terça-feira, 23 de setembro de 2008

Além de todos os símbolos

1. O poder não pode se opor. Pois a oposição o enfraqueceria e poder enfraquecido é uma contradição de idéias. Força fraca não significa nada e o poder usado para enfraquecer é empregado para limitar. E por conseguinte, ele tem que ser limitado e fraco, porque esse é o seu propósito. Para que o poder seja ele mesmo não pode haver oposição. Nenhuma fraqueza pode se introduzir nele sem mudá-lo, fazendo com que seja algo que não é. Enfraquecer é limitar e impor um oposto que contradiz o conceito que ataca. E com isso junta à idéia alguma coisa que ela não é e faz com que ela seja ininteligível. Quem pode compreender um conceito duplo, tal como “poder enfraquecido” ou “amor odioso”?

2. Decidiste que o teu irmão um símbolo de um “amor odioso”, de um “poder enfraquecido” e, acima de tudo, de uma “morte viva”. E assim ele não tem nenhum significado para ti, pois representa o que não tem significado. Ele representa um pensamento duplo no qual metade é cancelada pela metade remanescente. Apesar disso, a metade que foi cancelada imediatamente contradiz a outra, de modo que ambas desaparecem. E agora ele representa o nada. Símbolos que não representam nada além de idéias inexistentes, necessariamente representam o espaço vazio e o nada. Porém, o nada e o espaço vazio não podem constituir interferência. O que pode interferir com a consciência da realidade é a crença em que haja alguma coisa lá.

3. O retrato que vês do teu irmão não significa nada. Não há nada a atacar ou a negar; a amar ou a odiar, nada a que se possa atribuir poder e nada a ser visto como frágil. O retrato foi completamente cancelado, porque simbolizava uma contradição que cancelou o pensamento que ele representava. E assim o retrato não tem qualquer causa. Quem é capaz de perceber qualquer efeito sem uma causa? O que pode ser aquilo que não tem causa senão o nada? O retrato que vês do teu irmão é totalmente ausente e nunca existiu. Permite, então, que o espaço vazio que ele ocupa seja reconhecido como vago, e que o tempo dedicado a ver asse retrato seja percebido como desperdiçado, um tempo desocupado.

4. Um espaço vazio que não é visto como cheio, um intervalo de tempo sem uso, que não é visto como gasto e plenamente ocupado, vêm a ser um convite silencioso para que a verdade entre e faça um lar para si mesma. Não é possível fazer nenhuma preparação que possa acentuar o apelo real do convite. Porque o que deixas vazio, Deus o preencherá e a verdade não pode deixar de habitar onde Ele está. Poder não-enfraquecido, sem oposto, é o que é a criação. Para isso não existem símbolos. Nada aponta para além da verdade, pois o que pode representar mais do que tudo? No entanto, o verdadeiro desfazer tem que ser benigno. E assim a primeira substituição do teu retrato é outro retrato de outro tipo.

5. Como o nada não pode ser retratado, do mesmo modo não há nenhum símbolo para a totalidade. A realidade é conhecida, em última instância, sem forma, sem retrato e sem ser vista. O perdão ainda não é um poder reconhecido como algo totalmente livre de limites. No entanto, ele não estabelece nenhum dos limites que escolheste impor. O perdão é o meio através do qual a verdade é temporariamente representada. Ele permite que o Espírito Santo faça com que a troca dos retratos seja possível até o momento em que os recursos nada significam e o aprendizado está realizado. Nenhum recurso de aprendizado tem nenhuma utilidade que possa se estender além da meta do aprendizado. Quando o seu objetivo é alcançado, ele deixa de ter qualquer função. Entretanto, no intervalo do aprendizado, ele tem uma utilidade da qual agora tens medo, mas que ainda amarás.

6. O retrato do teu irmão, que te é dado para ocupar o espaço tão tardiamente desocupado e vago, não necessitará de qualquer espécie de defesa. Pois tu lhe darás preferência preponderante. E também não demorarás nem um instante para decidir que ele é o único que queres. Ele não representa conceitos duplos. Embora seja apenas metade do retrato e incompleto, em si, ele é o mesmo e não está dividido. A outra metade do que representa permanece desconhecida, mas não é anulada. E assim Deus fica livre para dar Ele próprio o passo final. Para isso não necessitas de retratos e nem de qualquer recurso para aprenderes. E aquilo que, em última instância, tomará o lugar de todos os recursos de aprendizado simplesmente será.

7. O perdão desaparece e os símbolos se apagam e nada do que os olhos jamais viram ou os ouvidos jamais ouviram permanece para ser percebido. Um Poder totalmente sem limites veio, não para destruir, mas para receber o que Lhe pertence. Não existe em parte alguma escolha de função. A escolha que tens medo de perder, tu nunca tiveste. Entretanto, apenas isso parece interferir com o poder ilimitado e com os pensamentos unificados, completos e felizes, sem opostos. Não conheces a paz do poder que não se opõe a nada. No entanto, simplesmente não pode haver nenhum outro. Dá boas-vindas ao Poder que está além do perdão e além do mundo dos símbolos e das limitações. Ele quer meramente ser e assim meramente é.

Um Curso Em Milagres

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