sexta-feira, 18 de março de 2011

Os dois mundos


1. Foi dito a ti que trouxesses as trevas à luz e a culpa à santidade. E também te foi dito que o erro tem que ser corrigido em sua fonte. Portanto, é essa diminuta parte de ti, o pequeno pensamen­to que parece cortado e separado, aquilo de que o Espírito Santo necessita. O resto está inteiramente nas Mãos de Deus e não pre­cisa de nenhum guia. No entanto, esse selvagem e delusório pen­samento necessita de ajuda, porque em suas delusões pensa que é o Filho de Deus, total e onipotente, único governante do reino que mantém a parte para tiranizar através da loucura à obediência e à escravidão. Essa é a pequena parte que tu pensas que roubaste do Céu. Devolve-a ao Céu. O Céu não a perdeu, mas tu perdeste o Céu de vista. Permite que o Espírito Santo a remova do reino moribundo no qual tu a largaste cercada pela escuridão, guardada pelo ataque e reforçada pelo ódio. Dentro das suas barricadas ainda há um segmento diminuto do Filho de Deus, completo, santo, sereno e inconsciente do que pensas que o cerca.

2. Não sejas tu separado, pois Aquele que de fato o rodeia te trouxe a união, devolvendo a tua pequena oferta de escuridão à luz eterna. Como isso é feito? É extremamente simples, estando baseado no que esse pequeno reino realmente é. As areias esté­reis, a escuridão e a ausência de vida são vistas apenas através dos olhos do corpo. Sua vista desolada é distorcida e as mensa­gens que ele transmite a ti, que o fizeste para limitar a tua consciência, são pequenas e limitadas e, assim fragmentadas, são sem significado.

3. Do mundo dos corpos, feito pela insanidade, mensagens insa­nas parecem retornar à mente que o fez. E essas mensagens tes­temunham esse mundo, proclamando-o verdadeiro. Pois tu enviaste esses mensageiros para que te trouxessem isso de volta. Tudo o que essas mensagens te transmitem é bastante externo. Não há mensagens que falem daquilo que está abaixo da superfície, pois não é o corpo que poderia falar sobre isso. Seus olhos não o percebem, seus sentidos permanecem bastante inconscien­tes de tudo o que lá esta, sua língua não pode transmitir suas mensagens. No entanto, Deus pode levar-te ate lá, se estiveres disposto a seguir o Espírito Santo através de aparente terror, con­fiando em que Ele não te abandonará e não te deixará lá. Pois não é o Seu propósito amedrontar-te, mas apenas o teu. Tu és profundamente tentado a abandoná-Lo no primeiro círculo do medo, mas Ele quer conduzir-te em segurança através disso e muito além.

4. O círculo do medo está exatamente abaixo do nível que o corpo vê e parece ser todo o fundamento no qual o mundo se baseia. Aqui estão todas as ilusões, todos os pensamentos distorcidos, todos os ataques insanos, a fúria, a vingança e a traição que fo­ram feitos para manter a culpa no lugar de forma que o mundo pudesse surgir dela e mantê-la oculta. Sua sombra ergue-se à superfície, apenas o suficiente para manter as suas manifestações mais externas na escuridão e para trazer desespero e solidão a ele, mantendo-o sem alegria. Entretanto, sua intensidade é velada por suas pesadas cobertas e mantida a parte do que foi feito para mantê-la oculta. O corpo não pode ver isso, pois o corpo surgiu disso para protegê-la, e essa proteção depende de mantê-­la sem ser vista. Os olhos do corpo nunca olharão para ela. No entanto, verão o que ela dita.

5. O corpo permanecerá como o mensageiro da culpa e agirá con­forme a sua direção enquanto acreditares que a culpa é real. Pois a realidade da culpa é a ilusão que parece fazer com que ela seja pesada, opaca, impenetrável e um fundamento real para o siste­ma de pensamento do ego. Sua transparência e pouca consistência não são evidentes até que vejas a luz por trás dela. E então tu a vês como um frágil véu diante da luz.

6. Essa barreira aparentemente pesada, esse solo artificial que pa­rece uma rocha, é como um bloco de nuvens escuras e baixas que parece ser uma parede sólida diante do sol. Sua aparência impenetrável é totalmente ilusória. Ela dá passagem suavemente aos topos das montanhas que se erguem acima dela e não tem qual­quer poder para impedir qualquer pessoa disposta a escalá-las e ver o sol. Não é forte o suficiente para impedir a queda de um botão, nem para segurar uma pluma. Nada pode se basear nela, pois é apenas a ilusão de um fundamento. Tenta apenas tocá-la e ela desaparece, tenta agarrá-la e nada terás em tuas mãos.

7. No entanto, nesse bloco de nuvens é fácil ver todo um mundo que surge. Uma sólida cadeia de montanhas, um lago, uma cida­de, tudo surge em tua imaginação e, das nuvens, os mensageiros da tua percepção retornam a ti assegurando-te que tudo isso lá está. Figuras destacam-se e movimentam-se, ações aparentam ser reais e formas aparecem e variam do belo ao grotesco. E para frente e para trás elas vão, enquanto quiseres infantilmente brin­car de faz-de-conta. No entanto, por mais que brinques e por mais imaginação que tragas a isso, tu não o confundes com o mundo lá embaixo e nem buscas fazer com que seja real.

8. O mesmo deveria acontecer com as nuvens escuras da culpa, que não são mais impenetráveis e nem mais substanciais. Não irás ferir a ti mesmo viajando através delas. Permite que o teu Guia te ensine a sua natureza sem substância à medida que Ele te conduz além delas, pois lá embaixo há um mundo de luz, sobre o qual não projetam sombra alguma. As suas sombras se projetam sobre o mundo que está além, ainda mais distante da luz. No entanto, essas sombras não podem cair sobre a luz.

9. Esse mundo de luz, esse circulo de resplendor radiante, é um mundo real onde a culpa se encontra com o perdão. Aqui, o mun­do do lado de fora é visto de forma nova, sem a sombra da culpa sobre si mesmo. Aqui tu és perdoado, pois perdoaste todas as pessoas. Aqui está a nova percepção, onde tudo é brilhante e res­plandece com inocência, lavado nas águas do perdão e limpo de qualquer pensamento mau que tenhas colocado nele. Aqui não há nenhum ataque ao Filho de Deus e tu és bem-vindo. Aqui está a tua inocência, aguardando para vestir-te, proteger-te e preparar­-te para o último passo da jornada interior. Aqui, as vestimentas escuras e pesadas da culpa são deixadas de lado e gentilmente substituídas pela pureza e pelo amor.

10. No entanto, mesmo o perdão não é o fim. O perdão, de fato, faz com que tudo seja belo, mas não cria. É a fonte da cura, mas é o mensageiro do amor e não a Fonte do amor. Até aqui tu és conduzido, de modo que o próprio Deus possa dar o passo final sem obstáculos, pois aqui nada interfere com o amor, deixando-o ser ele mesmo. Um passo além deste lugar santo do perdão, um passo ainda mais para dentro, mas um passo que tu não podes dar transporta-te para algo completamente diferente. Aqui está a Fonte da luz, nada é percebido, perdoado ou transformado. Mas apenas conhecido.

11. Esse curso conduzirá ao conhecimento, mas o conhecimento em si mesmo ainda está além do alcance do nosso currículo. E nem existe nenhuma necessidade de tentarmos falar daquilo que não pode deixar de estar para sempre além das palavras. Nós precisamos apenas lembrar que qualquer um que atinja o mundo real, além do qual o aprendizado não pode ir, irá além dele, mas em um caminho diferente. Onde o aprendizado termina, lá Deus começa, pois o aprendizado termina diante Dele, Que é completo onde começa e onde não há fim. Não devemos parar no que não pode ser atingido. Há muito a aprender. A prontidão para conhecimento ainda está por ser atingida.

12. O amor não é aprendido. O sentido do amor está dentro dele. E o aprendizado termina quando tiveres reconhecido tudo o que ele não é. Essa é a interferência, é isso o que precisa ser desfeito. O amor não é aprendido porque nunca houve um tempo em que tu não o conhecesses. O aprendizado é inútil na Presença do teu Criador, Cujo reconhecimento de ti, ao lado do teu reconhecimen­to Dele transcendem de tal modo todo o aprendizado que tudo o que aprendeste é sem significado e é para sempre substituído pelo conhecimento do amor e por seu significado único.

13. O teu relacionamento com o teu irmão foi desenraizado do mundo das sombras e seu propósito não santo foi transportado com segurança através das barreiras da culpa, lavado com o per­dão, e depositado radiante no mundo da luz onde foi firmemente enraizado. De lá ele te chama, para que sigas o curso que ele tomou, sendo elevado muito acima das trevas e gentilmente colo­cado diante das portas do Céu. O instante santo no qual tu e teu irmão foram unidos não é senão o mensageiro do amor, enviado de além do perdão para lembrar-vos tudo o que esta além. No entanto, é através do perdão que tudo isso será lembrado.

14. E quando a memória de Deus tiver vindo a ti no lugar santo do perdão, não te lembrarás de nenhuma outra coisa e a memória será tão inútil quanto o aprendizado, pois o teu único propósito será criar. Entretanto, não podes ter o conhecimento disso en­quanto todas as percepções não forem limpas e purificadas e final­mente removidas para sempre. O perdão apenas remove o que não é verdadeiro, erguendo as sombras do mundo e carregando-o são e salvo dentro da sua gentileza para o mundo resplandecente da percepção nova e limpa. Lá está o teu propósito agora. E é lá que a paz te espera.

Um Curso Em Milagres


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