que seja vítima e sofredor. Estes são os sonhos felizes pelos quais o milagre substitui o teu. Ele não pede que faças outro; só que vejas que fizeste aquele que queres substituir por esse.

6. Esse mundo não tem causa, assim como qualquer sonho que qualquer pessoa tenha sonhado dentro dele. Não existem planos possíveis e não se pode achar nenhum projeto que seja compreen­sível. Que outra coisa se poderia esperar de algo que carece de causa? Ao mesmo tempo, se não tem causa, não tem propósito. Podes causar um sonho, mas nunca darás a ele efeitos reais. Isso mudaria a causa do sonho, e é isso o que não podes fazer. O sonhador de um sonho não está desperto, mas não sabe que dorme. Ele vê ilusões de si mesmo como estando doente ou bem, deprimido ou feliz, mas sem uma causa estável com efeitos garan­tidos.

7. O milagre estabelece que tu estás sonhando um sonho e que o seu conteúdo não é verdadeiro. Esse é um passo crucial para se lidar com ilusões. Ninguém tem medo delas quando percebe que as inventou. O medo mantinha-se em seu lugar porque ele não havia visto que era o autor do sonho e não uma de suas figuras. Ele dá a si mesmo as conseqüências que sonha ter dado a seu irmão. E é apenas isso o que o sonho juntou e ofereceu a ele, para mostrar-lhe que os seus desejos foram realizados. Assim ele teme o próprio ataque, mas o vê nas mãos de outrem. Como vítima, sofre em função dos efeitos do ataque, mas não do que o causou. Ele não foi o autor do próprio ataque, e é inocente em relação ao que causou. O milagre nada faz senão mostrar-lhe que ele não fez nada. O que ele teme é uma causa sem as conseqüências que fariam dela uma causa. E, portanto, isso nunca existiu.

8. A separação teve início com o sonho de que o pai foi destituído de Seus Efeitos e ficou impotente para mantê-las, já que não era mais o seu Criador. No sonho, o sonhador fez a si próprio. Mas o que ele fez voltou-se contra ele tomando o papel de seu criador, como tinha feito o sonhador. Assim como ele odiou o seu Cria­dor, as figuras no sonho o odiaram. O seu corpo é escravo dessas figuras, do qual abusam porque os motivos que ele conferiu ao corpo elas adotaram como seus próprios. E odeiam o corpo pela vingança que ele quer fazer com que recaia sobre elas. Mas é a vingança dessas figuras em relação ao corpo que parece provar que o sonhador não poderia ter sido o autor do sonho. O efeito e a causa são, em primeiro lugar, separados e depois revertidos de tal modo que o efeito vem a ser uma causa e a causa um efeito.

9. Esse é o passo final da separação, com o qual a salvação, que procede no sentido oposto, começa. Esse passo final é um efeito do que aconteceu anteriormente, mas aparece como causa. O mi­lagre é o primeiro passo na devolução à Causa da função da cau­salidade, não do efeito. Pois essa confusão produziu o sonho e enquanto ela durar o despertar será temido. O chamado para o despertar também não será ouvido, porque parece ser o chamado para o medo.

10. Como toda lição que o Espírito Santo solicita que aprendas, o milagre é claro. O milagre demonstra o que Ele quer que apren­das e que os seus efeitos são aquilo que tu queres. Nos Seus so­nhos de perdão os efeitos dos teus são desfeitos e inimigos odiados são percebidos como amigos com intenção misericordio­sa. A sua inimizade é vista agora como não tendo causa porque eles não a fizeram. E podes aceitar o papel de autor do seu ódio, porque vês que ele não tem quaisquer efeitos. Agora estás livre dessa parte do sonho; o mundo é neutro e os corpos que ainda parecem se movimentar como coisas separadas não precisam ser temidos. E assim eles não estão doentes.

11. O milagre devolve a causa do medo a ti que a fizeste. Mas ele mostra também que, não tendo efeitos, não é uma causa, porque a função da causalidade é ter efeitos. E onde os efeitos se foram, não há causa. Assim o corpo é curado pelos milagres porque eles mostram que foi a mente que fez a doença e empregou o corpo como vítima ou efeito do que fez. Entretanto, meia lição não ensinará o todo. O milagre será inútil se aprenderes somente que o corpo pode ser curado, pois não é essa a lição que ele foi enviado a ensinar. A lição mostra que a mente que pensou que o corpo pudesse estar doente é que estava doente; a projeção da culpa da mente para fora nada causou e não teve quaisquer efeitos.

12. Esse mundo está cheio de milagres. Eles estão em silêncio ra­diante ao lado de cada sonho de dor e de sofrimento, de pecado e de culpa. Eles são a alternativa para o sonho, a escolha de ser o sonhador ao invés de negar o papel ativo na invenção do sonho. Eles são os efeitos felizes de trazer de volta a conseqüência da doença à sua causa. O corpo é liberado porque a mente reconhece: “Isso não está sendo feito a mim, mas eu estou fazendo isso.” E, desse modo, a mente está livre para fazer uma outra escolha. Tendo aqui o seu início, a salvação procederá para mudar o cur­so de cada passo na descida para a separação até que todos os passos tenham sido retraçados, a escada tenha desaparecido e todo o sonhar do mundo tenha sido desfeito.

Um Curso Em Milagres


Nenhum comentário: